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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Há 16 anos, São João Paulo II criou Cardeal o agora Papa Francisco

São João Paulo II e o Cardeal Jorge Mario Bergoglio
VATICANO, 21 Fev. 17 / 02:00 pm (ACI).- No dia 21 de fevereiro de 2001, há 16 anos, São João Paulo II criou Cardeal o então Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, que fazia parte do primeiro grupo de 43 novos cardeais do terceiro milênio.
Alguns anos depois, em 27 de abril de 2014, o Papa Francisco declarou santos São João Paulo II e São João XXIII, em uma cerimônia histórica e sem precedentes, na qual reuniu os quatro Pontífices, com a participação do Papa Emérito Bento XVI.
João Paulo II, que criou 231 cardeais durante aproximadamente 27 anos de pontificado, assinalou em 2001 que estes eram “os primeiros cardeais criados no novo milênio” e destacou que, “após ter bebido em abundância nas fontes da misericórdia divina durante o Ano Santo”, a barca mística da Igreja se preparava para “’novamente para navegar", para transmitir ao mundo a mensagem da salvação”.
Naquela ocasião, o Papa Wojtyla disse aos novos cardeais que "o mundo está se tornando cada vez mais complexo e mutável, e a consciência viva de discrepâncias existentes gera ou aumenta as contradições e os desequilíbrios".
"O enorme potencial do progresso científico e técnico, assim como o fenômeno da globalização, que ampliam continuamente novas áreas, nos exigem estar abertos ao diálogo com toda pessoa e com toda instância social a fim de dar a todos uma razão da esperança que levamos em nossos corações", expressou.
"A fim de responder adequadamente às novas tarefas, é necessário cultivar uma comunhão cada vez mais íntima com o Senhor. A própria cor púrpura de vossas vestes recorda- vos essa urgência. Essa cor não é o símbolo do amor apaixonado a Cristo? Nesse vermelho rutilante não está o fogo ardente do amor à Igreja que deve igualmente alimentar em vós a disponibilidade, se necessário, até o supremo testemunho do sangue?”.
"Ao contemplá-los, o povo de Deus deve poder encontrar um ponto de referência concreto e luminoso que o estimule a ser verdadeiramente luz do mundo e sal da terra", encorajou São João Paulo II.
Acidigital

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Papa Francisco: A autêntica revolução cristã é amar o inimigo

Papa durante o Ângelus. Foto: Lucia Ballester
VATICANO, 19 Fev. 17 (ACI).- Antes da oração do Ângelus de hoje, o Papa Francisco convidou a não retribuir o mal com o mal aos nossos inimigos, mas para responder com o amor, como Jesus ensinou, porque esta é a autêntica "revolução cristã".
"Inimigos são também aqueles que falam mal de nós, que nos caluniam e nos enganam. Não é fácil digerir isso. A todos eles, somos chamados a responder com o bem, que também tem as suas estratégias, inspiradas pelo amor", disse o Papa.
O Evangelho deste domingo “é uma das páginas que expressam melhor a revolução cristã. Jesus mostra o caminho da verdadeira justiça através da lei do amor que supera a de talião, ou seja, olho por olho e dente por dente”.
“O que Jesus quer nos ensinar é a distinção clara que devemos fazer entre justiça e vingança”. “É nosso dever praticar a justiça”, mas “somos proibidos de nos vingar ou fomentar de nenhuma forma a vingança, pois é expressão de ódio e violência”.
Em seguida, o Santo Padre recordou o primeiro mandamento de cada cristão: “Amem os seus inimigos" e explicou que "inimigo também é uma pessoa humana, criada como tal à imagem de Deus, embora no presente esta imagem seja ofuscada por uma má conduta”.
“Quando falamos de ‘inimigos’ não devemos pensar nas pessoas diferentes e distantes de nós; falamos também de nós mesmos, que podemos entrar em conflito com o nosso próximo, às vezes com os nossos familiares”.
Mas no Evangelho de hoje, Jesus também convida a “oferecer a outra face, ceder também o manto ou o próprio dinheiro, aceitar outros sacrifícios”.
“Essa renúncia esta renúncia não significa dizer que as exigências da justiça são ignoradas ou contrariadas, pelo contrário, o amor cristão, que se manifesta de modo especial na misericórdia, representa uma realização superior da justiça”.
A respeito da “Lei do Talião”, Francisco explicou que obrigava a “infligir aos transgressores penas equivalentes aos danos causados: a morte a quem tinha matado, a amputação de quem tinha ferido alguém, e assim por diante”.
"Jesus não pede aos seus discípulos para sofrerem o mal, ao contrário, pede para reagir, porém não causando outro mal, mas com o bem”, pois “somente assim, se quebra a cadeia do mal, um mal causa outro mal. Quebra-se esta cadeira do mal e mudam-se realmente as coisas”.
O bispo de Roma explicou que o mal é um “vazio, um vazio do bem, e um vazio não pode ser preenchido com outro vazio, mas somente com um cheio, ou seja, com o bem. A retaliação nunca leva à resolução de conflitos”, acrescentou.
Acidigital

