Comentando a passagem do Evangelho de Marcos sobre o rico
que corre ao encontro de Jesus para perguntar-lhe como herdar a vida eterna, o
Pontífice recordou que todos precisamos da felicidade, mas que esta não se
encontra nas riquezas, mas no “arriscar o amor”, doando tudo aos pobres e
seguindo-o.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste
domingo (13/10), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Um domingo bonito e ensolarado em que o Pontífice refletiu a
passagem do Evangelho de Marcos que fala de "um homem rico que corre ao
encontro de Jesus e lhe pergunta: 'Bom Mestre, o que devo fazer para herdar a
vida eterna?'. Jesus o convida a deixar tudo e segui-lo, mas o homem,
entristecido, vai embora porque - diz o texto - 'possuía muitos bens'".
"Podemos ver os dois movimentos desse homem: no início,
ele corre, para ir até Jesus; no final, porém, ele vai
embora triste. Primeiro ele corre ao encontro de Jesus, depois vai
embora", disse Francisco, detendo-se nesses dois movimentos.
"Em primeiro lugar, esse homem vai a Jesus correndo. É
como se algo em seu coração o impelisse: de fato, embora tenha muitas riquezas,
ele está insatisfeito, carrega uma inquietação dentro de si, está em busca de
uma vida mais plena", disse ainda o Papa, acrescentando:
Como fazem muitas vezes os doentes e os possessos, ele se
lança aos pés do Mestre; é rico, mas precisa de cura. Jesus o olha com amor;
então, ele propõe uma “terapia”: vender tudo o que tem, dar aos pobres e
segui-lo.
"Mas, nesse momento", sublinhou Francisco,
"chega uma conclusão inesperada: o homem fica com o rosto triste e vai
embora! Tão grande e impetuoso foi o desejo de encontrar Jesus, quão frio e
rápido foi o afastamento Dele".
Nós também carregamos no coração uma necessidade
irreprimível de felicidade e de uma vida cheia de significado; no entanto,
podemos cair na ilusão de pensar que a resposta está na posse de coisas
materiais e seguranças terrenas. Jesus, por outro lado, quer nos reconduzir à
verdade de nossos desejos e nos fazer descobrir que, na realidade, o bem que
almejamos é o próprio Deus, o seu amor por nós e a vida eterna que Ele e
somente Ele pode nos dar.
De acordo com o Papa, "a verdadeira riqueza é sermos
olhados com amor por Ele, como Jesus faz com aquele homem, e amarmos uns aos
outros fazendo de nossa vida um dom para os outros".
Por isso, Jesus nos convida a “arriscar o amor”: vender
tudo para dar aos pobres, o que significa despojar-nos de nós mesmos e de
nossas falsas seguranças, estar atentos aos necessitados e compartilhar nossos
bens, não apenas coisas, mas o que somos: nossos talentos, nossa amizade, nosso
tempo e assim por diante.
"Irmãos e irmãs, aquele homem rico não quis arriscar o
amor e foi embora com o rosto triste. E nós? Perguntemo-nos: a que o nosso
coração está apegado? Como saciamos nossa fome de vida e felicidade? Sabemos
partilhar com quem é pobre, com quem está em dificuldade ou precisa de um pouco
de atenção, de um sorriso, de uma palavra que o ajude a reencontrar a
esperança? Lembremo-nos disto: a verdadeira riqueza não são os bens deste
mundo, mas ser amados por Deus e aprender a amar como Ele", concluiu o
Papa, pedindo a "intercessão da Virgem Maria para nos ajudar a descobrir o
tesouro da vida em Jesus".
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