Reportagem
local - publicado em 08/09/19
O pecado é a rejeição a instaurar com Deus e com os
outros uma relação de amor.
O conceito de pecado é bastante simples: basicamente, o
pecado é um ato de egoísmo exagerado. É preferir a si mesmo,
antepor-se a Deus e aos outros, cedendo às paixões desordenadas, que nos
colocam no centro da nossa existência, negando nossa natureza, que só se
completa quando se abre ao próximo e a Deus.
O pecado é a rejeição a instaurar com Deus e com os outros
uma relação de amor. É um “fechar-se às criaturas” e “rejeitar o Criador”. Em
geral, o pecador só deseja os prazeres proporcionados pelas criaturas, e não
necessariamente quer rejeitar o Criador.
Mas, ao deixar-se seduzir pelas satisfações fugazes
proporcionadas pelas criaturas, o pecador implicitamente está agindo contra o
amor do Criador, pois sente que o prazer terreno não o preenche, mas ainda
assim não resiste a ele.
Por isso, o pecado fere o próprio pecador, afastando-o da
plenitude oferecida por Deus. E, por isso, o pecado ofende Deus: não porque
Deus, como tal, se veja afetado, mas porque nós mesmos, ao pecar, nos
diminuímos diante da grandeza que Deus nos oferece.
Para Jesus, o pecado nasce no interior do homem (cf. Mt 15,
10-20). Por isso, é necessária a transformação interior, do coração. Para
Jesus, o pecado é uma escravidão: o homem se deixa no poder do maligno,
valorizando falsamente as coisas deste mundo, deixando-se levar pelo imediato,
pelas satisfações sensíveis, que não saciam nossa sede de amor e de plenitude.
Que tipos de pecado existem?
1. O pecado original é a herança que todos
nós recebemos dos nossos primeiros pais, Adão e Eva: eles desconfiaram do amor
de Deus Pai e cederam à tentação de deixá-lo fora das suas escolhas pessoais.
Como filhos de uma humanidade que perdeu a inocência, todos nós nascemos com a
natureza caída de pecadores e precisamos da graça de Deus, mediante o
sacramento do Batismo, para purificar nossa alma.
2. O pecado atual ou pessoal é o que
cometemos como indivíduos, voluntária e conscientemente. Pode ser cometido de
quatro maneiras: com o pensamento, com as palavras, com os atos e com as
omissões. E pode ser contra Deus, contra o próximo ou contra nós mesmos. O
pecado pessoal pode ser mortal ou venial:
2.1. O pecado venial ou leve é aquele que
cometemos sem plena consciência ou sem pleno consentimento, ou com plena
consciência e consentimento, mas em matéria leve.
2.2. O pecado mortal ou grave é o que
envolve três fatores simultâneos: plena consciência, pleno consentimento e
matéria grave.
O que é matéria grave e matéria leve?
A “matéria” é o “fato” pecaminoso em si. É grave quando
fere seriamente qualquer um dos 10 mandamentos. Alguns exemplos: negar a
existência de Deus, ofender Deus, ofender os pais, matar ou ferir gravemente
uma pessoa, colocar-se em grave risco de morte sem uma razão justa, cometer
atos impuros, roubar objetos de valor, caluniar, cometer graves omissões no
cumprimento do dever, causar escândalo ao próximo.
A matéria leve é aquela que não fere
seriamente nenhum dos 10 mandamentos, ainda que consista em um ato contrário a
alguns deles. Por exemplo: roubar é pecado, mas a gravidade desse pecado tem
diversos graus. Roubar dez centavos não costuma prejudicar gravemente a vítima
do roubo; mas o roubo de uma quantidade cuja perda prejudica a vítima de
maneira considerável passa a ser matéria grave.
Quais são os efeitos do pecado?
O pecado mortal mata a vida da graça na
alma, rompendo a relação vital com Deus; separa Deus da alma; faz que percamos
todos os méritos das coisas boas que fazemos; impede que a alma participe da
eternidade com Deus.
Como se perdoa o pecado mortal
? Com uma boa confissão ou com um ato de contrição perfeito,
unido ao propósito de confessar-se o mais rápido possível.
Quanto ao pecado venial, ele enfraquece o amor a
Deus, vai esfriando a relação com Ele, priva a alma de muitas graças que ela
receberia de Deus se não pecasse, facilita o pecado grave.
Como eliminar o pecado venial? Com o
arrependimento e as boas obras, como orações, missas, comunhão e obras de
misericórdia.
E onde entram os pecados capitais?
Os pecados capitais requerem uma atenção especial porque são
causa de outros pecados. Podem ser veniais ou mortais, dependendo das condições
explicadas antes. Mas sempre são “cabeças” de novos pecados, e daí vem o termo
“capital”. São sete:
– Soberba: estima exagerada de si mesmo e o
desprezo dos outros.
– Avareza: desejo desmesurado de dinheiro e de possuir.
– Luxúria: apetite e uso desordenado do prazer sexual.
– Ira: impulso desordenado ao reagir com raiva contra alguém ou
algo.
– Preguiça: falta de vontade no cumprimento do dever e no uso do
tempo livre.
– Inveja: tristeza pelo bem do próximo, considerado como mal
próprio.
– Gula: busca excessiva do prazer pelos alimentos e pela bebida.
Existe algum pecado que não pode ser perdoado?
Sim, o pecado contra o Espírito Santo (cf.
Mt 12, 30-32). Em que consiste? Na atitude permanente de desafiar a graça
divina; em fechar-se a Deus, rejeitar sua mensagem. Essa atitude impossibilita
o arrependimento. E, como Deus respeita nossa liberdade e nosso livre arbítrio,
Ele se deixa obrigar por nós a não nos perdoar, pois seu perdão depende da
nossa aceitação voluntária.
O pecado contra o Espírito Santo pode se manifestar, por
exemplo, na perda da esperança na salvação, na presunção de salvar-se sem
mérito, na luta contra a verdade conhecida, na obstinação em permanecer no
pecado, na impertinência final na hora da morte.
Então, qualquer outro pecado pode ser perdoado, bastando
querer sinceramente o perdão?
Sim, claro! Deus quer tanto nossa plena realização com Ele,
que não hesitou em morrer na cruz para nos redimir. Deus nos espera sempre com
os braços abertos, como um Pai que se esquece de todas as nossas ingratidões,
como Ele mesmo deixa claro na belíssima parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,
11ss).
Basta querer de verdade seu abraço de Pai!
(Trechos do livro “Jesus Cristo”, do Pe. Antonio Rivero)
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