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terça-feira, 9 de maio de 2017

Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo

Presbíteros

(Sermo 108: PL 52,499-500)        (Séc.V)


Sê tu sacrifício e sacerdote de Deus
        Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos (Rm12,1). Paulo exorta, ou melhor, é Deus que por intermédio de Paulo nos exorta, pois deseja ser mais amado que temido. Deus exorta-nos, porque quer ser mais Pai do que Senhor. Deus exorta-nos, pela sua misericórdia, para não ter de nos castigar com o seu rigor. 
        Ouve como o Senhor exorta: Vede, vede em mim o vosso corpo, os vossos membros, o vosso coração, os vossos ossos, o vosso sangue. E se temeis o que é de Deus, por que não amais o que também é vosso? Se fugis do Senhor, por que não recorreis ao Pai? 
        Talvez vos perturbe a enormidade de meus sofrimentos causados por vós. Não tenhais medo. Esta cruz não me feriu a mim, mas feriu a morte. Estes cravos não me provocam dor, mas cravam mais profundamente em mim o amor por vós. Estas chagas não me fazem soltar gemidos, mas vos introduzem ainda mais intimamente em meu coração. O meu corpo, ao ser estirado na cruz, não aumenta o meu sofrimento, mas dilata os espaços do coração para vos acolher. Meu sangue não é uma perda para mim, mas é o preço do vosso resgate. 
        Vinde, pois, convertei-vos e pelo menos assim experimentareis a bondade do Pai, que paga os males com o bem, as injúrias com amor, tão grandes chagas com tamanha caridade. 
        Ouçamos, porém, a insistência do Apóstolo: Eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo (Rm 12,1). Pedindo deste modo, o Apóstolo ergueu todos os seres humanos à dignidade sacerdotal: a vos oferecerdes em sacrifício vivo. 
        Ó inaudito mistério do sacerdócio cristão, em que o ser humano é para si mesmo vítima e sacerdote! O ser humano não precisa ir buscar fora de si a vítima que deve oferecer a Deus; traz consigo e em si o que irá sacrificar a Deus. Permanecem intactos tanto a vítima como o sacerdote; a vítima é imolada mas continua viva, e o sacerdote que oferece o sacrifício não pode matar a vítima. 
Admirável sacrifício em que o corpo é oferecido sem imolação e o sangue sem derramamento! Pela misericórdia de Deus eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo. Irmãos, este sacrifício é imagem do sacrifício de Cristo que, para dar a vida ao mundo, imolou o seu corpo, permanecendo vivo; na verdade, ele fez de seu corpo um sacrifício vivo, porque tendo morrido, continua vivo. Num sacrifício como este, a morte teve a sua parte, mas a vítima permanece; a vítima vive,enquanto a morte é castigada. Por isso, os mártires nascem com a morte, no fim da vida é que começam a vivê-la; coma sua imolação revivem e brilham agora nos céus os que na terra eram tidos como mortos.  
        Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo. É o que também cantava o Profeta: Tu não quiseste nem vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo (cf. Sl 39,7; Hb 10,5). 
        Ó homem, sê tu sacrifício e sacerdote de Deus; não percas aquilo que te foi dado pelo poder do Senhor. Reveste-te com a túnica da santidade, cinge-te com o cíngulo da castidade; seja Cristo o véu de proteção da tua cabeça; que a cruz permaneça em tua fronte como defesa. Grava em teu peito o sinal da divina ciência; eleva continuamente a tua oração como perfume de incenso; empunha a espada do Espírito; faze de teu coração um altar. E assim, com toda confiança, oferece teu corpo como vítima a Deus. 
        Deus não quer a morte, mas a fé; ele não tem sede do teu sangue, mas do teu sacrifício; não se aplaca com a morte violenta, mas com a vontade generosa.
www.liturgiadashoras.org

Documento da CNBB sobre iniciação cristã busca maior integração entre catequese e liturgia

Dom Eugênio Rixen, membro da comissão do tema central da Assembleia dos Bispos / Foto: CNBB

APARECIDA, 08 Mai. 17 / 01:30 pm (ACI).- Durante a 55ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, os prelados brasileiros aprovaram o texto sobre o tema central, “Iniciação à Vida Cristã”, que será publicado como um documento, a fim de promover maior integração entre catequese e liturgia.
Segundo Dom Eugênio Rixen, membro da comissão do tema central e Bispo da Diocese de Goiás, a partir de agora, “o debate e as novas práticas em torno do tema central, ‘iniciação à vida cristã’, vão se desdobrar nas ações dos organismos da Igreja, nas pastorais, dioceses e regionais”.
Reunidos durante a assembleia de 26 de abril a 5 de maio, em Aparecida (SP), os Bispos brasileiros refletiram sobre o tema da “Iniciação à Vida Cristã”, discutiram e avaliaram o texto preparado por uma comissão designada para este fim.
Dom Eugênio Rixen lembrou ao site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que muitas paróquias, dioceses e regionais já vêm discutindo e aprofundando o tema e, neste sentido, a aprovação na Assembleia Geral foi mais um passo desse processo.
Assinalou ainda a necessidade de maior aproximação entre catequese e liturgia, com celebrações próprias no estilo catecumenal, como a celebração da Entrega da Palavra de Deus.
Um dos instrumentos de trabalho que inspirou a temática central da 55º Assembleia Geral foi o Ritual de Iniciação à Vida Cristã de Adultos (Rica), que traz os passos a serem executados (itinerários) nessa caminhada de conhecimento e adesão à fé cristã.
“Sentimos muita disposição e boa vontade dos bispos em levar adiante as mudanças necessárias para que mais pessoas façam a experiência do encontro pessoal e transformador com Jesus Cristo”, expressou o Bispo.
O documento a ser publicado pela CNBB, indicou Dom Rixen, reconhece que atualmente vive-se em uma época dominada pelo secularismo. “Neste contexto, o texto reforça a necessidade de oferecer às pessoas uma profunda experiência de encontro com Jesus Cristo, por meio do Querigma”, assinalou.
Inspirado no capítulo 2 da Carta de São Paulo aos Filipenses, o texto reforça que não é suficiente apenas conhecer Jesus, mas buscar sentir o que ele sentiu e viver as suas atitudes: o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude.
Acidigital

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Livro destaca a história pouco conhecida da Igreja Católica nos EUA

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Washington - Estados Unidos (Sexta-feira, 05-05-2017, Gaudium Press) Numerosos dados pouco conhecidos da história dos Estados Unidos, referidos às dificuldades e contribuições da Igreja Católica na história do país, são o atrativo principal de um livro recentemente lançado pela editora 'Stella Maris' da Espanha: "A história dos Estados Unidos como jamais te contaram". Seu autor, o escritor catalão Jorge Soley, buscou reconhecer a contribuição da Espanha na história dessa nação e "a situação dos católicos nos Estados Unidos, durante muito tempo cidadãos de segunda", segundo comentou ao blog 'Somatemps'.
A história da Igreja Católica nos Estados Unidos é pouco conhecida inclusive em ambientes católicos e a discriminação padecida pelos fiéis em alguns lugares como o estado de Maryland durante a independência, não é frequentemente relatada. "Alguns fatos foram chave para mudar este estado das coisas", explicou Soley, "como o papel das monjas que cuidaram de milhares de feridos durante a Guerra Civil ou o da universidade católica de Notre Dame que foi determinante para acabar com o Ku Klux Klan, por não falar dos numerosos missionários que evangelizaram o selvagem Oeste (tanto o chefe índio 'Touro Sentado' como 'Buffalo Bill' acabaram seus dias no seio da Igreja Católica)".

O legado dos católicos no país norte-americano tem uma nova notoriedade pelos fatos como a próxima canonização do Beato Frei Junípero Serra, fundador de nove missões espanholas na Alta Califórnia, uma das quais muito perto do lugar que ocuparia a cidade de Los Angeles: o zelo evangelizador do religioso levou além da Fé o desenvolvimento a uma terra considerada inóspita e que tomaria posteriormente grande relevância para a vida do país.
Os dados inusuais coletados pelo autor contribuem para formar uma imagem mais completa da história do país e não se limitam ao tema religioso, abarcando histórias como a da Batalha de São Patrício, composto por desertores do Exército dos Estados Unidos que decidiram colocar-se do lado dos mexicanos, junto a uma minoria de alemães, canadenses, poloneses e franceses, na Intervenção dos Estados Unidos nesse país em 1846. Narrações como esta são acompanhadas por anedotas inesperadas, como a da figura de Al Capone, famoso por liderar a máfia, convertido no final de sua vida em um fiel piedoso, promotor da devoção à Divina Misericórdia. (EPC)

Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/87055-Livro-destaca-a-historia-pouco-conhecida-da-Igreja-Catolica-nos-EUA#ixzz4gVMCXo3O
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte. 


Do Livro Sobre o Espírito Santo, de São Basílio, bispo

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(Cap 15,35-36: PG 32,130-131)        (Séc.IV)


O Espírito vivifica
        O Senhor que nos concede a vida, estabeleceu conosco a aliança do batismo, como símbolo da morte e da vida. A água é imagem da morte e o Espírito nos dá o penhor da vida. Assim, torna-se evidente o que antes perguntávamos: por que a água está unida ao Espírito? É dupla, com efeito, a finalidade do batismo: destruir o corpo do pecado para que nunca mais produza frutos de morte, e vivificá-lo pelo Espírito, para que dê frutos de santidade. A água é a imagem da morte porque recebe o corpo como num sepulcro; e o Espírito, por sua vez, comunica a força vivificante que renova nossas almas, libertando-as da morte do pecado e restituindo-lhes a vida. Nisto consiste o novo nascimento da água e do Espírito:na água realiza-se a nossa morte, enquanto o Espírito nos traz a vida.
        O grande mistério do batismo realiza-se em três imersões e três invocações, para que não somente fique bem expressa a imagem da morte, mas também a alma dos batizados seja iluminada pelo dom da ciência divina. Por isso, se a água tem o dom da graça, não é por sua própria natureza mas pela presença do Espírito. O batismo, de fato, não é uma purificação da imundície corporal, mas o compromisso de uma consciência pura perante Deus. Eis por que o Senhor, a fim de nos preparar para a vida que brota da ressurreição, propõe-nos todo o programa de uma vida evangélica, prescrevendo que não nos entreguemos à cólera, sejamos pacientes nas contrariedades e livres da aflição dos prazeres e do amor ao dinheiro. Isto nos manda o Senhor, para nos induzir a praticar, desde agora, aquelas virtudes que na vida futura se possuem como condição natural da nova existência.
        O Espírito Santo restitui o paraíso, concede-nos entrar no reino dos céus e voltar à adoção de filhos. Dá-nos a confiança de chamar a Deus nosso Pai, de participar da graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz, de tomar parte na glória eterna, numa palavra, de receber a plenitude de todas as bênçãos tanto na vida presente quanto na futura. Dá-nos ainda contemplar, como num espelho, a graça daqueles bens que nos foram prometidos e que pela fé esperamos usufruir como se já estivessem presentes. Ora, se é assim o penhor, qual não será a plena realidade? E, se tão grandes são as primícias, como não será a consumação de tudo?
www.liturgiadashoras.org

Se um sacerdote se esquece de sua Mãe, é como se estivesse órfão, diz o Papa

Papa Francisco. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
VATICANO, 08 Mai. 17 / 11:00 am (ACI).- O Papa Francisco recebeu em audiência a comunidade do Pontifício Colégio Português de Roma e convidou os sacerdotes a procurar a Virgem Maria quando tivessem alguma necessidade.
Francisco pediu que seguissem o exemplo da Virgem Maria, “que é a sua Mãe e os ama tanto”. “Deixem que Ela olhe para vocês, aprendam a ser mais humildes e também mais corajosos para seguir a Palavra de Deus”, encorajou.
“A relação com Maria nos ajuda a ter um bom relacionamento com a Igreja: as duas são mães”. “Devemos cultivar a relação filial com a Virgem Maria porque, se falta isto, a algo órfão no coração”, acrescentou.
“Se o sacerdote que esquece da sua Mãe, especialmente nos momentos de dificuldade, algo lhes falta. É como se fosse órfão, mas na verdade não é. Esqueceu-se de sua mãe. Mas nos momentos difíceis a criança sempre procura a sua mãe. E a Palavra de Deus nos ensina a ser como crianças nos braços da mãe”.
Francisco mencionou a sua viagem a Portugal nos dias 12 e 13 de maio: “O encontro com Nossa Senhora foi para os pastorinhos uma experiência de graça que fez com que se apaixonassem por Jesus. Como tenra e boa Mestra, Maria introduz os videntes no íntimo conhecimento do Amor trinitário e os leva a saborear Deus como a realidade mais bela da existência humana”.
O Papa convidou também a “conhecer e amar Cristo sempre buscando conformar-se mas com Ele, até o dom total”. “Concretamente vocês, queridos sacerdotes, são chamados a progredir, sem se cansar, em sua formação cristã e sacerdotal, pastoral e cultural”.
“Sua primeira preocupação deve ser sempre a de crescer no caminho da consagração sacerdotal, através da experiência amorosa de Deus: um Deus próximo e fiel como os Beatos Francisco e Jacinta e a Serva de Deus Lúcia”.
Por Álvaro de Juana
Acidigital

domingo, 7 de maio de 2017

IV Domingo da Páscoa: O Bom Pastor

+ Sérgio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

O 4º Domingo da Páscoa é denominado “Domingo do Bom Pastor”pois nele sempre se proclama um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, que nos apresenta Jesus como o Bom Pastor. A cada ano, são destacados alguns traços do Bom Pastor.  O breve trecho, hoje proclamado (Jo 10,27-30), retrata Jesus, o Bom Pastor, destacando os seguintes aspectos: 1) ele conhece as suas ovelhas; 2) ele dá a vida eterna às suas ovelhas; 3) ele cuida do rebanho e protege as ovelhas, de tal modo, que ninguém pode arrancá-las de sua mão, nem arrebatá-las da mão do Pai. Ao mesmo tempo, as ovelhas são caracterizadas pelas seguintes atitudes: a) escutam a voz do Bom Pastor; b) seguem o Bom Pastor, assumindo a condição de discípulos. Seguir a Jesus Cristo e escutar a sua voz são traços essenciais dos discípulos.

As ovelhas do rebanho de Cristo deixam-se conduzir por ele, pois confiam naquele que dá a vida para que todos tenham a vida. O amor do Bom Pastor se manifesta, de modo especial, na cruz. Neste Tempo Pascal, nós estamos celebrando a vitória do Pastor que assumiu a condição de Servo e Cordeiro imolado, o “Cordeiro que tira o pecado do mundo”, que vence a morte e nos dá a vida. Por isso, voltamos o nosso olhar e o nosso coração para Ele, com confiança, procurando escutar a sua voz e praticar a sua Palavra. Entretanto, não se pode pertencer ao rebanho aceitando apenas o Pastor. Aqueles que seguem o Bom Pastor devem aceitar também as demais ovelhas do rebanho, os outros discípulos, como irmãos a serem amados. O discípulo-ovelha vive em comunhão. Por isso, valorize a sua comunidade e participe da vida da Igreja, especialmente, neste Tempo Pascal.
No Domingo do Bom Pastor, nós somos convidados a rezar especialmente por aqueles que colaboram no pastoreio do rebanho de Jesus, o Bom Pastor, através do sacerdócio e da vida religiosa. Por isso, a cada ano, neste domingo, realiza-se a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, recordando-nos que o cultivo das vocações sacerdotais e religiosas é dever de toda a comunidade.
Agradecemos a todos os que se dedicam ao serviço vocacional em nossa Igreja, especialmente, aos formadores dos Seminários, aos animadores da Pastoral Vocacional e aos que contribuem para a Obra das Vocações Sacerdotais. Necessitamos de maior ajuda espiritual e material, especialmente, na sustentação de nossos Seminários. Nesta Jornada Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, rezemos pelos nossos padres, diáconos, religiosos, seminaristas e vocacionados, para que sejam fiéis, seguindo o exemplo de Jesus, o Bom Pastor, deixando-se por Ele conduzir.
Arquidiocese de Brasília

Papa Francisco adverte: Cuidado ao escutar outras vozes que não sejam a do Bom Pastor

Papa durante o Regina Coeli acompanhado pelos novos sacerdotes. Foto: Captura Youtube
VATICANO, 07 Mai. 17 / 08:25 am (ACI).- Depois da ordenação de 10 novos sacerdotes na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco presidiu a oração do Regina Coeli e advertiu sobre ouvir a voz de falsas sabedorias que não são as do Bom Pastor.
“Às vezes, racionalizamos muito a fé e corremos o risco de perder a percepção do timbre daquela voz, da voz de Jesus, Bom Pastor, que estimula, que fascina”. Para Jesus, “nunca somos estranhos, mas amigos e irmãos”, disse o Papa.
Entretanto, “nem sempre é fácil distinguir a voz do bom pastor. Existe sempre o perigo do ladrão, do bandido e do falso pastor”, advertiu
“Existe o risco de ser distraído pelo som de outras vozes”, por isso, “hoje somos convidados a não nos deixar distrair por falsas sabedorias deste mundo, mas seguir Jesus, Ressuscitado, como única guia segura que dá sentido à nossa vida”.
O Papa explicou que no Evangelho se apresentam duas imagens: a do pastore a da porta do redil. “O rebanho, que somos todos nós, tem como moradia um redil que serve de refúgio, onde as ovelhas vivem e descansam após o cansaço do caminho. E o redil tem um recinto com uma porta, onde há um guardião”.
“Várias pessoas se aproximam do rebanho. Há quem entra no recinto pela porta e quem sobe por outro lado. O primeiro é o pastor, o segundo um estranho que não ama as ovelhas, que quer entrar, mas por outros interesses. Jesus se identifica com o primeiro e manifesta uma relação de familiaridade com as ovelhas, expressa através da voz, com a qual chama e que elas reconhecem e seguem”.
“Cristo, Bom Pastor, tornou-se a porta da salvação da humanidade, porque ofereceu a sua vida pelas ovelhas. Jesus, bom pastor e porta das ovelhas, é um chefe cuja autoridade se expressa no serviço, um chefe que, para comandar, doa a vida e não pede aos outros para sacrificá-la”, acrescentou.
“É possível confiar em um chefe assim, como as ovelhas que escutam a voz do seu pastor, porque sabem que ele leva a campos bons e abundantes. Basta um sinal, um chamado, que elas o seguem, obedecem, caminham em direção da voz daquele que ouvem como presença amiga, forte e doce, que conduz e protege, consola e cuida”.
“Assim é Cristo para nós”, destacou o Papa. “Há uma dimensão da experiência cristã que talvez deixamos um pouco de lado: a dimensão espiritual e afetiva, o sentirmo-nos ligados por um vínculo especial ao Senhor como as ovelhas ao seu pastor”.
Por último, o Papa pediu que a Virgem Maria “acompanhe os dez novos sacerdotes que ordenei há pouco e sustente com sua ajuda os que são chamados, para que estejam dispostos e sejam generosos ao seguir sua voz”
Acidigital

sábado, 6 de maio de 2017

Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo

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(Lib. 4,2: PG 73,563-566)     (Séc.V)


Cristo entregou seu corpo para a vida de todos

        Eu morro por todos, diz o Senhor, a fim de que por mim todos tenham vida. Eu morro para resgatar todos pela minha carne! A morte morrerá em minha morte e, juntamente comigo, a natureza humana que caíra, ressuscitará.
        Para tanto tornei-me semelhante a vós, um homem autêntico da descendência de Abraão, a fim de ser semelhante a meus irmãos. São Paulo compreendeu isto perfeitamente, ao dizer: Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é,o demônio (Hb 2,14).
        Ora, aquele que tinha o poder da morte, e por conseguinte, a própria morte, não poderia ser destruído de nenhuma outra maneira, se Cristo não tivesse se oferecido em sacrifício por nós. Um só foi imolado pela redenção de todos, porque a morte dominava sobre todos.
        Por isso diz-se nos salmos que Cristo se ofereceu a Deus Pai como sacrifício imaculado: Sacrifício e oblação não quisestes, mas formastes-me um corpo; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados. E então eu vos disse: “Eis que venho” (Sl 39,7-9).
        O Senhor foi crucificado por todos e por causa de todos a fim de que, tendo um morrido por
todos, vivamos todos nele. Não seria possível que a vida permanecesse sujeita à morte ou sucumbisse à corrupção natural. Sabemos pelas próprias palavras de Cristo que ele ofereceu sua carne pela vida do mundo: Eu me consagro por eles (Jo 17,19).
        Com isso ele quer dizer que se consagra e se oferece como sacrifício puro de suave perfume. Com efeito, tudo o que era oferecido sobre o altar, era santificado ou chamado santo, conforme a Lei. Cristo, portanto, entregou seu corpo em sacrifício pela vida de todos e assim a vida nos foi dada de novo por meio dele. Como isso se realizou, procurarei dizer na medida do possível.
        Depois que o Verbo de Deus, que tudo vivifica, assumiu a carne, restituiu à carne o seu próprio bem, isto é, a vida. Estabeleceu com ela uma comunhão inefável, e tornou-a fonte de vida, como ele mesmo o é por natureza.
        Por conseguinte, o corpo de Cristo dá a vida a todos os que dele participam; repele a morte dos que a ele estão sujeitos e os libertará da corrupção, porque possui em si mesmo a força que a elimina plenamente.
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É urgente retomar o caminho da ética para reconstruir o Brasil, alertam Bispos


Logo da CNBB. Imagem: CNBB
APARECIDA, 05 Mai. 17 / 01:00 pm (ACI).- Em nota, os Bispos brasileiros, reunidos na sua 55ª Assembleia Geral, afirmaram que “urge retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social”.

A declaração dos Prelados foi feita frente ao que diagnosticaram como “um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna”.
Intitulada “O grave momento nacional”, a nota foi publicada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na quinta-feira, 4 de maio, véspera do encerramento da Assembleia Geral.
No texto, a CNBB apresenta “à sociedade brasileira suas reflexões e apreensões diante da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual vem passando o Brasil”.
“Não compete à Igreja apresentar soluções técnicas para os graves problemas vividos pelo País, mas oferecer ao povo brasileiro a luz do Evangelho para a edificação de ‘uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação’”, afirma, citando a encíclica Caritas in Veritate, de Bento XVI.
Confira a seguir a íntegra da nota da CNBB:
O GRAVE MOMENTO NACIONAL
“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, por ocasião de sua 55ª Assembleia Geral, reunida em Aparecida-SP, de 26 de abril a 5 de maio de 2017, sente-se no dever de, mais uma vez, apresentar à sociedade brasileira suas reflexões e apreensões diante da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual vem passando o Brasil. Não compete à Igreja apresentar soluções técnicas para os graves problemas vividos pelo País, mas oferecer ao povo brasileiro a luz do Evangelho para a edificação de “uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação” (Bento XVI – Caritas in Veritate, 9).
O que está acontecendo com o Brasil? Um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna. O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção. Urge, portanto, retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais (cf. Documentos da CNBB 50– Ética, Pessoa e Sociedade – n. 130)
O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população. É preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa. Dessa forma se poderá superar o fisiologismo político que leva a barganhas sem escrúpulos, com graves consequências para o bem do povo brasileiro.
É sempre mais necessária uma profunda reforma do sistema político brasileiro. Com o exercício desfigurado e desacreditado da política, vem a tentação de ignorar os políticos e os governantes, permitindo-lhes decidir os destinos do Brasil a seu bel prazer. Desconsiderar os partidos e desinteressar-se da política favorece a ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos. Aos políticos não é lícito exercer a política de outra forma que não seja para a construção do bem comum. Daí, a necessidade de se abandonar a velha prática do “toma lá, dá cá” como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos.
Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, em detrimento da pessoa humana e ao capital em detrimento do trabalho, quando deveria ser o contrário. Essa economia mata e revela que a raiz da crise é antropológica, por negar a primazia do ser humano sobre o capital (cf. Evangelii Gaudium, 53-57). Em nome da retomada do desenvolvimento, não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. Recorde-se, com o Papa Francisco, que “o dinheiro é para servir e não para governar” (Evangelii Gaudium 58).
O desenvolvimento social, critério de legitimação de políticas econômicas, requer políticas públicas que atendam à população, especialmente a que se encontra em situação vulnerável. A insuficiência dessas políticas está entre as causas da exclusão e da violência, que atingem milhões de brasileiros. São catalisadores de violência: a impunidade; os crescentes conflitos na cidade e no campo; o desemprego; a desigualdade social; a desconstrução dos direitos de comunidades tradicionais; a falta de reconhecimento e demarcação dos territórios indígenas e quilombolas; a degradação ambiental; a criminalização de movimentos sociais e populares; a situação deplorável do sistema carcerário. É preocupante, também, a falta de perspectivas de futuro para os jovens. Igualmente desafiador é o crime organizado, presente em diversos âmbitos da sociedade.
Nas cidades, atos de violência espalham terror, vitimam as pessoas e causam danos ao patrimônio público e privado. Ocorridos recentemente, o massacre de trabalhadores rurais no município de Colniza, no Mato Grosso, e o ataque ao povo indígena Gamela, em Viana, no Maranhão, são barbáries que vitimaram os mais pobres. Essas ocorrências exigem imediatas providências das autoridades competentes na apuração e punição dos responsáveis.
No esforço de superação do grave momento atual, são necessárias reformas, que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a sociedade, com vistas ao bem comum. Do Judiciário, a quem compete garantir o direito e a justiça para todos, espera-se atuação independente e autônoma, no estrito cumprimento da lei. Da Mídia espera-se que seja livre, plural e independente, para que se coloque a serviço da verdade.
Não há futuro para uma sociedade na qual se dissolve a verdadeira fraternidade. Por isso, urge a construção de um projeto viável de nação justa, solidária e fraterna. “É necessário procurar uma saída para a sufocante disputa entre a tese neoliberal e a neoestatista (…). A mera atualização de velhas categorias de pensamentos, ou o recurso a sofisticadas técnicas de decisões coletivas, não é suficiente. É necessário buscar caminhos novos inspirados na mensagem de Cristo” (Papa Francisco – Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais – 24 de abril de 2017).
O povo brasileiro tem coragem, fé e esperança. Está em suas mãos defender a dignidade e a liberdade, promover uma cultura de paz para todos, lutar pela justiça e pela causa dos oprimidos e fazer do Brasil uma nação respeitada.
A CNBB está sempre à disposição para colaborar na busca de soluções para o grave momento que vivemos e conclama os católicos e as pessoas de boa vontade a participarem, consciente e ativamente, na construção do Brasil que queremos.
No Ano Nacional Mariano, confiamos o povo brasileiro, com suas angústias, anseios e esperanças, ao coração de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Deus nos abençoe!
Aparecida – SP, 3 de maio de 2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Acidigital/CNBB

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Papa: não aos rígidos de vida dupla, na Igreja é necessária a mansidão

Cidade do Vaticano (RV) – Também hoje, na Igreja, existem pessoas que usam a rigidez para encobrir os próprios pecados. Esta foi a advertência que o Papa Francisco fez na homilia da missa celebrada esta sexta-feira (05/05) na capela da Casa Santa Marta.
Comentando a Primeira Leitura, extraída dos Atos dos Apóstolos, o Pontífice falou sobre a figura de São Paulo que, de rígido perseguidor, se tornou manso e paciente anunciador do Evangelho.
“A primeira vez que aparece o nome de Saulo – observou Francisco – é na lapidação de Estevão”. Saulo era um “jovem, rígido, idealista” e estava “convencido” da rigidez da Lei.
Não aos rígidos de vida dupla
Era rígido, comentou o Papa, mas “era honesto”. Ao invés, Jesus “teve que condenar os rígidos que não eram honestos”:
“São os rígidos de vida dupla: se mostram belos, honestos, mas quando ninguém os vê, fazem coisas feias. Ao invés, este jovem era honesto: acreditava nisso. Quando falo disso, penso em muitos jovens que caíram na tentação da rigidez, hoje, na Igreja. Alguns são honestos, são bons, devemos rezar para que o Senhor os ajude a crescer no caminho da mansidão”.
Francisco prosseguiu dizendo que outras pessoas “usa a rigidez para encobrir as fraquezas, pecados, doenças de personalidade e usam a rigidez” para se afirmar sobre os outros. O Papa observou que Saulo, crescido nesta rigidez, não pode tolerar aquela que para ele é uma heresia e, assim, começa a perseguir os cristãos. “Pelo menos – comenta o Pontífice com amargura – deixava as crianças vivas: hoje, nem isso”.
Saulo então vai a Damasco para capturar os cristãos e conduzi-los prisioneiros a Jerusalém. E no caminho há o encontro “com outro homem que fala com uma linguagem de mansidão: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’”.
De perseguidor, São Paulo se torna evangelizador
A criança, disse, “o rapaz rígido, que se fez homem rígido – mas honesto! – se fez criança e se deixou conduzir para onde o Senhor o chamou. A força da mansidão do Senhor”. Saulo se torna então Paulo, anuncia o Senhor até o fim e sofre por Ele:
“E assim, este homem da própria experiência prega aos outros, de uma parte a outra: perseguido, com muitos problemas, inclusive na Igreja, também teve que sofrer com o fato que os próprios cristãos brigassem entre si. Mas ele, que tinha perseguido o Senhor com o zelo da Lei, dirá aos cristãos: ‘Com o mesmo que se afastaram do Senhor, pecaram, com a mente, com o corpo, com tudo, com os mesmos membros agora sejam perfeitos, deem glória a Deus’”.
Que os rígidos sigam o caminho da mansidão de Jesus
“Existe o diálogo entre a suficiência, a rigidez e a mansidão”, disse o Papa. “O diálogo entre um homem honesto e Jesus que lhe fala com doçura”. E assim, destacou, “começa a história deste homem que conhecemos ainda jovem, na lapidação de Estevão, e que acabará traído por um cristão”. Para alguns, a vida de São Paulo “é uma falência”, assim como aquela de Jesus:
“Este é o caminho do cristão: ir avante pelos vestígios que Jesus deixou, vestígios da pregação, do sofrimento, da Cruz, da ressurreição. Peçamos a Saulo, hoje, de modo especial pelos rígidos que existem na Igreja; pelos rígidos-honestos como ele, que têm zelo, mas erram. E pelos rígidos hipócritas, os de vida dupla, aqueles aos quais Jesus dizia: ‘Façam o que dizem, mas não o que fazem’. Hoje, rezemos pelos rígidos”.
Rádio Vaticano

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF