RAMOS, SINAL DA ESPERANÇA QUE PASSA PELA PAIXÃO E A CRUZ
Dom Roberto Francisco Ferrreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
O Domingo de Ramos e da Paixão inicia a Semana Maior da
Liturgia, constituindo um grandioso portal que mostra e apresenta intensamente
o drama da salvação da humanidade que terá seu ápice no Tríduo
Pascal.
Nos leva a vivenciar um contraste e um paradoxo profundo e
radical, nossa alegria conduzida pela esperança decorrentes de seguir
acompanhar a Cristo se encontram com a Cruz, que integra e dá sentido a
redenção. Nem todos naquele dia e hoje mesmo entendem este dia marcado pelo
sinal de contradição que configura Cristo e sua missão libertadora. Certamente
que nos ajuda muito a avaliar nosso discipulado e a autenticidade de nosso
seguimento.
Os apelos de uma sociedade individualista voltada para o
consumo e a adrenalina do fruir e do possuir, podem nos levar a um cristianismo
light de compensações e devoções externas que não nos colocam na trilha do
Reino e não possibilitam o renascer esplendoroso da Páscoa. Neste domingo
deveríamos espelhar-nos nos jovens hebreus, com seus cantos esperançosos que
identificam e louvam a Jesus, como a razão do seu viver e a promessa de
cumprimento dos sonhos do Pai.
Domingo da fraternidade que acalenta compromissos e projetos
este ano 2025, de unirmo-nos na Paixão de Cristo a tantas pessoas crucificadas
em razão do sofrimento causado pela crise climática, vítimas de enchentes,
desastres ecológicos, refugiados climáticos, nativos que ficam sem alimentação
pela contaminação dos seus rios e as queimadas das florestas. Situações de
vulnerabilidade e destruição que levam a toda a humanidade a repensar os rumos
e o futuro da sua habitação na Terra. Porém é necessário afirmá-lo com decisão
e convicção, a Cruz da Paixão não é fracasso e muito menos esquecimento, ao
contrário revela a mais clara manifestação da misericórdia divina e da sua
infinita compaixão por cada um de nós e por cada criatura do
planeta.
Cristo abre com sua paixão fiel e amorosa caminhos de
esperança verdadeira e como a âncora aos pés da cruz jubilar, fortalece e
impulsiona dando peso e firmeza a nossa missão de anunciá-lo e testemunhá-lo
até o fim, entregando-nos por inteiro para juntos com Ele trazer vida em
abundância, construindo um Céu e uma Terra nova onde habite a justiça. Que a
Cruz de Cristo seja sempre nossa luz e nossa esperança!
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