Santa Francisca Xavier Cabrini: A santa que quase embarcou no Titanic
Por Joseph Pronechen*
13 de nov de 2024
Santa Francisca Xavier Cabrini estava na Itália com as irmãs
da ordem que fundou em abril de 1912. Ela planejava visitar suas fundações na
França, na Espanha e na Inglaterra antes de viajar de navio de volta aos EUA em
abril para continuar seu trabalho na cidade de Nova York.
Nascida na Itália, santa Francisca Xavier Cabrini, conhecida
como madre Cabrini, é a padroeira dos imigrantes e a primeira cidadã dos EUA a
ser canonizada. O papa Pio XII celebrou a cerimônia de canonização da santa em
7 de julho de 1946. Nos EUA, a santa é celebrada no dia 13 de novembro.
Suas irmãs religiosas na Inglaterra esperavam ansiosamente
pela visita de sua fundadora e superiora, que na época tinha 62 anos de idade.
Para ajudar a tornar sua viagem de volta aos EUA mais confortável, elas
compraram uma passagem para ela e reservaram passagem em um transatlântico, o
RMS Titanic.
Embora santa madre Cabrini fosse uma viajante que faria 24
travessias transatlânticas para estabelecer sua fundação, seus hospitais e seus
orfanatos, santa madre Cabrini não gostava de viagens pelo oceano, pois quase
se afogou quando era criança.
Enquanto as freiras na Inglaterra a esperavam, chegou à
madre Cabrini a notícia de que havia problemas no Hospital Columbus fundado por
ela em Nova York. O hospital estava lotado e havia negócios urgentes para
resolver relacionados a uma nova expansão do hospital. Ela não podia esperar.
Tinha que voltar para arrecadar o dinheiro necessário para prosseguir com o
projeto. Ela, então, partiu mais cedo de Nápoles, Itália, decepcionando as
freiras na Inglaterra que reservaram sua passagem no Titanic.
O prefixo “RMS” em “RMS Titanic” significava “Royal Mail
Ship” (Navio do Correio Real) porque também transportava correspondência
sob contrato com o British Royal Mail (Correio Real Britânico)
— um importante contexto para algo que santa Madre Cabrini escreveu em uma
carta de 5 de maio de 1912 para a irmã Gesuina Dotti:
“Recebi apenas duas de suas cartas até agora, e se você
enviou cinco, então deve ser dito que elas foram para as profundezas com o
Titanic. Se eu fosse para Londres, eu poderia ter partido com ele, mas a Divina
Providência, que observa constantemente, não permitiu. Deus seja louvado”.
Outra quase colisão no mar
Esse não foi o único episódio de santa madre Cabrini com
um iceberg.
Em 1890, em sua segunda viagem a Nova York, ela estava entre
mil passageiros no navio La Normandie. O mar estava muito agitado
uma noite e a maioria dos passageiros pulou o jantar e ficou em suas cabines —
exceto santa madre Cabrini e outras cinco pessoas. Ela sabia da situação
perigosa e, de volta à cabine, permaneceu pronta para salvar suas irmãs e a si
mesma se o chamado viesse para ir aos botes salva-vidas.
Posteriormente, ela disse que "o Bom Senhor ... nos
embalou para dormir em uma grande gangorra, balançando-nos para frente e para
trás".
Mas isso foi só o começo. Enquanto a tempestade rugia no dia
seguinte, ela arriscou ir para o convés, encontrou uma cadeira em um lugar
relativamente seguro e escreveu uma carta. Nela, ela escreveu:
“Vocês deveriam ver como o mar é lindo em seu grande
movimento, como ele incha e espuma! É realmente uma maravilha! … Se vocês
estivessem todas aqui comigo, filhas, cruzando este imenso oceano, vocês
exclamariam: 'Oh, quão grande e maravilhoso é Deus em suas obras!' ”
Isso foi escrito por alguém que não gostava nem um pouco de
navegar. Talvez porque dois dias antes ela tinha, como diz um artigo sobre ela,
“comparado a tranquilidade do mar à alegria experimentada por uma alma que
permanece na paz da graça de Deus. Não importa quais fossem as circunstâncias,
ela era capaz de ver o amor de Jesus brilhar”.
Mas isso não foi tudo o que ocorreu na viagem.
Em seguida, por volta da meia-noite, “sentimos um forte
solavanco e o navio parou de repente”, escreveu ela.
Ela e suas irmãs religiosas vestiram-se e prepararam-se para
embarcar em botes salva-vidas, se necessário. O problema acabou sendo algo
errado com o motor. Naquele momento, “o mar ficou calmo e lindo” e o navio
ficou praticamente imóvel até que o motor fosse consertado pela manhã e o navio
pudesse prosseguir. A avaria causou um atraso de 11 horas — um atraso que
provavelmente salvou o navio e os passageiros de um desastre.
Dois dias depois, disse santa madre Cabrini, “por volta das
11, nos vimos cercados por icebergs em todas as partes do
horizonte... eles eram cerca de 12 vezes maiores que o nosso navio”. O capitão
reduziu a velocidade do navio para navegar lenta e cuidadosamente pelo campo de
gelo para evitar colidir com as “imensas fortalezas irregulares”.
Uma história registrada no santuário de santa madre Cabrini
nos EUA descreveu o evento assim: “Madre Cabrini observou que, embora eles
tenham reclamado quando o motor quebrou, a crise foi uma grande graça. Sem esse
atraso, o encontro do navio com os icebergs teria ocorrido no
escuro, provavelmente com consequências terríveis”.
'Apoiada pelo meu Amado'
Certa vez, um trem no qual a santa viajava de um orfanato
para outro foi atingido por tiros disparados por inimigos de ferrovias nos
arredores de Dallas, no Estado do Texas, EUA. Ela ficou imperturbável e disse
posteriormente como uma bala "mirada na minha cabeça caiu para o meu lado,
enquanto deveria ter perfurado meu crânio".
Quando os que estavam a bordo do trem ficaram chocados com o
ocorrido, ela lhes disse: "Foi o Sagrado Coração a quem eu confiei a
viagem".
Pouco depois desse incidente, ela escreveu em uma carta: “Eu
não escrevi e disse que estou viva milagrosamente?”
Do Titanic a La Normandie e Dallas, não
havia dúvidas sobre a Providência Divina na vida de santa madre Cabrini. Ela
escreveu: “Apoiada pelo meu Amado, nenhuma dessas adversidades pode me abalar.
Mas se eu confiar em mim mesma, cairei. Em qualquer dificuldade que eu possa
encontrar, quero confiar na bondade do Sagrado Coração de Jesus, que nunca me
abandonará”.
*Joseph Pronechen é redator da equipe do National Catholic
Register desde 2005 e, antes disso, foi correspondente regular do jornal. Seus
artigos apareceram em várias publicações nacionais, incluindo a revista
Columbia , Soul , Faith and Family , Catholic Digest , Catholic Exchange e
Marian Helper . Seus artigos sobre religião também foram publicados no
Fairfield County Catholic e em grandes jornais. Ele é autor de Fruits of Fatima
— Century of Signs and Wonders . Ele é graduado e anteriormente lecionou inglês
e cursos de estudo de cinema que desenvolveu em uma escola secundária católica
em Connecticut (EUA). Joseph e sua esposa Mary residem na Costa Leste.
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