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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Missão

Anunciar o Reino de Deus (Catequizar)

MISSÃO

Dom Geraldo dos Reis Maia
Bispo de Araçuaí (MG)

A missão é de Deus; Deus que se ama nas Pessoas Divinas. Esta é a primeira missão da Trindade: o amor. Este amor é assim tão grande que transborda no mundo criado. Santo Ireneu de Lyon já dizia que Deus criou através de suas duas mãos, o Filho e o Espírito (cf. Adv Haer. V, 28,4). Assim, a criação é entendida como missão de Deus. Para levar a primeira criação à sua destinação, Deus envia o Filho e o Espírito.

O Pai envia ao mundo o Filho para anunciar a Boa Notícia do Reino, fortalecido pela unção do Espírito Santo: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). No Jordão, Jesus recebe a força do alto (Mc 1,8-11) e é impelido ao deserto onde se prepara para iniciar sua missão (Mc 1,12-15).

Uma senhora bastante simples, numa ação missionária na cidade de Berilo (MG), foi capaz de ressoar palavras formuladas por grandes teólogos: “Deus teve um único Filho e fez dele um missionário”. Para realizar a sua missão, Jesus tinha os olhos e os ouvidos atentos ao Pai para ser obediente à sua vontade, e tinha os pés firmes na realidade em que ele se inseriu na História. Assim, ele foi capaz de realizar a sua missão, na potência do Espírito Santo.

O Missionário do Pai andou por prados e campinas, planícies e colinas, lagos e praias, sempre anunciando a Boa Notícia do Reino. Com sinais e palavras, gestos e testemunho, ele foi transmitindo a mensagem do Reinado de Deus. Serviu-se de encontros pessoais, inúmeras parábolas, refeições, curas e tantas outras ações concretas para demonstrar: “O Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17,21b). Por esse anúncio de salvação, Jesus deu a sua vida e derramou o seu sangue pela humanidade.

No início de seu ministério, Jesus foi unindo pessoas do povo à sua missão. Chamou “aqueles que ele mesmo quis”, nos diz o Evangelho de Marcos (cf. Mc 3,13). Constituiu os Doze Apóstolos “para estarem com ele e enviá-los a anunciar” (Mc 3,14). Enviou depois outros 72 discípulos: “Ide! Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos… dizei-lhes: “O Reino de Deus está próximo de vós” (Lc 10,3.9b). Por fim, enviou toda a Igreja, nova comunidade de salvação: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-os a observar tudo o que vos mandei. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,19-20).

Terminada a sua missão aqui na terra, Jesus Cristo não nos deixou órfãos. Ele enviou, da parte do Pai, o Defensor, o Inspirador, o Espírito Santo. Disse ele, como última orientação à comunidade nascente: “recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, até os confins da terra” (At 1,8). E assim aconteceu. Fortalecida pelo Espírito Santo, a Igreja saiu para fora, nascia missionária. Assim, compreendemos que a Missão é de Deus. Somos cooperadores da Missão de Deus no mundo.

A primeira forma de cooperar com a missão é estar pessoalmente unidos a Jesus Cristo: só se estivermos unidos a ele, como o ramo à videira (cf. Jo 15,5), é possível dar bons frutos (cf. RMI, 77). Isso exige uma capacidade de esvaziamento espiritual, pois o protagonista da missão é o Espírito Santo. O missionário, a missionária são apenas instrumentos nas mãos de Deus. Trata-se de ser presença amiga, amorosa, profética e crítica, capaz de manifestar o amor e a misericórdia de Deus nas suas ações, palavras e testemunho de vida.

A cooperação na missão de Deus é complexa e necessita de diversos protagonistas. Todos são necessários e cada um pode integrar na própria vida concreta, em diferentes medidas, três maneiras de cooperar com a missão. A primeira delas é estar unido a Jesus Cristo, rezando pelas atividades missionárias que acontecem mundo afora. A segunda forma é partilhando um pouco do muito que se tem para ajudar nas obras missionárias. E a terceira é saindo em missão para as periferias geográficas e existenciais, levando a Boa Notícia do Reino de Deus, a alegria de ser discípulo-missionário e a esperança que não decepciona (Rm 5,5).

O Papa Francisco não se cansa de fortalecer a Igreja na sua missão. Até nós, hoje, ressoam as palavras que ele dirigiu aos membros da Conferência dos Institutos Missionários da Itália: “Encorajo-vos a seguir em frente com coragem, para que a força do Espirito encontre sempre na Igreja e no mundo mentes e corações desejosos de semear a Palavra e de levar a alegria do Senhor Ressuscitado a todos, derrubando barreiras e favorecendo a construção de uma sociedade fundada nos princípios evangélicos da caridade, da justiça e da paz” (Discurso, 11/05/2023).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF