domingo, 18 de fevereiro de 2018
1º Domingo da Quaresma: Tempo de Conversão e Fraternidade
+ Sergio da Rocha Cardeal Arcebispo de Brasília |
No início deste tempo litúrgico da Quaresma, a Igreja proclama a Palavra de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Quaresma é tempo especial de conversão em preparação para a Páscoa da Ressurreição do Senhor. “Conversão” implica em dar novo rumo à vida, voltar o coração para Deus e para o próximo. Por isso, na Quarta Feira de Cinzas já ouvimos o convite de Jesus à conversão, ao receber as cinzas. A conversão deve ser vivida através da oração, da penitência e da caridade. A cor litúrgica roxa utilizada no Tempo Quaresmal tem significado penitencial; quer ser sinal e recordação de penitência e conversão. O esforço para superação do pecado, sustentado pela graça de Deus, e a busca de crescimento na vida cristã exigem renúncias.
Quaresma é tempo de perdão e de reconciliação para alcançar a vida nova em Cristo, dom do Ressuscitado ofertado a todos nós. Por isso, é muito importante, no período quaresmal, buscar o perdão de Deus através do Sacramento da Reconciliação, assim como, oferecer o perdão aos irmãos.
A liturgia dos domingos da Quaresma nos oferece um itinerário de catequese batismal, preparando para o batismo ou para a renovação da vida batismal, na noite pascal. Na liturgia de hoje, a referência ao batismo se encontra especialmente na Primeira Carta de Pedro, que faz alusão à arca de Noé, recordada na primeira leitura (Gn 9,8-15). Assim explica esse escrito do Novo Testamento: “À arca corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação” (1Pd 3,21).
A vida nova batismal exige vigilância e combate contra o pecado. O Evangelho (Mc 1,12-15) nos apresenta o episódio das tentações de Jesus no deserto, fazendo-nos pensar nas tentações presentes no mundo de hoje e trazendo-nos a certeza da vitória de Cristo sobre Satanás. Jesus venceu; com ele, os que lutam contra as tentações também vencerão.
Uma das principais expressões de vivência do amor fraterno, no Tempo Quaresmal, é a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja no Brasil. A Campanha da Fraternidade está intimamente relacionada à Quaresma, embora deva ser vivida além dela. Ela é um meio especial para a conversão e o amor fraterno. Neste ano, o tema é “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema é: “Vós sois todos irmãos” (cf Mt 23,8). Este tema, iluminado pela Palavra de Deus, interpela a todos nós, motivando-nos a dar a nossa contribuição para construirmos a fraternidade e a paz nos diversos ambientes em que vivemos.
Arquidiocese de Brasília
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
Eis o tempo de conversão
Redação (Quinta-feira, 15-02-2018, Gaudium Press) Para a Quaresma, o Concílio Ecumênico Vaticano II prescreveu o seguinte: "A dupla índole do tempo quaresmal, que, principalmente pela lembrança ou preparação do batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal. Por isso: a) utilizem-se com mais abundância os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal; segundo as circunstâncias, restaurem-se certos elementos da tradição anterior; b) o mesmo diga-se dos elementos penitenciais" (SC 109).
O tempo da Quaresma tem por finalidade preparar a Páscoa renovando a vida cristã do povo de Deus: a liturgia quaresmal conduz à celebração do mistério pascal seja os catecúmenos, através dos diversos graus da iniciação cristã, seja os fiéis, mediante a lembrança do batismo e da penitência.
Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/93159#ixzz57EH7EgTQ
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte.
O tempo da Quaresma tem por finalidade preparar a Páscoa renovando a vida cristã do povo de Deus: a liturgia quaresmal conduz à celebração do mistério pascal seja os catecúmenos, através dos diversos graus da iniciação cristã, seja os fiéis, mediante a lembrança do batismo e da penitência.
A Quaresma, tempo forte de conversão na perspectiva da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como outrora, o povo de Deus caminhou 40 anos no deserto, rumo à Terra prometida (Terra de Canaã) e Jesus que se retirou 40 dias no deserto, preparando sua paixão, morte e ressurreição, assim os cristãos hoje, acompanham os passos do Divino salvador, preparando devotamente a santa Páscoa. Iremos viver os abençoados 40 dias de conversão, penitência, esmola e jejum com sinais concretos de busca do essencial de nossas vidas.
A Quaresma é o tempo da grande convocação de toda a Igreja para que se deixe purificar por Cristo, seu esposo. Nesse sentido, é significativa a leitura do profeta Joel (2,12-18) na Quarta-feira de Cinzas. Enquanto Cristo, santo, inocente, sem mancha (Hb 7,26), não conheceu o pecado (2 Cor 5,21) e veio para expiar os pecados do povo (Hb 2,17), a Igreja, que traz pecadores em seu seio, que é santa, mas sempre necessitada de purificação, nunca deixa, sobretudo neste tempo, de fazer penitência e de se renovar (LG 8).
Durante a Quaresma, toda a Igreja também é chamada, enquanto povo sacerdotal e sacramento de salvação, a empenhar-se, de maneiras diferentes, na obra da reconciliação, que lhe foi confiada pelo Senhor. A Igreja não só chama os homens à penitência mediante o anúncio do evangelho, mas intercede também pelos pecadores. Ela se torna instrumento de conversão e de perdão, sobretudo no sacramento da penitência.
A Espiritualidade Quaresmal é caracterizada pela: Escuta da palavra de Deus: A Palavra de Deus é luz que ilumina nossos passos, chama à conversão e reanima nossa confiança na misericórdia e bondade de Deus. Vamos ouvir o que Deus quer nos dizer nesta quaresma através de Sua Palavra!
Oração: Na quaresma devemos intensificar a vida de oração pessoal e comunitária. Lembramos a via-sacra em família, como momento forte de oração comunitária. Pela oração entramos em sintonia e intimidade com Deus e discernimos sua vontade. Temos também a oportunidade da Lectio divina em nossas pequenas comunidades deixando-nos iluminar e alimentar pela Palavra do Senhor que nos conduz a oração.
Jejum: O jejum e a abstinência são gestos exteriores que expressam nosso esforço de abertura à conversão e mudança interior. Porquanto, a Quaresma é tempo de retomar o caminho do Evangelho, de renovação espiritual, de morte ao pecado e de cultivo da vida nova ou vida da graça.
Caridade: na quaresma somos chamados ao exercício da caridade fraterna e solidariedade com os irmãos. Caridade que se expressa, sobretudo, através da esmola. A esmola é um exercício de libertação do egoísmo. A partilha dos bens materiais é um gesto de caridade cristã que enobrece a alma humana. Porém, dar esmola não é apenas dar dinheiro, roupas e alimentos... É fazer-se doação e entrega aos irmãos no serviço de construção da fraternidade que é expressão do evangelho. Por isso, a Igreja no Brasil promove neste período a Campanha da Fraternidade. A CF é um grande chamamento e mobilização em favor de uma sociedade fraterna, justa e solidária. Neste ano temos como tema: Fraternidade e superação da violência, e como lema: Vós sois todos irmãos. (Mt 23,8)
A pastoral deverá se empenhar antes de tudo na valorização plena da Quaresma litúrgica, que será celebrada "mediante os ritos e orações" em seu significado essencial para vida dos indivíduos e das comunidades. Tal ação pastoral concentrará todo o seu esforço em fazer com que a Quaresma seja orientada à celebração da Páscoa, não reduzida a uma confissão e a uma comunhão, mas como participação no mistério de Cristo morto-sepultado-ressuscitado, que é celebrado no Tríduo pascal, tendo como ápice a vigília do sábado à noite.
Por Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo dediversis15:PL 183,577-579) (Séc.XII)
A busca da sabedoria
Trabalhemos pelo alimento que não se perde. Trabalhemos na obra de nossa salvação. Trabalhemos na vinha do Senhor, para merecermos receber o salário de cada dia. Trabalhemos na sabedoria, pois esta diz: Quem trabalha em mim, não pecará. O campo é o mundo, diz a Verdade. Cavemos nele, pois aí está um tesouro escondido. Vamos desenterrá-lo! É assim a sabedoria, que se extrai de coisas ocultas. Todos nós a buscamos, todos nós a desejamos.
Foi dito: se quereis procurá-la, procurai. Convertei-vos e vinde! Queres saber do que te converter? Afasta-te de tuas vontades. Mas se não encontro em minhas vontades, onde então encontrarei a sabedoria? Minha alma deseja-a ardentemente; se vier a encontrá-la, isto não me basta. Cumpre pôr em meu seio uma medida boa, apertada, sacudida e transbordante. Tens razão. Feliz é o homem que encontra a sabedoria e que está cheio de prudência. Procura-a, pois, enquanto podes encontrá-la; e enquanto está perto, chama-a!
Queres saber como está perto a sabedoria? Perto está a palavra, no teu coração e na tua boca; mas somente se a procurares de coração reto. No coração encontrarás a sabedoria, e a prudência fluirá de teus lábios. Cuida, porém, de tê-la em abundância e que não te escape como num vômito.
Na verdade, se encontraste a sabedoria, encontraste mel. Não comas demasiado, para que, saciado, não o vomites. Come de modo a sempre teres fome. A própria sabedoria o diz: Aqueles que me comem, ainda têm fome. Não julgues já teres muito. Não te sacies para que não vomites e te seja retirado aquilo que pareces possuir, por teres desistido de procurar antes do tempo. Pelo fato de a sabedoria poder ser encontrada enquanto está perto, não se deve deixar de buscá-la e invocá-la. De outro modo, como disse ainda Salomão: assim como não faz bem a alguém tomar o mel em demasia, assim quem perscruta a majestade, sente-se oprimido pela glória.
Feliz o homem que encontra a sabedoria. Feliz, ou, antes, muito mais feliz quem mora na sabedoria. Talvez Salomão queira aqui significar a superabundância. São três as razões de fluírem em tua boca a sabedoria e a prudência: se houver nos lábios primeiro a confissão da própria iniquidade; segundo a ação de graças e o canto de louvor; terceiro a palavra de edificação. Na verdade pelo coração se crê para a justiça, pela boca se confessa para a salvação. De fato, começando a falar, o justo se acusa. Depois, engrandece ao Senhor. Em terceiro, se até este ponto transborda a sabedoria, deve edificar o próximo.
www.liturgiadashoras.org
domingo, 11 de fevereiro de 2018
6º Domingo do Tempo Comum: Jesus e o Leproso
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
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Temos muito a meditar e a aprender com o episódio da cura do leproso narrado pelo Evangelho segundo Marcos (Mc 1,40-45). Jesus nos ensina a compaixão e a solidariedade com os que sofrem, a amar os que não são amados, a nos aproximar deles com o coração e os braços abertos, com as mãos solidárias estendidas. Marcos descreve a atitude de Jesus diante do leproso, recorrendo às expressões: “cheio de compaixão”, “estendeu a mão” e “tocou nele” (Mc 1,41). Jesus permite que o leproso se aproxime dele e, em resposta, estende a mão e toca aquele homem. No contexto social e religioso daquele tempo, os leprosos eram intocáveis, totalmente excluídos do convívio social. Com Jesus, um novo tempo começou, uma nova vida chegou para quem era considerado impuro e intocável. A atitude de Jesus Cristo exprime o seu poder de curar o homem por inteiro e, ao mesmo tempo, a sua compaixão pelos que sofrem, trazendo-lhes vida nova.
O leproso nos ensina a caminhar ao encontro de Jesus, com fé, e a buscar a sua misericórdia; a nele crer, confiar e esperar! Com ele, aprendemos também a compartilhar a experiência do encontro com Cristo, fonte de vida nova. A sua atitude, em meio a tanto sofrimento, revela a sua humildade e a sua confiança em Jesus Cristo. Ele “chegou perto” de Jesus, colocou-se “de joelhos”, expressando o reconhecimento de que Jesus poderia libertá-lo daquela triste condição. Ele demonstra a fé em Cristo, confiando no seu poder e na sua misericórdia. Ao divulgar o fato ocorrido, o homem curado leva gente de toda parte a procurar Jesus, mostrando-nos a importância do testemunho cristão.
Na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo nos exorta a “fazer tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,32), citando como exemplos, o comer e o beber, atos rotineiros que ficam, muitas vezes, à margem da vida cristã. Além disso, o Apóstolo nos dá o exemplo de tudo fazer em vista do bem de todos, “a fim de que todos sejam salvos” (1Cor 10,33).
Com o Salmo 32, nós reconhecemos a grandeza do amor de Deus, a alegria de ser perdoado e de encontrar nele o nosso refúgio. Nestes dias em que muitos procuram a alegria sem Deus, possamos testemunhar a alegria que vem de Deus!
Estamos para iniciar a Quaresma, tempo privilegiado de oração e penitência, de misericórdia e fraternidade, de perdão e reconciliação. Inicie bem a Quaresma participando da missa da Quarta feira de Cinzas, que continua a ser dia de jejum e abstinência.
Arquidiocese de Brasília
Dia Mundial do Doente
VATICANO, 11 Fev. 18 / 06:00 am (ACI).- Todos os anos, em 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja em todo o mundo celebra o Dia Mundial do Doente, para o qual é publicada uma mensagem pelo Pontífice.
O Dia Mundial do Doente foi estabelecido por São João Paulo II em 1992 e celebrado pela primeira vez em Lourdes, na França, em 11 de fevereiro de 1993. De fato, este Dia é celebrado de forma especial nesse importante santuário mariano.
A mensagem do Papa Francisco para esta 26ª edição da data foi divulgado pela Santa Sé em dezembro de 2017 e tem como tema “Mater Ecclesiae: ‘Eis o teu filho! (…) Eis a tua mãe!’ E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua”.
No texto, o Pontífice assegura que “a imagem da Igreja como ‘hospital de campo’, acolhedora de todos os que são feridos pela vida, é uma realidade muito concreta, porque, em algumas partes do mundo, os hospitais dos missionários e das dioceses são os únicos que fornecem os cuidados necessários à população”.
Confira a mensagem completa do Papa Francisco para o Dia Mundial do Doente deste ano, divulgada em dezembro:
Mater Ecclesiae: «“Eis o teu filho! (…) Eis a tua mãe!”
E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua» (Jo 19, 26-27)
Queridos irmãos e irmãs!
O serviço da Igreja aos doentes e a quantos cuidam deles deve continuar, com vigor sempre renovado, por fidelidade ao mandato do Senhor (cf. Lc 9, 2-6, Mt 10, 1-8; Mc 6, 7-13) e seguindo o exemplo muito eloquente do seu Fundador e Mestre.
Este ano, o tema do Dia do Doente é tomado das palavras que Jesus, do alto da cruz, dirige a Maria, sua mãe, e a João: «“Eis o teu filho! (…) Eis a tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-A como sua» (Jo 19, 26-27).
1. Estas palavras do Senhor iluminam profundamente o mistério da Cruz. Esta não representa uma tragédia sem esperança, mas o lugar onde Jesus mostra a sua glória e deixa amorosamente as suas últimas vontades, que se tornam regras constitutivas da comunidade cristã e da vida de cada discípulo.
Em primeiro lugar, as palavras de Jesus dão origem à vocação materna de Maria em relação a toda a humanidade. Será, de uma forma particular, a mãe dos discípulos do seu Filho e cuidará deles e do seu caminho. E, como sabemos, o cuidado materno dum filho ou duma filha engloba tanto os aspetos materiais como os espirituais da sua educação.
O sofrimento indescritível da cruz trespassa a alma de Maria (cf. Lc 2, 35), mas não a paralisa. Pelo contrário, lá começa para Ela um novo caminho de doação, como Mãe do Senhor. Na cruz, Jesus preocupa-Se com a Igreja e toda a humanidade, e Maria é chamada a partilhar esta mesma preocupação. Os Atos dos Apóstolos, ao descrever a grande efusão do Espírito Santo no Pentecostes, mostram-nos que Maria começou a desempenhar a sua tarefa na primeira comunidade da Igreja. Uma tarefa que não mais terá fim.
2. O discípulo João, o amado, representa a Igreja, povo messiânico. Ele deve reconhecer Maria como sua própria mãe. E, neste reconhecimento, é chamado a recebê-La, contemplar n’Ela o modelo do discipulado e também a vocação materna que Jesus Lhe confiou incluindo as preocupações e os projetos que isso implica: a Mãe que ama e gera filhos capazes de amar segundo o mandamento de Jesus. Por isso a vocação materna de Maria, a vocação de cuidar dos seus filhos, passa para João e toda a Igreja. Toda a comunidade dos discípulos fica envolvida na vocação materna de Maria.
3. João, como discípulo que partilhou tudo com Jesus, sabe que o Mestre quer conduzir todos os homens ao encontro do Pai. Pode testemunhar que Jesus encontrou muitas pessoas doentes no espírito, porque cheias de orgulho (cf. Jo 8, 31-39), e doentes no corpo (cf. Jo 5, 6). A todos, concedeu misericórdia e perdão e, aos doentes, também a cura física, sinal da vida abundante do Reino, onde se enxugam todas as lágrimas. Como Maria, os discípulos são chamados a cuidar uns dos outros; mas não só: eles sabem que o Coração de Jesus está aberto a todos, sem exclusão. A todos deve ser anunciado o Evangelho do Reino, e a caridade dos cristãos deve estender-se a todos quantos passam necessidade, simplesmente porque são pessoas, filhos de Deus.
4. Esta vocação materna da Igreja para com as pessoas necessitadas e os doentes concretizou-se, ao longo da sua história bimilenária, numa série riquíssima de iniciativas a favor dos enfermos. Esta história de dedicação não deve ser esquecida. Continua ainda hoje, em todo o mundo. Nos países onde existem sistemas de saúde pública suficientes, o trabalho das congregações católicas, das dioceses e dos seus hospitais, além de fornecer cuidados médicos de qualidade, procura colocar a pessoa humana no centro do processo terapêutico e desenvolve a pesquisa científica no respeito da vida e dos valores morais cristãos. Nos países onde os sistemas de saúde são insuficientes ou inexistentes, a Igreja esforça-se por oferecer às pessoas o máximo possível de cuidados da saúde, por eliminar a mortalidade infantil e debelar algumas pandemias. Em todo o lado, ela procura cuidar, mesmo quando não é capaz de curar. A imagem da Igreja como «hospital de campo», acolhedora de todos os que são feridos pela vida, é uma realidade muito concreta, porque, nalgumas partes do mundo, os hospitais dos missionários e das dioceses são os únicos que fornecem os cuidados necessários à população.
5. A memória da longa história de serviço aos doentes é motivo de alegria para a comunidade cristã e, de modo particular, para aqueles que atualmente desempenham esse serviço. Mas é preciso olhar o passado sobretudo para com ele nos enriquecermos. Dele devemos aprender: a generosidade até ao sacrifício total de muitos fundadores de institutos ao serviço dos enfermos; a criatividade, sugerida pela caridade, de muitas iniciativas empreendidas ao longo dos séculos; o empenho na pesquisa científica, para oferecer aos doentes cuidados inovadores e fiáveis. Esta herança do passado ajuda a projetar bem o futuro. Por exemplo, a preservar os hospitais católicos do risco duma mentalidade empresarial, que em todo o mundo quer colocar o tratamento da saúde no contexto do mercado, acabando por descartar os pobres. Ao contrário, a inteligência organizativa e a caridade exigem que a pessoa do doente seja respeitada na sua dignidade e sempre colocada no centro do processo de tratamento. Estas orientações devem ser assumidas também pelos cristãos que trabalham nas estruturas públicas, onde são chamados a dar, através do seu serviço, bom testemunho do Evangelho.
6. Jesus deixou, como dom à Igreja, o seu poder de curar: «Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: (...) hão de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados» (Mc 16, 17.18). Nos Atos dos Apóstolos, lemos a descrição das curas realizadas por Pedro (cf. At 3, 4-8) e por Paulo (cf. At 14, 8-11). Ao dom de Jesus corresponde o dever da Igreja, bem ciente de que deve pousar, sobre os doentes, o mesmo olhar rico de ternura e compaixão do seu Senhor. A pastoral da saúde permanece e sempre permanecerá um dever necessário e essencial, que se há de viver com um ímpeto renovado começando pelas comunidades paroquiais até aos centros de tratamento de excelência. Não podemos esquecer aqui a ternura e a perseverança com que muitas famílias acompanham os seus filhos, pais e parentes, doentes crónicos ou gravemente incapacitados. Os cuidados prestados em família são um testemunho extraordinário de amor pela pessoa humana e devem ser apoiados com o reconhecimento devido e políticas adequadas. Portanto, médicos e enfermeiros, sacerdotes, consagrados e voluntários, familiares e todos aqueles que se empenham no cuidado dos doentes, participam nesta missão eclesial. É uma responsabilidade compartilhada, que enriquece o valor do serviço diário de cada um.
7. A Maria, Mãe da ternura, queremos confiar todos os doentes no corpo e no espírito, para que os sustente na esperança. A Ela pedimos também que nos ajude a ser acolhedores para com os irmãos enfermos. A Igreja sabe que precisa duma graça especial para conseguir fazer frente ao seu serviço evangélico de cuidar dos doentes. Por isso, unamo-nos todos numa súplica insistente elevada à Mãe do Senhor, para que cada membro da Igreja viva com amor a vocação ao serviço da vida e da saúde. A Virgem Maria interceda por este XXVI Dia Mundial do Doente, ajude as pessoas doentes a viverem o seu sofrimento em comunhão com o Senhor Jesus, e ampare aqueles que cuidam delas. A todos, doentes, agentes de saúde e voluntários, concedo de coração a Bênção Apostólica.
Vaticano, 26 de novembro – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo – de 2017.
Franciscus
Fonte: ACI Digital
Fonte: ACI Digital
sábado, 10 de fevereiro de 2018
São José Sánchez del Río, o menino cristero que morreu mártir
REDAÇÃO CENTRAL, 10 Fev. 18 / 04:00 am (ACI).- São José Sánchez del Río foi um menino que se alistou nas filas dos cristeros e que morreu mártir na perseguição religiosa que o México sofreu na segunda década do século XX.
Nasceu em 28 de março de 1913, em Sahuayo, Michoacán (México).
Em 1926, quando foi decretada a suspensão do culto público em seu país pelo governo de Plutarco Elías Calles, José tinha apenas 13 anos e 5 meses.
Naquele tempo, como resposta à legislação anticlerical que estava orientada a restringir a liberdade religiosa, leigos, presbíteros e religiosos católicos decidiram se levantar com armas em defesa da fé e lhes foi dado o nome de Cristeros.
Estima-se que 250 mil pessoas as perderam a vida na guerra em ambos os lados.
“Joselito”, como é conhecido o pequeno, pediu permissão a seus pais para se alistar como soldado do general Prudencio Mendoza e defender a causa de Cristo e de sua Igreja.
Sua mãe tentou dissuadi-lo, mas ele lhe disse: “Mamãe, nunca foi tão fácil ganhar o céu como agora e não quero perder a oportunidade”.
São José Sánchez del Río foi torturado e assassinado no dia 10 de fevereiro de 1928, aos 14 aos, por oficiais do governo de Calles, porque se negou a renunciar sua fé.
Cortaram-lhe a sola dos pés e foi conduzido descalço até o seu túmulo. Enquanto caminhava, José rezava e gritava “Viva Cristo Rei e a Virgem de Guadalupe!”.
Diante de seu túmulo, foi pendurado em uma árvore e esfaqueado. Um dos carrascos o desceu e perguntou que mensagem deixava aos seus pais. O menino respondeu: “Que viva Cristo Rei e que nos veremos no céu”. Diante dessa resposta, o homem lhe deu um tiro na cabeça e o matou.
São José Sánchez del Río foi beatificado em Guadalajara (México), em 20 de novembro de 2005, pelo Cardeal José Saraiva Martins, e canonizado em Roma (Itália), pelo Papa Francisco, em 16 de outubro de 2016.
Em 2012, estreou ‘Cristiada’, um filme que conta vários momentos da Guerra Cristera e da vida do Beato Anacleto González, de São José Sánchez del Río e de outros santos mártires.
ACI Digital
domingo, 28 de janeiro de 2018
Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja
REDAÇÃO CENTRAL, 28 Jan. 18 / 04:00 am (ACI).- A Igreja Católica recorda neste dia 28 de janeiro Santo Tomás de Aquino, filósofo, teólogo e doutor da Igreja, dotado de grande humildade e autor da famosa “Suma Teológica”. É o santo padroeiro da educação, das universidades e escolas católicas.
Tomás nasceu em Roccasecca, perto de Aquino, em Nápoles, em meio a uma família aristocrática, entre 1225 e 1227. Morreu cedo, em 7 de março de 1274, na abadia cisterciense de Fossanova, onde foi descansar depois de se sentir mal durante viagem para participar do Concílio de Lyon, a convite do Papa Gregório X.
Quando tinha cinco anos, recebeu seu primeiro treinamento com os monges beneditinos de Montecassino. Diz-se que, ao ouvir os monges cantando louvores a Deus, perguntou: “Quem é Deus?”. Ele era muito estudioso e tinha vontade de oração e meditação.
Em 1236, ingressou na Universidade de Nápoles. Captava os estudos com maior profundidade e lucidez que seus mestres.
Mais tarde, quando decidiu ingressar na Ordem de São Domingos, teve que enfrentar a resistência de sua família. Chegou a fugir para a Alemanha, mas foi pego no caminho por seus irmãos que o prenderam no castelo.
Entretanto, nem mesmo isso o dissuadiu de seu desejo de seguir a vida religiosa. Seguiu para Colônia, na Alemanha, onde foi instruído por Santo Alberto Magno.
Seu jeito silencioso e aparência robusta lhe renderam o apelido de “boi mudo” pelos companheiros que zombavam dele.
Mas, Tomás se tornou conselheiro dos Papas Urbano IV, Clemente IV e Gregório X. Até mesmo o rei São Luís, da França o consultava sobre os assuntos importantes. Lecionou em grandes universidades, como de Paris, Roma, Bologna e Nápoles.
Embora Santo Tomás tenha vivido menos de cinquenta anos, escreveu mais de sessenta obras, algumas curtas, outras muito longas. Isso não significa que toda a produção real foi escrita diretamente à mão; secretários o ajudaram, e seus biógrafos asseguram que ele poderia ditar a vários escribas ao mesmo tempo.
Sua obra “Suma Teológica” imortalizou o santo. Ele próprio a considerava simplesmente um manual de doutrina cristã para estudantes. Na verdade, é uma exposição completa, ordenada por critérios científicos da teologia e também um resumo da filosofia cristã.
Foi canonizado por João XXII, em 18 julho de 1323. No dia 28 de janeiro de 1567, foi declarado Doutor da Igreja por São Pio V. Logo passou, então, a ser chamado “doutor angélico”.
Seus restos mortais estão em Toulouse, na França, mas a relíquia de seu braço direito, com o qual escrevia suas obras, se encontra em Roma.
Santo Tomás de Aquino é representado com o Espírito Santo, um livro, uma estrela ou raios de luz sobre seu peito e a Igreja.
ACI Digital
4º Domingo do Tempo Comum: Ouvi, Hoje, a Voz de Deus!
+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
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Deus nos fala por meio de Jesus Cristo, a plenitude da Revelação, a Palavra que se faz carne e vem habitar entre nós. Conforme o Evangelho (Mc 1,21-28), os que ouviram Jesus na sinagoga ficaram admirados pelo seu modo de ensinar, resumido na expressão “um ensinamento novo dado com autoridade” (Mc 1,27). A sua autoridade vem de Deus e se manifesta através de ações concretas, como a cura de “um homem possuído por um espírito mau”. Jesus anuncia e realiza a Palavra. A sua pregação é confirmada por sinais que manifestam a chegada do Reino
Deus falou também por meio dos profetas. A primeira leitura (Dt 18,15-20) destaca a figura de Moisés, considerado modelo de profeta pelo Deuteronômio. O profeta ideal deveria ser parecido com Moisés. Daí, a promessa do surgimento de um profeta semelhante a Moisés, que se tornou, com o passar do tempo, imagem do Messias esperado. O texto, hoje proclamado, nos mostra o que Deus quer dos seus profetas e o que Deus espera do seu povo. O verdadeiro profeta deve ser fiel a Deus, devendo anunciar tudo o que ele mandar. O povo deve escutar as suas palavras. O Salmo 94 é um convite permanente para ouvir a voz do Senhor: Não fecheis o coração; ouvi hoje a voz de Deus! Por isso, procure conhecer a Palavra de Deus. Faça a leitura orante da Bíblia. Redobre o seu empenho para viver a Palavra do Senhor!
Quem ouve a Palavra de Deus e a põe em prática, vai sendo transformado num novo homem, com um novo coração. O chamado à vida nova, em Cristo, encontra-se enfatizado por São Paulo. Ele exorta a Comunidade de Corinto a viver a santidade no matrimônio ou na vida celibatária (1Cor 7,32-35). No texto proclamado, S. Paulo ressalta a importância de “permanecer junto ao Senhor, sem outras preocupações”, através da opção de vida celibatária, sendo “solícito pelas coisas do Senhor”.
Estamos para celebrar a importante festa da Apresentação do Senhor, dia 02 de fevereiro, sexta feira próxima. No início das missas, é prevista a benção das velas, recordando que Jesus é “a luz para iluminar as nações”, conforme as palavras de Simeão. Por isso, essa festa litúrgica tornou-se popularmente conhecida como festa de Nossa Senhora das Candeias, da Candelária ou da Luz. No mesmo dia, a cada ano, comemora-se o Dia Mundial da Vida Consagrada, celebrado pela primeira vez em 1997, por São João Paulo II. Aos irmãos e irmãs na vida consagrada, a nossa profunda gratidão e a nossa fraterna estima, assegurando-lhes as nossas preces.
Arquidiocese de Brasília
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Papa Francisco expressa temor de uma guerra nuclear
Fotografia do menino de Nagasaki e o texto do Papa. Foto: Vatican Media |
VATICANO, 15 Jan. 18 / 02:00 pm (ACI).- Em resposta à pergunta de um jornalista que o acompanha durante o voo que o leva ao Chile e ao Peru, o Papa Francisco expressou seu temor de uma guerra nuclear que poderia ocorrer de maneira inesperada e renovou seu compromisso com o desarmamento nuclear.
Logo depois de decolar rumo ao Chile e ao Peru, em sua 22ª viagem apostólica, o Santo Padre distribuiu entre os 70 jornalistas que o acompanham a fotografia de um menino que sobreviveu à explosão da bomba atômica em Nagasaki, no Japão, em 1945, mas que em suas costas carrega o corpo de seu irmãozinho morto.
A foto é acompanhada da frase “... o fruto da guerra” e a assinatura do Pontífice. O texto que descreve a foto indica: “Um menino que espera sua vez no crematório para seu irmão morto, em suas costas. É a foto feita por um fotógrafo norte-americano, Joseph Roger O’Donnell, depois do bombardeio atômico em Nagasaki. A tristeza do menino só é manifestada pelo morder dos lábios, que escorrem sangue”.
O Santo Padre explicou que, depois de descobrir essa foto, sentiu-se profundamente afetado e, por isso, quis compartilhá-la. Na verdade, em 30 de dezembro, a Sala de Imprensa do Vaticano distribuiu esta mesma fotografia a pedido do Pontífice.
Francisco pretendia que, dessa maneira, pudesse gerar consciência sobre a guerra e suas lamentáveis consequências.
Segundo explicou Vatican News, o fotógrafo O’Donnell assinalou que quando encontrou com aquele menino de 10 anos, “notei que carregava uma criança em suas costas. Naqueles dias, era uma cena muito comum no Japão. Com frequência, cruzávamos com crianças que brincavam com seus irmãozinhos ou irmãzinhas nas costas, mas esse menino tinha algo diferente”.
Em várias ocasiões, o Papa Francisco denunciou que, atualmente, no mundo existe uma “terceira guerra mundial em pedaços” e incentivou todos os esforços para alcançar a paz.
ACI Digital
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