O ANO JUBILAR E A PASTORAL JUVENIL
Dom Antônio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)
Na agenda das celebrações do Ano Jubilar em Roma, também os
jovens são contemplados e não poderia ser diferente, uma vez que nos últimos
anos a Igreja Católica tem dedicado especial atenção à juventude. Fato
extraordinário foi a realização de um Sínodo mundial sobre os jovens que se
concluiu com a Exortação Apostólica Pós-sinodal Christus Vivit.
Na Bula de proclamação do Ano Santo, «Spes non confundit – a
esperança não engana» (Rm 5,5), o Papa Francisco cita seis vezes os jovens. Os
jovens são chamados a “olhar para o futuro com esperança”, mas isso comporta a
necessidade da educação para a maternidade e paternidade responsáveis e toda a
sociedade deve ser corresponsável por isso (cf. SNC,9).
Desafios do mundo juvenil
Os jovens que são sinais de esperança têm necessidade dela;
mas muitas vezes veem desmoronar-se os seus sonhos; é triste ver jovens sem
esperança vivendo o presente na melancolia, no tédio, na incerteza, sem
estudos, sem perspectiva de trabalho… É triste ver jovens no mundo da ilusão
das drogas, confusos, na transgressão, na busca do efémero, com gestos
autodestrutivos e perdendo o sentido da vida. Por isso, afirma o Papa
Francisco: “que o Jubileu seja, na Igreja, ocasião para um impulso a favor deles:
com renovada paixão, cuidemos dos adolescentes, dos estudantes, dos namorados,
das gerações jovens! Mantenhamo-nos próximo dos jovens, alegria e esperança da
Igreja e do mundo!” (SNC,12).
A partir das perspectivas colocadas pelo Papa Francisco, os
educadores-pastores-missionários dos jovens são convidados a acolher o Ano
Jubilar como uma oportunidade muito significativa para o relançamento da
pastoral juvenil em diversas dimensões promovendo muitas atividades. A
finalidade primordial é sempre aquela de estimular processos de formação e
evangelização dos jovens contribuindo para o crescimento integral deles a
partir da situação em que sem encontram e no mundo em que vivem. O pressuposto
principal é aquele de que a Celebração do Jubileu tem como finalidade a
experiência de um caminho de conversão. Possíveis atividades com
os jovens
Para que o Ano Jubilar seja significativo para os jovens é
necessário que se tenha sensibilidade pedagógica para que melhor possam
compreender o que se vai propor-lhes; para isso, além da oração e de variadas
práticas religiosas, é essencial a catequese educativa, bem como, experiências
socioafetivas, caritativas, missionárias. É preciso evitar o intimismo que é
sempre despido de compromissos sociais. Vejamos alguma dimensões e
possíveis atividades educativo-pastorais:
Na dimensão humana:
Promover reflexões sobre a beleza da vocação humana e o
sentido da Vida;
Organizar rodas de conversas sobre os males provocados pelos
vícios e a beleza da prática das virtudes;
Programar dinâmicas de grupos sobre a importância das sadias
relações humanas: acolhida, respeito, gentileza, comunicação, delicadeza, não
violência, perdão etc;
Estimular e desafiar os jovens e adolescentes no exercício
de bons hábitos no uso do celular, dando prioridade às pessoas; não levar o
celular para as refeições, autodisciplinar-se, evitando a dependência
tecnológica;
Programar experiências recreativas para estimular a
convivência, integração, cooperação, o fortalecimento dos laços de
amizade;
Apresentação de modelos de homens e mulheres, como os
santos, com suas mais variadas virtudes, atitudes, ações e boas linhas de
comportamento que abraçaram (assistir filmes dos santos, com tempos de
partilha).
Na dimensão catequética e espiritual:
Favorecer aos jovens momentos semanais ou mensais de oração
em grupo pelas juventudes, sobretudo pelas mais sofredoras;
Celebrações de adoração, vigílias de oração e noites de
louvor oferecendo momento de pregação, testemunhos e do sacramento da
reconciliação;
Proporcionar experiências de retiro para os jovens com temas
relativos à esperança, sentido da vida, reconciliação;
Celebração da Via Sacra, relacionando as estações com as
realidades juvenis – (Cf. Via Sacra das Campanhas da Fraternidade dos Anos 1992
e 2013);
Oferecer aos jovens celebrações litúrgicas especiais para
concessão das indulgências plenárias com os devidos
compromissos;
Organizar peregrinações à Catedral, por Vicariatos (regiões
episcopais) ou paróquias com uma programação catequética;
Pensar na possibilidade de eventos públicos: musicais,
caminhadas etc.
