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domingo, 26 de março de 2017

4º Domingo da Quaresma: A Luz do Mundo



+ Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Brasília


A cura do cego de nascença, narrada pelo Evangelho segundo João (9,1-41), ocorre no contexto da festa das Tendas ou dos Tabernáculos, uma das maiores festas em que o povo peregrinava para Jerusalém, recordando o modo como Israel viveu no deserto após a libertação da escravidão no Egito. Durante a festa, os sacerdotes tiravam a água da piscina de Siloé para derramá-la sobre o altar e Jerusalém era iluminada por tochas acesas, especialmente no átrio do templo.

A narrativa joanina ressalta a água e a luz, que são símbolos batismais. O homem cego foi lavar-se nas águas da piscina de Siloé, cujo nome significa “Enviado”, um dos títulos messiânicos de Jesus. Na fonte batismal, somos lavados e recebemos a vida nova em Cristo. Para curar aquele homem, Jesus utiliza a terra e a saliva, formando o barro, que nos recorda a criação do ser humano, descrita pelo Gênesis. Mediante o batismo, somos recriados, pois nele ocorre um novo nascimento, uma nova criação.
A figura daquele cego representa cada um de nós. Somos levados à fonte batismal; nela, somos purificados e passamos a enxergar com a luz da fé, ao aceitar Jesus como “a luz do mundo” (Jo 8,12). O que foi curado da cegueira, ao encontrar-se com Jesus, exclamou: “Eu creio, Senhor!” (Jo 9,38). O texto nos mostra que para chegar a esta atitude, ele percorreu um itinerário de crescimento e purificação na fé, que se repete na vida de quem é conduzido à fonte batismal. Quando questionado sobre quem o havia curado, ele se referiu primeiramente “àquele homem chamado Jesus”, chamando-o depois de “profeta”, para finalmente prostrar-se diante dele numa atitude de fé e adoração, reconhecendo-o como o “Senhor”. 
O que se passa na celebração do batismo se estende ao longo da vida batismal. Renascidos pelo batismo e iluminados por Cristo, somos chamados a viver como “luz no Senhor”, como “filhos da luz”, renunciando às “obras das trevas” e produzindo os “frutos da luz” indicados por São Paulo: “bondade, justiça e verdade” (Ef 5,8-9). Para tanto, aproveite esta Quaresma para acolher a luz, que é Cristo, dedicando-se mais à oração e à escuta da Palavra. Busque o perdão e a reconciliação pelo sacramento da Penitência. Procure saber os horários das Confissões na sua Paróquia, especialmente os “mutirões” de atendimento programados para este Tempo Quaresmal.
Continuemos a vivenciar a Campanha da Fraternidade! Louvemos ao Criador pela beleza dos diversos biomas brasileiros, defendendo e preservando a natureza. No Distrito Federal, é necessário dar especial atenção ao Cerrado, nossa “casa comum”, dom do Criador a ser acolhido com gratidão e corresponsabilidade!

Folheto: O Povo de Deus - Arquidiocese de Brasília

sábado, 25 de março de 2017

Anunciação do Senhor, o “sim” de uma mulher que mudou a história

REDAÇÃO CENTRAL, 25 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 25 de março, a Igreja celebra a Solenidade da Anunciação, recordando um fato que mudou a história da humanidade, quando Maria deu seu “sim” corajoso a Deus, concebendo desde aquele momento Jesus e tornando-se a protetora do Menino que um dia nasceria e salvaria o mundo.

“Disse-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, porque a Deus nenhuma coisa é impossível. Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela” (Lc 1,35-38).
A Solenidade da Anunciação é celebrada nove meses antes do Natal. Ao analisar a história, pode-se perceber que não foi fácil para Maria. Ela estava comprometida com José e certamente esta decisão de conceber o Filho de Deus trouxe instabilidade.
Tanto que o justo José decidiu repudiá-la em segredo para que os dois não tivessem muitos problemas. Além disso, Maria era jovem e pobre, mas confiava na Providência de Deus.
Por isso, o Senhor interveio e o anjo falou a José em sonho e ele aceitou o plano de Deus, obtendo o privilégio de ser pai de Jesus na terra e de formar a Sagrada Família com Maria.
No Evangelho de hoje (Lc 1,26-38) se aprecia o diálogo do mensageiro de Deus com a Virgem. Não foi uma imposição, mas uma proposta à qual Maria poderia ter dito não. Mas, a “bendita entre todas as mulheres” aceitou e realizou-se o milagre da Encarnação do Filho de Deus.
Desde aquele momento, Maria teve Jesus em seu ventre, não aos três meses ou quando o embrião tinha forma humana, mas desde a concepção. Por isso, este é mais uma razão pela qual a Igreja defende o bebê desde o primeiro instante de vida.
Acidigital

