Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2011
A oração,
os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus
Bento XVI no Advento e no Natal
Audiência geral
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Oração e milagres
O Doador é mais precioso que a dádiva concedida; o presente é concedido
"além"
Hoje gostaria de refletir convosco sobre a oração de Jesus ligada
à sua prodigiosa ação curativa. Nos Evangelhos são apresentadas diversas
situações em que Jesus ora diante da obra benéfica e curativa de Deus Pai, que
atua através dele. É uma oração que, mais uma vez, manifesta a relação única de
conhecimento e comunhão com o Pai. , enquanto Jesus se deixa envolver com
grande participação humana nas dificuldades dos seus amigos, por exemplo de
Lázaro e da sua família, ou de tantos pobres e doentes que Ele quer ajudar
concretamente.
Um caso significativo é a cura do surdo-mudo (cf. Mc 7,
32-37). A história do evangelista Marcos – acabada de ouvir – mostra que a ação
curativa de Jesus está ligada à sua intensa relação tanto com o próximo – o
doente – como com o Pai.
Mas o ponto central deste episódio é o facto de Jesus, ao
realizar a cura, procurar diretamente a sua relação com o Pai. A história diz,
de fato, que Ele “olhando... para o céu, suspirou” (v. 34). A atenção ao
doente, o cuidado de Jesus para com ele, estão ligados a uma atitude profunda
de oração dirigida a Deus. E a emissão do suspiro é descrita com um verbo que
no Novo Testamento indica a aspiração por algo de bom que ele deseja. ainda
está faltando (ver Rm 8, 23).
A história como um todo mostra, então, que o envolvimento
humano com o doente leva Jesus à oração. Mais uma vez ressurge a sua relação
única com o Pai, a sua identidade de Filho Unigénito. Nele, através da sua
pessoa, torna-se presente a ação curativa e benéfica de Deus. Não é por acaso
que o comentário final do povo depois do milagre recorda a avaliação da criação
no início do Gênesis: «Ele fez tudo bem» ( Marcos 7, 37). A
oração entra claramente na ação curativa de Jesus, com o olhar voltado para o
céu. A força que curou o surdo-mudo é certamente causada pela compaixão por
ele, mas provém do apelo ao Pai. Estas duas relações se encontram: a relação
humana de compaixão com o homem, que entra na relação com Deus, e assim se
torna curativa.
O Catecismo da Igreja Católica comenta
assim a oração de Jesus na história da ressurreição de Lázaro: «Introduzida
pela ação de graças, a oração de Jesus revela-nos como pedir: antes de o dom
ser concedido, Jesus adere àquele que dá e quem em seus dons ele se dá. O
Doador é mais precioso que o presente dado; ele é o “Tesouro”, e nele está o
coração do seu Filho; o dom é concedido “além” (cf. Mt 6, 21 e
6, 33)”. Isto me parece muito importante: antes que o dom seja concedido, adira
Àquele que dá; o Doador é mais precioso que o presente. Portanto, também para
nós, além daquilo que Deus nos dá quando O invocamos, o maior presente que Ele
nos pode dar é a sua amizade, a sua presença, o seu amor. Ele é o tesouro
precioso que sempre devemos pedir e valorizar.
Com a sua oração, Jesus quer levar à fé, à confiança total
em Deus e na sua vontade, e quer mostrar que este Deus que amou o homem e o
mundo a ponto de enviar o seu Filho Unigênito (cf. Jo 3,16
) ), é o Deus da Vida, o Deus que traz esperança e é capaz de reverter
situações humanamente impossíveis.
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