Ângela nasceu em 1474 na cidade de Desenzano, Itália,
numa família pobre de bens e riquíssima de espiritualidade. Desde a
infância desejava a vida religiosa, gostando de ler sobre a vida dos padres do
deserto e imitar, como podia, as suas duras penitências. Cedo ficou
órfã de pai e mãe, e foi morar, junto com sua irmã menor, na casa de um
tio. Porém estes dois faleceram também. Dedicou-se então, já
na plena juventude, a desenvolver o projeto de educar as meninas e as jovens, particularmente
às mais expostas aos perigos morais. Acompanhada de outras jovens,
visitava as prisões e hospitais, e cuidava dos pobres e abandonados.
Impressionada com a decadência dos costumes familiares,
uma trágica consequência do espírito pagão da Renascença, focou seus
esforços na educação das moças, das quais dependia largamente a saúde moral das
famílias. Para isso criou a comunidade das Servas de Santa Úrsula – em
homenagem a esta mártir que com suas companheiras morreu por defender sua
religião e castidade. Queria assim formar as futuras mães de acordo com a
doutrina da Igreja. A característica da instituição, inovadora para a
época, era a forma maleável, adaptável às circunstâncias de tempo e lugar, com
apenas um mínimo de vida comum.
Para fortificar-se espiritualmente nesta missão, Ângela, no inicio
da sua obra, peregrinou à Terra Santa. Na viagem, adoeceu e perdeu a vista,
de modo que nada pôde enxergar do lugar, a não ser pela fé. Na volta,
o navio, providencialmente, perdeu o rumo e atracou na ilha de Cândia – Creta –
onde havia próximo ao porto um santuário, e nele um crucifixo milagroso. Ângela
foi até lá e rezou pedindo a Deus a cura, e foi imediatamente atendida. Em
agradecimento, ela fez uma outra peregrinação, a Roma, no jubileu de 1525, onde
o Papa Clemente VII a recebeu e abençoou sua obra.
Em 27 de janeiro de 1540, aos 75 anos, Ângela faleceu, e
no seu túmulo foram constatados muitos milagres. Sua obra continuou e,
em 1903, as várias comunidades se reuniram numa federação, mantendo a proposta
inicial de educar a juventude feminina, especialmente as futuras mães
de família, conservar os bons costumes, e dar assistência aos pobres e
enfermos.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
Quão atual é a necessidade da obra de Santa Ângela! Sem
dúvida um dos pilares da sociedade bem estruturada é a família, e nesta a
posição e função da mulher como mãe é fundamental e indispensável. A cultura
atual contudo só promove a ideia de que a mulher não tem mais nenhuma
responsabilidade como mãe, ao contrário deve viver de forma independente do
marido e da família, ou nem sequer deve ter uma família organizada, além de
priorizar um pretenso direito à “liberdade sexual” – em termos simples, mera e baixa
promiscuidade – que inclui aberrações sexuais e a “opção” de matar o próprio
filho através do aborto. Nestas condições, não é preciso grande esforço para
perceber que nenhum projeto social pode ser bem sucedido; uma casa construída
sobre a areia será facilmente derrubada (Mt 7,26-27), e seus moradores
perecerão. As graças evidentes que Deus proporcionou à obra de Santa Ângela são
um claro aviso de qual caminho é o certo.
Oração:
Ó Deus, que desde o princípio dispusestes para o ser humano
a felicidade na vida familiar, baseada no amor fiel e na geração e cuidado aos
filhos; e que quisestes Se encarnar numa família e ter, também Vós, uma Mãe,
dai-nos na Vossa infinita misericórdia e por intercessão de Santa Ângela de
Mérici a conversão das mentalidades, para que os povos responsavelmente sigam
Vossa vontade quanto ao Sacramento do matrimônio, os governos defendam as
famílias no molde católico, e as sociedades, principalmente as mulheres, zelem
pelos bons costumes e pelo amparo à maternidade. Pela Sagrada Família, Jesus,
Maria e José. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário