“Estou fazendo coisas novas, e já estão despontando: ainda não percebeis?” (Is 43,19) | Palavra de Vida Abril 2025.
por Patrizia Mazzola com a comissão da Palavra de
Vida publicado às 00:00 de 26/03/2025, modificado às 09:12 de
27/03/2025
O exílio na Babilônia e a destruição do templo de Jerusalém
tinham criado um trauma coletivo no povo de Israel, levantando uma questão
teológica: Deus ainda está conosco ou nos abandonou? O objetivo desta parte do
livro de Isaías é ajudar o povo a entender o que Deus está realizando, a
confiar Nele e, dessa forma, poder retornar à própria pátria. Pois é exatamente
na experiência do exílio que se revela o semblante de Deus criador e salvador.
“Estou fazendo coisas novas, e já estão despontando: ainda não percebeis?”
Isaías recorda o amor fiel de Deus pelo seu povo. A sua
fidelidade permanece constante, até mesmo durante o período dramático do
exílio. Embora as promessas feitas a Abraão pareçam inatingíveis e o pacto da
Aliança pareça estar em crise, o povo de Israel continua sendo um lugar
particularmente privilegiado da presença de Deus na História.
O livro profético aborda questões existenciais, fundamentais não só para aquela época: o desenrolar-se da História e o seu significado estão nas mãos de quem? Essa pergunta também pode ser feita na esfera pessoal: o destino da minha vida está nas mãos de quem? Qual é o significado de tudo o que estou vivenciando ou que vivenciei?
“Estou fazendo coisas novas, e já estão despontando: ainda não percebeis?”
Deus atua na vida de cada pessoa, constantemente, fazendo
“coisas novas”. Se nem sempre nos damos conta delas ou não conseguimos
compreender seu significado e alcance, é porque essas “coisas novas” ainda
estão germinando ou porque não estamos prontos para reconhecer o que Ele está
realizando. Distraídos pelos acontecimentos que nos afetam, pelas mil
preocupações que angustiam a nossa alma, por pensamentos que ficam nos
importunando, talvez não estejamos nos detendo o suficiente para observar esses
germes que são a certeza da sua presença. Ele nunca nos abandonou. Ele cria e
recria continuamente a nossa vida.
“Somos nós a ‘coisa nova’, a ‘nova criação’ que Deus gerou.
[…] Não olhemos mais para o passado, com saudades de tudo o que nos aconteceu
de bom, ou com pesar, chorando nossos erros. Acreditemos decididamente na ação
de Deus, que pode continuar realizando coisas novas1”.
“Estou fazendo coisas novas, e já estão despontando:
ainda não percebeis?”
Juntamente com aqueles que partilham conosco o caminho da
nossa existência, a nossa comunidade, os amigos, os colegas de trabalho,
procuremos trabalhar, confrontar nossas opiniões e não perder a confiança de
que as coisas podem mudar para melhor.
O ano de 2025 é especial, porque a data da Páscoa Ortodoxa
coincide com a das outras denominações cristãs. Que este acontecimento, a
celebração da Páscoa comum, possa ser um testemunho da vontade das Igrejas na
continuidade de um diálogo sem tréguas, para enfrentar em conjunto os desafios
da humanidade e promover ações compartilhadas.
Preparemo-nos, portanto, para viver este período pascal com
plena alegria, fé e esperança. Do mesmo modo como Cristo ressuscitou, também
nós, depois de termos atravessado os nossos desertos, deixemo-nos acompanhar
nesta viagem por Aquele que guia a História e a nossa vida.
Nota:
1) LUBICH, Chiara, Novos por dentro e por fora,
Palavra de Vida, março de 2004.
Organizado por Patrizia Mazzola com a comissão da
Palavra de Vida
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