Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja?
Quem foi Paulo de Tarso? São Paulo sofreu perseguições e conheceu sua própria debilidade enquanto pregava a fé no Ressuscitado. Em troca, não quis outra coisa senão a misericórdia de Cristo.
24/01/2023
Na tarde do dia 28 de junho de 2008, durante a celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Bento XVI proclamou oficialmente a abertura do Ano Paulino, que se prolongará até o dia 29 de junho de 2009, festa destes dois Apóstolos.
A Cidade Eterna, a Roma de Pedro e de Paulo, banhada pelo sangue dos mártires, centro de onde tantos saíram para propagar pelo mundo inteiro a palavra salvadora de Cristo(1), pode considerar-se verdadeiramente privilegiada, porque tem sido tantorum principum purpurata pretioso sanguine, banhada com o sangue dos Príncipes dos Apóstolos(2).
Quando nasceu São Paulo?
Durante este período comemoram-se os dois mil anos do Nascimento do Apóstolo dos Gentios. Para fixar esta data, os estudos sobre a cronologia paulina têm em conta os dados que proporcionam seus escritos: na Carta aos Gálatas, o Apóstolo afirma que depois de sua conversão, encontrou Pedro em Jerusalém, três anos depois de sua fuga de Damasco(3), onde o rei dos nabateus, Aretas IV, exercia um certo poder(4). Isto permite datar a fuga no ano 37 e sua conversão no período 34-35.
Por outro lado, nos Atos dos Apóstolos, ao narrar o martírio de Estevão, Saulo é qualificado como “jovem”, pouco antes de sua vocação(5). Ainda que este seja um dado genérico, de modo aproximado permite situar seu nascimento por volta do ano 8.
O Ano Paulino deseja promover uma reflexão mais profunda sobre a herança teológica e espiritual que São Paulo deixou para a Igreja, por meio de sua vasta obra de evangelização. Como sinais externos que nos convidam a meditar sobre a fé e a verdade das mãos do Apóstolo, o Papa acendeu a “Chama Paulina”, em um braseiro colocado no pórtico da Basílica de São Paulo, em Roma, e abriu também, neste mesmo templo, a “Porta Paulina”, a qual atravessou, no dia 28 de junho, acompanhado do Patriarca de Constantinopla.
O APÓSTOLO DOS GENTIOS
Quem era Paulo de Tarso? Nasceu na capital da província romana da Cilícia, hoje Turquia. Quando foi capturado nas portas do Templo de Jerusalém, dirigiu-se com estas palavras à multidão que queria matá-lo: “eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, educado nesta cidade e instruído aos pés de Gamaliel, segundo a observância da Lei pátria”(6).
Ao final de sua existência, em uma visão retrospectiva de sua vida e de sua missão, dirá de si mesmo: ”fui constituído pregador, apóstolo e mestre”(7). Ao mesmo tempo, sua figura se abre para o futuro, a todos os povos e gerações, porque Paulo não é apenas um personagem do passado: sua mensagem e sua vida são sempre atuais, pois contêm a essência da mensagem cristã, perene e atual.
Paulo tem sido chamado o décimo terceiro Apóstolo, pois ainda que não fizesse parte do grupo dos Doze, foi chamado por Jesus ressuscitado, que lhe apareceu no caminho de Damasco(8). Além disso, ao contemplar o trabalho realizado por Cristo, nada tem que invejar dos outros: São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendência de Abraão? Também eu. São ministros de Cristo? Pois – delirando o digo – eu mais: em fadigas, mais; em cárceres, mais; em açoites, muito mais. Em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus quarenta açoites menos um, três vezes me açoitaram com varas, uma vez fui lapidado, três vezes naufraguei, um dia e uma noite passei como náufrago em alto mar. Em minhas repetidas viagens sofri perigos de rios, perigos de ladrões, perigos dos de minha raça, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no campo, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos; trabalhos e fadigas, frequentes vigílias, com fome e sede, com frequentes jejuns, com frio e nudez (9).
Como se vê, não lhe faltaram dificuldades nem tribulações, que suportou por amor de Cristo. Entretanto, todo esforço e todos os acontecimentos pelos quais passou, não o levaram à vangloria. Paulo entendeu a fundo e experimentou em sua pessoa aquilo que também ensinava nosso Padre: que nossa lógica humana não serve para explicar as realidades da graça. Deus costuma buscar instrumentos fracos para que fique evidentemente claro que a obra é sua. Por isso, Paulo evoca com temor sua vocação: “depois de todos apareceu para mim, que sou um abortivo, sendo o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus” ( 1 Cor 15, 8-9) (10). “Como não admirar um homem assim? Como não agradecer ao Senhor por haver-nos dado um Apóstolo deste porte?” diz Bento XVI (11).
B. Estrada
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1. Homilia Lealdade à Igreja, 4-6-1972.
2. Cf. Hino das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo.
3. Cf. Gal 1, 15-18.
4. Cf. 2 Cor 11, 32.
5. Cf. Atos 7, 58.
6. Atos 22, 3.
7. 2 Tm 1, 11.
8. Cf. 1 Cor 15, 8.
9. 2 Cor 11, 22-27.
10. É Cristo que passa, n. 3.
11. Bento XVI, Audiência geral, 25-10-2006.
Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/no-ano-paulino/
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