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domingo, 5 de março de 2017

1° Domingo da Quaresma: Tempo de Conversão

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+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília 
Ao receber as cinzas, no início desta Quaresma, nós acolhemos a Palavra de Jesus, repetida a cada ano pela Igreja, chamando-nos à conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Esta Palavra continuará a ecoar ao longo deste tempo litúrgico, preparando-nos para a Páscoa do Senhor. A atitude de conversão deve ser vivida através da oração, da penitência e da caridade. Por isso, a cor litúrgica roxa utilizada na Quaresma é sinal e recordação da penitência que não pode faltar no processo de conversão. O esforço de superação do pecado, sustentado pela graça de Deus, comporta sempre renúncias e sacrifícios. Na liturgia dominical, uma verdadeira catequese quaresmal, proposta pela Igreja, nos conduz à renovação da vida batismal, na Páscoa.  
O Evangelho proclamado nos fala das tentações de Jesus no deserto, segundo a narrativa de Mateus (Mt 4,1-11), fazendo-nos pensar nas tentações encontradas no mundo de hoje, dentre elas: o acúmulo de bens e o consumismo (ter), a  vanglória humana e a fama social (aparecer), e o domínio sobre os outros (poder). Contudo, o Evangelho pretende, acima de tudo, nos transmitir a certeza da vitória de Cristo e daqueles que, unidos a Cristo, lutam para vencer as tentações. Conforme o livro do Gênesis, o homem e a mulher caíram na tentação de não cumprir a Palavra de Deus, acarretando a condenação e a morte. Entretanto, por meio do homem novo, Jesus Cristo, que permaneceu na obediência ao Pai, nós recebemos “a justificação que dá a vida” (Rm 5,19).
Na Quaresma, uma das principais expressões de vivência do amor fraterno é a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja no Brasil. A Campanha da Fraternidade está intimamente associada à Quaresma, embora deva ser vivida além dela. Trata-se de um exercício intenso de conversão e de amor fraterno. Neste ano, o tema da Campanha é: Fraternidade, biomas brasileiros e defesa da vida. Nós refletimos sobre ele, à luz da fé, com o lema Cultivar e guardar a criação (Gn 2,15). A encíclica do Papa Francisco denominada Laudato Si, sobre “o cuidado da casa comum”, continua a motivar a vivência da Campanha da Fraternidade. Conforme explica o texto-base desta Campanha, “um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua; cujo clima é mais ou menos uniforme”. A Igreja nos chama a atenção para a importância do tema, que necessita ser mais conhecido e refletido, propondo ações para o cuidado e a preservação da vida nos biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Em nossa região, procuremos preservar a nossa preciosa “casa comum”, que é o cerrado!

Folheto: O Povo de Deus - Arquidiocese de Brasília

sábado, 4 de março de 2017

Papa Francisco propõe a “bússola do cristão” para a Quaresma

Foto: L’Osservatore Romano
VATICANO, 02 Mar. 17 / 09:50 am (ACI).- Na homilia da Missa celebrada nesta quinta-feira na Casa Santa Marta no Vaticano, o Papa Francisco destacou três realidades que devem fazer com que os fiéis vivam a Quaresma de maneira cristã: a realidade do homem, a realidade de Deus e a realidade do caminho.
Estas três realidades, disse, constituem “a bússola do cristão” durante este tempo de conversão.
O Papa explicou que a realidade do homem é a capacidade de escolher entre o bem e o mal. “Deus nos criou livres. A escolha é nossa”. Apesar disso, “Deus não nos deixa sozinhos”, pois indica o caminho correto por meio dos Mandamentos.
A segunda realidade, a de Deus, é que Ele se fez homem para salvar todos: “A realidade de Deus é Deus que se fez Cristo, por nós. Para nos salvar. Quando nos distanciamos dessa realidade e nos distanciamos da Cruz de Cristo, da verdade das chagas do Senhor, nos distanciamos também do amor, da caridade de Deus, da salvação e caminhamos numa estrada ideológica de Deus, distante do Deus que veio até nós para nos salvar, do Deus que morreu por nós. Esta é a realidade de Deus”.
O Papa contou uma história ocorrida entre um agnóstico e um crente. “O agnóstico de boa vontade perguntava ao fiel: ‘Mas, como é possível! Para mim, o problema é como Cristo é Deus: Não posso entender isso. Como Cristo é Deus?’. E o fiel respondeu: ‘Para mim, isso não é um problema. O problema seria se Deus não tivesse se tornado Cristo’. Está é a realidade de Deus”.
Nesse sentido, assinalou que as obras de misericórdia se sustentam nessa realidade de Deus. “Deus que se fez Cristo, Deus que se fez carne e este é o fundamento das obras de misericórdia. As chagas de nossos irmãos são as chagas de Cristo, são as chagas de Deus, porque Deus se fez Cristo. Esta é a segunda realidade. Não podemos viver a Quaresma sem esta realidade. Devemos nos converter não a um Deus abstrato, mas a um Deus concreto que se fez Cristo”.
Em terceiro lugar está a realidade do caminho. Francisco indicou que “a realidade do caminho é a de Cristo: seguir Cristo, fazer a vontade do Pai e como Ele pegar as cruzes de cada dia e renegar a si mesmo para seguir Cristo. Não fazer o que eu quero, mas o que Jesus quer. Seguir Jesus”.
“Ele fala que nessa estrada nós perdemos a vida para ganhá-la depois. É perder a vida continuamente, deixar de fazer o que eu quero, perder as comodidades, estar sempre na estrada de Jesus que estava a serviço dos outros, e adorar Deus. Esta é a estrada certa”.
“O único caminho seguro é seguir Cristo crucificado, escândalo da Cruz”, concluiu.
Acidigital


sexta-feira, 3 de março de 2017

Das Homílias do Pseudo-Crisóstomo

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(Supp., Hom. 6 de precatione: PG 64,462-466)             (Séc. IV)


A oração é a luz da alma
A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem inter­rupção.
Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas - como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo - é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, temperadas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.
A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.
A oração é venerável mensageira que nos leva à presen­ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8,26).
Semelhante oração, quando o Senhor a concede a alguém, é uma riqueza que não lhe pode ser tirada e um alimento celeste que sacia a alma. Quem a experimentou inflama-se do desejo eterno de Deus, como que de um fogo devorador quê abrasa o coração.
Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.
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quarta-feira, 1 de março de 2017

Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, papa

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(Cap. 7,4-8,3; 8,5-9,1; 13,1-4; 19,2: Funk 1,71-73.77-79.87)           (Sec. I)


Fazei penitência
Fixemos atentamente o olhar no sangue de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de Deus, seu Pai, esse sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência.
Percorramos todas as épocas do mundo e verificaremos que em cada geração o Senhor concedeu o tempo favorável da penitência a todos os que a ele quiseram converter-se. Noé proclamou a penitência, e todos que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou a ruína aos ninivitas, mas eles, fazendo penitência de seus pecados, reconciliaram-se com Deus por suas súplicas e alcançaram a salvação, apesar de não pertencerem ao povo de Deus.
Inspirados pelo Espírito Santo, os ministros da graça de Deus pregaram a penitência. O próprio Senhor de todas as coisas também falou da penitência, com juramento: Pela minha vida, diz o Senhor, não quero a morte do pecador, mas que mude de conduta (cf. Ez 33,11); e acrescentou esta sentença cheia de bondade: Deixa de praticar o mal, ó Casa de Israel! Dize aos filhos do meu povo: "Ainda que vossos pecados subam da terra até o céu, ainda que sejam mais vermelhos que o escarlate e mais negros que o cilício, se voltardes para mim de todo o coração e disserdes: 'Pai', eu vos tratarei como um povo santo e ouvirei as vossas súplicas” (cf. Is 1,18; 63,16; 64,7; Jr 3,4; 31,9).
Querendo levar à penitência todos aqueles que amava, o Senhor confirmou esta sentença com sua vontade todo-poderosa.
Obedeçamos, portanto, à sua excelsa e gloriosa vontade. Imploremos humildemente sua misericórdia e benignidade. Convertamo-nos sinceramente ao seu amor. Abandonemos as obras más, a discórdia e a inveja que conduzem à morte.
Sejamos humildes de coração, irmãos, evitando toda espécie de vaidade, soberba, insensatez e cólera, para cumprirmos o que está escrito. Pois diz o Espírito Santo: Não se orgulhe o sábio em sua sabedoria, nem o forte com sua força, nem o rico em sua riqueza; mas quem se gloria, glorie-se no Senhor, procurando-o e praticando o direito e justiça (cf. Jr 9,22-23; ICor 1,31).
Antes de mais nada, lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus, quando exortava à benevolência e à longanimidade: Sede misericordiosos, e alcançareis misericórdia; perdoai, e sereis perdoados; como tratardes o próximo, do mesmo modo sereis tratados; dai, e vos será dado; não julgueis, e não sereis julgados; fazei o bem, e ele também vos será feito; com a medida com que medirdes, vos será medido (cf. Mt 5,7; 6,14; 7,1.2).
Observemos fielmente este preceito e estes mandamen­tos, a fim de nos conduzirmos sempre, com toda humildade, na obediência às suas santas palavras. Pois eis o que diz o texto sagrado: Para quem hei de olhar, senão para o manso e humilde, que treme ao ouvir minhas palavras ? (cf. Is 66,2).
Tendo assim participado de muitas, grandes e gloriosas ações, corramos novamente para a meta que nos foi proposta desde o início: a paz. Fixemos atentamente nosso olhar no Pai e Criador do universo e desejemos com todo ardor seus dons de paz e seus magníficos e incomparáveis benefícios.
www.liturgiadashoras.org

"A Palavra é um dom. O outro é um dom.

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Cidade do Vaticano (RV) - "A Palavra é um dom. O outro é um dom." Este é o título da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2017. Leia a seguir trechos da Mensagem do Papa Francisco.

Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor.(...)
A Quaresma é o momento favorável para intensificarmos a vida espiritual através dos meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo. Aqui queria deter-me, em particular, na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31).(...)
O outro é um dom
A parábola inicia com a apresentação dos dois personagens principais, mas quem aparece descrito de forma mais detalhada é o pobre.(...) A cena revela-se ainda mais dramática, quando se considera que o pobre se chama Lázaro, um nome muito promissor pois significa, literalmente, «Deus ajuda».(...)
Lázaro ensina-nos que o outro é um dom... O primeiro convite que nos faz esta parábola é o de abrir a porta do nosso coração ao outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre desconhecido. A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo... A Palavra de Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil...
 O pecado cega-nos
 A parábola põe em evidência, sem piedade, as contradições em que vive o rico (cf. v. 19). Este personagem, ao contrário do pobre Lázaro, não tem um nome, é qualificado apenas como «rico»... Assim, a riqueza deste homem é excessiva, inclusive porque exibida habitualmente: «Fazia todos os dias esplêndidos banquetes» (v. 19). Entrevê-se nele, dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: o amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf. Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).
O apóstolo Paulo diz que «a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro» (1 Tm 6, 10). Esta é o motivo principal da corrupção e uma fonte de invejas, contendas e suspeitas... Depois, a parábola mostra-nos que a ganância do rico fá-lo vaidoso... O degrau mais baixo desta deterioração moral é a soberba... Olhando para esta figura, compreende-se por que motivo o Evangelho é tão claro ao condenar o amor ao dinheiro: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24).
A Palavra é um dom
O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se aproxima. A liturgia de Quarta-Feira de Cinzas convida-nos a viver uma experiência semelhante à que faz de forma tão dramática o rico. Quando impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar»...
Mas a parábola continua, apresentando uma mensagem para todos os cristãos... o verdadeiro problema do rico: a raiz dos seus males é não dar ouvidos à Palavra de Deus; isto levou-o a deixar de amar a Deus e, consequentemente, a desprezar o próximo. A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão.
Amados irmãos e irmãs, a Quaresma é o tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo vivo na sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo... Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual... Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.
Papa Francisco
Vaticano, 18 de outubro de 2016.

Rádio Vaticano

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Ester é coroada como rainha

Ester é coroada como rainha.jpg
Redação (Sexta-feira, 24-02-2017, Gaudium Press) A grande maioria dos exilados hebreus procedentes de Judá se estabeleceram na Babilônia. Entretanto, certo número deles fixaram suas moradas em outras cidades do vasto império medo-persa, entre as quais Susa, onde vivia a israelita Ester, que se tornou esposa do Rei Xerxes e exerceu um heroico papel em defesa de seu povo e, portanto, da verdadeira Religião.
Guerras médicas

Xerxes, que no Livro de Ester (cf. 1, 1) é chamado Assuero, reinou de 485 a 465 a. C. Era neto de Ciro, o Grande, e seu império abrangia desde a Índia até a Etiópia, contendo 127 províncias.
Para termos ideia do paganismo de Assuero, narra a História que certa vez ele mandou construir uma ponte de navios, no estreito de Dardanelos - que liga o Mar Egeu ao Mar de Mármara -, para a passagem de seus batalhões. Entretanto, uma tempestade arrastou a ponte; furioso, Assuero condenou à morte o construtor e mandou que o mar fosse chicoteado...
Seu pai Dario quis também conquistar a Grécia. Mas quatro cidades gregas, entre as quais Atenas e Esparta, resolveram resistir, dando assim origem às guerras médicas, assim denominadas porque um dos contendores eram os medos.

A desproporção de forças era tremenda, mas os gregos, apesar de seu pequeno número, acabaram vencendo. Dario sofreu uma derrota na batalha de Maratona; Assuero continuou a guerra e conseguiu chegar até Atenas, onde destruiu monumentos da Acrópole. Mas sua frota foi destroçada pelo grego Temístocles, na batalha de Salamina, em 480 a. C. Assuero, "que assistira à batalha do alto da costa, sentado em um trono, voltou à Ásia". Vencendo os medo-persas, os gregos passaram a ter importante papel na História Universal.
Tendo em vista esse fundo de quadro, passaremos a recordar a vida da Rainha Ester.
Deposição da Rainha Vasti
Pouco antes da derrota de Salamina, Assuero, querendo mostrar "as riquezas da glória do seu reino, e o esplendor e a magnificência da sua grandeza" (Est 1, 4), ofereceu em Susa um grande banquete aos príncipes, nobres, prefeitos de províncias e pessoas de destaque entre os medos e persas, o qual durou 180 dias. O historiador grego Heródoto, contemporâneo de Assuero, faz descrições dos costumes dos persas que indicam analogia marcante com a narração da Bíblia.
Depois promoveu outro festim nos jardins do palácio real para todo o povo que se encontrava em Susa, o qual teve a duração de sete dias.
Por toda parte havia cortinas de linho e musselina, divãs de ouro e de prata, esmeraldas e outras pedras incrustadas nos pavimentos; os convidados bebiam em copos de ouro de formas e tamanhos diferentes (cf. Est 1, 6-7).
Nessa mesma ocasião, a Rainha Vasti - antecessora de Ester - também realizou no palácio real um banquete para as mulheres. Em determinado momento, Assuero ordenou que Vasti se apresentasse no salão principal com o diadema real, pois queria exibir a todos a beleza da rainha. Mas ela recusou-se a comparecer e por isso foi deposta.

Assuero, então, enviou cartas a todas as províncias de seu reino, "recordando que os maridos são os príncipes e chefes em suas casas, e que devem manter submissas as suas mulheres" (Est 1, 22). Aliás, esse princípio - que exprime a ordem natural das coisas - está consignado por São Paulo: "As mulheres sejam [submissas] aos maridos, como ao Senhor. Pois o marido é a cabeça da mulher, como Cristo também é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual Ele é o Salvador. Por outro lado, como a Igreja se submete a Cristo, que as mulheres também se submetam, em tudo, a seus maridos" (Ef 5, 22-24).
Então o Rei mandou que se procurassem moças virgens e formosas, que deveriam ser trazidas ao palácio, para que uma delas fosse escolhida como rainha.
Ester em tudo obedecia a Mardoqueu
Vivia em Susa um destemido israelita chamado Mardoqueu, cujo bisavô fora deportado de Jerusalém com o Rei Jeconias, de Judá.
Tornara-se tutor da jovem Ester, órfã de pai e mãe, e que era extraordinariamente bela. Também ela foi levada ao palácio real, e, instruída por Mardoqueu, não declarara ser judia.
Quando Ester foi apresentada a Assuero, este lhe colocou o diadema real sobre a cabeça e a fez rainha, em lugar de Vasti. E mandou preparar um banquete magnífico para os príncipes e seus servos, em homenagem a Ester.
Mardoqueu, entretanto, permanecia sempre junto à porta do palácio real. E Ester, agora rainha, "continuava a obedecer ao que ele mandasse, como costumava fazer no tempo em que, ainda pequenina, fora por ele adotada" (Est 2, 20).

Certo dia, dois porteiros revoltaram-se e planejaram um atentado contra o Rei. Mardoqueu soube disso e logo avisou Ester, pedindo-lhe que, em nome dele, comunicasse o fato a Assuero. O Rei mandou fazer as investigações e, comprovada a trama criminosa, os dois culpados foram enforcados, e o acontecimento foi consignado no livro dos anais do Rei, destacando-se a fidelidade de Mardoqueu.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada - 104)


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Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo

Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo
(Lib. 10,1,1-2,2;5.7: CCL 27,155.158)            (Séc.V)


Seja eu quem for, sou a ti manifesto, Senhor
            Que eu te conheça, ó conhecedor meu! Que eu também te conheça como sou conhecido! Tu, ó força de minha alma, entra dentro dela, ajusta-a a ti, para a teres e possuíres sem mancha nem ruga. Esta é a minha esperança e por isso falo. Nesta esperança, alegro-me quando sensatamente me alegro. Tudo o mais nesta vida tanto menos merece ser chorado quanto mais é chorado, e tanto mais seria de chorar quanto menos é chorado. Eis que amas a verdade, pois quem a faz, chega-se à luz. Quero fazê-la no meu coração, diante de ti, em confissão, com minha pena, diante de muitas testemunhas.
            A ti, Senhor, a cujos olhos está a nu o abismo da consciência humana, que haveria de oculto em mim, mesmo que não quisesse confessá-lo a ti? Eu te esconderia a mim mesmo, e nunca a mim diante de ti. Agora, porém, quando os meus gemidos testemunham que eu me desagrado de mim mesmo, enquanto tu refulges e agradas, és amado e desejado, que eu me envergonhe de mim mesmo, rejeite-me e te escolha! Nem a ti nem a mim seja eu agradável, anão ser por ti.
            Seja eu quem for, sou a ti manifesto e declarei com que proveito o fiz. Não o faço por palavras e vozes corporais, mas com palavras da alma e clamor do pensamento. A tudo o teu ouvido escuta. Quando sou mau, confessá-lo a ti nada mais é do que não o atribuir a mim. Quando sou bom, confessá-lo a ti nada mais é do que não o atribuir a mim. Porque tu, Senhor, abençoas o justo, antes, porém, o justificas quando ímpio. Na verdade minha confissão, ó meu Deus, faz-se diante de ti em silêncio e não em silêncio porque cala-se o ruído, clama o afeto.
            Tu me julgas, Senhor, porque nenhum dos homens conhece o que há no homem a não ser o espírito do homem que nele está. Há, contudo, no homem algo que nem o próprio espírito do homem, que nele está, conhece. Tu, porém, Senhor, conheces tudo dele, pois tu o fizeste. Eu, na verdade, embora diante de ti me despreze e me considere pó e cinza, conheço algo de ti que ignoro de mim.
            É certo que agora vemos como em espelho e obscuramente, ainda não face a face. Por isto enquanto eu peregrino longe de ti, estou mais presente a mim do que a ti e, no entanto, sei que és totalmente impenetrável, ao passo que ignoro a que tentações posso ou não resistir. Mas aí está a esperança, porque és fiel e não permites sermos tentados acima de nossas forças e dás, com a tentação, a força para suportá-la.
            Confessarei aquilo que de mim conheço, confessarei o que desconheço. Porque o que sei de mim, por tua luz o sei; e o que de mim não sei, continuarei a ignorá-lo até que minhas trevas se mudem em meio-dia diante de tua face.
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Dos Livros “Moralia” sobre Jó, de São Gregório Magno, papa

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São Gregório Magno (liturgiadashoras)
Dos Livros “Moralia” sobre Jó, de São Gregório Magno, papa
(Lib. 3,15-16: PL75,606-608)              (Séc.VI)

Se da mão de Deus recebemos os bens,
por que não suportaremos os males?
         Paulo, considerando em seu íntimo as riquezas da sabedoria e vendo-se externamente um corpo corruptível, exclama: Temos este tesouro em vasos de barro! No santo Jó, o vaso de barro sofre no exterior as rupturas das úlceras. Por dentro, porém, continua íntegro o tesouro. Por fora é ferido de chagas. Por dentro, a perene nascente do tesouro da sabedoria derrama-se em palavras santas: Se da mão de Deus recebemos os bens, por que não suportaremos os males? Para ele, os bens são os dons de Deus, tanto os temporais quanto os eternos, enquanto que os males são os flagelos do momento. Diz o Senhor pelo Profeta: Eu, o Senhor, e não há outro, faço a luz e crio as trevas, produzo a paz e crio os males.
        Faço a luz e crio as trevas: quando, pelos flagelos, são criadas exteriormente as trevas do sofrimento, no íntimo, pela correção, acende-se a luz do espírito. Produzo a paz e crio os males. Voltamos à paz com Deus quando os bens criados, porém, mal desejados, por serem males para nós, se transformam em flagelos. Pela culpa, estamos em discórdia com Deus. Portanto, é justo que, pelos flagelos, retornemos à paz com ele. Quando os bens criados começam a causar-nos sofrimento, o espírito assim castigado procura humildemente a paz com o Criador.
        É preciso considerar com muita atenção, nas palavras de Jó, contra a opinião de sua mulher, a justeza do seu raciocínio. Se recebemos da mão do Senhor os bens, por que não suportaremos os males? Grande conforto na tribulação é, em meio às contrariedades, lembrarmo-nos dos dons concedidos por nosso Criador. E não nos abatemos, em face da dor, se logo nos ocorrer à mente o dom que a reanima. Sobre isto está escrito: Nos dias bons, não te esqueças dos maus, e nos dias maus lembra-te dos bons.
        Quem recebe os bens da vida, mas durante os bons tempos deixa inteiramente de temer os flagelos, cai na soberba através da alegria. Quem é atormentado pelos flagelos e nestes dias maus não se consola com os dons recebidos, perde, com o mais profundo desespero, o equilíbrio do espírito.
        Assim sendo, é necessário unir os dois, de modo que um sempre se apoie no outro: que a lembrança dos bens modere o sofrimento dos flagelos e que a suspeita e o medo dos flagelos estejam a mordiscar a alegria dos bens.
        O santo homem com suas chagas, para aliviar o espírito oprimido em meio às dores dos flagelos, pensa na doçura dos dons: Se recebemos da mão do Senhor os bens, por que não haveremos de suportar os males?

Fonte: www.liturgiadashoras.org

11 coisas que todo católico deve saber sobre a Quarta-feira de Cinzas

REDAÇÃO CENTRAL, 27 Fev. 17 / 08:00 am (ACI).- No próximo dia 1º de março, a Igreja celebra a Quarta-feira de Cinzas, dando início à Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa. Recordamos algumas coisas essenciais que todo católico precisa saber para poder viver intensamente este tempo.

1. O que é a Quarta-feira de Cinzas?
É o primeiro dia da Quaresma, ou seja, dos 40 dias nos quais a Igreja chama os fiéis a se converterem e a se prepararem verdadeiramente para viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo durante a Semana Santa.
A Quarta-feira de Cinzas é uma celebração que está no Missal Romano, o qual explica que no final da Missa, abençoa-se e impõe-se as cinzas obtidas da queima dos ramos usados no Domingo de Ramos do ano anterior.
2. Como nasceu a tradição de impor as cinzas?
A tradição de impor a cinza é da Igreja primitiva. Naquela época, as pessoas colocavam as cinzas na cabeça e se apresentavam ante a comunidade com um “hábito penitencial” para receber o Sacramento da Reconciliação na Quinta-feira Santa.
A Quaresma adquiriu um sentido penitencial para todos os cristãos por volta do ano 400 d.C. e, a partir do século XI, a Igreja de Roma passou a impor as cinzas no início deste tempo.
3. Por que se impõe as cinzas?
A cinza é um símbolo. Sua função está descrita em um importante documento da Igreja, mais precisamente no artigo 125 do Diretório sobre a piedade popular e a liturgia:
“O começo dos quarenta dias de penitência, no Rito romano, caracteriza-se pelo austero símbolo das Cinzas, que caracteriza a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas. Próprio dos antigos ritos nos quais os pecadores convertidos se submetiam à penitência canônica, o gesto de cobrir-se com cinza tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que precisa ser redimida pela misericórdia de Deus. Este não era um gesto puramente exterior, a Igreja o conservou como sinal da atitude do coração penitente que cada batizado é chamado a assumir no itinerário quaresmal. Deve-se ajudar os fiéis, que vão receber as Cinzas, para que aprendam o significado interior que este gesto tem, que abre a cada pessoa a conversão e ao esforço da renovação pascal”.
4. O que simbolizam e o que recordam as cinzas?
A palavra cinza, que provém do latim “cinis”, representa o produto da combustão de algo pelo fogo. Esta adotou desde muito cedo um sentido simbólico de morte, expiração, mas também de humildade e penitência.
A cinza, como sinal de humildade, recorda ao cristão a sua origem e o seu fim: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” (Gn 2,7); “até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3,19).
5. Onde podemos conseguir as cinzas?
Para a cerimônia devem ser queimados os restos dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Estes recebem água benta e logo são aromatizados com incenso.
6. Como se impõe as cinzas?
Este ato acontece durante a Missa, depois da homilia e está permitido que os leigos ajudem o sacerdote. As cinzas são impostas na fronte, em forma de cruz, enquanto o ministro pronuncia as palavras Bíblicas: “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
7. O que devem fazer quando não há sacerdote?
Quando não há sacerdote, a imposição das cinzas pode ser realizada sem Missa, de forma extraordinária. Entretanto, é recomendável que antes do ato participem da liturgia da palavra.
É importante recordar que a bênção das cinzas, como todo sacramental, somente pode ser feita por um sacerdote ou um diácono.
8. Quem pode receber as cinzas?
Qualquer pessoa pode receber este sacramental, inclusive os não católicos. Como explica o Catecismo (1670 ss.), “sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela”.
9. A imposição das cinzas é obrigatória?
A Quarta-feira de Cinzas não é dia de preceito e, portanto, não é obrigatória. Não obstante, nesse dia muitas pessoas costumam participar da Santa Missa, algo que sempre é recomendável.
0. Quanto tempo é necessário permanecer com a cinza na fronte?
Quanto tempo a pessoa quiser. Não existe um tempo determinado.
11. O jejum e a abstinência são necessários?
O jejum e a abstinência são obrigatórios durante a Quarta-feira de Cinzas, como também na Sexta-feira Santa, para as pessoas maiores de 18 e menores de 60 anos. Fora desses limites, é opcional. Nesse dia, os fiéis podem ter uma refeição “principal” uma vez durante o dia.
A abstinência de comer carne é obrigatória a partir dos 14 anos. Todas as sextas-feiras da Quaresma também são de abstinência obrigatória. As sextas-feiras do ano também são dias de abstinência. O gesto, dependendo da determinação da Conferência Episcopal de cada país, pode ser substituído por outro tipo de mortificação ou oferecimento como a oração do terço.
Acidigital

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Dos Livros “Moralia” sobre Jó, de São Gregório Magno, papa

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Homem simples e reto, temente a Deus
Há quem seja simples demais, a ponto de não saber o que é reto. Afasta-se, porém, da pura simplicidade quem não se eleva à virtude da retidão, pois, enquanto não aprende a ser precavido pela retidão, não consegue permanecer na inocência pela simplicidade. Daí a exortação de Paulo aos discípulos: Quero que sejais sábios no bem, simples no mal. E ainda: Não vos façais crianças pelo entendimento, mas sede pequeninos na malícia.
Daí que a mesma Verdade preceitue aos discípulos: Sede prudentes como serpentes e simples como pombas. Ela uniu estas duas coisas indispensáveis na advertência: por um lado a astúcia da serpente previna a simplicidade da pomba e por outro lado a simplicidade da pomba tempere a astúcia da serpente.
Daí não manifestar o Espírito Santo sua presença apenas pela figura da pomba, mas também pela do fogo. Pela figura da pomba mostrou a simplicidade, pela figura do fogo, o zelo. Manifesta-se pela pomba e pelo fogo, porque aqueles que dele estão cheios, guardam a mansidão da simplicidade e, assim, não impedem que se acenda o zelo da retidão contra as culpas dos delinquentes.
Simples e reto, temendo a Deus e afastando-se do mal. Quem deseja chegar à pátria eterna, mantém-se, sem dúvida alguma, simples e reto: simples nas obras e reto na fé; simples nas boas obras que realiza em plano inferior, e reto nas superiores, que sente no íntimo. Existem ainda alguns que não são simples no bem que praticam, buscando não uma retribuição interior, mas o aplauso exterior. Deles bem falou certo sábio: Ai do pecador que entra no país por dois caminhos. Entra por dois caminhos o pecador quando a obra que pratica é de Deus; a sua intenção, porém, é mundana.
Com razão se diz: Temendo a Deus e afastando-se do mal, porque a Santa Igreja dos eleitos começa com temor os caminhos da simplicidade e da retidão e consuma-os na caridade. Afastar-se totalmente do mal é começar a não mais pecar por amor de Deus. De fato, enquanto algum faz o bem por temor, ainda não se afastou completamente do mal, pois peca justamente porque quereria pecar, se o pudesse fazer impunemente.
Por conseguinte, quando se diz que Jó teme a Deus, também se afirma que se afasta do mal. Se o amor segue o temor, é esmagada toda a culpa na consciência pelo firme propósito da vontade.
www.liturgiadashoras.org

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF