“Estou
enxergando a vida com os óculos corretos”
Paula conta a sua história de conversão: “Viver o
catolicismo é lindo e essa convicção me faz querer viver para compartilhar toda
a sabedoria da Igreja”.
28/10/2024
Apesar de ter estudado a vida inteira em colégio católico,
minha família sempre foi mais próxima do Espiritismo de Alan Kardec. Fui
batizada, fiz a Primeira Comunhão, mas nunca conheci de verdade o Cristianismo.
Estudei e participei de outras doutrinas espiritualistas entre os meus 22 e 45
anos. Fiz psicoterapia e psicanálise por 20 anos. Sempre busquei respostas ao
vazio existencial inerente ao ser humano que não está perto de Deus. Que bom
que não desisti. Ouso dizer que acreditava que a minha constante inquietação
interior seria consequência de uma insatisfação profissional, uma vez que após
o terceiro filho escolhi parar de trabalhar para me dedicar mais à família.
Acredito que o meu processo de conversão ao Catolicismo se
iniciou em 2016 e foi se aprofundando até atingir o seu ápice em 2020, quando a
pandemia propiciou um estudo mais intenso e aprofundado sobre a religião. Ao
participar das aulas de Catecismo do meu filho caçula houve um despertar para a
vida de Jesus, participei de algumas missas, percebi que nunca havia estudado
de verdade o Cristianismo. No ano seguinte passamos um ano em Portugal e tive a
oportunidade de visitar várias vezes o Santuário de Fátima. Rezava e acendia
velas pedindo fé e orientação para eu encontrar o meu caminho e minha convicção
espiritual.
Foi nesse mesmo período que comecei a acompanhar as lives de
alguns influencers católicos pela internet. Eles não falavam de doutrina
diretamente, mas discutiam assuntos a partir de valores com os quais eu me
identificava. Citavam São Josemaria Escrivá, Santo Agostinho, São Tomás de
Aquino para refletir sobre personalidade, justiça, caráter, ética, fé, educação
de filhos, relacionamentos, política, filosofia, religião. Pronto. Eu fiquei
impressionada com a formação daqueles “rapazes” mais novos que eu e com tanta
maturidade e sabedoria. Comecei um curso de catequese para adultos pela
Internet.
Nesse mesmo período descobri um câncer de mama que foi um
susto, mas que foi resolvido em poucos meses. Quando terminei o tratamento
chegou a pandemia e intensifiquei ainda mais os estudos. Passava horas do dia
organizando a casa e ouvindo as aulas. Iniciei o terço diário e missas online
na pandemia e, assim que as igrejas abriram as portas, passei a frequentar a
missa diária.
Após essa imersão com a catequese e tantas aulas, quis
conhecer São Josemaria Escrivá e “a santificação no trabalho nos deveres
cotidianos do cristão”. Houve uma identificação de imediato pois sempre
considerei o trabalho e a família como as bases vitais para conquistar uma vida
feliz, saudável e em equilíbrio. Quanto mais ouvia mais queria entender como
alcançar aquele pensamento que unia a ciência, o intelecto e a fé com tanta
propriedade. Minha conversão se deu de forma muito racional.
O impacto do acesso à base filosófica clássica (que se
desenvolveu a partir da filosofia grega de Sócrates, Platão e Aristóteles, e
que foi lindamente desenhada para a Igreja Católica por St. Agostinho e St.
Tomás de Aquino) e toda a sua coerência e correlação com o desenvolvimento de
ideias e temas tão atuais como direitos humanos, matrimônio, aborto, feminismo,
fizeram com que eu passasse por um novo processo de “alfabetização”. Era como
se eu tivesse, finalmente, enxergando a vida com os óculos corretos. Conhecer a
educação pelas virtudes e os Sacramentos pelo Catecismo da Igreja
proporcionaram um rico processo de conscientização da Verdade. Acho que foi
isso. Vivi, aliás, ainda vivo uma espécie de deslumbramento com a doutrina
católica. Viver o catolicismo é lindo e essa convicção me faz querer viver para
compartilhar toda a sabedoria da Igreja.
Passando pela indignação, ou até uma revolta, por ter
passado tanto tempo sem acesso a tanta riqueza, decidi começar pelo principal:
procurar direção espiritual em um centro do Opus Dei e iniciar os passos
para uma sólida sustentação espiritual e receber os Sacramentos. Após 18 anos
de união eu e meu marido fizemos curso de noivos e casamos na Igreja;
incorporei a missa e o terço à minha rotina e passei a viver os sacramentos da
Eucaristia e da Confissão com frequência. Preciso compartilhar aqui que imensa foi
a minha surpresa com a sensível transformação interior após o entendimento da
doutrina e a prática constante dos sacramentos da Igreja Católica.
Ter a oportunidade de passar por essa vivência intelectual e
espiritual foi um maravilhoso estímulo intelectual, mas, com certeza, as
consequências dessa conversão trouxeram uma alegria e uma paz que eu aos 46
anos não havia conhecido. A segurança e a confiança de que existe uma Verdade
nos permitem seguir um caminho que é capaz de fechar e curar aqueles vazios que
tanto nos inquietam e, muitas vezes, nos causam desequilíbrios que nos impedem
de enxergar a profundidade e a beleza do cotidiano da vida.
Não sei quando, mas chegou em um momento em que o meu dia
não podia acabar sem o terço. Aquela oração repetida que eu nunca havia
entendido me trazia uma paz imensa. Aquela missa que eu não entendia o porquê
do ajoelha, levanta e senta se tornava aos poucos o centro do meu dia. As aulas
de catequese tocavam minha mente e meu coração de forma muito especial.
Não sei se minha conversão aconteceria se eu não tivesse
conhecido o Opus Dei, a Ana Paula, Padre Luiz Fernando Cintra, e seus
membros tão acolhedores e dedicados. A Obra foi a porta que a Igreja me abriu.
Foi o lugar onde conheci pessoas que viviam a prática da doutrina católica com
profundidade e direção. Digo direção porque sempre soube que os valores
cristãos eram valiosos e insuperáveis, mas não sabia que existia um caminho,
didático até, na prática que tornaria possível esses valores serem vivenciados
no nosso dia a dia; não sabia que ao organizar meu dia essa prática seria
responsável por aquela paz que Jesus tanto nos prometeu e que eu nunca
encontrei; “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” (Jo 14, 27), tantas vezes
escutada e mal interpretada por mim, entendi que essa paz e essa alegria, na
minha experiência, não brotariam como fruto da minha oração em casa, do meu
coração pouco generoso, inconstante, orgulhoso e cheio de defeitos; não sabia
que todos os nossos vícios e defeitos de caráter, por menores que sejam, podem
ser extirpados ou bastante neutralizados pela construção de virtudes; não sabia
que o domínio da inteligência e da vontade sobre a afetividade (sentimentos,
emoções e paixões), que nos caracteriza não apenas como adultos maduros mas, principalmente,
como seres humanos, pode ser ensinado e praticado desde o nascimento. Sim, eu
não sabia muita coisa e ainda não sei, mas a cada dia vou descobrindo e
fortalecendo a minha fé de que a Igreja é a esposa de Cristo e nos oferece tudo
isso para alcançarmos a nossa paz e sermos capazes de compartilhar a Sua luz.
Tenho consciência que a prática religiosa não vai nos
blindar dos problemas e tristezas, mas sou muito grata por conhecer a força da
Eucaristia e da Confissão nesses momentos. Quando sentimos que Jesus está
entrando a cada dia mais forte em nosso coração, vamos nos sentindo mais fortes
e felizes com a possiblidade de espalhar para todo o mundo o quão maravilhoso é
esse sentimento; o quão possível é aprofundarmos os nossos valores e a nossa
vida; o quanto é possível sairmos de um vazio existencial ou de uma vida
superficial. Afirmo que é possível. Eu recebi a graça de ser apresentada ao
Catolicismo por São Josemaria e rezo diariamente pela graça de ser utilizada
como instrumento da luz divina para compartilhar a beleza da doutrina católica
aos meus amigos e familiares que ainda não conhecem o que é a beleza de viver
na Igreja.
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