Nas vésperas na Basílica de São Paulo fora dos Muros,
Francisco garantiu que a Igreja Católica está disposta a aceitar a data que
todos decidirem: "uma data da unidade".
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Acreditamos na comunhão entre os cristãos? Esta foi a
pergunta feita pelo Papa na homilia das vésperas celebradas na tarde deste
sábado, 25 de janeiro, na Basílica de São Paulo fora dos Muros, no dia em que a
Igreja celebra a conversão do Apóstolo.
Trata-se de uma cerimônia tradicional na presença de
autoridades de outras confissões, que encerra a Semana de Oração da Unidade dos
Cristãos.
A homilia do Pontífice foi inspirada no episódio do
Evangelho de João (11, 21), que narra o encontro entre Jesus e Marta, após a
morte de Lázaro. Este trecho nos ensina que, mesmo nos momentos de
profunda desolação, não estamos sós e podemos continuar a ter esperança.
“Jesus dá vida, mesmo quando parece que toda a esperança
desapareceu. Depois de uma perda dolorosa, uma doença, uma amarga desilusão,
uma traição ou outras experiências difíceis, a esperança pode vacilar; mas o
Evangelho nos diz que com Jesus a esperança renasce sempre, porque Ele sempre
nos reergue das cinzas da morte, dando-nos a força para retomar o caminho e
recomeçar.”
Para Francisco, isto é importante também para a vida das
Comunidades cristãs e para as relações ecumênicas, onde, por vezes, podemos nos
sentir desanimamos perante os resultados do nosso esforço. O ecumenismo não é
feito de atos práticos para uma melhor compreensão. Há o Espírito que nos guia
neste caminho e o Senhor virá, recordou o Papa. “Acreditamos nisto?”
“Queridos irmãos e irmãs, jamais nos esqueçamos: a
esperança não decepciona; a esperança nunca decepciona. A esperança é aquela
corda à qual nós seguramos com a âncora na praia. E esta jamais decepciona!”
Esta mensagem de esperança está no centro do Jubileu,
lembrou o Papa. Neste mesmo ano, celebra-se o aniversário dos 1700 anos do
primeiro grande Concílio ecumênico de Niceia, que se esforçou por preservar a
unidade da Igreja num momento difícil. Naquela ocasião, os Padres conciliares
aprovaram por unanimidade o Credo que muitos cristãos ainda hoje recitam todos
os domingos durante a Eucaristia.
“Trata-se duma profissão de fé comum que vai para além de
todas as divisões que feriram o Corpo de Cristo ao longo dos séculos. Portanto,
o aniversário do Concílio de Niceia representa um ano de graça, uma
oportunidade para todos os cristãos que recitam o mesmo Credo e acreditam no
mesmo Deus: recuperemos as raízes comuns da fé, preservemos a unidade!”
Este aniversário, prosseguiu, não deve ser celebrado apenas
como “memória histórica”, mas também como compromisso de testemunhar a
crescente comunhão entre os cristãos, como um convite a perseverar no caminho
rumo à unidade.
De modo providencial, este ano, a Páscoa será celebrada no
mesmo dia tanto no calendário gregoriano como no juliano, lembrou o Papa,
renovando seu apelo para que esta coincidência sirva de estímulo para que se
chegue a uma data comum para a Páscoa.
A propósito, Francisco garantiu que a Igreja Católica está
disposta a aceitar a data que todos decidirem: "uma data da unidade".
Então concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs, este é o momento de confirmar a
nossa profissão de fé no único Deus e de encontrar em Cristo Jesus o caminho da
unidade. Enquanto esperamos que o Senhor venha «em sua glória, para julgar os
vivos e os mortos» (cf. Credo Niceno), nunca nos cansemos, diante dos povos, de
dar testemunho do Filho unigénito de Deus, fonte de toda a nossa esperança.”
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