Exercícios Espirituais no Vaticano, 8ª Meditação:
"Viver mais"
O pregador da Casa Pontifícia, Pe. Roberto Pasolini, fez na manhã desta quinta-feira, 13 de março, a oitava meditação no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma à Cúria Romana sobre o tema "A esperança da vida eterna: Viver mais". Publicamos a síntese da reflexão.
Vatican News
Jesus propõe a eternidade como um dom a ser acolhido, não como um bem a ser conquistado. O episódio do jovem rico nos Evangelhos Sinóticos mostra o contraste entre quem busca a vida eterna como um prêmio e o convite de Cristo para abrir mão de toda segurança para segui-lo. O jovem, incapaz de se desapegar das suas riquezas, se afastou entristecido. Pedro, então, pergunta o que aqueles que deixaram tudo para trás receberão, e Jesus promete vida eterna a quem se entrega completamente a Ele.
A dificuldade do desapego diz respeito a todos: temos medo
de deixar o que nos é caro, mesmo que a própria vida nos obrigue a isso. Jesus
convida a antecipar essa passagem, tornando a eternidade uma realidade já
presente. O exemplo de Chiara Corbella Petrillo, que enfrentou a doença com
confiança, mostra que é possível viver plenamente com Deus já nesta terra. Não
se trata de renúncias, mas de viver intensamente, livres de falsas seguranças.
No Evangelho de João, Jesus se descreve como o pastor que
conduz as suas ovelhas a pastos abundantes. A sua voz incita a sair das cercas
do medo para encontrar a verdadeira vida. Essa abundância se manifesta no sinal
da multiplicação dos pães: o que parece insuficiente, nas mãos de Jesus se
torna superabundante. No entanto, a multidão interpreta mal o milagre, buscando
apenas o pão material sem perceber o sinal de um alimento mais profundo.
Jesus revela que o verdadeiro pão da vida é ele mesmo. Comer
a sua carne e beber o seu sangue significa participar da sua vida e acolher a
sua existência como nossa. A Eucaristia não é apenas um ritual, mas uma união
transformadora com Cristo. João, em vez de narrar a instituição, enfatiza o
lava-pés, destacando que o verdadeiro culto se manifesta no serviço mútuo.
A eternidade não é uma ilusão distante, mas uma realidade
que se concretiza na nossa vida quando aprendemos a oferecer com confiança até
mesmo o pouco que temos. Aos olhos de Deus, cada gesto de amor nosso tem um
valor infinito: tudo pode se tornar eterno.
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