Por ocasião da festa litúrgica de Santo André, padroeiro do
Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, o Papa Francisco enviou, neste sábado
(30/11), uma mensagem ao Patriarca Bartolomeu. A mensagem, entregue pelo
cardeal Kurt Koch ao final da solene Divina Liturgia celebrada na Igreja
Patriarcal de São Jorge, em Fanar, reforça a importância do diálogo, da oração
e do esforço conjunto para alcançar a plena comunhão entre católicos e
ortodoxos.
Thulio Fonseca - Vatican News
Neste sábado, 30 de novembro, por ocasião da Festa de Santo
André, o Papa Francisco, como já é tradição, enviou uma mensagem por meio do
prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt
Koch, que lidera a delegação da Santa Sé enviada a Istambul para a celebração e
as conversas com a Comissão Sinodal do Patriarcado Ecumênico, responsável pelas
relações com a Igreja Católica. No texto, o Papa expressa seus sinceros votos
ao Patriarca Bartolomeu, ao clero, aos monges e aos fiéis da Igreja de
Constantinopla, reiterando suas orações pela intercessão de Santo André.
"A renovada fraternidade que vivemos hoje é motivo de grande ação de
graças a Deus, mas a plena comunhão, nosso objetivo final, ainda não foi
alcançada", afirma o Pontífice, destacando que o esforço pela unidade é um
compromisso essencial para todos os cristãos.
A unidade é um dom divino
Ao recordar que, há poucos dias, em 21 de novembro,
celebrou-se o 60º aniversário da promulgação do Decreto Unitatis
Redintegratio, documento fundamental do Concílio Vaticano II que marcou o
compromisso oficial da Igreja Católica com o movimento ecumênico, o Pontífice
ressaltou que esse importante texto abriu o caminho para um diálogo frutífero
com outras Igrejas, especialmente a Ortodoxa, permitindo a renovação da
fraternidade entre elas. No entanto, destacou que a meta final estabelecida
pelo decreto, a plena comunhão entre todos os cristãos com a partilha do único
cálice eucarístico, ainda não foi alcançada. Mesmo assim, Francisco reafirmou a
importância de manter a esperança e o empenho, confiando que a unidade é um dom
divino que pode ser acolhido por meio de oração, diálogo e abertura recíproca.
Diálogo e sinodalidade
Francisco enfatizou a importância do diálogo inter-religioso
como um caminho promissor, especialmente em um mundo marcado por divisões e
conflitos. Ele também mencionou a recente Assembleia Geral Ordinária do Sínodo
dos Bispos, realizada em outubro, como um exemplo de escuta mútua e cooperação,
valores que podem inspirar católicos e ortodoxos no caminho da reconciliação.
"Ouvir sem julgar deve caracterizar a jornada conjunta
entre católicos e ortodoxos", escreveu o Papa, que também reconheceu o
trabalho de representantes ortodoxos, como o Metropolita Job de Pisídia, que
participou ativamente do Sínodo, reforçando os laços entre as duas Igrejas.
O legado do Concílio de Niceia
O Santo Padre destacou ainda a iminente celebração dos 1.700
anos do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, que acontecerá em 2025, e
sublinhou o desejo de celebrar esse evento histórico juntamente com o Patriarca
Bartolomeu, como testemunho da comunhão crescente entre as Igrejas e como um
sinal de esperança para o mundo.
Francisco concluiu a mensagem renovando suas orações pela
paz em regiões como Ucrânia, Palestina, Israel e Líbano, e reiterando o
compromisso da Igreja Católica com o diálogo e a unidade. "A plena
comunhão é um dom de Deus que devemos buscar com oração, conversão interior e
abertura mútua", declarou o Pontífice.
Nenhum comentário:
Postar um comentário