Cibele
Battistini - publicado em 09/04/25
Fazer pão em casa é muito mais que uma atividade
culinária.
Fazer pão em casa é, sem dúvida, uma terapia antidepressiva
que se revela a cada movimento das mãos. Imaginar a farinha suave escorrendo
entre os dedos, misturando-se com água e um pouco de sal, é um convite a viver
o momento presente. Essa alquimia simples transforma ingredientes básicos em
algo extraordinário, um processo que nos conecta com nossas raízes, com a
essência do cotidiano.
O pão, tradicionalmente conhecido como o “alimento dos
pobres” ( João 6:35), carrega consigo um simbolismo profundo. Ele é, por
excelência, um símbolo de partilha e união. Na narrativa cristã, Jesus repartiu
o pão entre os seus, multiplicando-o para saciar a fome de muitos ( Mateus
14:13-21). Ao fazer pão em casa, somos convidados a reviver esse gesto de
generosidade, lembrando que, mesmo nas coisas mais simples, há uma beleza e uma
sacralidade que nos toca.
Enquanto a massa cresce e o aroma do pão invade a cozinha, a
mente se aquieta. O ato de amassar, sovar e moldar a massa se torna uma
celebração da manualidade, permitindo que os pensamentos se deixem levar, como
as nuvens que dançam no céu. O ritmo da atividade traz um senso de calma, um
momento de repouso que é, ao mesmo tempo, uma expressão criativa.
O pão caseiro nos convida a refletir sobre as bênçãos da
vida e a gratidão por aquilo que temos
Cozinhar, especialmente ao preparar pão, transforma-se em um
espaço de meditação. Cada bolo que forma é uma pequena obra de arte, construída
com paciência e cuidado. Além disso, o calor do forno dá vida à criação, e a
expectativa do pão dourado que emerge se assemelha a um renascimento (DUMONT,
2015).
Esse ritual, tão simples, nos ensina a importância de
pausar, de nos reconectar conosco e com o próximo. O pão caseiro nos convida a
refletir sobre as bênçãos da vida e a gratidão por aquilo que temos. Ao
repartir as fatias quentes, lembramos o ensinamento de Jesus, que não só
distribuía o pão, mas também leveza e amor em cada gesto (Lucas 9:10-17).
Assim, fazer pão em casa se torna muito mais que uma
atividade culinária; é um caminho para a cura e uma celebração da vida, um
passo em direção à serenidade, onde água e farinha se transformam em algo que
é, afinal, uma pura expressão de amor e partilha.
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