“Examinai tudo e guardai o que for bom.” (1Ts 5,21) |
Palavra de Vida Fevereiro 2025
por Organizado por Patrizia Mazzola com a comissão
da Palavra de Vida. publicado às 00:00 de 28/01/2025,
modificado às 14:22 de 28/01/2025
A frase deste mês é tirada de uma série de recomendações
finais que o apóstolo Paulo faz à comunidade dos tessalonicenses: “Não apagueis
o Espírito, não desprezeis as profecias, mas examinai tudo e guardai o que for
bom. Afastai-vos de toda espécie de mal1”. Profecia e discernimento, diálogo e
escuta. Essas são as indicações de Paulo à comunidade, que tinha iniciado há
pouco a caminhada de fé.
Entre os diversos dons do Espírito, Paulo apreciava muito o
da profecia2. O profeta não é aquele que prevê o futuro. Na realidade, ele tem
o dom de ver e compreender a história pessoal e coletiva do ponto de vista de
Deus.
Mas todos os dons são orientados pelo dom maior, a caridade,
o amor fraterno3. Agostinho de Hipona afirma que só a caridade permite
discernir a atitude a ser tomada diante das diversas situações4.
“Examinai tudo e guardai o que for bom.”
Precisamos ser capazes de enxergar não só os nossos dons
pessoais, mas também as muitas competências e o mundo complexo de pontos de
vista e opiniões daqueles que nos rodeiam e com os quais nos relacionamos –
quem sabe até de pessoas que encontramos por acaso. É importante mantermos no
coração a autenticidade diante de todos e também estarmos conscientes dos
limites do nosso ponto de vista.
Esta Palavra de Vida poderia ser um lema a ser adotado em
todas as situações de diálogo e de debate. Ouvir o outro, não necessariamente
para aceitar tudo, mas para favorecer uma abertura da mente e do coração,
sabendo que é sempre possível encontrar algo de bom naquilo que o outro diz.
Trata-se de nos esvaziarmos de nós mesmos por amor e, assim, termos a
possibilidade de construir algo juntos.
“Examinai tudo e guardai o que for bom.”
O P. Timothy Radcliffe, um dos teólogos presentes no Sínodo
dos Bispos da Igreja Católica, afirmou que “a coisa mais corajosa que podemos
fazer neste Sínodo é sermos sinceros entre nós quanto às nossas dúvidas e às
nossas perguntas, aquelas para as quais não temos respostas claras. Então nos
aproximaremos como companheiros de busca, mendigos da verdade5”.
Em uma conversação com alguns focolarinos, Margaret Karram
assim comentou essa reflexão: “Pensando bem, percebi que muitas vezes não tive
a coragem de dizer realmente o que eu pensava: talvez por receio de não ser
compreendida, talvez para não dizer algo completamente diferente da opinião da
maioria. Entendi que sermos ‘mendigos da verdade’ significa termos aquela
atitude de proximidade, uns para com os outros, em que todos queremos o que
Deus quer, em que todos juntos procuramos o bem6”.
“Examinai tudo e guardai o que for bom.”
É a experiência de Anita, que participa do grupo de artes
cênicas Mosaico, criado na Espanha em 2017 como expressão do Gen Rosso Local
Project. O grupo é formado por jovens espanhóis que, por meio de sua arte e de
suas oficinas, oferecem a própria experiência de fraternidade.
Anita nos conta: “É a ligação com os meus valores: um mundo
fraterno, onde todos (os bem jovens, os inexperientes, os vulneráveis…) dão a
própria contribuição para esse projeto. Mosaico me faz acreditar que um mundo
mais unido não é uma utopia, apesar das dificuldades e do trabalho duro que
isso acarreta. Cresci trabalhando em grupo, com um diálogo que às vezes pode
parecer franco até demais, e muitas vezes abrindo mão das ideias que eu achava
serem as melhores. E o resultado é que ‘o bem’ é construído tijolo por tijolo
em conjunto, por todos nós7”.
Organizado por Patrizia Mazzola com a comissão da Palavra
de Vida.
Notas:
1) 1Ts 5,19-22.
2) Cf. João Paulo II, Audiência Geral,
24/06/1992, nº 7.
3) Cf. 1Cor 13.
4) Cf. Agostinho de Hipona, Ep. Jo 7,
8.
5) Padre Timothy Radcliffe, Meditação nº 3, Amizade,
Sínodo dos Bispos, Sacrofano, 02/10/2023. Tradução nossa.
6) Conversa com os focolarinos, Margaret Karram, Presidente
do Movimento dos Focolares, Rocca di Papa, 03/02/2024. Tradução nossa.
7) Mosaico GRLP participa do projeto Fortes
sem violência, que consiste em realizar laboratórios multidisciplinares com
os jovens durante três dias em um número cada vez maior de cidades, procurando
transmitir os valores de não violência, paz e diálogo por meio da arte.
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