Giancarlo Marchioni nasceu em Sezze Romano, região de
Lázio, Itália, em outubro de 1613. Sua avó materna lhe ensinou
práticas devotas e outros valores religiosos na infância. Algumas fontes
indicam que seus pais eram ricos, outros que eram pobres, mas de toda a forma
moravam no campo, e ele trabalhava na fazenda. Seus familiares tinham
outros planos para Carlo, pois queriam que ele estudasse e fizesse carreira.
Conta-se que pássaros espantaram os bois que ele dirigia no
arado, e o gado precipitou-se contra ele, havendo grave risco de morte.
Percebendo que iria perecer, Carlo fez uma promessa a Deus: se fosse
salvo, tornar-se-ia religioso. Poupado milagrosamente, fez-se frade franciscano
menor em 1635, aos 22 anos, no convento de San Francesco em Nazzano, assumindo
o nome de Carlo.
Apesar da insistência familiar, não quis ser ordenado
sacerdote. Viveu em vários conventos, servindo como hortelão,
cozinheiro jardineiro, carregador, sacristão, porteiro; socorrendo doentes e
moribundos em suas casas. Atuou também como esmoler, isto é, pedia
esmolas como um mendigo, "pelo amor de Cristo"; aproveitava estas
ocasiões para evangelizar.
Contudo, a graça de Deus deu a Carlo o dom de ouvir
e aconselhar as pessoas. A ele, encarregado dos serviços mais
humildes, padres, leigos, religiosos e religiosas procuravam para
orientação. Com muita frequência era enviado para outras cidades para
aconselhar bispos e cardeais. O Papa Clemente IX diretamente lhe pediu
para verificar a fama de pureza de uma madre na cidade de Perúgia. Ele também
era muito estimado em toda a região do Lácio, e famílias nobres dali, e depois
de Roma, o elogiavam e buscavam seu conselho, assim como os Papas Inocêncio X,
Clemente IX e Alexandre VII.
Muitas pessoas lhe pediam que redigisse indicações de
como orar melhor e crescer em santidade, e ele publicou um folhetim que lhe
causou diversas dificuldades, pelo que quase foi expulso da comunidade.
Por fim os superiores se convenceram da sua sinceridade e
pureza e lhe permitiram continuar escrevendo; sua autobiografia
originou o livro “As Grandezas das Misericórdias de Deus”. Apesar da pouca
instrução, escrevia profundas páginas espirituais, com gramática fraca porém
suficiente. Como “escritor sem letras”, como se chamava, publicou
várias obras, por exemplo “As três vias”, “Os discursos sobre a vida de Jesus”,
“A conversa de Jesus Cristo sobre a Vida”.
Em outubro de 1648, enquanto orava na igreja de San Giuseppe
a Capo le Case, o seu coração foi traspassado por um dardo de luz vindo
da Sagrada Hóstia, marcando-o com uma chaga. Deus concedeu-lhe
outros dons extraordinários: visões (do Papa Victor e
Santa Teresa de Ávila) e revelações (as eleições papais de
Inocêncio X e Alexandre VII Clemente IX, por exemplo), conhecimento das
verdades teológicas e ascéticas, e um amor ardente.
Em 22 de agosto de 1664, doente, foi levado para San
Francesco a Ripa para se recuperar. Aí passou seus últimos anos. O Papa
Clemente IX o chamou no seu próprio leito de morte, pedindo-lhe a bênção, não
muito antes de os dois morrerem. Faleceu em 6 de janeiro de 1670, no
Convento de São Francisco em Roma. Descobriu-se então no seu peito uma marca,
considerada sobrenatural por uma comissão médica: tratava-se do "raio de
luz" que o havia atingido em 1648, durante êxtase profundo com Deus.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão:
A vida de São Carlo é um daqueles ótimos exemplos de como
Deus favorece de muitas formas os humildes de coração, que podem ser ricos ou
pobres materialmente, mas que se destacam particularmente quando também são
pobres de bens terrenos. Imitando São Francisco (que igualmente nem sacerdote
foi), Carlo buscou apenas amar a Deus e serví-Lo nas coisas mais simples e
escondidas, valorizando a oração, a Eucaristia, a Virgem Maria. A pureza das
suas intenções o levou a receber alta sabedoria, e de um homem pouco instruído
Deus fez um escritor profundo, um conselheiro do clero, dos nobres, do povo, e
um místico marcado com Sua chaga.
Oração:
Senhor Deus Todo-Poderoso, por Vossa infinita misericórdia e
pela intercessão de São Carlo de Sezze, dai-nos a graças da verdadeira e
salvadora humildade, para que nunca nos esqueçamos de que para Vos seguir
basta, e só importa, o amor de caridade que serve ao próximo, em qualquer
atividade e circunstância. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, que
só fizeram servir a Vós e a nós. Amém.
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