A Alegria do Evangelho
3º Domingo do Advento
- dezembro
14, 2024
Estamos celebrando o domingo Gaudete, o domingo
da alegria. Tanto a primeira leitura (Sf 3, 14-18) como a segunda leitura (Fl
4, 4-7) exortam à alegria. A alegria bíblica não é como a alegria do mundo, ela
se realiza em conexão com o plano de Deus, com o projeto de Deus. O livro de
Sofonias passa da linguagem de condenação, de juízo que domina quase todo o
livro, para a linguagem da promessa na parte final do escrito. A mudança se dá
porque Deus deixará “um povo humilde e pobre (ânî wâdâl …) e
procurará refúgio no nome de Iahweh o Resto de Israel” (Sf 3, 12-13). Um
povo humilde e pobre que não conhece orgulho e presunção e, por isso,
aceita a vontade de Deus. Para o profeta, orgulho e presunção estão na raiz
de todos os males. O Senhor revogou a sentença, então convida à alegria. Graças
a esse resto humilde e pobre, o Senhor revogou a sentença, eliminou o inimigo,
está no meio do povo. “O Senhor está no meio de ti”, aparece duas vezes nesse
pequeno texto. Essa expressão evoca a aliança, na qual o povo estabelece, de
novo, aquela relação vital que faz de Deus um pai e de Israel um filho.
Em Filipenses (Fl 4, 4), o convite é a se alegrar no Senhor,
aparecendo duas vezes no mesmo versículo. A proximidade do Senhor deve ser
fonte de alegria. Papa Francisco insiste neste fato: a alegria na vida cristã,
na vida de fé. Em Evangelii Gaudium, ele afirma: “A Alegria do
Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com
Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza,
do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a
alegria. Quero, com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de os
convidar para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria …”. A
tristeza pode ser um grande risco no mundo atual, denuncia o Papa: “o grande
risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma
tristeza individualista que brota de corações comodistas e mesquinhos, da busca
desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada”.
O Evangelho coloca diante de nós a pergunta: “que devo
fazer?”. João Batista, o grande profeta do Advento, deste tempo de
espera, interpelava as categorias bem concretas de pessoas que vinham a ele
fazendo-os descer à concretude da vida, aos pequenos e grandes atos que
constituem a vida cotidiana. Descer à concretude é fundamental. É no concreto
que se manifesta a verdade da vida, da existência. Por isso, na bipolaridade
entre realidade e ideia, Papa Francisco afirma que a realidade é mais
importante. Quem vive somente de ideias perde a realidade, não consegue tocar a
verdade da realidade, a verdade da vida, a verdade da história. João Batista
faz com que cada categoria concreta de pessoa, que vem a ele buscando mudar de
vida, dê um passo, se converta. Ele as faz descer ao concreto da ação do dia a
dia. Que esta Palavra de Deus nos ajude no nosso processo de conversão, na
espera do Senhor, a dar passos concretos de crescimento, experimentando a
alegria do Evangelho.
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