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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

EDITORIAL: IA, uma ferramenta que não substitui a riqueza humana

Uma ferramenta que não substitui a riqueza do humano  (AFP or licensors)

Pontos-chave do novo documento sobre inteligência artificial dos Dicastérios para a Doutrina da Fé e para a Cultura.

Andréa Tornielli

A primeira coisa enganosa é o nome. O da chamada “Inteligência Artificial” é um desses casos em que o nome contou e conta muito na percepção comum do fenômeno. A Nota Antiqua et nova dos Dicastérios para a Doutrina da Fé e para a Cultura nos recorda antes de tudo, que a IA é uma ferramenta: executa tarefas, mas não pensa. Ela é incapaz de pensar. É, portanto, enganoso atribuir-lhe características humanas, porque é uma “máquina” que permanece confinada no âmbito lógico-matemático. Ou seja, não possui uma compreensão semântica da realidade, nem uma capacidade autenticamente intuitiva e criativa. Não é capaz de replicar o discernimento moral ou uma abertura desinteressada àquilo que é verdadeiro, bom e belo, para além de qualquer utilidade particular. Em suma, falta a ela tudo o que é verdadeira e profundamente humano.

A inteligência humana é de fato individual e social ao mesmo tempo, racional e ao mesmo tempo afetiva. Vive por meio de contínuas relações mediadas pela insubstituível corporeidade da pessoa. A IA deveria, portanto, ser usada somente como uma ferramenta complementar à inteligência humana, e não pretender substituir de alguma forma sua riqueza peculiar.

Não obstante o progresso da pesquisa e de suas possíveis aplicações, a IA continua sendo uma “máquina” que não tem responsabilidade moral, aquela responsabilidade, por outro lado, que recai sobre aquelas que a projetam e a usam. Por isso, destaca o novo documento, é importante que aqueles que tomam decisões com base na IA sejam considerados responsáveis pelas escolhas feitas e que seja possível prestar contas do uso desta ferramenta em todas as etapas do processo de tomada de decisão. Quer os fins como os meios utilizados nas aplicações da IA ​​devem ser avaliados para garantir que respeitem e promovam a dignidade humana e o bem comum: esta avaliação constitui um critério ético fundamental para discernir a legitimidade ou não do uso da inteligência artificial.

Outro critério para a avaliação moral da IA, sugere a Nota, diz respeito à sua capacidade de implementar a positividade das relações que o homem tem com o seu ambiente e com aquele natural, de promover uma construtiva interconexão dos indivíduos e das comunidades e exaltar uma responsabilidade partilhada pelo bem comum. Para atingir estes objetivos, é necessário ir além da mera acumulação de dados e conhecimentos, trabalhando para alcançar uma verdadeira “sabedoria do coração”, como sugere o Papa Francisco, para que o uso da inteligência artificial ajude o ser humano a tornar-se efetivamente melhor. .

Neste sentido, a Nota chama a atenção para qualquer subordinação à tecnologia, convidando a sua utilização não para substituir progressivamente o trabalho humano – fato que criaria novas formas de marginalização e de desigualdade social – mas sim como instrumento para melhorar a assistência e enriquecer os serviços e a qualidade das relações humanas. E também como auxílio na compreensão de fatos complexos e guia na busca da verdade. Por esse motivo, o combate às falsificações alimentadas pela IA não é um trabalho apenas para especialistas do setor, mas exige os esforços de todos.

É preciso também evitar que a inteligência artificial seja usada como uma forma de exploração ou para limitar a liberdade das pessoas, para beneficiar poucos às custas de muitos, ou como uma forma de controle social, reduzindo as pessoas a um conjunto de dados. E não é aceitável que no âmbito bélico seja confiado a uma máquina a escolha de tirar a vida de seres humanos: infelizmente, constatamos de quantas e quais devastações sejam responsáveis ​​as armas guiadas pela inteligência artificial, como tragicamente demonstrado no muitos conflitos em andamento.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF