Francisco recebeu pela primeira vez, no Vaticano, o Santo
Sínodo da Igreja herdeira das tradições siríacas dos cristãos de São Tomé e da
reformada: "Devemos caminhar juntos, rezar juntos e trabalhar
juntos". "Espero que um dia se possa celebrar um Sínodo ecumênico
sobre a evangelização, todos juntos", disse o Papa.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, nesta
segunda-feira (11/11), os membros do Santo Sínodo da Igreja Siro-Malankar Mar
Thoma que visita a Igreja de Roma pela primeira vez.
"Este é certamente um dia de alegria na longa história
das nossas Igrejas", disse Francisco no início de seu discurso. A seguir,
Francisco deu as boas-vindas aos membros do Santo Sínodo, pedindo-lhes para que
transmitam seus melhores votos de boa saúde ao seu Metropolita, Sua Beatitude
Theodosius Mar Thoma, estendendo também sua saudação a todos os fiéis.
Vocação ecumênica
"A sua Igreja, herdeira tanto da tradição siríaca dos
cristãos de São Tomé quanto da tradição reformada, se define justamente como
uma “Igreja ponte” entre o Oriente e Ocidente", disse o Papa, ressaltando
que "a Igreja Mar Thoma tem uma vocação ecumênica, e não é por acaso que
se envolveu desde cedo no movimento ecumênico, estabelecendo muitos e vários
contatos bilaterais com cristãos de diferentes tradições". O Pontífice
lembrou que "os primeiros encontros com a Igreja de Roma foram retomados
na época do Concílio Vaticano II, no qual Sua Graça Philipose Mar Chrysostom
participou como observador. "É a abordagem dos pequenos passos que são
dados", acrescentou o Papa.
Nos últimos anos, a Providência permitiu o
desenvolvimento de novas relações entre as nossas Igrejas. Lembro-me em
particular de quando em novembro de 2022 tive a alegria de recebê-lo, caro
Metropolita Barnabé. Estes nossos contatos levaram ao início de um diálogo
oficial: o primeiro encontro realizou-se em dezembro passado, em Kerala, e o
próximo se realizará dentro de algumas semanas.
“Alegro-me com o início deste diálogo, que confio ao
Espírito Santo e que espero que apresse o dia em que poderemos partilhar a
mesma Eucaristia, cumprindo a profecia do Senhor: "Muitos virão do Oriente
e do Ocidente, e sentarão à mesa”.”
Neste caminho de diálogo, o Papa destacou duas perspectivas: sinodalidade
e missão.
Com relação à sinodalidade, Francisco ressaltou
o fato de a Igreja Siro-Malankar Mar Thoma "fazer esta visita como Santo
Sínodo", pois ela "é, por tradição, essencialmente sinodal".
"Como vocês sabem, há poucos dias a Igreja Católica concluiu um Sínodo sobre
a sinodalidade, no qual participaram também delegados fraternos de outras
tradições cristãs que enriqueceram as nossas reflexões", ressaltou o Papa.
"Uma das convicções expressas foi a de que a sinodalidade é inseparável do
ecumenismo, porque ambos se baseiam no único Batismo que recebemos, no sensus
fidei em que todos os cristãos participam em virtude do próprio
Batismo", sublinhou.
Caminho de sinodalidade ecumênica
Segundo o Papa, o Documento Final do Sínodo sobre a
Sinodalidade "afirma que não devemos apenas «prestar mais atenção às
práticas sinodais dos nossos parceiros ecumênicos, tanto no Oriente quanto no
Ocidente», mas também «imaginar práticas sinodais ecumênicas, incluindo formas
de consulta e discernimento sobre questões de interesse comum e urgente»".
“Tenho certeza de que sua Igreja pode nos ajudar neste
caminho de sinodalidade ecumênica.”
Lembro-me do que o grande Zizioulas disse sobre a unidade
cristã. Era um grande homem, aquele homem; homem de Deus. Ele disse: “Conheço
bem a data do encontro total, da união total entre as Igrejas”. Qual é a data?
“No dia seguinte ao Juízo Final”, disse Zizioulas, “mas, enquanto isso, devemos
caminhar juntos, rezar juntos e trabalhar juntos”. Todos juntos. Todos juntos.
Um Sínodo ecumênico sobre a evangelização
A seguir, o Papa passou à segunda perspectiva: a missão.
"A sinodalidade e o ecumenismo são inseparáveis também porque ambos têm
como objetivo um melhor testemunho dos cristãos. No entanto, a missão não é
apenas o fim do caminho ecumênico, é também o meio", sublinhou.
“Estou convencido de que trabalhar juntos para
testemunhar o Cristo Ressuscitado é a melhor maneira de nos aproximar. É por
isso que, como propôs o nosso recente Sínodo, espero que um dia se possa
celebrar um Sínodo ecumênico sobre a evangelização, todos juntos.”
E esse Sínodo será para garantir, rezar, refletir e
comprometer-se juntos por um melhor testemunho cristão, “para que o mundo
creia”.
"Também neste caso", concluiu o Papa, "estou
certo de que a Igreja Mar Thoma, que traz em si essa dimensão missionária, pode
oferecer muito. Mas, todos juntos".
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