Reflexão de Dom Alberto Taveira Correa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
No dia doze de junho se celebra o dia dos namorados, data que entrou no calendário pela benéfica influência da Igreja, com a memória de Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa, celebrada no dia treze de junho, invocado com confiança por pessoas que se sentem chamadas à vocação matrimonial e contam com sua intercessão e proteção. Ao lado de São João Batista e de São Pedro, ele figura entre os “santos de junho”, tempo em que nossas Paróquias acolhem tanta gente, prestando assim um serviço religioso e social, já que as festas são espaços privilegiados de convivência sadia, onde as famílias se sentem valorizadas e desfrutam a alegria do relacionamento fraterno. Aliás, desejamos que tais festas, realizadas com dignidade e respeito, influenciem outras comemorações que as famílias e a sociedade realizam, para maior edificação dos bons costumes.
Na Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, cujo conteúdo ilumina nossas reflexões sobre um tema de tamanha importância, o Papa Francisco recolheu a afirmação dos Padres Sinodais de que é preciso ajudar os jovens a descobrir o valor e a riqueza do matrimônio, para captar o fascínio de uma união plena que eleva e aperfeiçoa a dimensão social da vida, confere à sexualidade o seu sentido maior, ao mesmo tempo que promove o bem dos filhos e lhes proporciona o melhor contexto para o seu amadurecimento e educação. A realidade atual e seus desafios exigem de toda a comunidade cristã um compromisso mais forte com a preparação do matrimônio, privilegiando o testemunho das próprias famílias, e a ligação da preparação para o matrimônio no caminho da iniciação cristã, sublinhando o nexo do matrimônio com o batismo e os outros sacramentos.
Há várias maneiras legítimas de organizar a preparação próxima para o matrimônio, ensina o Papa, e cada Igreja local discernirá a que for melhor, procurando uma formação adequada que, ao mesmo tempo, não afaste os jovens do sacramento. Interessa mais dar prioridade – juntamente com um renovado anúncio do querigma – àqueles conteúdos que, comunicados de forma atraente e cordial, os ajudem a comprometer-se num percurso da vida toda “com ânimo grande e liberalidade”. Trata-se duma espécie de “iniciação” ao sacramento do matrimônio, que lhes forneça os elementos necessários para poderem recebê-lo com as melhores disposições e iniciar com uma certa solidez a vida familiar.
Além disso, convém encontrar os modos das próprias famílias dos noivos e de vários recursos pastorais – para oferecer uma preparação remota que faça amadurecer o amor deles com um acompanhamento rico de proximidade e testemunho. Habitualmente, são muito úteis os grupos de noivos e a oferta de palestras sobre temas que realmente interessam aos jovens. Mas são indispensáveis momentos personalizados, pois o objetivo principal é ajudar cada um a aprender a amar a pessoa concreta com quem pretende partilhar a vida inteira, algo que não se improvisa, nem pode ser o objetivo de um breve curso antes do matrimônio. Na realidade, cada pessoa prepara-se para o matrimônio, desde o seu nascimento. Tudo o que a família lhe deu, deveria permitir aprender da própria história e torná-la capaz de um compromisso pleno e definitivo. Os que chegam melhor preparados ao casamento são aqueles que aprenderam dos seus próprios pais o que é um matrimônio cristão, onde se escolheram um ao outro sem condições e continuam a renovar esta decisão. A honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se podem comprar nem vender. Não podem ser impostas com a força, nem guardadas sem sacrifício. (Cf. Amoris Laetitia 205-216)
Encontrei nesta semana um texto do conhecido Professor Felipe Aquino (6 de junho de 2016: “Relacionamentos”), no qual, a partir de sua experiência de esposo e pai de família, com largos anos de contribuição na formação de jovens e adultos, propõe dez “dicas” para um bom namoro, cujo conteúdo decidi compartilhar nesta ocasião, oferecendo-as a tantos jovens chamados a esta magnífica vocação, que é o matrimônio: Só comece a namorar com a convicção de que quer, um dia, se casar. Sem um objetivo na vida, tudo o que fazemos fica vazio; o namoro, se não tem uma meta, não tem sentido (1); Antes de começar a namorar alguém, conheça-o bem por meio de uma boa amizade. É na amizade que surge o namoro, e ela serve também como um pré-namoro. Não seja afoito, não comece a namorar só porque o outro tocou seu coração. Conheça-o primeiro (2); Faça do seu namoro um tempo de conhecimento do outro e um meio de ele conhecer você. Sem isso, não dá para saber se o namoro deve continuar ou não. Não se ama quem não se conhece. Então, cada um se revele ao outro com sinceridade (3); Não tenha medo de mostrar a sua realidade e de sua família. Se ele não o aceitar como você é, e também sua família, com todas as qualidades e defeitos, é porque não o ama de verdade (4); Faça o outro crescer. Namoro é tempo de crescer a dois, pelo fermento do amor, da renúncia e do sacrifício pelo outro. Um relacionamento, no qual ambos não crescem humana e espiritualmente, por estarem juntos, é vazio e deve acabar (5); Não deixe o egoísmo tomar conta do relacionamento, pois um casal egoísta é como duas bolas de bilhar, que só se encontram para se chocarem e se separarem. O egoísmo mata o amor e destrói o relacionamento (6); Não faça do seu namoro uma vida de casado, com vida sexual e intimidades conjugais. Amanhã, o namoro pode terminar e a marca ficará em você, sobretudo, na mulher. Só tem sentido entregar-se a alguém que, antes, colocou uma aliança em sua mão esquerda e lhe jurou amor e fidelidade até o último dia de sua vida. Não desvalorize suas decisões, seu corpo e sua vida (7); Não prenda seu namorado pelo sexo, não faça dele uma “arma”, porque a “vítima” pode ser você. Quantas ganharam uma barriga antes da hora, sem ter um berço e um teto para seu filho! Ele merece mais do que isso (8); Não tenha medo de terminar um namoro, no qual só existe briga e reclamação; não empurre o problema com a barriga. Namoro é tempo de conhecer e escolher sem pressa e sem paixão que cega a razão. É melhor chorar uma separação, hoje, do que depois de casados (9); Não deixe Deus fora do seu namoro, pois foi Ele quem nos criou, foi Ele quem instituiu o casamento entre um homem e uma mulher, e será Ele quem os unirá para sempre. Deixe que a mão forte de Cristo esteja entre as suas mãos fracas (10).
Zenit