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Dos Tratados sobre a Primeira Carta de São João, de Santo Agostinho, bispo

(Tract.4,6: PL 35,2008-2009)                (Séc.V)

Tende para Deus o desejo do coração
O que nos foi prometido? Seremos semelhantes a ele porque nós o veremos como é. A língua o disse como pôde. O coração imagine o restante.O que pôde dizer, até mesmo João, em comparação daquele que é? O que poderíamos nós dizer, homens tão longe do valor do próprio João?
Recorramos por isso, para sua unção, para aquela unção que ensina no íntimo o que não conseguimos falar. Já que não podeis ver agora, prenda-vos o desejo. A vida inteira do bom cristão é desejo santo. Aquilo que desejas, ainda não o vês. Mas, desejando, adquires a capacidade de ser saciado ao chegar a visão.
Se queres, por exemplo, encher um recipiente e sabes ser muito o que tens a derramar, alargas o bojo seja da bolsa, do odre, ou de outra coisa qualquer. Sabes a quantidade que ali porás e vês ser apertado o bojo. Se o alargares ele ficará com maior capacidade.
Deste mesmo modo Deus, com o adiar, amplia o desejo. Por desejar, alarga-se o espírito. Alargando-se, torna-se capaz. Desejemos pois, irmãos, porque havemos de ser saciados.
Vede Paulo como alarga o coração, para poder conter o que vem depois: Não que já tenha recebido ou já seja perfeito; irmãos, não julgo ter conseguido o prêmio.
Que fazes então nesta vida, se ainda não conseguiste? Uma coisa só, esquecido do que ficou para trás, lanço-me para a frente, para a meta, corro para a palma da vocação suprema. Diz lançar-se e correr para a meta. Sentia-se incapaz de captar o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem subiu ao coração do homem.
É esta a nossa vida: exercitamo-nos pelo desejo. O santo desejo nos exercita, na medida em que cortamos nosso desejo do amor do mundo. Já falamos algumas vezes do vazio que deve ser cheio. Vais ficar repleto de bem, esvazia-te do mal.
Imagina que Deus te quer encher de mel. Se estás cheio de vinagre, onde pôr o mel? É preciso jogar fora o conteúdo do jarro e limpá-lo, ainda que com esforço, esfregando-o, para servir a outro fim. 
Digamos mel, digamos ouro, digamos vinho, digamos tudo quanto dissermos e quanto quisermos dizer, há uma realidade indizível: chama-se Deus. Dizendo Deus, o que dissemos? Esta única sílaba é toda a nossa expectativa. Tudo o que conseguimos dizer, fica sempre aquém da realidade. Dilatemo-nos para ele, e ele, quando vier, encher-nos- á. Seremos semelhantes a ele; porque o veremos como é.

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Ambrósio, bispo


(Ps.36,65-66: CSEL64,123-125)                (Séc.IV)

Abre tua boca à palavra de Deus
Esteja sempre em nosso coração e em nossos lábios a meditação da sabedoria! Proclame
a tua língua o direito, e a lei de Deus more em teu coração. Assim te diz a Escritura:
Falarás sobre eles assentado em casa, andando pelos caminhos, dormindo, levantando-
te. Falemos do Senhor Jesus, porque ele é a sabedoria e a palavra, pois é o Verbo de
Deus.
Também está escrito: Abre tua boca à palavra de Deus. Exala-a quem faz ressoar seus
ditos e medita suas palavras. Dele falemos sempre. Falamos sobre a sabedoria, é ele!
Falamos da virtude: é ele! Falamos de justiça, ainda é ele! Falamos de paz, é ele
também! Falamos sobre a verdade, a vida, a redenção, sempre ele!
Está escrito: Abre tua boca à palavra de Deus. Abre tu, ele fala. Por esta razão, diz
Davi: Ouvirei o que falará em mim o Senhor, e o próprio Filho de Deus: Abre tua boca,
eu a encherei. Nem todos, porém, como Salomão, podem alcançar a perfeição da
sabedoria. Nem todos, como Daniel. Em todos, no entanto, segundo suas possibilidades
se infunde o espírito da sabedoria, em todos os que são fiéis. Se crês, tens o espírito da
sabedoria. Por isso medita sempre, fala das realidades de Deus, sentado em casa.
Dizendo “casa”, podemos entender a Igreja; ou “casa”, o mais íntimo em nós, onde
falamos dentro de nós. Fala com prudência, para te livrares do pecado, não caias por
falar demais. Assentado, fala contigo mesmo como um juiz. Fala em caminho, não
fiques à toa nunca. Falas no caminho, se em Cristo falas, Cristo é o caminho. No
caminho fala a ti, fala a Cristo. Escuta de que modo lhe falarás: Quero que os homens
orem em todo lugar, levantando mãos puras, sem cólera nem disputas. Fala, ó homem,
dormindo, e que não te surpreenda o sono da morte. Ouve como falarás dormindo: Não
entregarei ao sono meus olhos e minhas pálpebras à sonolência, enquanto não
encontrar um lugar para o Senhor, uma tenda para o Deus de Jacó.

Quando te ergues ou te reergues fala-lhe para cumprir o que te foi ordenado. Ouve como
Cristo te desperta. Tua alma diz: A voz de meu irmão faz-me ouvir à porta e Cristo diz:
Abre-me, minha irmã esposa. Escuta como despertas a Cristo. Diz a alma: Eu vos
conjuro, filhas de Jerusalém, a despertar e ressuscitar a caridade. A caridade é Cristo.
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Do Comentário sobre o Livro dos Provérbios, de Procópio de Gaza, bispo

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Do Comentário sobre o Livro dos Provérbios, de Procópio de Gaza, bispo

(Cap.9:PG 87-1,1299-1303)                 (Séc.VI)
A Sabedoria de Deus misturou o vinho e pôs a mesa para nós
A Sabedoria construiu para si uma casa. O poder por si subsistente de nosso Deus e Pai preparou para si próprio uma casa: o universo onde ele habita por sua virtude. No universo colocou também o homem que ele criou à sua imagem e semelhança, composto de natureza visível e invisível.
Ergueu, então, sete colunas. O Espírito Santo deu os seus sete dons ao homem depois de criado e conformado a Cristo, para que cresse em Cristo e observasse seus mandamentos. Por estes dons, o homem espiritual chega à perfeição e se fortalece, pelo enraizamento na fé, na participação da vida sobrenatural. Sua fortaleza é dinamizada pela ciência, enquanto que sua ciência se manifesta pela fortaleza.
Assim, a natural nobreza do espírito humano é elevada pelo dom da fortaleza, e predisposta a procurar com fervor e a desejar inteiramente as vontades divinas, pelas quais tudo foi criado. Pelo dom do conselho, torna-se capaz de distinguir, entre o que é falso e as santíssimas vontades de Deus, incriadas e imortais. Deste modo tornamo-nos capazes de as meditar, ensinar e cumprir. Pelo dom da prudência, enfim, somos levados a aprovar e aceitar estas mesmas vontades e não outras. Estas três virtudes exaltam o natural esplendor do espírito.
Misturou em sua taça o vinho e preparou a mesa. Neste homem, em quem, como em uma taça, mesclam-se a natureza espiritual e a corpórea, Deus uniu à ciência das coisas o conhecimento dele próprio como o criador de tudo. Este dom da inteligência, tal qual o vinho, faz o homem embriagar-se de tudo quanto se refere a Deus. Sendo assim, graças a ele,que é o pão celeste, nutrindo as almas pela virtude e inebriando e deleitando pela doutrina, a Sabedoria dispõe tudo como as iguarias do celeste banquete para os que dele desejam participar.
Enviou os seus servos, chamando-os em alta voz à sua mesa, dizendo. Enviou os apóstolos, a serviço de sua divina vontade na proclamação do Evangelho, que provindo do Espírito está acima de toda a lei, quer escrita, quer natural, a fim de chamar todos a si. Nele próprio, como numa taça, mediante o mistério da encarnação, fez-se a mistura admirável das naturezas divina e humana, de maneira pessoal, isto é hipostática, sem confusão. Enfim, pelos apóstolos ele proclama: Quem é insensato, venha a mim. Quem é insensato, porque julga em seu coração que Deus não existe, abandone a impiedade, venha a mim pela fé, e saiba que sou eu o criador de tudo e Senhor.
Aos carentes de sabedoria ele diz: Vinde, comei comigo o meu pão e bebei o vinho que misturei para vós. Tanto àqueles que não têm obras da fé quanto aos mais perfeitos em sua doutrina ele chama: “Vinde, comei o meu corpo que à semelhança do pão dos fortes vos nutre; e bebei o meu sangue, que como vinho de doutrina celeste vos deleita e conduz à deificação; pois de modo admirável misturei o sangue à divindade para vossa salvação”.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Da Vida eslava de Constantino

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 Cirilo e Metódio - os fundadores do alfabeto russo - lingua da Rússia (RUSSOBRAS)

Cirilo, natural de Tessalônica, recebeu uma excelente formação em Constantinopla. Juntamente com seu irmão, Metódio, dirigiu-se para a Morávia, a fim de pregar a fé católica. Ambos compuseram os textos litúrgicos em língua eslava, escritos em letras que depois se chamaram “cirílicas”. Chamados a Roma, ali morreu Cirilo, a 14 de fevereiro de 869. Metódio foi então ordenado bispo e partiu para a Panônia, onde exerceu intensa atividade evangelizadora. Muito sofreu por causa de pessoas invejosas, mas sempre contou com o apoio dos Pontífices Romanos. Morreu no dia 6 de abril de 885 em Velehrad (República Tcheca). O Papa João Paulo II proclamou-os patronos da Europa junto com São Bento.
(Cap.18: Denkschriften der kaiserl. Akademie der Wissenschaften, 19, Wien 1970, p. 246)

Fazei crescer a vossa Igreja e a todos reuni na unidade
Constantino Cirilo, fatigado por muitos trabalhos, caiu doente; e quando já havia muitos dias que suportava a enfermidade, teve uma visão de Deus e começou a cantar: “O meu espírito alegrou-se e o meu coração exultou, quando me disseram: Vamos para a casa do Senhor”.
Depois de ter revestido as vestes de cerimônia, assim permaneceu todo aquele dia, cheio de alegria e dizendo: “A partir de agora, já não sou servo nem do imperador nem de homem algum na terra, mas unicamente do Deus todo-poderoso. Eu não existia, mas agora existo e existirei para sempre. Amém”. No dia seguinte, vestiu o santo hábito monástico e, acrescentando luz à luz, impôs-se o nome de Cirilo. E assim permaneceu durante cinquenta dias.
Chegada a hora de encontrar repouso e de emigrar para as moradas eternas, erguendo as mãos para Deus, orava com lágrimas: “Senhor meu Deus, que criastes todos os anjos e os espíritos incorpóreos, estendestes o céu, fixastes a terra e formastes do nada todas as coisas que existem; vós que sempre ouvis aqueles que fazem vossa vontade, vos temem e observam vossos preceitos, atendei a minha oração e conservai na fidelidade o vosso rebanho, a cuja frente me colocastes, apesar de incompetente e indigno servo.
Livrai-o da malícia ímpia e pagã dos que blasfemam contra vós; fazei crescer a vossa Igreja e a todos reuni na unidade. Tornai o povo perfeito, concorde na verdadeira fé e no reto testemunho; inspirai aos seus corações a palavra da vossa doutrina; porque é dom que vem de vós ter-nos escolhido para pregar o Evangelho de vosso Cristo, encorajando-nos a praticar as boas obras e a fazer o que é de vosso agrado. Aqueles que me destes, a vós entrego, porque são vossos; governai-os com vossa mão poderosa e protegei-os à sombra de vossas asas, para que todos louvem e glorifiquem o vosso nome, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém”.
Depois de ter beijado a todos com o ósculo santo, disse: “Bendito seja Deus que não nos entregou como presa aos dentes de nossos invisíveis adversários, mas rompeu suas armadilhas e nos libertou do mal que tramavam contra nós”. E assim adormeceu no Senhor, com quarenta e dois anos de idade.
O Sumo Pontífice ordenou que todos os gregos que estavam em Roma, juntamente com os romanos, se reunissem junto de seu corpo com velas acesas e cantando; e que suas exéquias fossem celebradas do mesmo modo como se celebram as do próprio Papa. E assim foi feito.
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domingo, 12 de fevereiro de 2017

Do Comentário sobre o Diatéssaron, de Santo Efrém, diácono

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(1,18-19:SCh 121,52-53)       (Séc.IV)

A Palavra de Deus, fonte inexaurível de vida
Que inteligência poderá penetrar uma só de vossas palavras, Senhor? Como sedentos a beber de uma fonte, ali deixamos sempre mais do que aproveitamos. A palavra de Deus, diante das diversas percepções dos discípulos, oferece múltiplas facetas. O Senhor coloriu com muitos tons sua palavra. Assim, quem quiser conhecê-la, pode nela contemplar aquilo que lhe agrada. Nela escondeu inúmeros tesouros, para que neles se enriqueçam todos os que a eles se aplicarem.
A palavra de Deus é a árvore da vida a oferecer-te por todos os lados o fruto abençoado, à semelhança do rochedo fendido no deserto que, por todo lado, jorrou a bebida espiritual. Comiam, diz o Apóstolo, do alimento espiritual e bebiam da bebida espiritual.
Se, portanto, alguém alcançar uma parcela desse tesouro, não pense que este seja o único conteúdo desta palavra, mas considere que encontrou apenas uma porção do muito nela contido. Se só esta parcela esteve a seu alcance, não diga que essa palavra seja pobre e estéril, nem a despreze. Pelo contrário, visto que não pode abraçá-la totalmente, dê graças por sua riqueza. Alegra-te por seres vencido, não te entristeças por te ultrapassar. O sedento enche-se de gozo ao beber e não se aborrece por não poder esgotar a fonte. Vença a fonte a tua sede, mas não vença a tua sede a fonte. Pois, se tua sede se sacia sem que a fonte se esgote, quando estiveres novamente sedento, dela poderás beber. Se, porém, saciada tua sede também se secasse a fonte, tua vitória redundaria em mal.
Dá graças, então, pelo que recebeste. Pelo que ainda restou e transbordou não te entristeças. Aquilo que recebeste e a que chegaste é a tua parte. O que sobrou é tua herança. Se, por fraqueza tua, em uma hora não consegues entender, em outras horas, se perseverares, poderás recebê-lo. Não te esforces, com maligna intenção, por beber de um só trago aquilo que não pode ser tomado de uma vez. Não desistas, por indolência, de tomá-lo aos poucos.
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A dignidade humana é inviolável desde a concepção até o último suspiro, diz o Papa

Photo published for Papa Francisco: Acolher e proteger a vida desde a concepção até a morte natural


VATICANO, 10 Fev. 17 / 05:00 pm (ACI).- “Em primeiro lugar está a dignidade inviolável de cada pessoa humana, desde o momento da concepção até o seu último suspiro”, afirmou o Papa Francisco na manhã de hoje, no Vaticano, durante a audiência aos participantes no encontro da Comissão Caridade e Saúde da Conferência Episcopal Italiana.
Na Sala Clementina do Palácio Apostólico do Vaticano, o Santo Padre advertiu contra a cultura do descarte, “que penaliza os mais fracos”, e pediu que se coloque no centro dos cuidados de saúde aos doentes e não os deixe em segundo plano.
O Pontífice elogiou o trabalho de muitos profissionais de saúde, “que com as suas mãos tocam todos os dias na carne de Cristo que sofre, e isso é uma grande honra e uma grande responsabilidade”.
Também se referiu aos voluntários “que, com generosidade e competência, tudo fazem para aliviar e humanizar os longos e difíceis dias de tantos doentes e idosos solitários, sobretudo os pobres e indigentes”.
O Papa indicou que vivemos em um tempo marcado por “fortes mudanças sociais e culturais e, atualmente, podemos constatar uma situação de luzes e sombras”.
Em relação às luzes, reconheceu que, “certamente, a pesquisa científica registrou avanços  e estamos agradecidos pelos preciosos resultados obtidos para curar, se não mesmo derrotar, algumas patologias”.
Nesse sentido, expressou confiança de que “esse mesmo empenho seja assegurado para as doenças raras e esquecidas, às quais nem sempre é dada a devida atenção, com o risco de dar lugar a novos sofrimentos”.
Entretanto, “juntamente com as luzes existem algumas sombras que ameaçam prejudicar o sofrimento dos nossos irmãos e irmãs doentes”, advertiu.
Nesse sentido, assinalou que “o setor no qual a cultura do descarte evidencia as suas consequências dolorosas é, precisamente, o da saúde. Quando a pessoa doente não é colocada no centro e considerada na sua dignidade, geram-se atitudes que podem levar até mesmo a especular sobre as desgraças dos outros. E isto é muito grave!”.
Para prevenir que essa cultura do descarte arraste os que sofrem, pediu para “permanecer vigilantes, sobretudo quando os pacientes são idosos com uma saúde muito comprometida, se estão a sofrer de doenças graves e onerosas”.
Além disso, advertiu contra a mercantilização da atenção da saúde, “o modelo que converte o serviço de saúde em um negócio, se é adotado de forma indiscriminada, em vez de otimizar os recursos disponíveis, acaba produzindo descartes humanos. Otimizar recursos significa usá-los de forma ética e solidária e não penalizar os mais frágeis”.
“A pobreza crescente no campo da saúde entre as camadas desfavorecidas da população, devido à dificuldade de acesso aos tratamentos, não deixe ninguém indiferente e se multipliquem os esforços de todos para que os direitos dos vulneráveis sejam tutelados”, sublinhou.
Acidigital

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Das Homilias sobre o Gênesis, de Orígenes, presbítero

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(Hom. 8,6.8.9: PG 12,206-209)           (Séc.III)

O sacrifício de Abraão
Abraão tomou a lenha do sacrifício e colocou-a sobre os ombros de seu filho Isaac. Tomou na mão o fogo e o cutelo, e foram ambos juntos. Ora, Isaac, carregando a lenha para o próprio holocausto, é uma figura de Cristo carregando sua cruz. No entanto levar a lenha para o holocausto é ofício de sacerdote. Torna-se então ele mesmo a vítima e o sacerdote. O que se segue: e foram ambos juntos refere-se a essa realidade, porque Abraão, como sacrificador, leva o fogo e o cutelo; mas Isaac não vai atrás e sim a seu lado, para que se veja que, juntamente com ele, exerce igual sacerdócio.
E depois? Disse Isaac a seu pai Abraão: Pai! Neste momento, uma palavra assim parece uma tentação. Como terá abalado o coração paterno esta palavra do filho que ia ser imolado! Mesmo endurecido pela fé, Abraão responde com voz branda: Que queres, filho? E ele: Vejo o fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto? Abraão respondeu: Deus providenciará uma ovelha para o holocausto, meu filho.
Impressiona-me a resposta cuidadosa e prudente de Abraão. Não sei o que via em espírito, pois responde olhando para o futuro e não para o presente: Deus mesmo providenciará uma ovelha. Assim fala do futuro ao filho que indaga pelo presente. O Senhor providenciava para si um cordeiro em Cristo.
Abraão estendeu a mão para pegar a faca e imolar o filho. O anjo do Senhor chamou-o do céu, dizendo: Abraão, Abraão. Respondeu ele: Eis-me aqui. Tornou o anjo: Não toques no menino nem lhe faças nenhum mal. Agora sei que temes a Deus.
Comparemos estas palavras com as do Apóstolo a respeito de Deus: Ele não poupou seu Filho, mas entregou-o por todos nós. Vede Deus rivalizando com os homens em magnífica generosidade. Abraão, mortal, ofereceu a Deus o filho mortal, que não morreria então. Deus entregou à morte por todos o Filho imortal.
Olhando Abraão para trás, viu um carneiro preso pelos chifres entre os espinhos. Dissemos acima, creio, que Isaac figurava Cristo e, no entanto, também o carneiro parece figurar Cristo. É muito importante ver como ambos se relacionam a Cristo: Isaac que não foi morto e o carneiro que o foi. Cristo é o Verbo de Deus, mas o Verbo se fez carne.
Padece, portanto, Cristo, mas, na carne; morre enquanto homem do qual o carneiro é figura; já dizia João: Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. O Verbo, porém, permanece incorrupto, isto é, Cristo segundo o espírito; a imagem deste é Isaac. Por isto ele é vítima e também pontífice segundo o espírito. Pois aquele que oferece a vítima ao Pai, segundo a carne, este mesmo é oferecido no altar da cruz.
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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Angelus: ser luz e sal contra os germes poluidores do egoísmo

Papa reza o Angelus com os fiéis na Praça S. Pedro - ANSA
Cidade do Vaticano (RV) – Na oração do Angelus na Praça S. Pedro (05/02), o Papa falou aos fiéis das metáforas do sal e da luz propostas pelo Evangelho de Mateus neste V Domingo do Tempo Comum.
“As palavras de Jesus são endereçadas aos discípulos de todos os tempos, portanto também a nós”, comentou Francisco. Ele nos convida a ser um reflexo da sua luz, através do testemunho das boas obras. De fato, é, sobretudo, o nosso comportamento que – no bem e no mal – deixa um sinal nos outros. A luz da fé não é nossa propriedade, mas somos chamados a fazê-la resplandecer no mundo mediante as boas obras, não as palavras. “E quanta necessidade o mundo tem da luz do Evangelho que transforma, cura e garante a salvação a quem o acolhe!”, afirmou o Papa.
Já o sal é um elemento que, enquanto dá sabor, preserva o alimento da alteração e da deterioração – “na época de Jesus não tinha geladeira!”, brincou Francisco.
Portanto, a missão dos cristãos na sociedade é a dar “sabor” à vida com a fé e o amor que Cristo nos doou e, ao mesmo tempo, "manter distantes os germes poluidores do egoísmo, da inveja, da maledicência e assim por diante. Esses germes corrompem o tecido das nossas comunidades, que devem ao invés brilhar como locais de acolhimento, de solidariedade e de reconciliação".
Para realizar esta missão, acrescentou, "é preciso que nós por primeiro sejamos libertados da degeneração corruptora das influências mundanas, contrárias  a Cristo e ao Evangelho; e esta purificação jamais acaba, deve ser feita continuamente. Deve ser feita todos os dias!".
O Papa concluiu: “Cada um de nós é chamado a ser luz e sal no próprio ambiente de vida cotidiana. Que a nossa Mãe nos ajude a deixar-nos sempre purificar e iluminar pelo Senhor, para nos tornar ‘sal da terra’ e ‘luz do mundo’".

Rádio Vaticano

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF