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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Evangelizar na cidade

Evangelizar na periferia (Arquidiocese de BH)

EVANGELIZAR NA CIDADE 

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

O Brasil passou por um sistema bastante agressivo de urbanização, sendo superado apenas pela China, muito recentemente. Com isso, a perspectiva de características rurais, de comunidades estáveis e referenciadas ao longo dos tempos decaiu. A urbe surgiu por toda parte. O sistema de deslocamento rápido permitido nas duas últimas décadas acelerou o espírito de “desruralização”. 

Toda a metodologia evangelizadora tornou-se então, urbana. A partir das cidades de dez mil habitantes, talvez ainda menos, exige-se uma metodologia radicada na setorização dos fiéis e na capacidade de insurgência de suas lideranças locais para manter viva a chama do Espírito que tudo transforma. 

É inadequado, portanto, falar de evangelização nas grandes cidades, pois não é possível abarcar milhões de pessoas ao mesmo tempo. Mesmo as megalópoles precisam se organizar em estruturas compartimentadas e setorizadas, num esquema que já se encontra posto nas divisões paroquias. 

As paróquias, porém, precisam se ajustar às condições da urbanização intensiva e pensar-se com todas as comunidades e ambientes vitais, onde as pessoas, de fato, vivem. A Igreja Matriz não pode ser a única comunidade exitosa no meio das outras. Seja uma cidade de milhões de habitantes, como uma de poucos milhares, precisam se ajustarem a esta nova metodologia. 

A título de exemplo, mesmo uma cidade de sete mil habitantes, constata-se residentes habitando numa distância média de um a três quilômetros da Igreja matriz, o que a torna inadequada para acolher a diversidade e a dinamicidade da vida urbana. 

Não importa o tamanho da cidade, a evangelização necessita ser radicada num lugar concreto. Esse lugar é a comunidade que tem uma alma. Elaborar essa alma para os grupos e setores da paróquia é a proposta da missão a partir de agora.  

A toda comunidade é missionária doravante. Cada setor deve ter seus animadores, forças vivas e alma no corpo da comunidade, de modo a manter a chama sempre acesa através do instrumentário estético e devocional que Igreja acumulou ao longo dos séculos. 

Essa porção dos seguidores de Cristo, escondida na diversidade da cidade, não pode ser desconhecida dos padres nem dos conselhos de pastoral das comunidades. 

Os jovens, sempre muito dispostos à missão, também não podem desconhecer a realidade da paróquia, pois, só partindo deste conhecimento é que se chega à necessidade da missão. 

A paróquia é o lugar da missão. Paróquia missionária é a evolução metodológica da pastoral rural para a dinâmica urbana das respostas que precisamos dar. 

Essa proposta pode ser até mais fácil dado a proximidade de todos. Os grupos missionários podem realizar seu trabalho esporadicamente e por tempo determinado. Não devem assumir permanentemente o encargo de animar os setores da paróquia, mas tão somente despertar o Espírito na comunidade para que ela se reúna e se apaixone por Cristo. 

Nessa estrutura surgirão inúmeros animadores e animadoras de comunidades celebrativas, assistências e missionárias. O segredo do sucesso de uma comunidade missionária será medido pela capacidade de animar outra comunidade a também se estabelecer. Só assim será colocada em prática o desejo de Cristo de que seus discípulos cheguem aos confins do mundo.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF