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segunda-feira, 20 de março de 2017

Dos Sermões de São Bernardino de Sena, presbítero

Foto: Divulgação

(Sermo 2, de S.Ioseph:Opera7,16.27-30)            (Séc.XV)


Guarda fiel e providente
É esta a regra geral de todas as graças especiais concedidas a qualquer criatura racional: quando a providência divina escolhe alguém para uma graça particular ou estado superior, também dá à pessoa assim escolhida todos os carismas necessários para o exercício de sua missão.
Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai adotivo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da rainha do mundo e senhora dos anjos. Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. E cumpriu com a máxima fidelidade sua missão. Eis por que o Senhor lhe disse:Servo bom e fiel! Vem participar da alegria do teu Senhor! (Mt 25,21).
Consideremos São José diante de toda a Igreja de Cristo: acaso não é ele o homem especialmente escolhido,por quem e sob cuja proteção se realizou a entrada de Cristo no mundo de modo digno e honesto? Se, portanto, toda a santa Igreja tem uma dívida para com a Virgem Mãe, por ter recebido a Cristo por meio dela, assim também, depois dela, deve a São José uma singular graça e reverência.
Ele encerra o Antigo Testamento; nele a dignidade dos patriarcas e dos profetas obtém o fruto prometido. Mas ele foi o único que realmente possuiu aquilo que a bondade divina lhes tinha prometido.
E não duvidemos que a familiaridade, o respeito e a sublimíssima dignidade que Cristo lhe tributou, enquanto procedeu na terra como um filho para com seu pai, certamente também nada disso lhe negou no céu, mas antes, completou e aperfeiçoou. Por isso, não é sem razão que o Senhor lhe declara: Vem participar da alegria do teu Senhor! Embora a alegria da felicidade eterna penetre no coração do homem, o Senhor preferiu dizer: Vem participar da alegria. Quis assim insinuar misteriosamente que a alegria não está só dentro dele, mas o envolve de todos os lados e o absorve e submerge como um abismo sem fim.
Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com vossas orações junto de vosso Filho adotivo; tornai-nos também propícia vossa Esposa, a santíssima Virgem, mãe daquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém.

domingo, 19 de março de 2017

Vida no Seminário R. Mater

Terceiro Domingo da Quaresma

REDAÇÃO CENTRAL, 19 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 19 de março, a Igreja celebra o terceiro Domingo da Quaresma. O Evangelho de hoje corresponde à leitura de João 4,5-15.19b-26.39a.40-42, que traz a passagem da samaritana, a quem o próprio Jesus se mostra como fonte de água viva.

A seguir, leia e reflita o Evangelho deste terceiro domingo da Quaresma:
Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42
Naquele tempo, Jesus chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José. Era aí que ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era por volta de meio-dia. Chegou uma mulher de Samaria para tirar água. Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”.
Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato, os judeus não se dão com os samaritanos.
Respondeu-lhe Jesus: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”.
A mulher disse a Jesus: “Senhor, nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar água viva? Por acaso, és maior que nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu, como também seus filhos e seus animais?”
Respondeu Jesus: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 
Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”.
A mulher disse a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la”. “Senhor, vejo que és um profeta!” Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”.
Disse-lhe Jesus: “Acredita-me, mulher: está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”.
A mulher disse a Jesus: “Sei que o Messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier, vai nos fazer conhecer todas as coisas”. Disse-lhe Jesus: “Sou eu, que estou falando contigo”.
Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus. Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias. E muitos outros creram por causa da sua palavra. E disseram à mulher: “Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo”.
Acidigital

Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo


(Tract.15,10-12.16-17:CCL 36,154-156)            (Séc.V)

Veio uma mulher da Samaria para tirar água
Veio uma mulher. Esta mulher é figura da Igreja, ainda não justificada, mas já a caminho da justificação. É disso que iremos tratar.
A mulher veio sem saber o que ali a esperava; encontrou Jesus, e Jesus dirigiu-lhe a palavra. Vejamos o fato e a razão por que veio uma mulher da Samaria para tirar água (Jo 4,7). Os samaritanos não pertenciam ao povo judeu; não eram do povo escolhido. Faz parte do simbolismo da narração que esta mulher, figura da Igreja, tenha vindo de um povo estrangeiro; porque a Igreja viria dos pagãos, dos que não pertenciam à raça judaica.
Ouçamos, portanto, a nós mesmos nas palavras desta mulher, reconheçamo-nos nela e nela demos graças a Deus por nós. Ela era uma figura, não a realidade; começou por ser figura, e tornou-se realidade. Pois acreditou naquele que queria torná-la uma figura de nós mesmos. Veio para tirar água. Viera simplesmente para tirar água, como costumam fazer os homens e as mulheres.
Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”. Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato os judeus não se dão com os samaritanos (Jo 4,7-9.)
Estais vendo que são estrangeiros. Os judeus de modo algum se serviam dos cântaros dos samaritanos. Como a mulher trazia consigo um cântaro para tirar água, admirou-se que um judeu lhe pedisse de beber, pois os judeus não costumavam fazer isso. Mas aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher.
Escuta agora quem pede de beber. Respondeu-lhe Jesus? “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva (Jo 4,10).
Pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o dom de Deus, diz ele. O dom de Deus é o Espírito Santo. Jesus fala ainda veladamente à mulher, mas pouco a pouco entra em seu coração, e vai lhe ensinando. Que haverá de mais suave e bondoso que esta exortação? Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’,tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva.
Que água lhe daria ele, senão aquela da qual está escrito: Em vós está a fonte da vida? (Sl 35,10). Pois como podem ter sede os que vêm saciar-se na abundância de vossa morada? (Sl 35,9).
O Senhor prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o Espírito Santo. Mas ela ainda não compreendia. E, na sua incompreensão, que respondeu? Disse-lhe então a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la” (Jo 4,15). A necessidade a obrigava a trabalhar, mas sua fraqueza recusava o trabalho. Se ao menos ela tivesse ouvido aquelas palavras: Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e eu vos darei descanso! (Mt 11,28). Jesus dizia-lhe tudo aquilo para que não se cansasse mais; ela, porém, ainda não compreendia.
www.liturgiadashoras.org

3° Domingo da Quaresma: Jesus, Água Viva!


+ Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Brasília

A Quaresma tem sido, desde as origens, um tempo batismal por excelência, marcado pela preparação dos catecúmenos para o Batismo e pela renovação das promessas batismais de toda a Igreja na Páscoa. A Liturgia da Palavra dos domingos da Quaresma serve de itinerário catequético para os que se preparam para o Batismo e para os que renovam a vida batismal. Por isso, o tema da água, proposto pela Liturgia deste domingo, adquire um sentido ainda maior pelo seu caráter batismal.

O Êxodo fala da água que Moisés fez brotar da rocha, na difícil travessia do povo pelo deserto rumo à nova terra. O povo purificou e amadureceu a sua fé atravessando o deserto. No deserto, chegou a duvidar da presença de Deus, conforme o final do texto proclamado: “O Senhor está no meio de nós ou não?” (Ex 17,7). Entretanto, no deserto, o povo experimentou a misericórdia e o poder de Deus, como demonstra o episódio da água que brota da rocha. Deus caminha com o seu povo na travessia do deserto, saciando a sua sede.
Nós somos o novo Povo de Deus que necessita de água para saciar a sede, especialmente quando passamos por situações de deserto representadas por provações, pelo cansaço e pela aridez. A falta d’água, enquanto recurso natural, já traz transtornos e sofrimento. A falta da água viva, que é Jesus, traz problemas ainda maiores. Contudo, se os recursos naturais se esgotam pelo descaso, destruição e desperdício, a fonte sobrenatural de água permanece abundante para saciar a nossa sede de vida. O diálogo de Jesus com a mulher samaritana ocorre à beira do poço, que foi do patriarca Jacó, por volta do meio dia, sob o sol forte e o calor. Jesus aproveita aquele momento para falar de outra sede e de outra água: “quem beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede” (Jo 4,14). No diálogo, Jesus se revela como a fonte da água viva. Mais tarde, ele dirá: “se alguém tiver sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37). Assim como a samaritana, nós também somos convidados a pedir a Jesus, nesta Quaresma: “Senhor, dá-me dessa água” (Jo 4,15).
Uma vez saciados, não podemos reter essa água. Quem a recebe deve ser portador dessa boa nova, a fim de que outros também possam abraçar a fé em Cristo, como ocorreu com a samaritana. “Muitos creram por causa da sua palavra”, afirma o texto joanino. Por isso, nesta Quaresma, beba da fonte da água que sacia a nossa sede de vida plena, que é Cristo, e ajude outros a fazerem a mesma experiência.
Recordo a todos que a solenidade de S. José, por coincidir com um domingo da Quaresma, neste ano, é transferida para o dia seguinte, em toda a Igreja; portanto, será celebrada na segunda feira, dia 20.

Folheto: O Povo de Deus - Arquidiocese de Brasília

sábado, 18 de março de 2017

São Cirilo de Jerusalém, Bispo e Doutor da Igreja

S. Cirilo de Jerusalém | ACI Digital
REDAÇÃO CENTRAL, 18 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- São Cirilo foi Bispo de Jerusalém (século IV) e Doutor da Igreja. É recordado pela tradição por ter estado presente no grande Concílio de Constantinopla (segundo Concílio Ecumênico) e ser fiel defensor da doutrina católica contra a heresia ariana.

Neste concílio, foi chamado “corajoso lutador para defender a Igreja dos hereges que negam as verdades de nossa religião”.
O santo nasceu perto de Jerusalém no ano 315. Segundo a tradição, foi ordenado sacerdote pelo Bispo de Jerusalém São Máximo, que lhe encomendou a tarefa de instruir os catecúmenos: tarefa que realizou por muitos anos.
No ano 348, Cirilo se tornou o novo Bispo de Jerusalém por um período de 35 anos, dos quais 16 permaneceu exilado devido aos seus escritos e discursos catequéticos que continham parte dos ensinamentos e ritos da Igreja de meados do século IV.
Esses textos denominados “Catequeses” lhe renderam, séculos mais tarde, o título de Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII. São 18 sermões pronunciados em Jerusalém sobre penitência, pecado, batismo e Credo para instruir os recém-batizados na fé. Além disso, dão detalhes da Eucaristia, insistindo que Cristo está presente na Santa Hóstia.
Também descreve de modo interessante a descoberta da cruz e da rocha que fechava o Santo Sepulcro.
Quando regressou depois de 11 anos de seu último exílio, encontrou Jerusalém cheia de discórdia e divisões, por isso, decidiu trazer novamente ao caminho do Evangelho a seu povo, o qual tinha caído em diversas heresias.
Acredita-se que São Cirilo faleceu em Jerusalém no ano 386. Em 1882, o Sumo Pontífice o declarou Doutor da Igreja. Sua festa é celebrada em 18 de março.

domingo, 12 de março de 2017

Segundo Domingo da Quaresma


REDAÇÃO CENTRAL, 12 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 12 de março, a Igreja celebra o segundo Domingo da Quaresma. O Evangelho do dia corresponde à leitura de Mateus 17,1-9, que relata o momento da Transfiguração do Senhor, quando os discípulos puderam ter uma experiência da glória de Cristo.

A seguir, leia e reflita o Evangelho deste segundo domingo da Quaresma:
Mt 17,1-9
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus.
Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
Acidigital

2° Domingo da Quaresma: A Transfiguração do Senhor




+ Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Brasília



A belíssima passagem da Transfiguração do Senhor, proclamada neste 2º Domingo da Quaresma, ilumina a nossa vivência quaresmal. Somos chamados a responder “sim” à voz do Pai que nos convida a escutar Jesus Cristo: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o” (Mt 17,5).
Para compreender bem o sentido da Transfiguração, é preciso considerar que, pouco antes, os discípulos tinham ficado escandalizados com o anúncio da paixão feito por Jesus, pois não admitiam que o Messias pudesse sofrer e morrer na cruz. A contemplação de Cristo transfigurado anima a fé dos discípulos, preparando-os para a subida do monte Calvário, isto é, para participar da paixão e abraçar a cruz. Esse episódio apresenta-se, portanto, como uma antecipação da experiência da vitória pascal de Jesus Cristo.
Necessitamos, hoje, refazer a experiência de Pedro, Tiago e João, para poder dizer: “Senhor, é bom ficarmos aqui!” (Mt 17,4), por meio da oração pessoal e comunitária, pela escuta da Palavra e o encontro com Cristo na Eucaristia. Contudo, para isso, é preciso dispor-se a subir a “a alta montanha” (Mt 17,1), conforme a expressão empregada por Mateus, o que exige esforço e perseverança. Esta tarefa não condiz com acomodação ou preguiça na vida espiritual.
Embora seja necessário o empenho de cada um, o discípulo não sobe sozinho a montanha da Transfiguração, nem realiza tal experiência por conta própria. “Sobe”, primeiramente, porque o Senhor o “tomou consigo”, segundo o que acabamos de ouvir, isto é, pela graça de Deus que precede e acompanha a subida. Além disso, é preciso subir juntos a alta montanha, aceitando os outros discípulos como companheiros de caminhada. A vida dos discípulos de Cristo consiste num permanente caminhar, com ele e com os demais discípulos. Os discípulos que vivem da oração, da escuta da Palavra e da Eucaristia se revelam, ao mesmo tempo, discípulos em comunhão.
Aqueles que sobem a montanha, uma vez encontrando-se com o Senhor transfigurado, não podem instalar-se nela comodamente, ainda que seja sincero o desejo de construir tendas para permanecer com ele. O discipulado implica em subir e descer a montanha. É preciso descer da montanha para evangelizar, contando com o Senhor Ressuscitado que nos acompanha e nos sustenta na missão. Por isso, Jesus tocando os discípulos disse-lhes: “levantai-vos e não tenhais medo” (Mt 17,7). E eles desceram em direção à multidão, especialmente, ao encontro dos doentes e sofredores. Por isso, que a nossa oração seja também acompanhada da prática da caridade, conforme nos propõem a Quaresma e a Campanha da Fraternidade.

Folheto: O Povo de Deus - Arquidiocese de Brasília

sábado, 11 de março de 2017

Da Constituição pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II

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(N.9-10) (Séc.XX)

As interrogações mais profundas do gênero humano
O mundo moderno apresenta-se simultaneamente poderoso e fraco, capaz do melhor e do pior; abre-se diante dele o caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade e do ódio. Por outro lado, o homem toma consciência de que depende dele a boa orientação das forças por ele despertadas e que podem oprimi-lo ou servi-lo. Eis por que se interroga a si mesmo.
Na verdade, os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno estão ligados a um desequilíbrio mais profundo, que se enraíza no coração do homem.
No íntimo do próprio homem, muitos elementos lutam entre si. De um lado, ele experimenta, como criatura, suas múltiplas limitações; por outro, sente-se ilimitado em seus desejos e chamado a uma vida superior.
Atraído por muitas solicitações, é continuamente obrigado a escolher e a renunciar. Mais ainda: fraco e pecador, faz muitas vezes o que não quer e não faz o que desejaria. Em suma, é em si mesmo que o homem sofre a divisão que dá origem a tantas e tão grandes discórdias na sociedade.
Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria, sentem-se incapazes de prestar-lhe atenção. Outros, em grande número, julgam encontrar satisfação nas diversas interpretações da realidade que lhes são propostas.
Alguns, porém, esperam unicamente do esforço humano a verdadeira e plena libertação da humanidade, e estão persuadidos de que o futuro domínio do homem sobre a terra dará satisfação a todos os desejos de seu coração.
Não faltam também os que, desesperando de encontrar o sentido da vida, louvam a audácia daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer significado próprio, se esforçam por encontrar todo o seu valor apoiando-se apenas no próprio esforço.
Contudo, diante da atual evolução do mundo, cresce o número daqueles que formulam as questões mais fundamentais ou as percebem com nova acuidade. Que é o homem? Qual é o sentido do sofrimento, do mal e da morte que, apesar de tão grandes progressos, continuam a existir? Para que servem semelhantes vitórias, conseguidas a tanto custo? Que pode o homem dar à sociedade e dela esperar? Que haverá depois desta vida terrestre?
A Igreja, porém, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todo o gênero humano, oferece ao homem, pelo Espírito Santo, luz e forças que lhe permitirão corresponder à sua vocação suprema; ela crê que não há debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possam ser salvos.
Crê igualmente que a chave, o centro e o fim de toda a história humana encontra-se em seu Senhor e Mestre.
A Igreja afirma, além disso, que, subjacente a todas as transformações, permanecem imutáveis muitas coisas que têm seu fundamento último em Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre.
www.liturgiadashoras.org

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF