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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Igreja do Brasil celebra as diversas vocações durante este mês de agosto

“Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações”. (Jr. 1,5) 
 
Entramos em agosto, conhecido tradicionalmente na Igreja Católica do Brasil como mês vocacional. Tempo propício para refletir sobre o chamado e os planos de Deus para cada um de nós. Esse chamado é a vocação que temos que assumir em vida, à serviço da Igreja e de Deus.
Por essa razão, cada domingo do mês de agosto é reservado para se trabalhar e celebrar uma vocação em especial.
O primeiro domingo do mês de agosto, 06/08, é dedicado às Vocações Sacerdotais, festejando o Dia de São João Maria Vianney. Esta vocação é concretizada por meio do Sacramento da Ordem, transmitido unicamente a diáconos, padres e bispos.
No segundo domingo, 13/08, comemora-se a Vocação Familiar, com o Dia dos Pais. A instituição familiar é a responsável pela transmissão e educação na fé cristã. É a verdadeira escola no amor e na vida.
No terceiro domingo, 20/08, dia da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, é dia de lembrar a Vocação à Vida Consagrada, comemorando o Dia da Vida Religiosa. Religiosos são pessoas consagradas, que vivem seus votos de castidade, obediência e pobreza, à serviço da Igreja e dos irmãos; assumindo a missão próprio do Instituto, Ordem ou Congregação em que vive.
Finalizando, no quarto domingo, 27/08, festeja-se as Vocações Leigas, com o Dia dos Ministérios Leigos e dos Catequistas. Neste domingo fica claro que toda e qualquer pessoa batizada deve servir a Deus e a Igreja, por meio de testemunhos ou obras concretas.
Vale ressaltar que as comemorações pelo mês das Vocações este ano serão sob a temática “A exemplo de Maria, discípulos missionários”, em consonância com o Ano Nacional Mariano, decretado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, em agosto de 2016.
A tradição de celebrar as diferentes vocações aos domingos do mês de agosto, acontece desde 1981, quando a data foi instituída através da 19ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Durante esse período as paróquias, instituições, grupos e comunidades preparam atividades de orações ou formações para que os fieis possam intensificar ou descobrir a sua responsabilidade e compromisso com a Igreja e a sociedade e, assim, atender ao chamado de Deus.

ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO PELAS VOCAÇÕES
Pai de misericórdia, que destes o vosso Filho pela nossa salvação e sempre nos sustentais com os dons do vosso Espírito, concedei-nos comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, que sejam fontes de vida fraterna e suscitem nos jovens o desejo de se consagrarem a Vós e à evangelização. Sustentai-as no seu compromisso de propor uma adequada catequese vocacional e caminhos de especial consagração. Dai sabedoria para o necessário discernimento vocacional, de modo que, em tudo, resplandeça a grandeza do vosso amor misericordioso. Maria, Mãe e educadora de Jesus, interceda por nossa comunidade cristã, para que, tornada fecunda pelo Espírito Santo, seja fonte de vocações autênticas para o serviço do povo santo de Deus.

Por Gislene Ribeiro/Arquidiocese de Brasília

Das Obras de Santo Afonso Maria de Ligório, bispo

(Tract. De praxi amandi Iesum Christum, edit. latina, Romae 1909, pp.9-14)            (Séc.XVII)


Sobre o amor a Jesus Cristo
Toda santidade e perfeição consiste no amor a Jesus Cristo, nosso Deus, nosso sumo bem e nosso redentor. É a caridade que une e conserva todas as virtudes que tornam o homem perfeito.
Será que Deus não merece todo o nosso amor? Ele nos amou desde toda a eternidade. “Lembra-te, ó homem, – assim nos fala – que fui eu o primeiro a te amar. Tu ainda não estavas no mundo, o mundo nem mesmo existia, e eu já te amava. Desde que sou Deus, eu te amo”.
Deus, sabendo que o homem se deixa cativar com os benefícios, quis atraí-lo ao seu amor por meio de seus dons. Eis por que disse: “Quero atrair os homens ao meu amor com os mesmos laços com que eles se deixam prender, isto é, com os laços do amor”. Tais precisamente têm sido todos os dons feitos por Deus ao homem. Deu-lhe uma alma dotada, à sua imagem, de memória, inteligência e vontade; deu-lhe um corpo provido de sentidos; para ele criou também o céu e a terra com toda a multidão de seres; por amor do homem criou tudo isso, para que todas as criaturas servissem ao homem e o homem, em agradecimento por tantos benefícios, o amasse.
Mas Deus não se contentou em dar-nos tão belas criaturas. Para conquistar todo o nosso amor, foi ao ponto de dar-se a si mesmo totalmente a nós. O Pai eterno chegou ao extremo de nos dar seu único Filho. Vendo-nos a todos mortos pelo pecado e privados de sua graça, que fez ele? Movido pelo imenso, ou melhor – como diz o Apóstolo – pelo seu demasiado amor, enviou seu amado Filho, para nos justificar e nos restituir a vida que havíamos perdido pelo pecado.
Ao dar-nos o Filho, a quem não poupou para nos poupar, deu-nos com ele todos os bens: a graça, a caridade e o paraíso. E porque todos estes bens são certamente menores do que o Filho, Deus, que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? (Rm 8,32).
www.liturgiadashoras.org

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crônica: Cavando poços no deserto

Crônica: Cavando poços no deserto
Dubai (RV*) - Amigas e amigos da Rádio Vaticano, recebam uma saudação cordial das Arábias, onde os desertos constituem seu principal panorama.
As histórias bíblicas nos dão informações das andanças do povo eleito pelo deserto marcado pela escassez de água.  Sob a liderança do libertador Moisés, o povo teria preferido voltar à escravidão do Egito por causa da falta de água.
De fato, para os habitantes do deserto, encontrar  ou cavar um poço significava buscar um bem muito precioso, muito mais valioso que o próprio ouro ou pedras preciosas, pois possuindo água, tinha-se sustentabilidade e sobrevivência da vida pessoal, familiar e do clã.
Lendo a história dos patriarcas, no livro do Gênesis, conhecemos a vida no deserto do Oriente com predominância do trabalho no meio rural. Os patriarcas e suas famílias viviam da criação de animais,  sendo a água importante fonte de provisão.  A água trazia riqueza a quem a encontrasse naquelas regiões desérticas.
É nesse ambiente que as narrativas bíblicas nos dão a conhecer Isaque, um homem trabalhador, um exímio cavador de poços. Com seu pai Abraão, aprendeu a ser um homem de caráter, e cumpridor de seus deveres, tanto nas relações familiares como com outros clãs que viviam no deserto.
Com seus servos, Isaque buscava as águas nas entranhas da terra. Encontrar água cavando poços no deserto, fez de Isaque um homem riquíssimo. Tudo o que fazia prosperava. Deus estava com ele e Isaque deixava-se guiar por Ele.
Por causa disso, a Bíblia nos conta que seus inimigos o expulsaram, por diversas vezes, para apoderar-se de suas terras com os poços. Outras vezes, vinham tapá-los á noite para prejudicá-lo. Ele não desanimou.  Ao invés de entrar em conflito com os inimigos, preferia mudar de região. Assim continuou prosperando.
Depois de tantas mudanças, Isaque quis cavar um poço junto ao qual pudesse viver tranquilamente, sem a intervenção de inimigos. Por isso cavou um poço que chamou de Rehobot, que significa “amplidão”, “alargamento”, e disse: “Porque agora o Senhor nos deu o lugar onde prosperaremos na terra.” (Gênesis 26,22). Não foi assim.
A ausência de conflitos não significou que aquele seria o lugar definitivo para o clã de Isaque. Deus lhe reservava coisas maiores. Seria abençoado como um dos patriarcas a ser lembrado por Cristo.
*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano
Rádio Vaticano

Da Narrativa autobiográfica de Santo Inácio, recolhida de viva voz pelo Padre Luís Gonçalves da Câmara

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(Cap.1,5-9:Acta Sanctorum Iulii, 7 [1868], 647)

(Séc.XVI)

Provai os espíritos a ver se são de Deus
Inácio gostava muito de ler livros mundanos e romances que narravam supostos feitos heróicos de homens ilustres. Assim que se sentiu melhor, pediu que lhe dessem alguns deles, para passar o tempo. Mas não se tendo encontrado naquela casa nenhum livro deste gênero, deram-lhe um que tinha por título A vida de Cristo e outro chamado Florilégio dos Santos, ambos escritos na língua pátria.
Com a leitura frequente desses livros, nasceu-lhe um certo gosto pelos fatos que eles narravam. Mas, quando deixava de lado essas leituras, entregava seu espírito a lembranças do que lera outrora; por vezes ficava absorto nas coisas do mundo, em que antes costumava pensar.
Em meio a tudo isto, estava a divina providência que, através dessas novas leituras, ia dissipando os outros pensamentos. Assim, ao ler a vida de Cristo nosso Senhor e dos santos, punha-se a pensar e a dizer consigo próprio: “E se eu fizesse o mesmo que fez São Francisco e o que fez São Domingos?” E refletia longamente em coisas como estas. Mas sobrevinham-lhe depois outros pensamentos vazios e mundanos, como acima se falou, que também se prolongavam por muito tempo. Permaneceu nesta alternância de pensamentos durante um tempo bastante longo.
Contudo, nestas considerações, havia uma diferença: quando se entretinha nos pensamentos mundanos, sentia imenso prazer; mas, ao deixá-los por cansaço, ficava triste e árido de espírito. Ao contrário, quando pensava em seguir os rigores praticados pelos santos, não apenas se enchia de satisfação, enquanto os revolvia no pensamento, mas também ficava alegre depois de os deixar.
No entanto, ele não percebia nem avaliava esta diferença, até o dia em que se lhe abriram os olhos da alma, e começou a admirar-se desta referida diferença. Compreendeu por experiência própria que um gênero de pensamentos lhe trazia tristeza, e o outro, alegria. Foi esta a primeira conclusão que tirou das coisas divinas. Mais tarde, quando fez os Exercícios Espirituais, começou tomando por base esta experiência, para compreender o que ensinou sobre o discernimento dos espíritos.
www.liturgiadashoras.org

17º Domingo do Tempo Comum: O tesouro escondido

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Concluímos hoje a leitura do capítulo treze do Evangelho segundo Mateus, que narra as parábolas do Reino. A Liturgia nos apresenta mais um conjunto de três parábolas contadas por Jesus: o tesouro escondido, a pérola preciosa e a rede lançada ao mar. Nelas, é ressaltada a atitude a ser cultivada por nós perante o Reino de Deus: a) a alegria e a disposição de desfazer-se de “todos os seus bens” para ficar com o bem maior encontrado; b) a prática da justiça segundo os critérios do Reino.
O Reino de Deus é a pérola preciosa, o verdadeiro tesouro escondido a ser buscado em primeiro lugar, com alegria. Quem o encontra, tem tudo, ainda que não tenha outros bens. Embora revelado em Cristo, o Reino continua um tesouro a ser descoberto, a ser compreendido, acolhido e vivido no mundo de hoje, de tal modo que possamos suplicar ao Pai, de coração sincero e confiante: “venha a nós o vosso Reino!”. Esta parábola nos ajuda a pensar a respeito das nossas escolhas e a buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça.
A parábola da rede lançada ao mar nos mostra a universalidade do Reino, aberto a todos, mas, ao mesmo tempo, baseado na justiça. Todos são chamados ao Reino de Deus; porém, a resposta exige a prática da justiça, da santidade querida por Deus. Os que praticam a maldade e a injustiça não tem lugar nele.
Quem segue a Cristo não pode viver de qualquer jeito, mas “de acordo com o projeto de Deus” (Rm 8,28). A Carta de São Paulo aos Romanos nos recorda o chamado que Deus nos faz a sermos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8,29), recordando-nos que, por meio dele, Deus “nos tornou justos” (Rm 8,30).
Para tanto, é fundamental não perder a capacidade de discernir o que é justo e agradável a Deus. Conforme a primeira leitura, na sua belíssima oração, o rei Salomão suplica, com humildade, “um coração compreensivo”, “capaz de discernir entre o bem e o mal”. Em resposta, Deus lhe concede a “sabedoria para praticar a justiça” e “um coração sábio e inteligente” (1Rs 3,7-12). Na tradição sapiencial bíblica, as imagens do tesouro e da pérola serviam justamente para designar o valor incomparável da sabedoria que vem de Deus.
Em resposta, nós rezamos o Salmo 118, expressando o nosso amor pela Palavra de Deus e a nossa disposição em “escolher por herança”, isto é, como tesouro, “observar as palavras do Senhor”, a “lei do Senhor”, pois “vale mais do que milhões em ouro e prata”. Procure redescobrir o valor desse tesouro, durante a semana, dedicando-se mais a oração e a meditação da Palavra de Deus e, de modo especial, participando da Eucaristia.
Arquidiocese de Brasília

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Papa Francisco reza por Charlie Gard e seus pais após falecimento do bebê

Papa Francisco. Foto: Alan Holdren (ACI Prensa) / Charlie Gard / Foto: GoFundMe familia Gard
Vaticano, 28 Jul. 17 / 05:00 pm (ACI).- Após o falecimento de Charlie Gard nesta sexta-feira, o Papa Francisco expressou seu pesar e proximidade ao pais do menino, que nos últimos meses não mediram esforços para tentar salvar a vida de seu filho.
“Confio ao Pai o pequeno Charlie e rezo pelos seus pais e as pessoas que o amaram”, escreveu em sua conta de Twitter @Pontifex_pt.
Charlie Gard, que completaria um ano no próximo dia 4 de agosto, sofria de uma síndrome de esgotamento mitocondrial, uma doença genética rara que causa a fraqueza muscular progressiva e pode provocar a morte no primeiro ano de vida.
Após seus pais, Chris Gard e Connie Yates, enfrentarem uma longa batalha judicial para tentar transferir o menino para os Estados Unidos a fim de passar por um tratamento experimental, eles anunciaram esta semana que encerrariam este processo, pois a deterioração da saúde do bebê havia chegado a um ponto “sem retorno” e o tratamento que buscavam já não era viável.
Logo depois do anúncio dessa decisão, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, também informou que o Santo Padre estava rezando por Charlie e seus pais e pedia que todos se unissem em oração “para que eles possam encontrar consolo e o amor de Deus”.
O Papa Francisco acompanhava “com afeto e emoção o caso do pequeno Charlie Gard”. Nesta semana, Chris Gard e Connie Yates chegaram a solicitar que o bebê pudesse ser levado para morrer em casa e que os aparelhos fossem desligados apenas daqui a uma semana. Porém, não foram atendidos.
De acordo com o hospital, não teria como montar o equipamento necessário para dar o suporte a Charlie em casa e que se tentassem fazer isso, poderia ser caótico para o bebê. Assim, decidiram a transferência do menino para uma casa de cuidados paliativos, onde seus aparelhos seriam desligados.
Acidigital

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Dos Sermões de São João Damasceno, bispo

S. Joaquim e Sta. Ana | Ordem Terceira do Carmo

(Orat. 6, in Nativitatem B. Mariae V., 2.4.5.6:PG 96, 663.667.670)     (Séc.VIII)

Vós os conhecereis pelos seus frutos
Estava determinado que a Virgem Mãe de Deus iria nascer de Ana. Por isso, a natureza não ousou antecipar o germe da graça, mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que a graça produzisse o seu. De fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem nasceria o primogênito de toda a criação, no qual todas as coisas têm a sua consistência (cf. Cl 1,17).
Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe pura, a única que era digna do Criador.
Alegra-te, Ana estéril, que nunca foste mãe, exulta e regozija-te, tu que nunca deste à luz (Is 54,1). Rejubila-te, Joaquim, porque de tua filha nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; o nome que lhe foi dado é: Anjo do grande conselho, salvação do mundo inteiro, Deus forte (Cf. Is 9,5). Este menino é Deus.
Ó casal feliz, Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de vossas entranhas, como disse o Senhor certa vez: Vós os conhecereis pelos seus frutos (Mt 7,16). Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e digno daquela que de vós nasceu. Na vossa casta e santa convivência educastes a pérola da virgindade, aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no parto e continuaria virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo como em seu coração.
Ó castíssimo casal, Joaquim e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural, alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de Deus, que foi mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora é rainha dos anjos.
Ó formosíssima e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te carregaram e os lábios que te beijaram castamente, ou seja, unicamente os lábios de teus pais, para que sempre e em tudo conservasses a perfeita virgindade! Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos, exultai e cantai salmos (cf. Sl 97,4-5). Levantai vossa voz; clamai e não tenhais medo.

domingo, 23 de julho de 2017

Início da Carta aos Magnésios, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir

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(Nn.1,1-5,2: Funk 1,191-195)             (Séc.I)


Convém sermos cristãos não só de nome, mas de fato
Inácio, chamado também o Teóforo, à Igreja, santa pela graça de Deus Pai em Jesus Cristo, nosso salvador. Nele saúdo esta Igreja que está em Magnésia, junto ao Meandro, e desejo-lhe em Deus Pai e em Jesus Cristo plena salvação. 
Tomando conhecimento de vossa religiosa caridade perfeitamente ordenada, decidi, na exultação da fé de Jesus Cristo, vir falar convosco. Ornado com o nome mais glorioso nas cadeias que carrego, louvo as Igrejas. A elas desejo a união com a carne e o espírito de Jesus Cristo, nossa Vida sem fim, e a união na fé e na caridade. Nada há de preferível a isto, sobretudo a união com Jesus e o Pai; nele suportamos toda a violência do príncipe deste mundo, dele escapamos e, assim, alcançamos a Deus. 
Foi-me concedido o favor de vos encontrar através de Damas, vosso bispo, digno de Deus, e dos presbíteros Basso e Apolônio e também do meu companheiro de serviço, o diácono Zócion. Possa eu com ele conviver, porque é submisso ao bispo como à benignidade de Deus e ao presbitério como à lei de Jesus Cristo. 
Contudo, não vos convém usar de excessiva familiaridade para como bispo por causa de sua idade, mas em consideração ao poder de Deus Pai, mostrar-lhe todo o respeito. Como soube, os santos presbíteros não abusam da notável juventude dele, mas prudentes em Deus, obedecem-lhe. Ou melhor, obedecem não a ele, mas ao Pai de Jesus Cristo, o bispo de todos. Por isso, em honra daquele que nos ama, faz-se mister obedecer sem hipocrisia, pois não é a este bispo visível que alguém ilude, mas é ao invisível que tenta enganar. Tudo quanto se faz neste sentido não se refere à carne, mas a Deus que conhece todo o oculto. 
Convém, então, sermos cristãos não só de nome, mas de fato. Ora, há quem tenha o nome do bispo na boca, porém, tudo faz sem ele. Estes tais não me parecem possuir consciência reta, porque não se reúnem com lealdade, segundo o preceito. 
Tudo terá um fim. Mas dois termos nos são propostos: a morte e a vida. Com efeito, cada um de nós irá para o próprio lugar. À semelhança de duas moedas, uma de Deus, outra do mundo, também cada qual tem a própria marca inscrita. Assim, os infiéis têm a marca deste mundo, enquanto os fiéis na caridade têm a marca de Deus Pai por Jesus Cristo. Se nossa vontade não estiver inclinada a morrer por ele, à imitação de sua paixão, também sua vida não estará em nós.
www.liturgiadashoras.org

sábado, 22 de julho de 2017

16º Domingo do Tempo Comum: Parábolas do Reino

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Neste Domingo do Tempo Comum, continuamos a ler as parábolas do Reino que integram o capítulo treze do Evangelho segundo Mateus, iniciado com a parábola do semeador, proclamada no último domingo. A Liturgia nos apresenta hoje um conjunto de três parábolas contadas por Jesus. A mais longa é a parábola do trigo e do joio, narrada apenas por Mateus. As outras duas, sobre o grão da mostarda e o fermento, são narradas também por Marcos e Lucas.
A parábola do joio e do trigo é explicada pelo próprio Jesus. Os discípulos de Cristo vivem no mundo onde coexistem o joio e o trigo. O dono da plantação e da colheita é uma figura de Deus, justo e paciente, que oferece oportunidade de conversão. Os servos que trabalhavam naquele campo achavam que o problema do joio poderia ser resolvido rapidamente, baseando-se estritamente na lógica da justiça sem a misericórdia, que gera impaciência e intolerância. Justiça e misericórdia andam juntas e se exigem mutuamente. No mundo de hoje, em meio a tantos males, é preciso cuidado para não perder o trigo ao pretender arrancar o joio. Além disso, não se pode reduzir o "campo" onde vivemos ao "joio", nem se deve jamais desacreditar na força do "trigo", pois os justos "brilharão como o sol no reino de Deus" (Mt 13,43).
As outras duas parábolas falam do Reino ressaltando a força do que parece frágil como uma semente, ou insignificante como o fermento. A semente de mostarda, embora pequena, tem força para produzir uma árvore. O fermento, de modesta aparência, oculto em meio à farinha, tem força de fazer crescer a massa.
O livro da Sabedoria também nos mostra que a justiça e a misericórdia estão juntas em Deus, convidando o justo a "ser humano", isto é a praticar a justiça com a clemência. O autor assim se dirige a Deus: "ensinaste que o justo deve ser humano e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores" (Sab 12, 19). Para ser justo, é preciso ser misericordioso; para ser misericordioso, é preciso ser justo.
Segundo a Carta de S. Paulo aos Romanos, Deus se mostra clemente vindo "em nosso socorro da nossa fraqueza" por meio do Espírito Santo. Sem ele, não sabemos orar de modo justo (Rm 8,26-27).
"Quem tem ouvidos ouça" (Mt 13,43), é a frase conclusiva do texto do Evangelho proclamado. Esta advertência, que já se encontrava na parábola do semeador, se repete como um refrão, convidando-nos a escutar com atenção e a acolher com fé a boa nova do Reino anunciada por Jesus.
Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF