Todo encontro com Deus deixa sinais visíveis nas pessoas.
Podemos experienciar isso quando rezamos de verdade, quando nos abrimos ao
Senhor e não colocamos resistências.
Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News
A aliança, o pacto, são gestos humanos que traduzem
confiança, promessa, fidelidade, obrigação. A primeira leitura nos fala da
aliança de Deus com Abraão. O Senhor gratuitamente propôs aliança com
Abraão e ele confiou plenamente em Deus, embora muitas vezes as circunstâncias
lhe pudessem levar ao contrário.
Deus é fiel e mesmo que rompamos nosso pacto, o Senhor se
mantém fiel.
No Evangelho, Jesus, como de costume, vai rezar. Nessa
oração, fica mais claro qual é sua missão. São Lucas diz que durante a oração
seu rosto mudou de aspecto. Isso sinaliza que o Senhor estava muito unido ao
Pai e nos recorda Moisés quando se encontrava com Deus.
Todo encontro com Deus deixa sinais visíveis nas pessoas.
Podemos experienciar isso quando rezamos de verdade, quando nos abrimos ao
Senhor e não colocamos resistências. Sentimo-nos mais integrados, mais felizes,
mais esperançosos e generosos. Sabemos perdoar e desejamos o bem para todos.
Nessa oração, especialmente, Jesus teve consciência de sua
missão. Quando São Lucas escreve que Moisés e Elias conversam sobre a
paixão de Jesus, está nos dizendo que é nesse momento que Jesus se conscientiza
de sua missão, de que deveria passar pelo sofrimento para cumprir sua vocação
redentora.
Também o sono dos discípulos é muito simbólico. Eles terão
sono também no horto, quando Jesus está se preparando para sofrer. Sono aí
significa desconhecimento do que está acontecendo e reação ao sofrimento.
Poderemos fazer, neste momento, uma reflexão: se Jesus
aceitou a cruz, aceitou sofrer por todos nós, haverá outro caminho para os
homens resolverem seus problemas que não seja através desta, através do
sacrifício pelo outro?
Será que nossos problemas familiares, nossos problemas de
relacionamento, nossos problemas econômicos e sociais não deverão ser
solucionados através da cruz, isto é, através da renúncia, da entrega generosa
de nossa vida? Só através do caminho da cruz conquistaremos a vida!
Verdadeiramente a cruz é a árvore da Vida, de onde pendeu Jesus!
A segunda leitura nos ajuda a entendermos que é na cruz que
está a vida. Viver egoisticamente não leva à felicidade. Esta consiste em fazer
morrer dentro de nós o egoísmo, em não nos apoiarmos apenas no
cumprimento da Lei, em sacrificarmos o mundo e a nós mesmos pelo amor de Cristo
e dos irmãos.
Deveremos ver na cruz o grande sinal da aliança de Deus com
os homens. É nela que está nossa salvação, nosso futuro, nossa felicidade
eterna. A cruz de Jesus deverá iluminar nossa vida e ser o crivo por onde
passam todas as nossas decisões, seja qual for nosso estado de vida, se
religioso, sacerdotal ou leigo.
Será através da cruz que cumpriremos nossa missão e nos
encontraremos com Deus. De fato, pende da cruz a redenção da criação, a
salvação do mundo e de cada um de nós.
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