Jesus propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser
ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de
todos.”
Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
A liturgia nos convida, especialmente hoje, a um exame de
consciência em relação ao nosso modo de nos relacionarmos com nossos irmãos.
Deus é o único Pai, o único Mestre, o único Senhor e, para nos ensinar como
queria que fôssemos, como deverá ser a nova sociedade, se fez servo, servo de
todos. Assim, seremos mais cristãos, mais semelhantes a Jesus Cristo, à medida
em que tomarmos posição de servos e nossa vida for um serviço, através de
nossas ações e de nosso modo de ser, isto é, do modo de tratar as pessoas, de
nos vestir, de nos postar.
No Evangelho Jesus diz aos seus discípulos que eles não
devem seguir os exemplos dos líderes que gostam de serem tratados como
senhores, ao contrário, os discípulos, quanto mais alta a função, deverão
vivê-la na atitude de servo, não apenas nas ações, mas em todos os sentidos.
Desejar ocupar os primeiros lugares, receber cumprimentos
cerimoniosos, usar roupas luxuosas, ser chamado por títulos honoríficos, tudo
isso deverá estar longe do coração e da vida do autêntico discípulo. Jesus
propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso
servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.”
O servo está sempre disponível, acessível ao seu senhor, de
prontidão. Jesus condena a atitude dos mestres que permitem ou até exigem que
seus discípulos lhes lavem os pés, ao contrário será ele a lavar os pés dos
discípulos. Inclusive irá vivenciar isso de modo excepcional na cruz, quando
nos lavará a todos do pecado.
Como poderei ser servo? Se sou casado, não me considerar
superior ao meu cônjuge; se desempenho uma profissão de prestígio, não por isso
considerar-me superior aos outros; se sou comerciante, não visar só meu lucro,
mas apresentar boa mercadoria e com preço justo; se sou um religioso, ser
acessível, disponível, simples e misericordioso no trato com os fiéis; enfim, o
cristão segue em tudo a pessoa do Mestre.
Devo aprender com o episódio dos filhos de Zebedeu. O
Batismo me introduziu em uma nova sociedade. É necessário permitir ao Espírito
Santo que construa em minha vida um novo homem, uma nova mulher. Minha alegria
deverá estar não em posicionamentos de honra segundo este mundo caduco, mas com
o mundo dos ressuscitados no batismo. Aceitar beber o cálice de Jesus, receber
o seu batismo significa aceitar sofrer por causa da justiça, da verdade, pela
construção de uma nova humanidade.
Conforta-nos as palavras do autor da Carta aos Hebreus, em
um trecho anterior ao proposto hoje à nossa reflexão, quando escreve:
“...embora fosse Filho de Deus, aprendeu, com o seu sofrimento, como é difícil
para o homem obedecer e aceitar a vontade de Deus”. Isso nos conforta ao
reconhecermos como nos é difícil sermos servos e também faz sermos
compreensivos com tantas pessoas, especialmente com aquelas que são religiosas.
Por outro lado, sirva-nos de exemplo e elevação a Deus, para
glorificá-lo, o que foi relatado por uma agente da saúde, de Kampala, Uganda,
na época do Sínodo para a África, em 2009: um grupo de doentes de AIDS, gente
muito pobre, que sobrevive vendendo pedras para construtores, quando soube das
devastações causadas pelo furacão Kathrina, nos EUA, e do recente terremoto na
região do Abruzzo, fez uma coleta de dinheiro e enviou às cidades italianas e
americanas atingidas. Por quê? “Porque o coração do homem é internacional, não
tem raça e nem cor”, disse Rose.
“Vi um povo nascer e mudar na fé” – disse. “Estas pessoas
quebram pedras e comem uma vez por dia. Quando pedimos para rezarem pelas
vítimas destas tragédias, responderam que sabiam muito bem o que significa
viver sem casa e sem comida. “Se pertencem a Deus, pertencem a nós também”...
Assim, organizaram-se em grupos, quebraram mais pedras, e no final, haviam
recolhido dois mil dólares, que enviaram à embaixada americana”. Concluamos
nossa reflexão com a palavra de Jesus: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da
terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes
aos pequeninos.” (Mt 11,25).
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