sexta-feira, 24 de março de 2017

Protomártires de Natal serão canonizados: Igreja no Brasil em festa

Cidade do Vaticano (RV) - A Igreja no Brasil começou o dia 23 de março, recebendo uma grande notícia: em audiência concedida ao prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, o Papa Francisco aprovou os votos favoráveis da Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos Membros da Congregação sobre a canonização dos protomártires do Brasil.
Trata-se dos seguintes Beatos: André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, sacerdotes diocesanos, e Mateus Moreira e seus vinte e sete companheiros leigos, que em 1645, no Rio Grande do Norte, derramaram seu sangue por amor a Cristo.
Os chamados mártires de Cunhaú e Uruaçu foram beatificados no ano 2000. “Desde então o processo se intensificou e agora com esta aprovação do Santo Padre temos como certa a canonização”, disse, em entrevista concedida à colega Cristiane Murray, o arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, que nos fala da alegria e júbilo com os quais a Igreja no Brasil, particularmente, a Igreja destes filhos do Rio Grande Norte, recebeu a alvissareira notícia:
“Devemos render graças a Deus e proclamar o belíssimo refrão do hino dos mártires: Mártires da fé, filhos do Rio Grande, homens e mulheres, jovens e meninos, pelo Bom Pastor deram o seu sangue. Nossa Igreja, em festa, canta os seus hinos. Então, nós estamos em festa com esta notícia, de muitas graças para a nossa Igreja. Podemos nos alegrar, render graças a Deus e convocar toda a nossa Igreja de Natal, do Brasil e do Rio Grande do Norte para esta grande ação de graças pela canonização dos nossos mártires. Desde 2000, quando foram beatificados, o processo se intensificou e agora, o Papa Francisco certamente, com muitas alegria, aprovando os votos da Congregação, teremos como certa a canonização. Isto para nós é motivo de alegria; que a intercessão dos nossos mártires pela nossa Igreja no Brasil, pela nossa Arquidiocese e por todo o povo de Deus seja um sinal de esperança, de testemunho, de convicção na vivencia da nossa fé. Eles são um exemplo porque deram a vida, derramaram o sangue, na vivência de sua fé”.
Em 16 de julho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis estavam participando da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú – no município de Canguaretama (RN). Em 03 de outubro de 1645, três meses depois, houve o massacre de Uruaçú. Padre Ambrósio Francisco Ferro foi torturado e o camoponês Mateus Moreira, morto.
Os invasores calvinistas não admitiam a prática da religião católica. 
(RL/CM)
Rádio Vaticano

quinta-feira, 23 de março de 2017

Do Tratado sobre a oração, de Tertuliano, presbítero

Enfoque Bíblico

(Cap.28-29: CCL 1,273-274)             (Séc. III)


