O desjejum é uma das três principais refeições do dia e,
para ter fome nesta hora, os cuidados já devem começar na noite anterior, com
um jantar mais cedo, menos telas e menos atividades esportivas noturnas.
Por Silvana
Reis, g1
10/10/2024 03h30 Atualizado há 2 dias
☕🥐🥣 Nem todos
sentem fome ao acordar, mas pular o café da manhã não pode ser uma opção,
segundo os especialistas. E isso vale tanto para crianças quanto para adultos.
🕡 No caso dos pequenos,
quanto mais cedo eles entram na escola, mais difícil parece ser para os pais
ver os filhos fazendo uma refeição matinal completa. Mas o desjejum é uma das
três principais refeições do dia e não pode ser negligenciado.
❓ Mas qual o tamanho do problema? Um
estudo feito a partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, com
estudantes do 9º ano, em 2012 e 2015, concluiu que a prevalência de omissão do
café da manhã (consumo por menos de cinco dias por semana) foi de 38,1% em 2012
e 35,6% em 2015, sendo mais elevada entre meninas e estudantes de escolas
privadas.
A omissão dessa refeição foi mais elevada entre os alunos
das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E as capitais brasileiras pertencentes
às regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram as maiores prevalências de omissão
do café da manhã.
Primeiro passo: acordar (um pouco) mais cedo
Para contornar a falta de apetite pela manhã, antes da
escola, é recomendável procurar despertar as crianças com mais tranquilidade e
sem estresse. Às vezes, é preciso acordar um pouco mais cedo para ter menos
correria. Em algumas situações, pode ser preciso também dormir mais cedo na
noite anterior.
Além dos cuidados citados, a hora o jantar na
véspera também pode impactar na fome pela manhã. Crianças que
realizam muitas atividades noturnas, principalmente esportivas, chegam
tarde em casa, acabam jantando mais tarde e dormindo logo em seguida.
“Além de não ter um sono reparador, pois o trato digestivo
estará em plena atividade, elas podem apresentar episódios de refluxo
gastresofágico e podem acordar sem fome. O ideal é jantar pelo menos 2 horas
antes de deitar”-se, orienta a médica especialista em nutrologia pediátrica
Tania Mara Perini.
O uso de telas no período noturno também deve ser evitado,
pois altera a qualidade e o tempo de sono.
“As famílias estão deixando de fazer acordos e ter regras
dentro de casa. A permissividade e o mal exemplo dos adultos favorecem
domicílios disfuncionais, onde crianças dormem a hora que querem, acordam sob
“berros” e não mais com beijos de bom dia. Já saem de casa mal-humorados e
descarregam nos ‘lanches’, também permissivos para terem alguma sensação de
‘recompensa’”, afirma Perini.
Tenha em mente: jejum prolongado tem impacto
O jejum prolongado em crianças pode levar a queda do
rendimento escolar e a prejuízos nutricionais importantes. Laticínios e
cereais, por exemplo, podem não ser recuperados durante o resto do dia.
“Essas crianças podem apresentar algum mal-estar físico,
como dor de cabeça, tontura, fraqueza e enjoo. Esses sintomas são típicos da
hipoglicemia (teor de glicose no sangue inferior ao normal) causada por muitas
horas sem se alimentar”, acrescenta a médica.
Crianças e adolescentes que “pulam” o café da manhã acabam
exagerando nas calorias ao longo do dia e apresentam maiores
chances de obesidade infantil, conforme análise de 40 estudos envolvendo
mãos de 320 mil crianças e adolescentes de 2 a 20 anos, destaca a nutricionista
materno infantil Monica Assunção, docente da Faculdade de Nutrição da
Universidade Federal de Alagoas e PhD em Saúde da Criança e do Adolescente.
Além da obesidade, este hábito pode também desencadear o
desenvolvimento do diabetes tipo 2, síndrome metabólica, fatores de risco
cardiometabólico e problemas de saúde psicossocial.
O que oferecer e o que não colocar na mesa?
Pesquisas de âmbito internacional destacam a importância do
café da manhã para o desempenho cognitivo, escolar e qualidade nutricional,
necessária para os processos fisiológicos.
Entre os erros mais comuns no café da manhã
das crianças, estão:
- 🚫Bebidas
açucaradas, como sucos prontos
- 🚫achocolatados
em excesso
- 🚫produtos
ultraprocessados, como biscoitos, salgados tipo chips, embutidos
(presunto, mortadela, blanquet, salsicha)
- 🚫iogurtes
adoçados
- 🚫leite
fermentado
- 🚫cereais
adoçados
Um café da manhã adequado para crianças e adolescentes
precisa ter:
- ✅1
porção de proteína (ex: leite ou derivados lácteos semi-desnatados; ovos;
iogurte natural, que pode ser adoçado com frutas, mel* ou granola)
- ✅1
porção de carboidrato (Ex: pão – de preferência integral -, milho cozido,
cará cozido, amaranto, tapioca, cuscuz de milho, aipim e bolos caseiros,
como cenoura, banana e maçã que, podem ser adoçados com frutas como as
passas).
- ✅1
porção de fruta
*Algumas preparações contemplam diferentes grupos
alimentares, como vitamina de frutas; mingau e panqueca de cereais.
*apenas crianças acima de 2 anos podem consumir mel
Açúcares devem ser evitados, mas crianças acima
de 2 anos podem consumir açúcar com moderação. Se a criança resistir demais em
adoçar o iogurte com mel e granola, o tipo de açúcar mais recomendado é o
mascavo e, em seguida, o demerara. O refinado é o mais condenado por especialistas.
A nutricionista Assunção orienta que, para contornar a falta
de apetite antes da escola, vale ofertar pequenas porções onde a
diversidade seja mais importante do que a quantidade neste horário.
E o que não pode faltar?
“Não pode faltar o laticínio, que é fonte de proteína de
alto valor biológico, de cálcio, de gordura. Porém, deve-se respeitar
intolerâncias e culturas. Vegetarianos e crianças com alergias e intolerâncias
alimentares devem ser orientados por profissional capacitado”, orienta a médica
Perini.
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