Estimular a sinodalidade e a comunhão entre as expressões
juvenis em vista de fortalecer no Setor Juventude a participação ativa na vida
das comunidades;
Corresponsabilizar as pastorais, grupos, movimentos pela
promoção da pastoral juvenil em vista de rejuvenescê-los com a presença de mais
jovens;
Promover a Leitura Orante da Bíblia, sobretudo, com textos
dos evangelhos;
Celebrar um Congresso Juvenil dando possibilidade para um
maior aprofundamento da realidade juvenil e assunção de compromissos
sociopastorais;
Preparar mutirões de confissões para os jovens, dentro de
uma celebração penitencial;
Nas rodas de conversa ou podcasts refletir sobre a
inseparabilidade entre Cristo e a Igreja; “cristo sim, Igreja não”, é uma
mentalidade errada!
Na dimensão socio-missionária:
Favorecer aos jovens o conhecimento do território da
paróquia oferecendo-lhes a possibilidade de perceber necessidades e
possibilidades de evangelização;
Visitar as pessoas que vivem em condição de pobreza,
abandono e miséria (ou moradores de rua, migrantes) que moram nas áreas com
menos atenção pastoral;
Visitar escolas e promover um evento catequético falando do
sentido do Ano Santo;
Organizar com os jovens o encontro com moradores de rua e
visita à instituições terapêuticas, hospitais, abrigos de idosos e de crianças,
ou onde for possível, unidades carcerárias;
Desenvolver campanhas de solidariedade com múltiplos
serviços e envolvendo instituições públicas e empresas;
Estimular a experiência do voluntariado;
Relacionar o Ano Santo com a questão ecológica,
proporcionando aos jovens o compromisso de harmonia com a natureza e
estimulando ações como o plantio de árvores, limpeza de praças, parques,
praias, coleta seletiva;
Onde for possível, articular algum evento ecumênico e de
diálogo inter-religiosos estimulando a Paz e a fraternidade, contra a
intolerância religiosa;
Promover mutirões missionários programando a visita
missionária de casa em casa concluindo à noite com uma celebração
festiva;
Fazer o mapeamento na paróquia sobre pessoas lesadas em seus
direitos e estimular o serviço voluntários de profissionais para
ajudá-los;
Visitar os meios de comunicação como Rádios e TV para deixar
uma mensagem sobre o Ano Santo;
Produzir podcasts, entrevistas, vídeos… etc. sobre o Ano
Santo para serem lançadas nas Redes Sociais fortalecendo a PASCOM.
Na dimensão lúdica:
Promover festivais artísticos e culturais (teatro, músicas,
danças, exposições, coreografias…) com temas como reconciliação, amizade,
libertação, esperança;
Realizar gincanas envolvendo grupos juvenis com diversas
atividades como questionário bíblico, esportivas, artísticas, culturais,
religiosas, sociais;
Organizar corridas, caminhadas, torneios, trilhas, passeios
e outras atividades esportivas com os jovens tendo como meta a reflexão do tema
do Ano Santo;
Promover o Oratório Festivo, como espaço de entretenimento
(com jogos de mesas, ping-pong, pebolim, músicas, esporte e outras atividades)
para estimular a convivência entre jovens e adolescentes em clima de
família.
Enfim, muitas são as possibilidades pastorais que podemos
oferecer aos jovens. Mas isso requer sensibilidade pedagógica, criatividade e
foco na finalidade do Ano Jubilar. São muitos os meios que podemos utilizar
para veicular boas mensagens e educar os jovens. O Papa Francisco na Exortação
Apostólica Christus Vivit afirma: “Misericórdia, criatividade e esperança fazem
crescer a vida” (CV, 173). Essas três realidade tem tudo a ver com Ano Jubilar,
mas precisa ser programado.
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