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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

A celebração do Ano Santo nas Paróquias

Paróquia Imaculada Conceição - Sobradinho (DF) | Comunidade Um.

A CELEBRAÇÃO DO ANO SANTO NAS PARÓQUIAS

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo eleito de Macapá (AP)

A significatividade da Paróquia

A celebração do Ano Santo é uma ocasião muito significativa para a renovação da paróquia. É no território paroquial que acontecem as mais variadas iniciativas evangelizadoras e catequéticas. É no âmbito paroquial que os fiéis crescem, participam das comunidades, assumem responsabilidades, vivem a experiência da caridade fraterna, se comprometem em múltiplas formas de engajamento eclesial.
O Documento de Aparecida ressaltou a importância da paróquia: comunidade de comunidades, células viva da Igreja, lugar privilegiado da experiência de Cristo e da comunhão eclesial, chamada a ser casa e escola de comunhão, espaço da iniciação à vida cristã, de carismas, serviços e ministérios (cf. CELAM, Doc. Aparecida, 170). Para o Papa Francisco a paróquia é uma estrutura viva, de grande plasticidade, criatividade missionária, capaz de adaptar-se constantemente; é presença eclesial no território, e santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar e centro de constante envio missionário (cf. Papa Francisco, EG, 28).

Para que a celebração do Ano Santo, em nível paroquial, seja bem vivenciada, é importante estarmos atentos a alguns possíveis riscos. O primeiro grande risco é aquele de não concebermos o Ano Santo como grande oportunidade de evangelização e catequese, pois o ano jubilar é um grande movimento de estímulo à conversão de toda a Igreja. Outro risco possível é aquele de reduzi-lo puramente à atividades litúrgicas, mas o Ano Santo tem muitas dimensões. Para que a liturgia provoque bons efeitos existenciais, deve estar profundamente vinculada à vida (cf. Is 1,10-17).

A celebração do Ano Santo em nível paroquial também pode correr o risco de ser reduzida à dimensão pessoal; sem dúvida, o processo de conversão tem uma dimensão íntima (do coração e da consciência), mas a dimensão comunitária não pode ser esquecida. É na vida comunitária que se revela o teor das nossas relações humanas, a profundidade dos afetos, a qualidade das relações interpessoais, a experiência da acolhida, cuidado, perdão, compaixão, respeito; é no nível comunitário, de convivência concreta, que emergem os impactos destrutivos dos nossos pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça). Por isso, pedagogicamente, é muito importante apresentar aos fiéis pistas de ação e estimulá-los a fazer em bons propósitos, sobretudo, em momento celebrativos extraordinários, como celebrações da palavra, celebrações penitenciais, retiros etc.

Algumas pistas de ação

Muitas ações podem ser programadas em nível paroquial para a celebração do Ano Santo, tomando em consideração a diversidade de sujeitos, vocações, carismas, ministérios, situações existenciais e também o contexto sociocultural e geográfico das pessoas (na Amazônia há paróquias com centenas de quilômetros e, às vezes, com povos, línguas e culturas diferentes). Vejamos alguns exemplos de possíveis atividades:

  • Organizar uma agenda de atividades pastorais, em sintonia com aquela diocesana;
  • Preparar celebrações específicas para os agentes de pastorais, grupos e movimentos;
  • Organizar uma peregrinação à catedral diocesana para a renovação dos bons propósitos de comunhão eclesial com uma programação específica;
  • Preparar e convocar todos os coordenadores de pastorais, grupos, movimentos e serviços para a renovação de compromissos pastorais e missionários;
  • Promover, ao longo do ano, experiências de visitas missionárias no território paroquial, sobretudo, naquelas áreas menos atendidas ordinariamente;
  • Organizar na sede da paróquia (ou nas comunidades) uma agenda com horários específicos para o atendimento das confissões dos fiéis e, onde for possível, que se convoque outros sacerdotes para ajudar; os mutirões de confissões em geral são positivos;
  • Relançar a atenção para com os mais necessitados: idosos, pobres, sofredores, doentes, moradores de rua, encarcerados, viciados, deficientes, migrantes;
  • Dar atenção particular, a todas as categorias de pessoas: crianças, adolescentes, jovens, casais, idosos… organizando celebrações específicas;
  • Onde for possível, tentar a promoção de uma celebração ecumênica ou forma de reflexão sobre a fraternidade universal (Fratelli Tutti) ou alguma forma de ação filantrópica conjunta em benefício do bem comum;
  • Estimular na paróquia a leitura orante da Palavra de Deus, promovendo a experiência com grupos específicos;
  • Promover a experiências de retiros com grupos, refletindo sobre o sentido do ano Santo e o seu tema “Peregrinos da Esperança”;
  • Organizar pequenas celebrações e romarias no território paroquial estimulando a participação das famílias mais acomodadas;
  • Estimular voluntariado de profissionais como advogados, psicólogos, médicos, assistentes sociais etc. e de instituições para que possam acolher as demandas de quem precisa de ajuda; pode ser um ação conjunta, um mutirão de serviços gratuitos;
  • Refletir ao longo do ano sobre o tema do Jubileu “Peregrino da Esperança” na festividade dos padroeiros das Comunidades;
  • Adaptar uma proposta de celebração da Palavra com o tema do Jubileu para as escolas, universidades, instituições filantrópicas, empresas e onde for possível deixando uma mensagem de reconciliação e de esperança.

O jubileu na Política

O jubileu na Política

Na Bula de proclamação do Ano Santo, o Papa Francisco estimula a Igreja a ir além das estruturas eclesiais para a celebração do Ano Jubilar convidando a pensar na sua dimensão civil com possíveis propostas provocantes em nível político no número 10 da da Bula Spes non confundit.

“No Ano Jubilar, seremos chamados a ser sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade. Penso nos presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito”. Isso significa um estímulo para o relançamento da Pastoral Carcerária.

“Proponho aos Governos que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que lhes restituam esperança: formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de cumprir as leis”. Dessa preocupação uma possível atividade poderia ser a promoção de uma sessão especial solene nas Câmaras municipais, nas Assembleias legislativas estaduais, na Câmara dos deputados federais e Senado. Essa atividade poderia também se estender aos mais variados órgãos públicos. A Esperança cristã promove o espírito ético e a transparência.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF