Lembrar São João Paulo II
No dia 22 de outubro a Igreja celebra São João Paulo II. Propomos algumas maneiras de lembrar dele.
21/10/2024
Suas primeiras palavras como Sumo Pontífice
“Queridos irmãos e irmãs, todos estamos ainda tristes com a
morte do querido Papa João Paulo I. E agora os eminentíssimos Cardeais chamaram
um novo Bispo de Roma. Chamaram-no de um país distante... Distante, mas sempre
muito próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao receber
esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor e com a
confiança total na sua Mãe, a Virgem Santíssima”.
“Não sei se posso expressar-me bem na vossa... na nossa
língua italiana. Se eu errar, vocês me corrijam. E, assim, apresento-me diante
de todos vocês, para confessar a nossa fé comum, a nossa esperança, a nossa
confiança na Mãe de Cristo e na Igreja, e também para começar de novo a andar
por este caminho da História e da Igreja, com a ajuda de Deus e com a ajuda dos
homens”.
Conselhos de João Paulo II
1. Vós brasileiros continuareis bem presentes na minha
oração. Pedirei sempre a Deus que os grandes princípios cristãos, desde sempre
arraigados em vós, e sobretudo o senso de Deus e a solidariedade humana,
continuem a marcar a fidelidade do Brasil a si mesmo e à sua identidade
histórica.
2. Desejo para cada um a paz que só Deus, por meio de Jesus
cristo, nos pode dar: a paz que é obra da justiça, da verdade, do amor, da
solidariedade, da paz que os povos só atingem quando seguem os ditames da lei
de Deus, a paz que faz que os homens e os povos se sintam irmãos uns dos
outros.
3. Os jovens estão chamados a serem os protagonistas dos
novos tempos. Tenho plena confiança neles e estou certo de que têm a vontade de
não defraudar nem a Deus, nem à Igreja, nem à sociedade da que provêm.
4. Quando falta o espírito contemplativo não se defende a
vida e se degenera tudo o que é humano. Sem interioridade o homem moderno põe
em perigo a sua própria integridade.
5. Queridos jovens: ide com confiança ao encontro com Jesus!
E, como os novos santos, não tenhais medo de falar dEle, pois Cristo é a
resposta verdadeira a todas as perguntas sobre o homem e o seu destino. É
preciso que vocês, jovens, se convertam em apóstolos dos seus coetâneos
6. Surgirão outros frutos de santidade se as comunidades
eclesiais mantiverem a sua fidelidade ao Evangelho que, de acordo com uma
venerável tradição, foi pregado desde os primeiros tempos do cristianismo e foi
conservado através dos séculos.
7. Recordai sempre que o distintivo dos cristãos é dar
testemunho audaz e valente de Jesus Cristo, morto e ressuscitado pela nossa
salvação.
Trechos da homilia do Cardeal Joseph Ratzinger no funeral
do Papa João Paulo II no dia 8 de abril de 2005
"Segue-me"! Em Outubro de 1978, o Cardeal Wojtyla
ouviu de novo a voz do Senhor. Renova-se o diálogo com Pedro narrado no
Evangelho desta celebração: "Simão, Filho de João, tu Me amas? Apascenta
as minhas ovelhas!". À pergunta do Senhor: Karol, tu amas-Me?, o Arcebispo
de Cracóvia respondeu do fundo do seu coração: "Senhor, tu sabes tudo,
sabes que te amo". O amor de Cristo foi a força dominante do nosso amado
Santo Padre; quem o viu rezar, quem o ouviu pregar, bem o sabe. E assim, graças
a este profunda união com Cristo pôde carregar um peso, que vai além das forças
meramente humanas: ser pastor do rebanho de Cristo, da sua Igreja universal.
Ele interpretou para nós o mistério pascal como mistério da
divina misericórdia. Escreveu no seu último livro: o limite imposto ao mal
"é definitivamente a divina misericórdia" (Memória e identidade, pág.
70). E refletindo sobre o atentado diz, "Cristo, ao sofrer por todos nós,
conferiu um novo sentido ao sofrimento; introduziu aquele amor numa nova
dimensão, numa nova ordem... É o sofrimento que queima e consome o mal com o
fogo do amor e obtém também do pecado um florescimento de bem" (pág. 199).
Animado por esta visão, o Papa sofreu e amou em comunhão com Cristo e foi por
isso que a mensagem do seu sofrimento e do seu silêncio foi tão eloquente e
fecunda.
A Divina Misericórdia. O Santo Padre encontrou um reflexo
mais puro da misericórdia de Deus na Mãe de Deus. Ele, que ainda em tenra idade
perdeu a mãe, amou ainda mais a Mãe divina. Ouviu as palavras do Senhor
crucificado como se fossem ditas precisamente a ele: "Eis a tua
mãe!". E fez como o discípulo amado: acolheu-a no íntimo do seu ser, Totus
tuus. E da Mãe aprendeu a conformar-se com Cristo.
Para todos nós é inesquecível como neste último domingo de
Páscoa da sua vida, o Santo Padre, marcado pelo sofrimento, se mostrou mais uma
vez da janela do Palácio Apostólico e pela última vez deu a bênção "Urbi
et Orbi". Podemos ter a certeza de que o nosso amado Papa agora está na
janela da casa do Pai, vê-nos e abençoa-nos. Sim, abençoe-nos, Santo Padre. Nós
confiamos a tua amada alma à Mãe de Deus, tua Mãe, que te guiou todos os dias e
te guiará agora à glória eterna do Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.
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