Os Santos e as Santas - autênticos amigos de Deus - aos
quais a Igreja nos convida, hoje, a dirigir nossos olhares, são homens e
mulheres, que se deixaram atrair pela proposta divina, aceitando percorrer o
caminho das Bem-aventuranças.
Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
Ao final do século II, já era grande a veneração dos Santos.
No início, os santos mártires, aos quais os Apóstolos foram logo assimilados,
eram testemunhas oficiais da fé.
Depois das grandes perseguições do Império Romano, homens e
mulheres, que viveram a vida cristã, de modo belo e heroico, começaram a
tornar-se, paulatinamente, exemplos de veneração: o primeiro santo, não mártir,
foi São Martinho de Tours.
Em fins do ano mil, diante do incontrolado desenvolvimento
da veneração dos santos e do "comércio" em torno das suas relíquias,
iniciou-se um processo de canonização, até se chegar à comprovação dos
milagres.
A Solenidade de Todos os Santos começou no Oriente, no
século IV. Depois, difundiu-se em datas diferentes. Em Roma, dia 13 de maio; na
Inglaterra e Irlanda, a partir do século VIII, dia 1º de novembro, uma data que
também foi adotada em Roma, a partir do século IX.
Esta Solenidade era celebrada no fim do Ano litúrgico,
quando a Igreja mantinha seu olhar fixo ao término da vida terrena, pensando
naqueles que haviam atravessado as portas do Céu.
O Evangelho deste domingo é o Evangelho das bem-aventuranças
«Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se
e seus discípulos aproximaram-se dele. Então, abriu a boca e lhes ensinava.
Os Santos e as Santas - autênticos amigos de Deus - aos
quais a Igreja nos convida, hoje, a dirigir nossos olhares, são homens e
mulheres, que se deixaram atrair pela proposta divina, aceitando percorrer o
caminho das Bem-aventuranças; não porque sejam melhores ou mais intrépidos que
nós, mas, simplesmente, porque "sabiam" que todos nós somos filhos de
Deus e assim viveram; sentiram-se “pecadores perdoados”... Eis os verdadeiros
de Santos! Eles aprenderam a conhecer-se, a canalizar suas forças para Deus, para
si e para os outros, sabendo confiar sempre, nas suas fragilidades, na
Misericórdia divina.
Hoje, os Santos nos animam a apontar para o alto, a olhar
para longe, para a meta e o prêmio que nos aguardam; exortam-nos a não nos
resignar diante das dificuldades da vida diária, pois a vida não só tem fim,
mas, sobretudo, tem uma finalidade: a comunhão eterna com Deus.
Com esta Solenidade, a Igreja nos propõe os Santos, amigos
de Deus e exemplos de uma vida feliz, que nos acompanham e intercedem por nós;
eles nos estimulam a viver com maior intensidade esta última etapa do Ano
litúrgico, sinal e símbolo do caminho da nossa vida.
Condições evangélicas
Trata-se de percorrer o caminho, ou melhor, as nove
condições traçadas por Jesus e indicadas no Evangelho: as Bem-aventuranças!
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o
Reino dos Céus...”: o ponto forte não é tanto ser “bem-aventurado”, mas o
“porquê”. Uma pessoa não é "bem-aventurada" porque é
"pobre", mas porque, como pobre, tem a condição privilegiada de
entrar no Reino dos Céus.
A mesma coisa acontece com as outras oito condições:
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os
mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão
Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino
dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem... Alegrai-vos, porque
será grande a vossa recompensa nos Céus”.
A explicação de tudo encontra-se naquele “porquê”, pois
revela onde os mansos encontrarão confiança, onde os pacíficos encontrarão
alegria... Logo, "bem-aventurados", não deve ser entendido como uma
simples emoção, se bem que importante, mas como um auspício para se reerguer,
não desanimar, não desistir e seguir em frente... pois Deus está conosco.
A questão, portanto, consiste em ver Deus, estar da sua
parte, ser objeto das suas atenções; contemplar Deus, não no paraíso, mas, aqui
e agora.
Enfim, eis o caminho que devemos percorrer para participar
também da alegria indicada pelo Apocalipse, que todos nós podemos conseguir:
"Caríssimos, considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos
chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato... desde agora somos filhos de
Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser" ”(1 Jo 3,1-2).
Nós, diz o refrão do Salmo, em resposta à primeira leitura da Carta de João:
“Somos a geração que busca a face do Senhor”. Não porque somos melhores que os
outros, mas porque Deus quis assim.
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