Aprendamos com Bartimeu a dar um basta a tudo aquilo que nos
marginaliza, nos diminui a dignidade, nos torna comodamente dependentes. Um
cristão deve ser ágil em sua opção pela vida e por uma vida digna.
Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
O Evangelho deste domingo nos relata a cura do cego
Bartimeu. Ele se encontrava à beira do caminho dependendo da compaixão dos
transeuntes. Em certa ocasião ouviu falar de Jesus, de suas palavras e ações e
ficou atento. Um dia ao saber da aproximação do Senhor, começou a gritar
implorando-lhe a cura. Os que passavam corrigiam-lhe para que se calasse. Ele
não os escutou e gritava com voz mais forte. O Senhor o mandou chamar até
onde estava. Ele, em uma atitude rápida, deixou seu manto e se aproximou de
Jesus.
Vemos nesse relato, alguém que cansou de viver à margem da
vida e soube que aquele que era a própria Vida estava passando e se avizinhava.
Ele grita, coloca para fora de seu ser cansado o desejo de libertar-se dessa
escravidão. Pessoas que lhe são próximas o mandam calar, pois julgam melhor que
tudo continue como está, optam pela acomodação. Mas ele está decidido e quer
ser liberto de tudo o que o marginaliza. Ele não se cala. Jesus, conhecendo tal
opção, pede que as pessoas que estão ao lado, tragam-no até ele.
Os intermediários cumprem seu papel e dizem que o Senhor o
chama. O cego larga o manto, ou seja, larga a vida de dependência – já que era
no manto, estendido à sua frente, que as pessoas depositavam as esmolas
- e salta para a vida nova, de liberdade.
Este episódio nos ajuda a purificar nossa vontade e nos dar
aquela coragem de que tanto gostaríamos possuir. Reclamar, queixar-se, fazer
corpo mole, colocar a responsabilidade na vida ou nos outros, é algo que
deparamos dentro de nós. Sair do acomodamento, ter de fato uma vontade firme e
decidida é algo custoso que nos mantém na escravidão e na dependência das
pessoas.
Aprendamos com Bartimeu a dar um basta a tudo aquilo que nos
marginaliza, nos diminui a dignidade, nos torna comodamente dependentes. Um
cristão deve ser ágil em sua opção pela vida e por uma vida digna. O cego não
teve dúvidas, gritou por Jesus e não deu atenção aos que o queriam calar.
Quais são as pessoas, situações ou sistemas que nos desejam
manter na escravidão? Quais são as pessoas ou situações enviadas por Deus que
nos levam à libertação, à independência? Examinemos quais são nossas
dependências, nossas acomodações e tenhamos coragem para eliminá-las!
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