Sonolência durante o dia é ligada a maior risco de
síndrome de pré-demência; entenda.
Estudo com idosos encontrou uma probabilidade três vezes
maior de desenvolver o quadro entre aqueles que relatavam queixas sobre o sono.
Por O Globo — Rio de Janeiro
20/11/2024
Idosos que sentem sono durante o dia ou falta de entusiasmo
por causa de problemas para dormir foram associados a uma probabilidade três
vezes maior de desenvolver uma síndrome chamada de pré-demência. É o que aponta
um novo estudo publicado na revista científica Neurology, da Academia Americana
de Neurologia.
Essa síndrome, também conhecida como síndrome de risco motor
cognitivo, é caracterizada por uma marcha lenta e problemas de memória, embora
os pacientes ainda não tenham desenvolvido deficiência de mobilidade ou outros
declínios cognitivos que caracterizam a demência.
No novo trabalho, os pesquisadores analisaram 445 indivíduos
com idade média de 76 anos e que não tinham um diagnóstico de demência. Os
participantes responderam questionários sobre o sono e problemas de memória, e
tiveram a velocidade de caminhada testada numa esteira.
Depois, ao longo de em média três anos, os voluntários foram
reavaliados, a cada 12 meses. Os resultados encontraram uma associação entre
aqueles que relataram mais sonolência excessiva durante o dia e uma maior
dificuldade em manter o entusiasmo para realizar tarefas com mais casos de
desenvolvimento da síndrome.
No grupo, 35,5% desenvolveram a condição, em comparação com
6,7% dos outros participantes que não relatavam esses problemas. Após ajustes
para outros fatores que poderiam influenciar o risco, como idade, depressão e
outras condições de saúde, os cientistas encontraram uma probabilidade mais de
três vezes maior de desenvolver a síndrome.
O estudo é do tipo observacional, ou seja, encontrou uma
associação entre os problemas, mas não consegue confirmar uma relação de causa.
Trabalhos do tipo analisam a ocorrência de fenômenos, eventos, comportamentos,
hábitos durante um período de tempo e buscam uma relação entre eles.
Ainda que possa traçar associações importantes, o estudo
observacional não pode definir 100% que se trata de uma relação de causa e
consequência. O paciente pode, por exemplo, ter relatado a maior sonolência
diurna por já estar sofrendo um efeito da síndrome.
Ainda assim, a autora do estudo, a pesquisadora do Albert
Einstein College of Medicine, Victoire Leroy, diz que os achados “destacam a
necessidade de triagem para problemas de sono” entre os idosos. “Há potencial
para que as pessoas recebam ajuda com seus problemas de sono e previnam o
declínio cognitivo mais tarde na vida”, continua.
Em comunicado, porém, ela reconhece que são necessárias mais
pesquisas “para examinar a relação” encontrada e de estudos que possam
“explicar os mecanismos que ligam essas perturbações do sono à síndrome de
risco motor cognitivo e ao declínio cognitivo”.
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