EVANGELIZAR NA CIDADE
Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)
O Brasil passou por um sistema bastante agressivo de
urbanização, sendo superado apenas pela China, muito recentemente. Com isso, a
perspectiva de características rurais, de comunidades estáveis e referenciadas
ao longo dos tempos decaiu. A urbe surgiu por toda parte. O sistema de
deslocamento rápido permitido nas duas últimas décadas acelerou o espírito de
“desruralização”.
Toda a metodologia evangelizadora tornou-se então, urbana. A
partir das cidades de dez mil habitantes, talvez ainda menos, exige-se uma
metodologia radicada na setorização dos fiéis e na capacidade de insurgência de
suas lideranças locais para manter viva a chama do Espírito que tudo
transforma.
É inadequado, portanto, falar de evangelização nas grandes
cidades, pois não é possível abarcar milhões de pessoas ao mesmo tempo. Mesmo
as megalópoles precisam se organizar em estruturas compartimentadas e
setorizadas, num esquema que já se encontra posto nas divisões paroquias.
As paróquias, porém, precisam se ajustar às condições da
urbanização intensiva e pensar-se com todas as comunidades e ambientes vitais,
onde as pessoas, de fato, vivem. A Igreja Matriz não pode ser a única
comunidade exitosa no meio das outras. Seja uma cidade de milhões de
habitantes, como uma de poucos milhares, precisam se ajustarem a esta nova
metodologia.
A título de exemplo, mesmo uma cidade de sete mil
habitantes, constata-se residentes habitando numa distância média de um a três
quilômetros da Igreja matriz, o que a torna inadequada para acolher a
diversidade e a dinamicidade da vida urbana.
Não importa o tamanho da cidade, a evangelização necessita
ser radicada num lugar concreto. Esse lugar é a comunidade que tem uma alma.
Elaborar essa alma para os grupos e setores da paróquia é a proposta da missão
a partir de agora.
A toda comunidade é missionária doravante. Cada setor deve
ter seus animadores, forças vivas e alma no corpo da comunidade, de modo a
manter a chama sempre acesa através do instrumentário estético e devocional que
Igreja acumulou ao longo dos séculos.
Essa porção dos seguidores de Cristo, escondida na
diversidade da cidade, não pode ser desconhecida dos padres nem dos conselhos
de pastoral das comunidades.
Os jovens, sempre muito dispostos à missão, também não podem
desconhecer a realidade da paróquia, pois, só partindo deste conhecimento é que
se chega à necessidade da missão.
A paróquia é o lugar da missão. Paróquia missionária é a
evolução metodológica da pastoral rural para a dinâmica urbana das respostas
que precisamos dar.
Essa proposta pode ser até mais fácil dado a proximidade de
todos. Os grupos missionários podem realizar seu trabalho esporadicamente e por
tempo determinado. Não devem assumir permanentemente o encargo de animar os
setores da paróquia, mas tão somente despertar o Espírito na comunidade para
que ela se reúna e se apaixone por Cristo.
Nessa estrutura surgirão inúmeros animadores e animadoras de
comunidades celebrativas, assistências e missionárias. O segredo do sucesso de
uma comunidade missionária será medido pela capacidade de animar outra
comunidade a também se estabelecer. Só assim será colocada em prática o desejo
de Cristo de que seus discípulos cheguem aos confins do mundo.
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