O sacrifício espiritual
A oração é o sacrifício espiritual que aboliu os antigos sacrifícios. Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado. Quem vos pediu estas coisas? (Is 1,11).
O Evangelho nos ensina o que pede o Senhor: Está chegando a hora, diz ele,em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Deus é espírito (Jo 4,23.24), e por isso procura tais adoradores.
Nós somos verdadeiros adoradores e verdadeiros sacerdotes, quando, orando em espírito, oferecemos o sacrifício espiritual da oração, como oferenda digna e agradável a Deus, aquela que ele mesmo pediu e preparou.
Esta oferenda, apresentada de coração sincero, alimentada pela fé, preparada pela verdade, íntegra e inocente, casta e sem mancha, coroada pelo amor, é a que devemos levar ao altar de Deus, acompanhada pelo solene cortejo das boas obras, entre salmos e hinos; ela nos alcançará de Deus tudo o que pedimos.
Que poderia Deus negar à oração que procede do espírito e da verdade, se foi ele mesmo que assim exigiu? Todos nós lemos, ouvimos e acreditamos como são grandes os testemunhos da sua eficácia!
Nos tempos passados, a oração livrava do fogo, das feras e da fome; e no entanto ainda não havia recebido de Cristo toda a sua eficácia.
Quanto maior não será, portanto, a eficácia da oração cristã! Talvez não faça descer sobre as chamas o orvalho do Anjo, não feche a boca dos leões, não leve a refeição aos camponeses famintos, não impeça milagrosamente o sofrimento; mas vem em auxílio dos que suportam a dor com paciência, aumenta a graça aos que sofrem com fortaleza, para que vejam com os olhos da fé a recompensa do Senhor, reservada aos que sofrem pelo nome de Deus.
Outrora a oração fazia vir as pragas, derrotava os exércitos inimigos, impedia a chuva necessária. Agora, porém, a oração autêntica afasta a ira de Deus, vela pelo bem dos inimigos e roga pelos perseguidores. Será para admirar que faça cair do céu as águas, se conseguiu que de lá descessem as línguas de fogo? Só a oração vence a Deus. Mas Cristo não quis que ela servisse para fazer mal algum; quis antes que toda a eficácia que lhe deu fosse apenas para servir o bem.
Consequentemente, ela não tem outra finalidade senão tirar do caminho da morte as almas dos defuntos, robustecer os fracos, curar os enfermos, libertar os possessos, abrir as portas das prisões, romper os grilhões dos inocentes. Ela perdoa os pecados, afasta as tentações, faz cessar as perseguições, reconforta os de ânimo abatido, enche de alegria os generosos, conduz os peregrinos, acalma as tempestades, detém os ladrões, dá alimento aos pobres, ensina os ricos, levanta os que caíram, sustenta os que vacilam, confirma os que estão de pé.
Oram todos os anjos, ora toda criatura. Oram à sua maneira os animais domésticos e as feras, que dobramos joelhos. Saindo de seus estábulos ou de suas tocas, levantam os olhos para o céu e não abrem a boca em vão, fazendo vibrar o ar com seus gritos. Mesmo as aves quando levantam voo, elevam-se para o céu e, em lugar de mãos, estendem as asas em forma de cruz, dizendo algo semelhante a uma prece.
Que dizer ainda a respeito da oração? O próprio Senhor também orou; a ele honra e poder pelos séculos dos séculos.
www.liturgiadashoras.org

segunda-feira, 20 de março de 2017

São José, modelo de pai e esposo

REDAÇÃO CENTRAL, 19 Mar. 17 / 06:00 am (ACI).- São José teve o privilégio de ser esposo de Nossa Senhora, de criar o Filho de Deus e de ser a cabeça da Sagrada Família. É considerado patrono da Igreja Universal, de uma infinidade de comunidades religiosas e também da boa morte. A festa do santo mais próximo de Jesus e Maria se celebra neste dia 19 de março.

“José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1, 20-21), disse o anjo em sonhos ao “justo” São José.
São José é conhecido como o “santo do silêncio” porque não é conhecido por palavras pronunciadas por ele, mas sim por suas obras, sua fé e seu amor por Jesus e em seu santo matrimônio.
Conta a tradição que doze jovens pretendiam se casar com Maria e que cada um levava um bastão de madeira muito seca na mão. De repente, quando a Virgem tinha que escolher entre todos eles, o bastão de José milagrosamente floresceu. Por isso é representado com um ramo florescido.
Junto a Maria, São José também teve que sofrer a falta de pousada em Belém, ver o amor de sua vida dar à luz em um estábulo e ter de fugir ao Egito, como se fossem delinquentes, para que Herodes não matasse o menino. Mas, soube enfrentar tudo isto confiando na Providência de Deus.
Com seu ofício de carpinteiro, não pôde comprar os melhores presentes para seu filho Jesus ou garantir que recebesse a melhor educação, mas o tempo que dedicou para atendê-lo e ensinar-lhe sua profissão foram mais que suficientes para que o Senhor conhecesse o carinho de um pai, que também é capaz de deixar tudo para ir em busca do filho perdido.
O casto esposo de Maria é considerado também Patrono da boa morte porque teve a sorte de morrer acompanhado e consolado por Jesus e Nossa Senhora. Foi declarado Patrono da Igreja Universal pelo Papa Pio IX em 1847.
Uma das que mais propagou a devoção a São José foi Santa Teresa D’Ávila, que foi curada por sua intercessão de uma terrível enfermidade que quase a deixou paralisada e que era considerada incurável. A santa rezou com fé a São José e obteve a cura. Logo costumava repetir:
“Parece que outros santos têm especial poder para solucionar certos problemas. Mas, a São José, Deus concedeu um grande poder para ajudar em tudo”.
No final de sua vida, a santa carmelita ressaltou: “Durante 40 anos, a cada ano, na festa de São José, pedi uma graça ou favor especial e não me falhou nenhuma só vez. Eu digo aos que me escutam que façam o ensaio de rezar com fé a este grande santo e verão quão grandes frutos vão conseguir”.
Acidigital

Dos Sermões de São Bernardino de Sena, presbítero

Foto: Divulgação

(Sermo 2, de S.Ioseph:Opera7,16.27-30)            (Séc.XV)


Guarda fiel e providente
É esta a regra geral de todas as graças especiais concedidas a qualquer criatura racional: quando a providência divina escolhe alguém para uma graça particular ou estado superior, também dá à pessoa assim escolhida todos os carismas necessários para o exercício de sua missão.
Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai adotivo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da rainha do mundo e senhora dos anjos. Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. E cumpriu com a máxima fidelidade sua missão. Eis por que o Senhor lhe disse:Servo bom e fiel! Vem participar da alegria do teu Senhor! (Mt 25,21).
Consideremos São José diante de toda a Igreja de Cristo: acaso não é ele o homem especialmente escolhido,por quem e sob cuja proteção se realizou a entrada de Cristo no mundo de modo digno e honesto? Se, portanto, toda a santa Igreja tem uma dívida para com a Virgem Mãe, por ter recebido a Cristo por meio dela, assim também, depois dela, deve a São José uma singular graça e reverência.
Ele encerra o Antigo Testamento; nele a dignidade dos patriarcas e dos profetas obtém o fruto prometido. Mas ele foi o único que realmente possuiu aquilo que a bondade divina lhes tinha prometido.
E não duvidemos que a familiaridade, o respeito e a sublimíssima dignidade que Cristo lhe tributou, enquanto procedeu na terra como um filho para com seu pai, certamente também nada disso lhe negou no céu, mas antes, completou e aperfeiçoou. Por isso, não é sem razão que o Senhor lhe declara: Vem participar da alegria do teu Senhor! Embora a alegria da felicidade eterna penetre no coração do homem, o Senhor preferiu dizer: Vem participar da alegria. Quis assim insinuar misteriosamente que a alegria não está só dentro dele, mas o envolve de todos os lados e o absorve e submerge como um abismo sem fim.
Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com vossas orações junto de vosso Filho adotivo; tornai-nos também propícia vossa Esposa, a santíssima Virgem, mãe daquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém.

domingo, 19 de março de 2017

Vida no Seminário R. Mater

Terceiro Domingo da Quaresma

REDAÇÃO CENTRAL, 19 Mar. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 19 de março, a Igreja celebra o terceiro Domingo da Quaresma. O Evangelho de hoje corresponde à leitura de João 4,5-15.19b-26.39a.40-42, que traz a passagem da samaritana, a quem o próprio Jesus se mostra como fonte de água viva.

A seguir, leia e reflita o Evangelho deste terceiro domingo da Quaresma:
Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42
Naquele tempo, Jesus chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José. Era aí que ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era por volta de meio-dia. Chegou uma mulher de Samaria para tirar água. Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”.
Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato, os judeus não se dão com os samaritanos.
Respondeu-lhe Jesus: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”.
A mulher disse a Jesus: “Senhor, nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar água viva? Por acaso, és maior que nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu, como também seus filhos e seus animais?”
Respondeu Jesus: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 
Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”.
A mulher disse a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la”. “Senhor, vejo que és um profeta!” Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”.
Disse-lhe Jesus: “Acredita-me, mulher: está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”.
A mulher disse a Jesus: “Sei que o Messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier, vai nos fazer conhecer todas as coisas”. Disse-lhe Jesus: “Sou eu, que estou falando contigo”.
Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus. Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias. E muitos outros creram por causa da sua palavra. E disseram à mulher: “Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo”.
Acidigital

Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo


(Tract.15,10-12.16-17:CCL 36,154-156)            (Séc.V)

Veio uma mulher da Samaria para tirar água
Veio uma mulher. Esta mulher é figura da Igreja, ainda não justificada, mas já a caminho da justificação. É disso que iremos tratar.
A mulher veio sem saber o que ali a esperava; encontrou Jesus, e Jesus dirigiu-lhe a palavra. Vejamos o fato e a razão por que veio uma mulher da Samaria para tirar água (Jo 4,7). Os samaritanos não pertenciam ao povo judeu; não eram do povo escolhido. Faz parte do simbolismo da narração que esta mulher, figura da Igreja, tenha vindo de um povo estrangeiro; porque a Igreja viria dos pagãos, dos que não pertenciam à raça judaica.
Ouçamos, portanto, a nós mesmos nas palavras desta mulher, reconheçamo-nos nela e nela demos graças a Deus por nós. Ela era uma figura, não a realidade; começou por ser figura, e tornou-se realidade. Pois acreditou naquele que queria torná-la uma figura de nós mesmos. Veio para tirar água. Viera simplesmente para tirar água, como costumam fazer os homens e as mulheres.
Jesus lhe disse: “Dá-me de beber”. Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. A mulher samaritana disse então a Jesus: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” De fato os judeus não se dão com os samaritanos (Jo 4,7-9.)
Estais vendo que são estrangeiros. Os judeus de modo algum se serviam dos cântaros dos samaritanos. Como a mulher trazia consigo um cântaro para tirar água, admirou-se que um judeu lhe pedisse de beber, pois os judeus não costumavam fazer isso. Mas aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher.
Escuta agora quem pede de beber. Respondeu-lhe Jesus? “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva (Jo 4,10).
Pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas possui em abundância para saciar os outros. Se tu conhecesses o dom de Deus, diz ele. O dom de Deus é o Espírito Santo. Jesus fala ainda veladamente à mulher, mas pouco a pouco entra em seu coração, e vai lhe ensinando. Que haverá de mais suave e bondoso que esta exortação? Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’,tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva.
Que água lhe daria ele, senão aquela da qual está escrito: Em vós está a fonte da vida? (Sl 35,10). Pois como podem ter sede os que vêm saciar-se na abundância de vossa morada? (Sl 35,9).
O Senhor prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o Espírito Santo. Mas ela ainda não compreendia. E, na sua incompreensão, que respondeu? Disse-lhe então a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la” (Jo 4,15). A necessidade a obrigava a trabalhar, mas sua fraqueza recusava o trabalho. Se ao menos ela tivesse ouvido aquelas palavras: Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e eu vos darei descanso! (Mt 11,28). Jesus dizia-lhe tudo aquilo para que não se cansasse mais; ela, porém, ainda não compreendia.
www.liturgiadashoras.org

3° Domingo da Quaresma: Jesus, Água Viva!


+ Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Brasília

A Quaresma tem sido, desde as origens, um tempo batismal por excelência, marcado pela preparação dos catecúmenos para o Batismo e pela renovação das promessas batismais de toda a Igreja na Páscoa. A Liturgia da Palavra dos domingos da Quaresma serve de itinerário catequético para os que se preparam para o Batismo e para os que renovam a vida batismal. Por isso, o tema da água, proposto pela Liturgia deste domingo, adquire um sentido ainda maior pelo seu caráter batismal.

O Êxodo fala da água que Moisés fez brotar da rocha, na difícil travessia do povo pelo deserto rumo à nova terra. O povo purificou e amadureceu a sua fé atravessando o deserto. No deserto, chegou a duvidar da presença de Deus, conforme o final do texto proclamado: “O Senhor está no meio de nós ou não?” (Ex 17,7). Entretanto, no deserto, o povo experimentou a misericórdia e o poder de Deus, como demonstra o episódio da água que brota da rocha. Deus caminha com o seu povo na travessia do deserto, saciando a sua sede.
Nós somos o novo Povo de Deus que necessita de água para saciar a sede, especialmente quando passamos por situações de deserto representadas por provações, pelo cansaço e pela aridez. A falta d’água, enquanto recurso natural, já traz transtornos e sofrimento. A falta da água viva, que é Jesus, traz problemas ainda maiores. Contudo, se os recursos naturais se esgotam pelo descaso, destruição e desperdício, a fonte sobrenatural de água permanece abundante para saciar a nossa sede de vida. O diálogo de Jesus com a mulher samaritana ocorre à beira do poço, que foi do patriarca Jacó, por volta do meio dia, sob o sol forte e o calor. Jesus aproveita aquele momento para falar de outra sede e de outra água: “quem beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede” (Jo 4,14). No diálogo, Jesus se revela como a fonte da água viva. Mais tarde, ele dirá: “se alguém tiver sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37). Assim como a samaritana, nós também somos convidados a pedir a Jesus, nesta Quaresma: “Senhor, dá-me dessa água” (Jo 4,15).
Uma vez saciados, não podemos reter essa água. Quem a recebe deve ser portador dessa boa nova, a fim de que outros também possam abraçar a fé em Cristo, como ocorreu com a samaritana. “Muitos creram por causa da sua palavra”, afirma o texto joanino. Por isso, nesta Quaresma, beba da fonte da água que sacia a nossa sede de vida plena, que é Cristo, e ajude outros a fazerem a mesma experiência.
Recordo a todos que a solenidade de S. José, por coincidir com um domingo da Quaresma, neste ano, é transferida para o dia seguinte, em toda a Igreja; portanto, será celebrada na segunda feira, dia 20.

Folheto: O Povo de Deus - Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF