29 dezembro
Celebra-se a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José
no domingo após o Natal. Esta festa desenvolveu-se a partir do século XIX, no
Canadá e, depois, em toda a Igreja, a partir de 1920. No início, era celebrada
no domingo após a Epifania. Esta festa tem o intuito de apresentar a Sagrada
Família de Nazaré como "verdadeiro modelo de vida" (Coleta),
no qual as nossas famílias possam se inspirar e encontrar ajuda e conforto.
ANO C
“Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a
Festa da Páscoa. Tendo ele completado doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o
costume da festa. No final dos dias da festa, enquanto voltavam, o Menino Jesus
ficou em Jerusalém, sem que seus pais percebessem. Achando que ele estivesse
com os seus companheiros de comitiva, caminharam por um dia. Depois, ao
sentirem a sua falta, começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos.
Visto que não o encontravam, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Após três
dias, encontraram-no no Templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os e
interrogando-os. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados pela sua sabedoria
e respostas. Quando seus pais o viram, ficaram atônitos; e sua mãe disse-lhe:
“Meu filho, por que nos fizeste isto? Teu pai e eu estávamos aflitos à tua
procura”. Respondeu-lhes ele: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo
ocupar-me das coisas de meu Pai?”. Mas, eles não compreenderam o que lhes
estava dizendo. Depois, desceu com eles para Nazaré e lhes era submisso. Sua
mãe guardava todas essas coisas no seu coração. E Jesus crescia em sabedoria,
idade e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2,41-52).
Dom divino
O primeiro aspecto desta festa, que emerge dos textos
bíblicos, é que o Menino é um dom de Deus: é que lemos na primeira leitura, que
narra o nascimento do profeta Samuel, a partir da resposta que Jesus dá a seus
pais no Templo.
Mal-entendido
“Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu
Pai?”. Na sua explicação: “Teu pai e eu estávamos aflitos à tua
procura”, Maria se referia ao seu pai José, mas, na sua resposta,
Jesus alude a Deus, seu Pai. Seus pais, porém, "não entenderam”,
embora soubessem que seu filho era um "dom de Deus". No fundo,
somente a Cruz revela, em toda a sua plenitude, quem realmente era Jesus, o
Filho de Deus.
O caminho de fé de Maria
A resposta de Jesus não foi fácil para a Virgem Maria, tanto
que o evangelista esclarece: “Sua mãe guardava todas essas coisas no seu
coração”. Ela não as descarta da memória e do coração, mas sabia que tinha
que esperar para entender. Este é o caminho da fé, onde a dúvida não detém a
esperança, mas se abre à expectativa.
José e Maria, pais de Jesus
Como os pais de hoje, José e Maria também tiveram
dificuldade de compreender as palavras e as escolhas do Filho Jesus: os pais de
hoje podem aprender deles a tomar consciência de que, acima de tudo, se tratava
de um filho, que devia crescer e, certamente, corresponder às muitas
expectativas, dos pais, amigos, colegas... No entanto, há uma expectativa bem
mais importante, fundamental e básica: a de Deus, Pai e Criador. Diante desta
expectativa, que se torna uma “chamada” no coração de cada um de nós, a atitude
mais adequada é a oração, “guardar no coração”, para que tudo possa se revelar
em tempos e modos oportunos.
O Espírito Santo fala às famílias de hoje
O Espírito Santo continua, ainda hoje, a guiar "todos
os povos", "todos os casais", "todos os pais". Porém,
temos que ouvir o que o Espírito nos fala. Se o Filho de Deus vem ao nosso
encontro, através de um Menino, e se o nosso olhar de fé pode captar esta
presença, então temos que lembrar que as coisas do dia a dia tem sua
importância; os encontros cotidianos nunca são inúteis ou puras coincidências.
Por isso, é preciso manter nosso olhar de fé, dentro e ao nosso redor, pois
podemos encontrar ou rejeitar a presença de Deus em todos os lugares, porque
tudo é um sinal, para quem acredita.
Evangelho da Família
Viver o Evangelho da família, sobretudo hoje, não é fácil:
somos criticados ou atacados porque defendemos a vida, desde o seio materno. No
entanto, o Evangelho nos mostra o caminho, talvez exigente, para vivermos uma
vida digna, em nível pessoal e familiar, mas fascinante e totalizante: um
caminho que, ainda hoje, merece confiança e crédito, sob o exemplo e
intercessão da Família de Nazaré. Em toda família há momentos de felicidade e
tristeza, de tranquilidade e dificuldades. Esta é a vida. Viver o "Evangelho
da família" não nos dispensa de passar por dificuldades e tensões,
momentos de alegre fortaleza e de triste fragilidade. As famílias feridas e
marcadas pela fragilidade, fracassos, dificuldades... podem reviver, se
souberem haurir da fonte do Evangelho; assim, poderão encontrar novas
possibilidades para recomeçar.
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