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sábado, 28 de dezembro de 2024

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja? (II)

Nas cartas de São Paulo, Cristo é mencionado 380 vezes | Opus Dei

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja?

Quem foi Paulo de Tarso? São Paulo sofreu perseguições e conheceu sua própria debilidade enquanto pregava a fé no Ressuscitado. Em troca, não quis outra coisa senão a misericórdia de Cristo.

24/01/2023

Teologia de São Paulo

Entre os diversos aspectos que compõem o ensinamento teológico de São Paulo deve-se ressaltar, em primeiro lugar, a figura de Jesus Cristo. Certamente, em suas cartas não aparecem os traços históricos de Jesus de Nazaré, tal como nos apresentam os Evangelhos. O interesse pelos numerosos aspectos da vida terrena de Jesus passa para um segundo plano, assinalando especialmente o mistério da paixão e morte na cruz. Ao mesmo tempo, observa-se que Paulo não foi testemunho do caminhar terreno de Jesus, mas que o conhece pela tradição apostólica que o precede, à qual se refere explicitamente: “eu vos transmiti em primeiro lugar aquilo que recebi” (12).

Da mesma forma, pode-se descobrir no epistolário paulino alguns hinos, profissões e enunciados de fé, e afirmações doutrinais que provavelmente se usavam na liturgia, na catequese ou na pregação da primitiva Igreja. Jesus Cristo constitui o centro e o fundamento de seu anúncio e de sua pregação: em seus escritos, o nome de Cristo aparece 380 vezes, superado só pelo nome de Deus, mencionado 500 vezes. Isto nos faz entender que Jesus Cristo influiu profundamente em sua vida: em Cristo encontramos o cume da história da Salvação.

Doutrina da Justificação de Cristo e do Dom Infinito na Cruz

“A doação infinita de Cristo na Cruz constitui o convite mais veemente para sair do próprio egoísmo”. | Opus Dei

Olhando para São Paulo podemos nos perguntar como se realiza o encontro pessoal com Cristo e que relação surge entre Ele e o crente. A resposta de Paulo  concentra-se em dois momentos: por um lado, ele sublinha o valor fundamental e insubstituível da fé(13). Assim escreve ele aos romanos: “o homem é justificado pela fé com independência das obras da Lei” (14); a ideia aparece mais explícita na Carta aos Gálatas: “o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas por meio da fé em Jesus Cristo(15). Quer dizer, entra-se em comunhão com Deus por obra exclusiva da graça; Ele sai ao nosso encontro e nos acolhe com a sua misericórdia, perdoando nossos pecados e permitindo-nos estabelecer uma relação de amor com Ele e com nossos irmãos”(16).

Nesta doutrina da justificação, Paulo reflete o processo de sua própria vocação, Ele era um estrito observante da Lei mosaica, que cumpria até nos mínimos detalhes. Mas isto o levou a sentir-se pago por si mesmo e a buscar a salvação com suas próprias forças. E nesta situação descobre-se pecador, enquanto persegue a Igreja do Filho de Deus. A consciência do pecado será então o ponto de partida para abandonar-se à graça de Deus que nos é dada em Jesus Cristo.

Aí começa o segundo momento, o encontro com o próprio Senhor. A doação infinita de Cristo na cruz constitui o convite mais veemente para sair do próprio eu, a não se vangloriar, pondo ao mesmo tempo toda a confiança na morte salvadora e na ressurreição do Senhor: aquele que se gloria, glorie-se no Senhor(17). Esta conversão espiritual comporta, por tanto, não se buscar a si mesmo, mas revestir-se de Cristo e entregar-se com Cristo, para participar assim pessoalmente da vida de Cristo até submergir-se n’Ele e compartilhar tanto de sua morte como de sua vida. Assim o descreve o Apóstolo mediante a imagem do Batismo: “não sabeis que os que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados para nos unirmos a sua morte? Pois fomos sepultados juntamente com Ele mediante o Batismo para nos unirmos a sua morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, assim também nós caminhemos em uma vida nova”(18).

Paulo - e com ele, todo cristão – contempla o Filho de Deus não só como Aquele que morreu por nosso amor, obtendo-nos a remissão de nossos pecados - dilexit me et tradidit semetipsum pro me, amou-me e entregou-se a si mesmo por mim -, mas também como Aquele que se faz presente em sua vida: vivo autem iam non ego, vivit vero in me Christus, vivo, mas já não vivo eu, mas Cristo vive em mim (19). Nosso Padre gostava de repetir estas palavras do Apóstolo, porque via Jesus Cristo morto e ressuscitado como a razão de ser de toda a vida do cristão e de sua missão.

B. Estrada

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12. 1 Cor 15, 3; cf. 11, 23ss.

13. Cf. Bento XVI, Audiência geral, 8-11-2006.

14. Rm 3, 28.

15. Gal 2, 16.

16. Cf. Rm 3, 24.

17. 1 Cor 1, 31.

18. Rm 6, 3s.

19. Gal 2, 20.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/no-ano-paulino/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF