“Ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver.” (Mc 12,43) | Palavra de Vida Novembro 2024
Organizado por Letizia Magri com a comissão da
Palavra de Vida publicado e modificado em 16/10/2024
Estamos na conclusão do capítulo 12 do Evangelho de
Marcos. Jesus está no templo de Jerusalém, observa e ensina. Por meio do
seu olhar, assistimos a uma cena repleta de personagens: pessoas indo e vindo,
os encarregados do culto, figuras ilustres com
longas túnicas, pessoas ricas depositando suas
fartas oferendas no tesouro do templo.
De repente entra em cena uma viúva. Ela faz parte de uma
categoria de pessoas social e economicamente desfavorecidas. Despercebida na
multidão, ela deposita duas moedinhas no tesouro. Mas Jesus a percebe, chama
seus discípulos e os instrui:
“Em verdade eu vos digo: ela [essa viúva], da sua
pobreza, ofereceu [ao tesouro do templo] tudo o que tinha para viver.”
“Em verdade eu vos digo […]”. São essas as palavras que
introduzem os ensinamentos importantes. O olhar de Jesus, concentrado na viúva
pobre, convida-nos a olhar na mesma direção: é ela o verdadeiro modelo do
discípulo.
A sua fé no amor de Deus é incondicional: seu tesouro é o
próprio Deus. E, ao entregar-se totalmente a Ele, a viúva deseja também doar
tudo o que pode em favor dos mais pobres. Esse abandono confiante no Pai é, de
certo modo, a antecipação do mesmo dom de si que Jesus realizaria em breve com
a sua paixão e morte. É a “pobreza em espírito” e a “pureza de coração” que
Jesus proclamou e viveu.
Isso significa “depositar a nossa confiança não nas
riquezas, mas no amor de Deus e na sua providência. […] Somos ‘pobres em
espírito’ quando nos deixamos nortear pelo amor para com os outros. É então que
partilhamos o que temos, colocando-o à disposição de quem quer que esteja em
necessidade: um sorriso, o nosso tempo, os nossos bens, as nossas capacidades.
Tendo doado tudo por amor, somos pobres, ou seja, estamos esvaziados, anulados,
livres, e temos o coração puro.1”
A proposta de Jesus revoluciona a nossa mentalidade: no
centro do seu pensamento estão os pequenos, os pobres, os últimos.
“Ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que
tinha para viver.”
Esta Palavra de Vida nos convida, antes de tudo, a renovar a
nossa plena confiança no amor de Deus e a nos confrontarmos com o seu olhar,
para ver além das aparências, sem julgar e sem depender do julgamento dos
outros, a realçar o positivo de cada pessoa.
Ela nos sugere que a lógica do Evangelho é a
doação total, que constrói uma comunidade pacificada porque nos
impulsiona a cuidarmos uns dos outros. Ela nos anima a viver o Evangelho no dia
a dia, sem alarde; a doar com generosidade e confiança; a viver com sobriedade,
na partilha. Ela nos convoca a dedicar atenção aos últimos, para aprender com
eles.
Venant nasceu e foi criado no Burundi. Ele conta: “Na
aldeia, minha família podia orgulhar-se de ter uma ótima propriedade, que
garantia uma boa colheita. Nossa mãe, consciente de que tudo era providência do
Céu, recolhia os primeiros frutos e os distribuía regularmente na vizinhança,
começando pelas famílias mais necessitadas e destinando a nós mesmos apenas uma
pequena parte do que sobrava. Com esse exemplo aprendi o valor da doação
desinteressada. Assim, entendi que Deus estava me pedindo que eu desse a Ele a
melhor parte; mais ainda, que desse a Ele toda a minha vida”.
1) Cf. LUBICH, Chiara. Pobreza que é riqueza. Palavra de Vida, novembro de 2003.
Organizado por Letizia Magri com a comissão da Palavra de
Vida
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