Como surgiu a porta santa e por que ela existe na Igreja
Por Diego López
Marina*
8 de janeiro de 2025
O Ano Jubilar e as portas santas são tradições profundamente
enraizadas na história da Igreja. Mas de onde vêm as portas santas e que
significado têm elas para os fiéis?
O padre Edward McNamara, especialista em liturgia e
professor de teologia no Pontificio Ateneo Regina Apostolorum, em
Roma, falou sobre sua origem e propósito à EWTN News .
Uma origem histórica e espiritual
O conceito de porta santa tem as suas raízes no século XV,
na basílica de São João de Latrão, catedral de Roma.
Segundo o padre McNamara, o conceito poderia ter origem numa
porta da própria basílica, onde criminosos poderiam encontrar asilo político,
protegendo-se da polícia ou dos juízes.
“Tanto que o papa, num determinado momento, para evitar
abusos, começou a murá-la e a cobri-la”, diz o padre McNamara, sugerindo que,
com o tempo, a porta começou a adquirir um simbolismo mais espiritual.
Esse significado espiritual foi consolidado na basílica
de Santa Maria di Collemaggio em L'Aquila, Itália, basílica
construída em 1288 por vontade do papa Celestino V, onde começou a tradição de
abrir uma porta especial em determinados momentos.
“A partir daí, no ano de 1300, o papa Bonifácio VIII se
inspirou para estabelecer também a ideia da porta santa para um Jubileu”, diz o
padre.
Desde então, a travessia da porta santa tem sido associada a
um Jubileu “puramente espiritual”, no qual os fiéis, reunindo certas condições,
podem libertar-se do peso do pecado e iniciar uma vida renovada de proximidade
com Deus.
Mais que um ato simbólico
Embora a travessia da porta santa seja uma manifestação
externa, o seu verdadeiro significado está na disposição interior do fiel. O
padre McNamara disse que “passar pela porta santa é só uma manifestação externa
de algo que está acontecendo dentro”.
Ao cruzar essa porta, o peregrino evoca o que diz o capítulo
10 do Evangelho de são João: “Eu sou a porta: quem entrar por mim será salvo e
poderá entrar e sair, e encontrará pastagens”.
Por isso, o papa Francisco disse que a peregrinação à porta
santa “é um convite a cumprir uma passagem, uma Páscoa de renovação, a entrar
naquela vida nova que o encontro com Cristo nos oferece”.
Indulgência plenária e desapego do pecado
A graça do Jubileu inclui a indulgência plenária, que
representa a remissão da pena temporal associada ao pecado. No entanto, o padre
McNamara diz que esse processo exige também um compromisso interior: “A Igreja
pede que não haja apego ao pecado. A fraqueza humana é uma coisa... e estar
apegado a um tipo de pecado, mesmo que seja venial, é outra”.
Esse desapego implica uma renúncia sincera ao pecado, mesmo
que a pessoa tenha consciência da sua fragilidade.
“Você sabe que pode cair novamente, mas não quer pecar
novamente nessa área”, disse o padre ao enfatizar que se trata de “estar livre
do apego”.
Segundo o liturgista, “a primeira coisa que é necessária”
para obter uma indulgência “é fazer uma boa confissão de todos os pecados desde
a última Confissão”. Também é fundamental receber a Sagrada Comunhão,
participar na Santa Missa e rezar pelas intenções do papa, que podem incluir
“um credo, algumas Ave-Marias, um Pai Nosso, uma dezena do Rosário, algo muito
simples”, disse o padre.
Em última análise, a porta santa simboliza a abertura a
Cristo e a possibilidade de uma conversão profunda. Como disse o padre
McNamara, “o que a indulgência faz é limpar-nos, tornar-nos saudáveis novamente, para que possamos
começar do zero a nossa luta para seguir a
Cristo e a nossa batalha para viver”.
*Diego López Marina es comunicador y periodista de
profesión. Es parte de ACI Prensa desde 2016 y en la actualidad se desempeña
como uno de los editores web de la agencia.
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