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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Dos Sermões de Santo Efrém, diácono

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(Sermo de Domino nostro, 3-4.9: Opera edit. Lamy, 1,152-158.166-168) (Séc. IV)


A cruz de Cristo, salvação para o gênero humano
        Nosso Senhor foi calcado pela morte mas, por sua vez, esmagou-a como quem soca com os pés o pó da estrada. Sujeitou-se à morte e aceitou-a voluntariamente, para destruir aquela morte que não queria morrer. Nosso Senhor saiu para o Calvário carregando a cruz, para satisfazer as exigências da morte; mas, ao soltar um brado do alto da cruz, fez sair os mortos dos sepulcros, vencendo a oposição da morte. A morte o matou no corpo que assumira; mas ele, com as mesmas armas, saiu vitorioso da morte. A divindade ocultou-se sob a humanidade e assim aproximou-se da morte, que matou, mas também foi morta. A morte matou a vida natural e, por sua vez, foi morta pela vida sobrenatural.
        A morte não poderia devorá-lo se ele não tivesse um corpo nem o inferno tragá-lo se não tivesse carne. Foi por isso que desceu ao seio de uma Virgem para tomar um corpo que o conduzisse à mansão dos mortos. Com o corpo que assumira, lá entrou para destruir suas riquezas e arruinar seus tesouros.
        A morte foi ao encontro de Eva, a mãe de todos os viventes. Ela é como uma vinha cuja cerca foi aberta pela morte, por meio das próprias mãos de Eva, para que pudesse provar de seus frutos. Então Eva, mãe de todos os viventes, tornou-se fonte da morte para todos os viventes.
        Floresceu, porém, Maria, a nova videira, em lugar de Eva, a antiga videira; nela habitou Cristo, a nova vida, a fim de que, ao aproximar-se a morte com sua habitual segurança para alimentar a fome devoradora, encontrasse ali escondida, no seu fruto mortal, a Vida destruidora da morte. Quando, pois, a morte engoliu sem temor o fruto mortal, ele libertou a vida e com ela, multidões.
        O admirável filho do carpinteiro, que levou sua cruz até os abismos da morte que tudo devoravam, também levou o gênero humano para a morada da vida. E uma vez que o gênero humano, por causa de uma árvore, tinha se precipitado no reino das sombras, sobre outra árvore passou para o reino da vida. Na mesma árvore em que fora enxertado um fruto amargo, foi enxertado depois um fruto doce, para que reconheçamos o Senhor a quem criatura alguma pode resistir.
        Glória a vós, que lançastes a cruz como uma ponte sobre a morte, para que através dela as almas possam passar da região da morte para a vida!
        Glória a vós, que assumistes um corpo de homem mortal, para transformá-lo em fonte de vida para todos os mortais!
        Vós viveis para sempre! Aqueles que vos mataram, trataram vossa vida como os agricultores: enterraram-na como o grão de trigo; mas ela ressuscitou e, junto com ela, fez ressurgir uma multidão de seres humanos.
        Vinde, ofereçamos o grande e universal sacrifício do nosso amor. Entoemos com grande alegria cânticos e orações àquele que se ofereceu a Deus no sacrifício da cruz, para nos enriquecer por meio dela com a abundância de seus dons.
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Feminismo, ideologia de gênero e pedofilia? Especialista explica como se relacionam

