Hugues
Lefèvre - Isabella
H. de Carvalho - publicado em 22/11/24
Fundada em 2013, a Iconem é especializada na
digitalização 3D de sítios históricos na França e em todo o mundo. Seu último
projeto é a digitalização da Basílica de São Pedro em Roma, “um dos monumentos
mais complexos que digitalizamos”, diz Yves Ubelmann, diretor geral da Iconem.
A quase 40 metros de altura, no sótão da Basílica de São
Pedro, em Roma, os visitantes poderão em breve mergulhar numa fascinante
exposição que traça a história e o significado da basílica construída sobre o
túmulo do Apóstolo Pedro. Este prodigioso passeio, à sombra da cúpula desenhada
por Michelangelo, foi possível graças ao trabalho de uma pequena empresa
francesa aliada à gigante americana Microsoft.
Fundada em 2013, a Iconem é especializada na digitalização
3D de locais excepcionais. Da cidade de Palmyra, na Síria, às pirâmides do
Egito e a um templo de Angkor, no Camboja, a start-up francesa voou os seus
drones em África, na Ásia, na Europa e nas Américas para preservar e partilhar
um património notável. “Trabalhamos muito em zonas de conflito, no Afeganistão,
na Síria, no Iraque e na Líbia, onde o património está ameaçado”, explica Yves
Ubelmann, presidente e fundador da Iconem, à Aleteia.
Mas se olharmos para a lista de projetos empreendidos
por esta empresa de cerca de dez funcionários, a herança cristã figura com
destaque.
Na França, por exemplo, a duplicata digital do Mont-Saint-Michel foi feita pela Iconem,
assim como a Catedral de Reims, a Basílica do Sacré-Coeur e
a Igreja Saint-Germain-des-Prés, em Paris. Na Arménia, vários mosteiros foram
preservados digitalmente, como o de Gherart, perto de Yerevan.
Os milhões de dados recolhidos permitem aos cientistas
estudar os locais, compreender melhor a sua história e protegê-los de forma
mais eficaz. A digitalização da abadia troglodita de Saint-Roman, em França,
por exemplo, pretendia apoiar os trabalhos de estabilização e melhoria do
local.
“Examinamos muitos locais cristãos na Europa, no Oriente
Médio e nos Estados Unidos. Você tem uma ideia da diversidade da arquitetura
cristã”, diz Yves Ubelmann.
“Na Arménia, por exemplo, existem mosteiros fortificados que
serviam para proteger toda a comunidade e os seus tesouros. O mosteiro servia
como local de culto, como castelo defensivo e também como banco”, explica.
400 mil fotos para San Pedro
Na Basílica de São Pedro, em Roma, foram tiradas 400 mil
fotos para capturar cada canto do edifício. Drones entraram e saíram da
basílica para coletar imagens de alta resolução. Os especialistas também
utilizaram lasers para reproduzir perfeitamente o monumento em três dimensões.
“É um dos monumentos mais complexos que escaneamos. Dentro
da própria basílica existe uma rede labiríntica de salas escondidas dos
visitantes, corredores e escadas”, explica o arquiteto formado. A representação
3D mostra como o edifício foi construído – e reconstruído – ao longo dos
séculos.
“É uma verdadeira lição descobrir a criatividade de
arquitetos que responderam a questões espirituais e muito pragmáticas”, afirma
Yves Ubelmann.
Para mostrar a engenhosidade dos construtores da época,
Iconem ajudou a projetar a exposição imersiva que em breve será aberta ao
público em geral sob o teto da Basílica de São Pedro.
O choque do incêndio em Notre-Dame
A digitalização deste património excecional tem um papel de
salvaguarda cada vez mais evidente para o responsável pela start-up.
“Visitei a Notre-Dame de Paris alguns meses antes do
incêndio com o objetivo de digitalizá-la”, confessa. Mas operações de
digitalização mais urgentes adiaram o projeto de Paris. "Foi um choque.
Percebi que as prioridades nem sempre são o que se pensa e que é preciso
digitalizar rapidamente quando se tem acesso a um local", explica.
Com a sua equipa, Yves Ubelmann gostaria de poder trabalhar
noutras catedrais em França, edifícios excepcionais que não recebem a mesma
publicidade que a de Paris, mas que também contêm muitos tesouros.
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