Em vista do Ano Santo, foi apresentado em Roma um projeto
para valorizar as catacumbas. Segundo o presidente da Pontifícia Comissão de
Arqueologia Sacra, mons. Pasquale Iacobone, os lugares de martírio, símbolos de
esperança, serão metas importantes do Jubileu, como se lê na Bula de
Proclamação do Papa e no comunicado da Penitenciaria Apostólica.
Maria Milvia Morciano - Vatican News
Ao longo das ruas de Roma, os peregrinos ficam maravilhados
pela grandiosidade das ruinas da cidade imperial, a rigorosidade das igrejas
cristãs primitivas e também a magnificência barroca. No caminho, porém, podem
se deparar ainda com lugares secretos, que não emergem do solo com mármores e
pedras, que preservam, em silêncio, testemunhos antigos e intensos dos
mártires, que sempre atraíram a fé dos Romeiros. Trata-se das Catacumbas,
lugares que também serão protagonistas do percurso jubilar.
Aberturas especiais para o Jubileu
A Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra apresentou, na
última quarta-feira, 4, no Palácio Borromeu, sede da Embaixada da Itália junto
à Santa Sé, um projeto para o próximo Ano Santo. Após as saudações do
Embaixador, Francesco de Nitto, de Dom Daniele Salera, bispo auxiliar de Roma,
e de Svetlana Celli, presidente da Assembleia Capitolina, Mons. Pasquale
Iacobone, presidente da Comissão, tomou a palavra para apresentar as principais
iniciativas previstas, que, depois, compartilhou também com a mídia vaticana.
No que consiste o projeto da Pontifícia Comissão de
Arqueologia Sacra para o Jubileu?
“Enquanto aguarda os peregrinos, que virão a Roma para o
Jubileu, a Pontifícia Comissão quis, antes de tudo, ampliar ao máximo as suas
iniciativas. Além das Catacumbas, abertas ao público, achou oportuno também
abrir outras catacumbas ou outras estruturas acolhedoras, como a de São
Lourenço no Verano, com suas catacumbas subterrâneas, e as de Santa Tecla,
Commodilla, Protestato e outros lugares menores, para grupos mais restritos,
com o intuito de dar aos peregrinos a oportunidade de fazer suas experiências
nas catacumbas, sob o ponto de vista jubilar.
Queremos dar maior valor à memória dos mártires, aos lugares
dos seus martírios, testemunhas de esperança, que, certamente, serão metas
importantes do Jubileu, como se lê tanto na Bula de proclamação do Jubileu como
no comunicado da Penitenciaria Apostólica. Queremos enriquecer também os
túmulos dos mártires com sinais particulares, por exemplo, com uma cruz do
peregrino, que convida a parar diante daquele lugar, em silêncio, meditação,
oração.
Depois, vamos propor outras iniciativas e eventos, que visam
dar maior importância à simples visita, mediante momentos culturais, artísticos
e comemorativos, como a recordação da visita que Paulo VI fez às catacumbas de
Santa Domitila, em 12 de setembro de 1965. Tudo isso contribuirá para que os
peregrinos possam fazer uma experiência importante do que Paulo VI afirmou ser
‘as profundas raízes da nossa fé cristã’.”
De fato, desde os primeiros Jubileus, à medida que se
expandiam as diversas iniciativas das determinadas Basílicas, para que os
peregrinos pudessem obter indulgências, se passava perto das catacumbas. Por
exemplo, São Filipe Néri já havia retomado a prática de visitar as Sete
igrejas, um itinerário que passava pelas catacumbas mais importantes, como a de
São Sebastião na Via Ápia...
“No dia 25 de fevereiro de 1552, quinta-feira de carnaval,
São Filipe Néri inaugurou, oficialmente, a visita às Sete igrejas, que incluíam
também duas Basílicas com catacumbas: São Sebastião e São Lourenço. Além do
mais, São Filipe Néri viveu um dos momentos mais importantes da sua vida, ao
fazer uma experiência mística dentro das catacumbas de São Sebastião. Ali, há
um cubículo, com um altar, que pode ser visitado, onde se encontra um busto de
São Filipe, que recorda o êxtase místico do santo”.
Logo, este poderia ser considerado um exemplo virtuoso
sobre a importância da memória dos mártires para os fiéis...
“São Filipe Neri, como todos os santos e figuras importantes
da Reforma católica, depois do Concílio de Trento, retoma a história da
comunidade cristã primitiva, as raízes da experiência cristã; por conseguinte,
a memória dos mártires torna-se importante. Desde então, começaram as primeiras
investigações e escavações das catacumbas, para valorizar a memória dos
mártires.
Na nossa página, são indicadas as demais catacumbas na
Itália, abertas ao público, que, normalmente, são encontradas nas rotas de
peregrinação, como a Via Francigena, Bolsena e outras catacumbas no norte do
Lácio. É possível que as peregrinações diocesanas, durante o Jubileu, possam
incluir também as catacumbas, mais acessíveis e visitáveis”.
Durante todo o Ano Jubilar serão suspensas as visitas
semestrais das Catacumbas, devido às iniciativas mais amplas, como oficinas ou
encontros com as crianças. Serão previstos eventos semelhantes dedicados também
aos jovens?
“Não organizaremos nada, em particular, porque sabemos que,
tanto nos eventos jubilares, como nas peregrinações das dioceses e paróquias,
haverá componentes infanto-juvenis e adultas. Logo, haverá, sem dúvida, algo
para as crianças. Pensamos que, ao invés do Dia das Catacumbas, dirigida, em
particular, aos habitantes de Roma e aos que ficarão mais alguns dias na
cidade, propor o chamado ‘passaporte do peregrino das catacumbas’ intitulado
"Caminho dos mártires", um pouco como acontece em Compostela: um
passaporte que permite visitar a catacumba com um ingresso bem mais acessível.
Ao carimbar o passaporte, entregaremos um certificado da visita às seis
catacumbas romanas, com as memórias dos martírios mais antigos e
significativos”.
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