Imagem referencial / Crédito: Pixabay e Flickr de Robson B. Sampaio (CC-BY-NC-2.0
Lima, 04 Mai. 17 / 07:00 pm (ACI).- Depois de concluir uma turnê que o levou ao Chile, Peru e Paraguai, para começar outra na Argentina, o politólogo argentino Agustín Laje explicou quais são os verdadeiros interesses do movimento feminista contemporâneo ao qual chamou de “terceira onda do feminismo”.
Em diálogo com o Grupo ACI, Agustín Laje, coautor com Nicolás Márquez do best-seller da Amazon ‘O Livro Negro da Nova Esquerda’, o qual desmascara a ideologia de gênero como uma nova cara do movimento político de esquerda, explicou que o feminismo que se vive hoje em dia está relacionado diretamente com a ideologia de gênero e com a pedofilia.
Feminismo e ideologia de gênero
Em seu livro, Laje explica a história do feminismo em três etapas: 1) uma “primeira onda”, que buscou o acesso da mulher aos plenos direitos civis e políticos; 2) depois, uma “segunda onda”, que estava ligada ao pensamento marxista, especialmente aos estudos de Friedrich Engels, que, em seu livro ‘A Origem da família, a propriedade privada e o Estado’, assegurou que o aparecimento da propriedade privada provocou um sistema opressivo na família, do homem para a mulher, o qual chamou de “patriarcado”; 3) e, finalmente, a “terceira onda” feminista, quando nasce a ideologia de gênero.
Sobre a “terceira onda” feminista, Laje explicou que todos os seus postulados articulam um discurso ideológico que propõe a “luta de classes entre homens e mulheres” e, como consequência dessa luta, existe o que atualmente conhecemos como ideologia de gênero.
O politólogo assegurou que “a ideologia de gênero nasceu para suprir uma falta na esquerda (marxismo clássico) diante a falta do operário como classe revolucionária. Esta falta abre o caminho de uma luta de classes a uma luta pela cultura (neomarxismo)”, onde atuam atualmente as feministas radicais.
Nesse sentido, Laje colocou como exemplo a teórica feminista Monique Vittig, da França, que “escreveu um livro sobre o regime de ‘heterossexualidade obrigatória’, dizendo que o Ocidente oprime as mulheres porque as obriga a ser heterossexuais”.
“Isso é uma curiosidade, porque ela foi homossexual e o Ocidente nunca a impediu disso, nunca foi presa. Entretanto, ela era pró Mao Tse Tung, da China comunista, um modelo que tinha para os homossexuais pena de castração e, se reincidissem, pena de morte”, esclareceu.
O pensamento de Vittig e de outras que defendem a ideologia de gênero, segundo Laje, estão resumidas naquela frase da feminista marxista Simone de Beauvoir, que em seu livro ‘O Segundo Sexo’ disse que “não se nasce mulher: se chega a ser”, ou seja, que a sexualidade deixa de ser “um dado da natureza” e se torna uma “construção da sociedade”, o que hoje chamamos de “gênero”.
O jovem politólogo também faz em seu livro uma revisão teórica do feminismo radical nas figuras de Shulamith Firestone, Kate Millet, Zillah Eisenstein e, especialmente, Judith Butler, que “esticou tanto o conceito de gênero de modo que nele encaixem formas e preferências sexuais das mais estranhas” (multiplicidade de gêneros que “rompam a coerência existente entre o sexo, o gênero e o desejo sexual”).
Um olhar ao feminismo radical atual
Agustín Laje indicou que “o feminismo de hoje se caracteriza por ‘feminizacionismo’, ou seja, um machismo ao revés. É um feminismo que já não se articula por um discurso igualdade real, mas por um discurso de ódio pelo homem e privilégios para a mulher”.
Além disso, afirmou que este feminismo “tem algumas teóricas como Andre Dworkin, que explica que toda relação sexual heterossexual é uma violação contra a mulher, ou como Valerie Solanas, que diz que chamar o homem de ‘animal’ é um elogio”.
“É por isso que em todas as marchas feministas organizadas por estes grupos, encontramos nas inscrições dos muros de todas as cidades coisas como ‘assassine seu noivo’, ‘morte o macho’ e frases semelhantes a estas”, destacou.
Sobre o feminicídio, Laje disse que jamais ocorre “uma investigação para saber se isso realmente foi assim”.
“O feminicídio é definido pela intencionalidade do ataque do homem contra a mulher, no qual o motivo de tal violência é o ódio ao outro ‘gênero’ como tal. Sempre que se apresenta um caso de feminicídio, ninguém faz uma perícia psicológica ou algo parecido. Entretanto, o maior número de mortes de mulheres por assassinatos não são por casos de feminicídio e ninguém fala sobre isso”, destacou.
O politólogo reiterou que não existe uma verdadeira luta “pelos ‘gêneros’”, mas “uma luta política e que se explica através dos interesses do movimento político de esquerda”.
Feminismo e pedofilia
Em seguida, Laje indicou que “há muitos dados empíricos”, por exemplo, “na Alemanha existem organizações feministas que lançaram solicitações e apoios públicos aos grupos explicitamente pedófilos”.
Entre esses grupos estão NAMBLA (North American Man/Boy Love Association) e IPCE (International Pedophile and Child Emancipation).
“Desde as feministas Simone de Beauvoir, passando por Shulamith Firestone, Kate Millet, chegando a Lola Pérez, que atualmente na Espanha escreve no seu Twitter que é a favor da pedofilia, argumentam a favor do ‘sexo entre gerações’ ou os boys lovers, como costumam chamá-los”, disse Laje reafirmando a ideia do seu livro.
“Isto acontece porque tudo parte do mesmo tronco teórico que é ideologia de gênero. Esta diz que a sexualidade não tem nada a ver com a natureza, mas é uma construção da cultura”.
“O que é a cultura? Vem da palavra cultivo, ou seja, o que o homem faz e do qual o homem também é feito. A cultura é puro azar, a natureza é o dado e não pode ser mudada”, destacou.
Finalmente, disse que "se a sexualidade é apenas cultura”, então “não tem limites”.
“Por exemplo, o grupo jovem do Partido Popular Liberal Sueco está pedindo uma lei para que se legalize o incesto e a necrofilia. No Canadá, recentemente, foi legalizada a zoofilia, ou seja, o sexo com animais”.
“E no caso de pedofilia, temos a Holanda, onde em 2006 foi criado um partido (The Party for Neighbourly Love, Freedom, and Diversity) cujo único propósito era a legalização da pedofilia e o explicavam nos mesmos termos que os ideólogos de gênero”, concluiu.
Por Diego López Marina
Acidigital

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

Santo Irineu, bispo | Vatican News

(Lib. 5,2,2-3:SCh153,30-38)     (Séc.I)

A Eucaristia, penhor da ressurreição
        Se não há salvação para a carne,também o Senhor não nos redimiu com o seu sangue. Sendo assim, nem o cálice da eucaristia é a comunhão do seu sangue nem o pão que partimos é a comunhão do seu corpo. O sangue, efetivamente, procede das veias, da carne, e do que pertence à substância humana. Essa substância, o Verbo de Deus assumiu-a em toda a sua realidade e por ela nos resgatou com o seu sangue, como afirma o Apóstolo: Pelo seu sangue, nós fomos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas (Ef 1,7).
        Nós somos seus membros e nos alimentamos das coisas criadas que ele próprio nos dá, fazendo nascer o sol e cair a chuva segundo sua vontade. Por isso, o Senhor declara que o cálice, fruto da criação, é o seu sangue, que fortalece o nosso sangue; e o pão, fruto também da criação, é o seu corpo, que fortalece o nosso corpo.
        Portanto, quando o cálice de vinho misturado com água e o pão natural recebem a palavra de Deus, transformam-se na eucaristia do sangue e do corpo de Cristo. São eles que alimentam e revigoram a substância de nossa carne. Como é possível negar que a carne é capaz de receber o dom de Deus, que é a vida eterna, essa carne que se alimenta com o sangue e o corpo de Cristo e se torna membro do seu corpo?  
        O santo Apóstolo diz na Carta aos Efésios: Nós somos membros do seu corpo (Ef 5,30), da sua carne e de seus ossos (cf. Gn 2,23); não é de um homem espiritual e invisível que ele fala – o espírito não tem carne nem ossos (cf. Lc 24,39) – mas sim do organismo verdadeiramente humano, que consta de carne, nervos e ossos, que se nutre com o cálice do seu sangue e se robustece com o pão que é seu corpo.
        O ramo da videira plantado na terra, frutifica no devido tempo, e o grão de trigo, caído na terra e dissolvido, multiplica-se pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas. Em seguida, pela arte da fabricação, são transformados para uso do homem. Recebendo a palavra de Deus, tornam-se a eucaristia, isto é,o corpo e o sangue de Cristo. Assim também os nossos corpos, alimentados pela eucaristia, depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu tempo, quando o Verbo de Deus lhes conceder a ressurreição para a glória do Pai. É ele que reveste com sua imortalidade o corpo mortal e dá gratuitamente a incorruptibilidade à carne corruptível. Porque é na fraqueza que se manifesta o poder de Deus.
www.liturgiadashoras.org

Por que maio é o Mês de Maria?

