A SANTIDADE DE JOÃO LUIZ POZZOBON
Dom Leomar Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
No dia 6 de março de 2025, a Comissão Teológica da Santa Sé
emitiu, de forma unânime, parecer favorável ao reconhecimento das virtudes
heroicas e da fama de santidade do Servo de Deus João Luiz Pozzobon. Essa
decisão representa não apenas um passo significativo no processo de sua
beatificação, mas reforça a relevância de sua trajetória de fé e serviço no
contexto da espiritualidade cristã contemporânea, em plena sintonia com os
ensinamentos da Gaudete et Exsultate, Exortação Apostólica do Papa
Francisco sobre o chamado universal à santidade. Neste documento, o Pontífice
afirma que a santidade se manifesta, sobretudo, na vivência cotidiana, por meio
de gestos concretos de amor, cuidado e compromisso com o próximo. À luz dessa
visão, a vida e obra de Pozzobon representam um testemunho luminoso de
santidade encarnada na simplicidade e no serviço.
Nascido em 1904, em São João do Polêsine (RS), João Luiz
Pozzobon destacou-se desde jovem por sua profunda espiritualidade e dedicação à
vida eclesial. Homem de origem humilde e com formação escolar limitada,
consagrou sua vida à difusão da fé e à promoção da devoção mariana,
especialmente por meio da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt. Essa missão
uniu evangelização e ação social, oferecendo não apenas apoio espiritual, mas
também auxílio às populações mais vulneráveis.
Sua atuação como leigo e, posteriormente, como diácono
permanente ilustra de forma paradigmática a concepção de santidade apresentada
na Gaudete et Exsultate. Para o Papa Francisco, a santidade se
expressa no ordinário da existência, na perseverança nas pequenas tarefas, no
cuidado amoroso e na disponibilidade para servir. Pozzobon encarnou esse ideal
ao percorrer milhares de quilômetros levando a imagem da Mãe Rainha às
famílias, escolas e comunidades, promovendo a oração, fortalecendo os vínculos
comunitários e alimentado a fé popular. Sua missão, marcada pela proximidade e
pela escuta atenta, ressignifica o papel do evangelizador como aquele que,
inspirado pelo Espírito Santo, torna-se presença concreta da misericórdia De
Deus na vida das pessoas.
O legado espiritual de Pozzobon baseia-se na convicção de
que a santidade é possível a todos – independentemente da classe social, do
grau de instrução ou da função da Igreja. Ao assumir com humildade e
generosidade a missão confiada, ele demonstrou que o seguimento de Cristo se
realiza na entrega diária e silenciosa, fiel ao Evangelho e atento às
necessidades dos irmãos. Como recorda o Papa Francisco, ser santo é tornar-se
expressão da misericórdia divina no mundo. Nesse aspecto, Pozzobon se destacou
ao dedicar-se à acolhida de desabrigados, à reintegração de pessoas afastadas
da vida sacramental e ao fortalecimento da fé nas comunidades por onde
passou.
Além disso, sua trajetória revela que a santidade é um
caminho dinâmico e contínuo de conversão. Conforme recorda Gaudete et
Exsultate, o processo de santificação envolve crescimento espiritual e
superação pessoal constantes. Pozzobon, embora sujeito às fragilidades humanas,
buscou conformar-se a Cristo, perseverando com zelo, simplicidade e humildade
na missão que abraçou.
A vida de João Luiz Pozzobon oferece à Igreja de hoje um
modelo concreto de santidade vivida no mundo, em meio aos desafios e limitações
do cotidiano. Seu testemunho encoraja os fiéis a abraçar, com confiança e
simplicidade, a vocação universal à santidade, promovendo a cultura do encontro
e do serviço fraterno como expressões genuínas do amor cristão.
Por fim, permanece a oração da comunidade eclesial para que,
sob a condução do Espírito Santo, a Igreja continue o processo de
reconhecimento oficial da santidade de João Luiz Pozzobon. Seu exemplo, atual e
inspirador, continua a iluminar o caminho daqueles que buscam viver o
discipulado fiel no tempo presente.
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