A partir da Sagrada Escritura, a Campanha da Fraternidade
2025 coloca claramente a forma como Deus na sua infinita misericórdia, criou um
universo cheio de belezas e de encantamentos pois com os olhos da fé,
percebem-se uma harmonia de cores, de forças que alimentam a nossa vida de
seguidores e seguidoras do Senhor.
Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
Deus criou as suas obras de uma forma maravilhosa, bonita,
de modo que ao encerrá-las, Ele disse que tudo era muito bom (cfr. Gn 1,31).
Uma harmonia é existente entre as criaturas pois tudo se alterna para o bem das
criaturas e na ordem dado pelo próprio Criador, porque Ele as criou com muito
amor. A partir da Sagrada Escritura, a Campanha da Fraternidade 2025 coloca
claramente a forma como Deus na sua infinita misericórdia, criou um universo
cheio de belezas e de encantamentos pois com os olhos da fé, percebem-se uma
harmonia de cores, de forças que alimentam a nossa vida de seguidores e
seguidoras do Senhor. A seguir, nós vejamos o tema da harmonia do Universo nos
padres da Igreja, os primeiros escritores do cristianismo.
A harmonia no Universo
São Clemente Romano, bispo de Roma no final do primeiro e
início do século segundo, disse que os céus que se movem por sua disposição,
obedecem harmoniosamente ao Criador. O dia e a noite fazem o curso que o Senhor
estabeleceu, sem que haja algum tropeço um no outro[1]. Nesta mesma linha da
harmonia do universo colocou o Bispo de Roma que o sol, a lua e os demais coros
dos astros giram de uma forma correta, justa, conforme a ordem do Criador sem
nenhuma transgressão[2].
O sustento ao ser humano e demais seres que vem da terra
O louvor é dado também à terra criada pelo Senhor na visão
de Clemente porque ela germina conforme a vontade de Deus, produzindo nos
devidos tempos, sustento para o ser humano, as feras e todos os seres que vivem
sobre ela, sem haver a rebelião entre os seres[3]. A terra dá os seus frutos
conforme a ordem do Senhor para que os seres humanos e os demais seres vivos
permaneçam na vida doada pelo Senhor.
Os seres subterrâneos
Segundo o bispo Clemente as mesmas ordens se mantêm as
regiões insondáveis dos abismos que regem os seres subterrâneos. A massa do mar
imenso não ultrapassa os limites traçados, mas tudo age conforme a lei ordenada
pelo Senhor quando disse: “Chegarás até aqui, e tuas ondas sobre ti se
quebrarão” (Jó 38,11). O oceano de uma forma quase sem fim para os seres
humanos, e os mundos que estão além, são coordenados pelas leis do Senhor[4].
A beleza das estações
São Clemente falou da beleza das estações do universo como a
primavera, o verão, o outono e o inverno sucedem-se de forma harmoniosa, uma
após a outra. O vento realiza o seu trabalho no tempo devido sem
perturbação[5]. As fontes inesgotáveis em ligação com as estações foram criadas
para a saúde do ser humano e dos seres existentes possibilitam a vida, o dom de
Deus para todos os seres vivos[6].
O Criador e Senhor do Universo
O bispo de Roma disse também que o Criador e Senhor do
Universos ordenou que todas essas coisas se executassem na paz e na concórdia.
Ele espalhou seus benefícios sobre toda a criação, mas a todos nós Ele os
prodigalizou de uma forma abundante, quando nós recorremos à sua infinita
misericórdia por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
O vinculo do amor de Deus
São Clemente disse ainda que o vínculo do amor de Deus une
as pessoas e os povos. Quem exprimirá a grandiosidade da sua beleza? A altura
para onde o amor conduz é de uma forma inefável. O amor nos une a Deus e Ele
cobre a multidão dos pecados (1 Pd 4,8)[7]. No amor não há nada de banal, nem
de algo soberbo. No amor, tornam-se perfeitos as pessoas eleitas de Deus. Na
verdade sem amor nada é agradável a Deus. É por causa de seu amor para com toda
a humanidade que Jesus Cristo, nosso Senhor, conforme a vontade de Deus, deu o
seu sangue por nós e para todas as pessoas, sua carne e sua vida por nossa
vida[8].
A nova criação em Jesus Cristo
A carta a Barnabé, escrito dos primeiros séculos do
cristianismo, afirmou que a nova criação se realizou em Jesus Cristo. Como o
ser humano pecou, no entanto a redenção ocorreu pela sua morte de cruz e
ressurreição. Na retomada do plano original a Escritura fala a nossa respeito,
quando o Criador disse ao Filho: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança
(Gn 1,26). Que eles dominem sobre os animais da terra, as aves do céu e os
peixes do mar” (Gn 1,28). E disse também: “Crescei, multiplicai-vos e enchei a
terra” (Gn 1,28)[9]. Tudo isso o Senhor disse ao Filho em vista da criação nova
e da salvação humana.
Deus sobre todas as coisas
Novaciano, escritor romano do século III colocou a visão de
que Deus está sobre todas as coisas, na qual tudo contém sem deixar qualquer
vazio fora de si, nem lugar para outro deus superior. O Senhor Deus está acima
de tudo, porque Ele mesmo incluiu tudo no seio de sua perfeita grandeza e
potestade. Ele está sempre atento à sua obra, percorre-a toda, dando-lhe
movimento e vivificando-a em sua totalidade, de modo a constituir um só mundo.
Como tudo está consolidado numa grande harmonia dada pelo Senhor, esse mundo
não pode ser dissolvido por força alguma, porque tudo concorre para o bem do
Deus criador em relação as criaturas[10].
As orações pelas autoridades e pela vida do mundo
Tertuliano, padre africano dos séculos II e III, teve
presente na vida da comunidade que eles iam juntos formando um grupo e uma
congregação, a fim de que se aproximassem a Deus, assediassem a Ele, com
orações como um batalhão de soldados. Esta virulência, para o padre africano
era agradável a Deus. Ele dizia que os cristãos oravam pelos imperadores, por
seus ministérios e por seus poderes, pelo estado presente do mundo, pela paz do
mesmo, pelo adiamento do fim[11].
A harmonia do universo fala da grandeza de Deus ao criá-lo
com potestade e com amor. As coisas e o ser humano saíram das mãos do Senhor
pela harmonia de tudo, porque Deus fez tudo com sabedoria. Se o pecado humano
veio para impedir a harmonia da criação no entanto, o Senhor Jesus estabeleceu
novamente a harmonia original dando-nos vida nova e salvação. Nós somos
chamados a viver a Campanha da Fraternidade 2025, neste tempo da quaresma
cuidando da casa comum no qual o Senhor nos colocou como guardiães da mesma.
Louvemos a Deus Uno e Trino pela harmonia dada ao universo criado com amor.
Notas:
[1] Cfr. Clemente aos Coríntios, 20. In: Padres
Apostólicos, São Paulo: Paulus, 1995, pg. 38.
[2] Cfr. Idem, pg. 38.
[3] Cfr. Ibidem, pg. 38.
[4] Cfr. Ibidem, pg. 38.
[5] Cfr. Ibidem, pg. 39.
[6] Cfr. Ibidem, pg. 39.
[7] Cfr. Ibidem, pg. 58.
[8] Cfr. Ibidem, pgs. 58-59.
[9] Cfr. Carta de Barnabé, 6,12. In: Padres
Apostólicos, pgs. 294-295.
[10] Cfr. A Trindade, 2,10. In: Novaciano.
São Paulo: Paulus, 2017, pg. 23.
[11] Cfr. Apologético, 39,2. In: Tertuliano.
São Paulo: Paulus, 2021, pg. 150.
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