Virgem Maria / Pixabay (Domínio Público)
REDAÇÃO CENTRAL, 02 Mai. 17 / 09:20 am (ACI).- Durante vários séculos a Igreja Católica dedicou todo o mês de maio para honrar a Virgem Maria, Mãe de Deus. A seguir, explicamos o porquê.
A tradição surgiu na antiga Grécia. O mês de maio era dedicado a Artemisa, deusa da fecundidade. Algo semelhante ocorreu na antiga Roma, pois maio era dedicado a Flora, deusa da vegetação. Naquela época, celebravam os ‘ludi florals’ (jogos florais) no fim do mês de abril e pediam sua intercessão.
Na época medieval abundaram costumes similares, tudo centrado na chegada do bom clima e o afastamento do inverno. O dia 1º de maio era considerado como o apogeu da primavera.
Durante este período, antes do século XII, entrou em vigor a tradição de Tricesimum ou “A devoção de trinta dias à Maria”. Estas celebrações aconteciam do dia 15 de agosto a 14 de setembro e ainda são comemoradas em alguns lugares.
A ideia de um mês dedicado especificamente a Maria remonta aos tempos barrocos – século XVII. Apesar de nem sempre ter sido celebrado em maio, o mês de Maria incluía trinta exercícios espirituais diários em homenagem à Mãe de Deus.
Foi nesta época que o mês de maio e de Maria combinaram, fazendo com que esta celebração conte com devoções especiais organizadas cada dia durante todo o mês. Este costume durou, sobretudo, durante o século XIX e é praticado até hoje.
As formas nas quais Maria é honrada em maio são tão variadas como as pessoas que a honram.
As paróquias costumam rezar no mês de maio uma oração diária do Terço e muitas preparam um altar especial com um quadro ou uma imagem de Maria. Além disso, trata-se de uma grande tradição a coroação de Nossa Senhora, um costume conhecido como Coroação de Maio.
Normalmente, a coroa é feita de lindas flores que representam a beleza e a virtude de Maria e também lembra que os fiéis devem se esforçar para imitar suas virtudes. Em algumas regiões, esta coroação acontece em uma grande celebração e, em geral, fora da Missa.
Entretanto, os altares e coroações neste mês não são apenas atividades “da paróquia”. Mas, o mesmo pode e deve ser feito nos lares, com o objetivo de participar mais plenamente na vida da Igreja.
Deve-se separar um lugar especial para Maria, não por ser uma tradição comemorada há muitos anos na Igreja ou pelas graças especiais que se pode alcançar, mas porque Maria é nossa Mãe, mãe de todo o mundo e porque se preocupa com todos nós, intercedendo inclusive nos assuntos menores.
Por isso, merece um mês inteiro para homenageá-la.
Acidigital

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Dessacralização, descritianização e secularização

Imagens da câmera de segurança mostram ação dos ladrões / Foto: Arquidiocese de Aracaju (SE)

Ladrões fazem arrastão dentro de Igreja durante a Missa

Aracaju, 02 Mai. 17 / 06:00 pm (ACI).- Na manhã de domingo, fiéis participavam da Santa Missa em Aracaju (SE), quando foram surpreendidos por três homens armados que entraram no templo e realizaram um arrastão, em um ato que, conforme o pároco, demonstra grande desrespeito ao sagrado.
Era por volta de 8h40 do dia 30 de abril, quando os três indivíduos invadiram a Paróquia de São Mateus, no bairro Aruana. Naquele momento, a celebração dominical já estava se aproximando do momento da comunhão.
Câmeras de segurança registraram quando os três ladrões se aproximaram da Igreja, renderam um homem que estava na porta. Logo após, dois deles entraram no templo com uma faca e um revólver que, segundo testemunhas, parecia de fabricação caseira.
Eles anunciaram o assalto e levaram dinheiro, celulares, bolsas e outros pertences dos fiéis. Em seguida, saíram e adentraram em um matagal próximo à igreja.
“Lamento que a violência agora esteja chegando aos templos religiosos nos seus horários de celebrações, em completo desrespeito ao sagrado, e isso é fruto de uma sociedade que está se afastando de Deus”, expressou o pároco, Padre Benjamin Júnior, segundo o site da Arquidiocese de Aracaju.
Após o ocorrido, a Paróquia de São Mateus informou em sua página no Facebook que a Missa das 17h daquele domingo havia sido suspensa, por motivos de segurança. Além disso, fez um pedido para que “todos os paroquianos que foram vítimas do assalto” prestassem queixa na delegacia. 
“Pedimos a todos que redobrem seus cuidados, às autoridades pedimos segurança e aos cristãos pedimos orações por todos nós, inclusive para estas pessoas que se perderam na vida”, completa o texto.
O pároco também publicou uma mensagem na qual assume que o ocorrido o “deixou em estado de choque”. Diz ainda acreditar que “muitos que estavam na igreja ainda estão neste estado”.
Entretanto, ressalta que “o importante foi naquele momento pedir a Deus que nada acontecesse”.
O sacerdote recordou sua homilia de domingo, sobre os discípulos de Emaús, quando questionou “quantas vezes nós reconhecemos o Cristo” e “a gente percebe que o Cristo está sempre ao nosso lado e muitas vezes a gente só reconhece ao Partir do Pão”.
Pe. Benjamin assegurou que, “diante de toda a situação, a gente louva a Deus e agradece pela calma de todas as pessoas, mesmo sabendo que estavam levando seus pertences”.
“Essa foi a força que o Cristo nos disse que estava conosco e não deixou que nada acontecesse”, observou, ao pontuar que assim se percebe “como Deus é muito mais forte em nossas vidas” e que “não deixou que tivesse uma tragédia”.
Por fim, agradeceu a Deus, a Cristo, a Nossa Senhora e a São Mateus, pela proteção; bem como ao apoio do Arcebispo, Dom João José Costa, dos demais sacerdotes, da polícia, dos meios de comunicação, de toda a comunidade.
“Rezo por todos: pelos meus paroquianos, que Deus dê o consolo; pelos ladrões, para que se convertam. Peço a Deus paz para todos”, completou.
Acidigital

Do Tratado sobre a prescrição dos hereges, de Tertuliano, presbítero


(Cap.20,1-9;21,3;22,8-10:CCL1,201-204)             (Séc. III)

A pregação apostólica
        Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, ensinou quem era ele, quem tinha sido desde sempre, qual era a vontade do Pai que vinha cumprir e qual devia ser o comportamento do homem. Ensinava estas coisas ora em público, diante de todo o povo, ora em particular, aos seus discípulos. Dentre estes escolheu doze para estarem a seu lado, e que destinou para serem os principais mestres das nações.
        Quando, depois da sua ressurreição, estava prestes a voltar para o Pai, ordenou aos onze – pois um deles se havia perdido – que fossem ensinar a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
        Imediatamente os apóstolos (palavra que significa “enviados”) chamaram por sorteio a Matias como duodécimo para ocupar o lugar de Judas, segundo a profecia contida num salmo de Davi. Depois de receberem a força do Espírito Santo com o dom de falar e de realizar milagres, começaram a dar testemunho da fé em Jesus Cristo na Judéia, onde fundaram Igrejas; partiram em seguida por todo o mundo, proclamando a mesma doutrina e a mesma fé entre os povos. Em cada cidade por onde passaram fundaram Igrejas, nas quais outras Igrejas que se fundaram e continuam a ser fundadas foram buscar mudas de fé e sementes de doutrina. Por esta razão, são também consideradas apostólicas, porque descendem das Igrejas dos apóstolos.
        Toda família deve ser necessariamente considerada segundo sua origem. Por isso, apesar de serem tão numerosas e tão importantes, estas Igrejas não formam senão uma só Igreja: a primeira, que foi fundada pelos apóstolos e que é origem de todas as outras. Assim, todas elas são primeiras e apostólicas, porque todas formam uma só. A comunhão na paz, a mesma linguagem da fraternidade e os laços de hospitalidade manifestam a sua unidade. Estes direitos só têm uma razão de ser: a unidade da mesma tradição sacramental.
        Se quisermos saber o conteúdo da pregação dos apóstolos, e, portanto, aquilo que Jesus Cristo lhes revelou, é preciso recorrer a estas mesmas Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos e às quais pregaram quer de viva voz, quer por seus escritos.
        O Senhor realmente havia dito em certa ocasião: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora; e acrescentou: quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade (Jo 16,12-13). Com estas palavras revelou aos apóstolos que nada ficariam ignorando, porque prometeu-lhes o Espírito da Verdade que os levaria ao conhecimento da plena verdade. E, sem dúvida alguma, esta promessa foi cumprida, como provam os Atos dos Apóstolos ao narrarem a descida do Espírito Santo.
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terça-feira, 2 de maio de 2017

Dos Sermões de Santo Atanásio, bispo

Dos Sermões de Santo Atanásio, bispo
(Oratio de incarnatione Verbi, 8-9:PG 25,110-111)        (Séc. IV)


A encarnação do Verbo
        O Verbo de Deus, incorpóreo, incorruptível e imaterial, veio habitar no meio de nós, se bem que antes não estivesse ausente. De fato, nenhuma região do mundo jamais esteve privada de sua presença, porque, pela união com seu Pai, ele estava em todas as coisas e em todo lugar.
        Por amor de nós, veio a este mundo, isto é, mostrou-se a nós de modo sensível. Compadecido da fraqueza do gênero humano, comovido pelo nosso estado de corrupção, não suportando ver-nos dominados pela morte, tomou um corpo semelhante ao nosso. Assim fez para que não perecesse o que fora criado nem se tornasse inútil a obra de seu Pai e sua ao criar o homem. Ele não quis apenas habitar num corpo ou somente tornar-se visível. Se quisesse apenas tornar-se visível, teria certamente assumido um corpo mais excelente; mas assumiu o nosso corpo.
        Construiu no seio da Virgem um templo para si, isto é, um corpo; habitando nele, fê-lo instrumento mediante o qual se daria a conhecer. Assim, pois, assumindo um corpo semelhante ao nosso, e porque toda a humanidade estava sujeita à corrupção da morte, ele, no seu imenso amor por nós, ofereceu-o ao Pai, aceitando morrer por todos os homens. Deste modo, a lei da morte, promulgada contra a humanidade inteira, ficou anulada para aqueles que morrem em comunhão com ele. Tendo ferido o corpo do Senhor, a morte perdeu a possibilidade de fazer mal aos outros homens, seus semelhantes. Além disso, reconduziu o gênero humano da corrupção para a incorruptibilidade, da morte para a vida, fazendo desaparecer a morte – como a palha é consumida pelo fogo – por meio do corpo que assumira e pelo poder da ressurreição. Assumiu, portanto, um corpo mortal, para que esse corpo, unido ao Verbo que está acima de tudo, pudesse morrer por todos. E porque era habitação do Verbo, o corpo assumido tornou-se imortal e, pelo poder da ressurreição, remédio de imortalidade para toda a humanidade.
        Entregando à morte o corpo que tinha assumido, ele o ofereceu como sacrifício e vítima puríssima, libertando assim da morte todos os seus semelhantes; pois o ofereceu em sacrifício por todos.
        O Verbo de Deus, que é superior a todas as coisas, entregando e oferecendo em sacrifício o seu corpo, templo e instrumento da divindade, pagou com a sua morte a dívida que todos tínhamos contraído. Deste modo, o Filho incorruptível de Deus, tornando-se solidário com todos os homens por um corpo semelhante ao seu, tornou a todos participantes da sua imortalidade, a título de justiça com a promessa da imortalidade.
        Por conseguinte, a corrupção da morte já não tem poder algum sobre os homens, por causa do Verbo que por meio do seu corpo habita neles.

Fonte: www.liturgiadashoras.org

Expectativas da Pessoa Humana

Dom Orlando Brandes – Arcebispo de Aparecida (SP)
Vivemos hoje uma situação confusa em relação à dignidade da pessoa humana. De um lado, imperam o individualismo, a autonomia e a liberdade com atitudes bem egocêntricas. De outro lado, perdemos a sensibilidade humana, pois, tratamos melhor determinados animais que as pessoas e a banalização da vida nos leva a ter atitudes de vingança, violência e desrespeito pelo ser humano. Quais são, então, as expectativas da pessoa humana para que se sinta bem e seja uma pessoa centrada?
Todo ser humano deseja e gosta de ser:
1. Valorizado. Ser bem acolhida, elogiada, valorizada nos seus dons. Alegra-se quando lhe são confiadas responsabilidades e tarefas. Ela gosta de receber a confiança dos outros. Toda atitude de exclusão, humilhação, rejeição, abre feridas e traumas. Mesmo quem errou, merece confiança para poder recuperar-se.
2. Bem tratado. Toda pessoa gosta de ser notada e bem atendida nos lugares públicos, receber respostas educadas, gestos de solidariedade, ser correspondida, ser saudada e cumprimentada, ser ajudada por alguém em situações especiais.
3. Apreciado. Todos nos sentimos bem ao receber incentivo, elogio, gratidão e compreensão dos outros. Isso nos eleva e promove. A pessoa humana quer ser aceita, compreendida e isso aumenta a sua auto-estima. Como é bom a gente se sentir importante, porque assim nos sentimos amados.
4. Encorajado. Um bom conselho, palavras de consolação e de encorajamento, apoio e incentivo são fatores que dão coragem às pessoas e as levam a agir com entusiasmo, perseverança e de bom grado. Um pequeno toque, um gesto, uma palavra podem fazer milagres.
5. Reconhecido. As pessoas apreciam a gratidão, o elogio, a valorização de si. Todo gesto de atenção, de carinho, de boas maneiras faz a pessoa sentir-se importante e útil. Falar o nome, lembrar fatos positivos, retribuir o bem com bem, elogiar os dons, promover a vida e a dignidade são gestos de ouro.
6. Premiado. Receber o prêmio pelo esforço e o sacrifício realizado, colher frutos do que se plantou, obter retorno, gratificação, reconhecimento, tudo isso aumenta o estímulo para a pessoa crescer e melhorar.
7. Amado. Desde o útero a criança percebe se é amada ou rejeitada. A pior experiência é a rejeição, a máxima felicidade é a aceitação. Só as pessoas amadas crescem sadiamente, aprendem facilmente, desenvolvem-se e mudam. Só os amados mudam. A pessoa precisa saber e perceber que é amada. O amor regenera, cura, liberta, transforma.
CNBB

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O Seminarista

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Um dos romances que rendeu popularidade ao escritor mineiro Bernardo Guimarães, “O Seminarista” (1872) surge um ano depois de uma forte campanha através dos jornais contra o episcopado no Rio de Janeiro, num episódio conhecido na nossa história como a “Questão Religiosa”.
Não que o romancista tenha aproveitado o ensejo para elaborar a obra. É que seu primeiro romance, “O Garimpeiro”, inspirou-se na descoberta do “Diamante do Sul”, livro cuja trama ambienta-se na zona diamantina. De qualquer maneira, tudo o que envolvia a Igreja nessa época despertava o interesse geral. Portanto, nada mais prático do que se utilizar desse recurso.
Alguns críticos vêem essa obra como um romance de tese, cujas intenções equiparam-se a “Eurico, o presbítero”, do escritor português Alexandre Herculano e a “O Crime do Padre Amaro", do também português Eça de Queiroz. Apesar de “O Seminarista” tocar no problema do celibato clerical, ele não pretende polemizar o assunto como nessas obras portuguesas. O caso de Eugênio e Margarida pode ser tomado sob outro aspecto, com boas e seguras razões para tal.
Esse romance está mais para um relato pastoral, uma história de amor iniciada na infância, em meio a um ambiente campestre onde os indícios da “desgraça”, prenunciados na aparição da serpente e somados à imposição dos pais, à educação, à formação no seminário, servem como sinal de desgraça futura.
Apenas por conta de algumas qualidades, como sua dedicação e zelo pelas coisas da Igreja, Eugênio passa a ser visto como “o escolhido” para o serviço do altar. Assim, os pais impõem ao rapaz o caminho sacerdotal, pois viam no filho padre um meio de subir na escala social; o serviço do altar era uma carreira até que brilhante ou pelo menos a garantia de um ganha-pão para o sustento da família. Eugênio deixa-se levar pela vontade alheia até o momento em que enfurecido por descobrir a mentira do pai – Margarida não se casou –e desesperado com a morte de Margarida, despoja-se das vestes sacerdotais, do ofício de padre e entrega-se à loucura.
O narrador desenvolve uma espécie de esquematismo na narrativa que vai, de alguma maneira, determinar o comportamento de Eugênio. Esse esquematismo instaura-se na divisão dos espaços abertos e fechados. Os fechados revelam um sentimento sufocante e deprimente em Eugênio, como a casa do pai, o seminário... É nos abertos, porém, em meio aos campos, às luzes da tarde e na escuridão da noite que o enredo revela seus melhores momentos.
Nos momentos finais, entretanto, esse esquematismo inverte-se: na cena do quarto de Margarida – o reencontro inesperado entre a amada enferma e o já padre Eugênio, cheio de boas lembranças e afagos; na cena de encomendação do corpo de uma mulher, que Eugênio reconhece ser Margarida – momento em que ele desiste do sacerdócio e foge para o espaço aberto, possesso de fúria e loucura.
Esse romance deve ser lido como uma pastoral, um idílio aonde as pequenas nuvens vão se aglomerando de tal maneira que provocam uma imensa tempestade, que se transforma em escuridão o que há pouco era um dia radiante. Segundo o crítico Hélio Lopes, o desfecho trágico dado por Bernardo Guimarães ao seu romance não é apenas uma simples imposição da estética romântica. Como romance de linha pastoril, “O Seminarista” encaixa-se perfeitamente dentro de boa tradição, já que os cantos de Tomás Antonio Gonzaga e de Cláudio Manuel da Costa também estavam cheios de lamentos de desgraça por suas histórias de amor impossível e não-correspondido.
Fontes
LOPES, Hélio. Um retrato de gente simples. In: GUIMARÃES, Bernardo. O Seminarista. 23 ed. São Paulo, Ática, 1997, p. 03-06.
www.infoescola.com/livros

“Espetáculo digno de ser visto por todos”, comenta dom Antônio Roberto sobre “1717”

O Seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP), recebeu na noite deste domingo, dia 30, um grupo de bispos – principalmente das dioceses do Norte e do Nordeste – que assistiu ao espetáculo de dança-teatro “1717”, apresentado pela companhia catarinense Dois Pontos. Inspirada na devoção dos brasileiros à Nossa Senhora Aparecida, a apresentação dirigida por Alexandra Klen e Ricardo Tetzner rendeu elogios dos membros do episcopado, que saíram impressionados com a resistência dos artistas, que mantiveram uma intensa série de coreografias e gestos marcantes por mais de uma hora de espetáculo.
“É um espetáculo muito bem trabalhado, muito bem coreografado, os dançarinos são muito competentes têm muita capacidade, muitos dons que expressam na dança, então merece ser visto em todo o mundo, rodar o Brasil todo e até fora, digno de ser visto e admirado por todos”, comentou o bispo de Itapipoca (CE), dom Antônio Roberto Cavuto.
Dom Antônio considerou que o espetáculo possui uma abordagem plástica muito interessante, incluindo a história, que contempla os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a cultura, a arte e a música popular brasileira. “Eles souberam mostrar pela arte e pela dança toda a beleza da nossa história e cultura, principalmente da nossa tradição religiosa”, destacou. O bispo conta que em sua região procura incentivar os grupos que trabalham com expressões artísticas, principalmente aqueles que envolvem a juventude.
O espetáculo possui quatro atos: “Anunciação”, que retrata a feitura em barro da mãe de Jesus e sua aparição no rio; “Peregrinação”, expressão da fé a caminho do santuário ou de si mesmo; “Pedidos e Agradecimentos”, relatando a profusão de milagres; e “Destruição e Coroação, com a tempestade de pecados e a nova rainha, a coroação da virgem de Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil.
O bispo de Tianguá (CE), dom Francisco Edimilson Neves Ferreira, destacou a narrativa e a linguagem empregadas pelos autores da apresentação, que exigiram dos espectadores “um olhar muito profundo”. O bispo também chamou atenção para o preparo físico dos artistas. “É um espetáculo que exige dos artistas muita resistência”, comentou. Dom Edimilson considerou ainda que foram felizes as intervenções de fala durante a apresentação e a inclusão dos elementos da religiosidade e do cenário atual, “inclusive o contexto que o Brasil experimenta”, afirmou indicando o trecho que, com dança e com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), os dançarinos interpretam a letra “Só de Sacanagem”, de Elisa Lucinda.

Sobre “1717”

A apresentação é a primeira montagem da companhia de Florianópolis, fundada em 2015. A estreia do espetáculo foi no mesmo ano da fundação do grupo, no dia 12 de outubro, na catedral Metropolitana da cidade. Um ano depois, a montagem foi a Roma, também no dia 12 de outubro, para uma exibição na comemoração do dia de Nossa Senhora Aparecida, a convite do Colégio Pio Brasileiro, depois que “1717” recebeu o apoio do Pontifício Conselho para a Cultura, em “reconhecimento ao valor cultural e artístico da montagem”.
O grupo destaca que a apresentação ocorreu após uma missa presidida pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, que também é catarinense. Na ocasião, estava presente o prefeito para a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz.

Diversidade e inclusão

A história apresentada mescla arte, religiosidade e cultura popular. Em grupo e em duplas, sete bailarinos atuam no cenário projetado para o caráter itinerante de “1717”. A coreografia costura estilos, como samba, danças urbanas, forró e ainda o improviso com jogos teatrais, refletindo a diversidade cultural das cidades brasileiras.
O elenco conta com uma tradutora e intérprete de Libras, que faz parte do contexto e da composição coreográfica. O objetivo é incluir minorias linguísticas no espetáculo e todos os bailarinos também aprenderam um pouco desta forma de comunicação.
CNBB

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF