Francisco reafirma isso na Nota de acompanhamento do texto
votado em 26 de outubro pela Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade e por
ele aprovado. Ressalta que “não é estritamente normativo” e que “sua aplicação
exigirá diversas mediações”. No entanto, compromete “desde já as Igrejas a
fazer escolhas coerentes com o que nele está indicado”. Isso porque o caminho
do Sínodo, hoje, “prossegue nas Igrejas locais”.
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano
O Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos, aprovado pelo Papa Francisco em 26 de outubro passado,
“participa do Magistério ordinário do Sucessor de Pedro e, como tal, peço que
seja acolhido”. O Papa, na Nota de acompanhamento do Documento, assinada no
domingo, 24 de novembro, Solenidade de Cristo Rei do Universo, e divulgada na
segunda-feira (25/11), reafirma, como disse na ocasião da aprovação, que o
documento “não é estritamente normativo” e que “sua aplicação exigirá diversas
mediações”. Porém, “isso não significa que não comprometa desde já as Igrejas a
fazer escolhas coerentes com o que nele está indicado”. De fato, o documento em
si “representa uma forma de exercício do ensinamento autêntico do Bispo de
Roma, que traz traços de novidade”, mas corresponde ao que foi afirmado por
Francisco em outubro de 2015 sobre a sinodalidade, que é “o quadro
interpretativo adequado para compreender o ministério hierárquico”.
Comunhão, participação e missão
O Pontífice confirma que o caminho do Sínodo, iniciado por
ele em outubro de 2021, no qual a Igreja, ouvindo o Espírito Santo, foi chamada
a “ler sua própria experiência e identificar os passos a serem dados para viver
a comunhão, realizar a participação e promover a missão que Jesus Cristo lhe
confiou”, prossegue nas Igrejas locais, aproveitando-se precisamente do
Documento Final. Um texto que foi “votado e aprovado pela Assembleia em todas
as suas partes”, e que também o Papa Francisco aprovou e, ao assiná-lo, ordenou
sua publicação, “unindo-me ao ‘nós’ da Assembleia”.
Os temas confiados aos dez grupos de estudo
Recordando o que foi declarado em 26 de outubro, o Papa
reitera que “é necessário tempo para chegar a escolhas que envolvam toda a
Igreja”, e que “isso vale especialmente para os temas confiados aos dez grupos
de estudo, aos quais outros poderão ser acrescentados, tendo em vista as
decisões necessárias”. E enfatiza novamente, citando o que escreveu na
Exortação pós-sinodal Amoris laetitia, que “nem todas as discussões
doutrinárias, morais ou pastorais precisam ser resolvidas com intervenções do
magistério”. Assim como “em cada país ou região, podem ser buscadas soluções
mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais”.
As indicações que já podem ser acolhidas nas Igrejas
locais
Francisco acrescenta que o Documento Final contém indicações
que “já podem ser acolhidas agora nas Igrejas locais e nos agrupamentos de
Igrejas, levando em conta os diferentes contextos, o que já foi feito e o que
ainda resta a fazer para aprender e desenvolver cada vez melhor o estilo
próprio da Igreja sinodal missionária”. A partir de agora, escreve o Pontífice,
“na relação prevista para a visita ad limina, cada bispo cuidará de
relatar quais escolhas foram feitas na Igreja local a ele confiada em relação
ao que é indicado no Documento Final, quais dificuldades foram encontradas, e
quais foram os frutos”.
As palavras compartilhadas devem ser acompanhadas por
ações
A tarefa de acompanhar esta “fase de implementação” do
caminho sinodal, conclui o Papa Francisco, é confiada à Secretaria Geral do
Sínodo junto com os Dicastérios da Cúria Romana. E ele reafirma ainda, como
disse em 26 de outubro, que o caminho sinodal da Igreja Católica “precisa que
as palavras compartilhadas sejam acompanhadas por ações”. O Espírito Santo, dom
do Ressuscitado, é sua oração final: “sustente e oriente toda a Igreja neste
caminho”.
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