Nesta sexta-feira, 29 de novembro, Francisco dirigiu uma
saudação aos profissionais da Universidade de Nápoles Federico II, a mais
antiga universidade laica do Ocidente, por ocasião do 800º aniversário de sua
fundação. O Santo Padre destacou a importância histórica da instituição e
sublinhou os valores que devem guiar aqueles que trabalham na área da saúde,
inspirados por uma rica tradição ética e cristã.
Thulio Fonseca - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 29
de novembro, a comunidade acadêmica da Universidade de Nápoles Federico II,
composta por reitores, professores e estudantes do setor de medicina
odontológica, e proferiu sua saudação relembrando a fundação da universidade,
que, há oito séculos, continua sendo um marco histórico na educação e na
ciência. Ao iniciar seu discurso, o Papa elogiou o legado da Universidade
e a tradição de excelência que remonta ao imperador Frederico II, seu fundador,
que deu origem a uma das mais antigas universidades do mundo.
Cuidar com compaixão e ternura
O Santo Padre destacou a importância do lema hipocrático que
une a lição do grego Hipócrates à autoridade do latino Scribônio: “primum non
nocere, secundum cavere, tertium sanare” -“primeiro, não prejudicar; segundo,
cuidar; terceiro, curar”. Segundo Francisco, estas máximas continuam a ser um
guia indispensável para a prática médica:
“Não prejudicar. Isso pode parecer algo óbvio, mas, na
verdade, responde a um saudável realismo: antes de tudo, trata-se de não
acrescentar mais danos e sofrimentos àqueles que o paciente já está vivendo.”
Sobre o cuidado, Francisco ressaltou que esta é a ação
evangélica por excelência, como a do bom samaritano, e que deve ser realizada
com o "estilo de Deus": “E qual é o estilo de Deus? Proximidade,
compaixão e ternura. Não esqueçam: Deus é próximo, compassivo e terno. O estilo
de Deus é sempre este: proximidade, compaixão e ternura.” Em seguida, o Papa
compartilhou uma experiência pessoal:
“Eu me recordo de quando, aos vinte anos, tiveram que
retirar parte do meu pulmão, que estava doente. Sim, me davam os medicamentos,
mas o que mais me dava força era a mão dos enfermeiros que, após aplicar as
injeções, seguravam minha mão... Esta ternura humana faz tanto bem!”
Tecnologia e ética: uma união indispensável
Sobre o ato de curar, o Papa afirmou que, neste aspecto, os
médicos podem se assemelhar a Jesus, que curava todas as doenças e enfermidades
entre o povo, e destacou os desafios modernos da prática médica em um mundo de
rápida evolução tecnológica.
“A medicina jamais deve negligenciar a dignidade humana,
que é igual para todos. Caso contrário, corre o risco de se prestar aos
interesses do mercado ou da ideologia, em vez de se dedicar ao bem da vida
nascente, da vida sofrida e da vida necessitada. O médico existe para curar o
mal: cuidar sempre! Nenhuma vida deve ser descartada. Nunca! Mesmo quando
alguém diz: ‘Mas este paciente não tem mais jeito...’ Acompanhe-o até o fim.”
Ciência a serviço da dignidade humana
Por fim, Francisco exortou os profissionais de saúde e
acadêmicos da universidade a cultivarem uma ciência com respeito e a serviço da
pessoa humana, e expressou sua gratidão pela dedicação e competência da
instituição, que segue formando gerações há oito séculos.
“Depois de 800 anos, vocês continuam a fazer escola!” E,
como de costume, pediu: “Não se esqueçam de rezar por mim!”
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