João Kuncewycz nasceu de família cristã ortodoxa da Ucrânia,
em 1580. Estudou filosofia e teologia. Aos 20 anos tornou-se monge na
Ordem de São Basílio, recebendo o nome de Josafá, e em pouco tempo era nomeado
superior do convento. Possuía enorme capacidade intelectual e vivência
da caridade cristã.
Além disso, São Josafá era um monge exemplar no seguimento
das regras monásticas. Com apenas 37 anos assumiu o arcebispado de
Polotsk, e dedicou-se imediatamente à formação do clero e à catequização dos
fiéis (o que ainda hoje é urgentemente necessário).
Na sua época, sentia-se já o grave problema da divisão
das igrejas ortodoxas orientais, que haviam se separado de Roma por volta do
ano 1000, não reconhecendo a autoridade do Papa. Josafá muito trabalhou
para a reconciliação, ao longo da sua vida. Em 1596, o sínodo de Brest reuniu
os rutenos com Roma, mas este exemplo não foi seguido por outras igrejas
orientais, que se sentiram traídas, tendo os cismáticos passado a perseguir
os católicos.
Por causa do seu zelo na reunificação, São Josafá
foi caluniado e teve que enfrentar muitos contratempos, acabando por se tornar
vítima de martírio: numa visita pastoral, a 12 de novembro de 1623, sua
comitiva foi atacada e muitos dela covardemente assassinados, matança
à qual o santo bispo se opôs perguntando aos agressores: “Meus
filhos, por que matais os meus familiares? Se procurais a mim, aqui estou!”.
Logo o maltrataram horrivelmente e o mataram. Porém,
quase todos os seus assassinos, depois processados e condenados, abjuraram o
cisma e se converteram, um fruto da caridade de Deus e, certamente, da firmeza
exemplar de São Josafá.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
O desejo de Cristo de formar um único rebanho, sob a
autoridade de um único pastor, na unidade de uma única Igreja é algo que não
pode ser negligenciado. A separação dos católicos (“diabo” significa dividir) é
um mal para a Igreja e o mundo. São Josafá lutou contra o Cisma, a ponto de
doar a própria vida, e por isso é reconhecido como precursor do Ecumenismo
(movimento que busca a boa convivência entre os diferentes cristãos e, mais
essencialmente, a reunificação dos diversos cismáticos com a Igreja Católica).
Porém, de forma alguma a Verdade pode ser “adaptada” em nome de uma união
baseada em mero consenso de conveniências e interesses; isto seria uma união de
oposição a Deus! O correto senso ecumênico está centrado no reconhecimento da
única Igreja diretamente fundada por Cristo, por meio dos Apóstolos chefiados
por São Pedro, assistida perenemente pelo Espírito Santo e tendo por legítima
Mãe a Virgem Maria – a Igreja Católica (= universal, para todos os seres
humanos, filhos de Deus), Apostólica (confiada diretamente aos Apóstolos por
Jesus mesmo), Romana (referência ao local da morte – entrada na vida celeste –
de São Pedro, chefe inequívoco dos Apóstolos, nas palavras de Cristo: “Tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja […] Eu te darei as chaves
do reino dos céus […]” (cf. Mt 16, 15-19); e “Apascenta as Minhas ovehas.” (cf.
Jo 21, 17); ora, quem apascenta as ovelhas é o pastor, que tem sobre elas
autoridade…).
Oração:
Deus Eterno e Todo-Poderoso, que a Vossos pastores
associastes São Josafá, a quem destes a graça de lutar pela justiça até a
morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar por Vosso amor as
adversidades, sem jamais abrir mão da Verdade, e correr ao encontro de Vós, que
sois a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém.
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