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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Papa Francisco acolhe pedido de renúncia

Papa Francisco acolhe pedido de renúncia
A Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou na manhã desta quarta-feira, 12 de setembro, a decisão do papa Francisco em acolher o pedido de renúncia ao governo pastoral da diocese de Formosa (GO), apresentado por dom José Ronaldo Ribeiro e manteve como Administrador Apostólico da sede vacante Formosa, dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo Metropolitano de Uberaba (MG).
Biografia

Dom José Ronaldo nasceu no dia 28 de fevereiro de 1957, em Uberaba (MG). Estudou Filosofia e Teologia no Seminário Maior Nossa Senhora de Fátima, em Brasília (DF). Foi ordenado presbítero no dia 5 de maio de 1985, também em Brasília. Tomou posse como pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Sobradinho, no dia 1º de junho de 1985. Por lá desempenhou várias iniciativas e realizações.
Foi nomeado bispo de Janaúba (MG) em 6 de junho de 2007. Recebeu a ordenação episcopal no dia 28 de julho de 2007, em Sobradinho (DF) e tomou para si o lema : “In corde legem meam” – Minha lei no coração (Jr. 31, 31-34). Sua posse na diocese se deu em 25 de agosto de 2007.
Em setembro de 2014, dom José Ronaldo foi nomeado bispo de Formosa (GO). Tomou posse na diocese no dia 22 de novembro do mesmo ano.
CNBB

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Santa Maria La Antigua

REDAÇÃO CENTRAL, 09 Set. 18 / 06:00 am (ACI).- Neste dia 9 de setembro, o Panamá, sede da próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), celebra a festa solene de sua padroeira, Santa Maria La Antigua.

Conta a história que a imagem da Virgem estava em uma capela lateral da Catedral de Sevilha (Espanha), a qual foi reconstruída no século XIV e só se conservou a parede onde estava  a imagem. Por isso, chamou-se Santa Maria La Antigua.
Em 1510, em honra a esta devoção, Vasco Núñez de Balboa e Martín Fernández de Enciso fundaram a cidade de Santa Maria la Antigua del Darién, chegando a ser a primeira diocese em terra firma na América, desde 9 de setembro de 1513.
Desde 1513, Santa Maria La Antigua é padroeira da Catedral e da Diocese do Panamá; mas, foi recentemente, em 9 de setembro de 2000, Ano Santo Jubilar, que a Conferência Episcopal Panamenha a proclamou padroeira do país e, em 27 de fevereiro de 2001, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos acolheu a solicitação de declará-la oficialmente padroeira do país.
ACI Digital

domingo, 9 de setembro de 2018

23º Domingo do tempo Comum: Criai ânimo, não tenhais medo!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Neste mês dedicado especialmente à Palavra de Deus, o Evangelho segundo Marcos nos apresenta Jesus tocando os ouvidos e a boca de um homem surdo que tinha dificuldade para falar (Mc 7,31-37). Esta passagem nos faz pensar nas vezes em que os nossos ouvidos e os nossos lábios estão fechados perante Deus e os irmãos. Quando somos batizados, a Igreja repete o gesto e as palavras de Jesus, dizendo a cada um de nós – “Efata”, “Abre-te”. Porém, ao longo da vida, corremos o risco de tantas vezes não ouvir a voz de Deus, assim como de fechar os ouvidos aos irmãos que necessitam de nós. Deixamos de anunciar a Palavra de Deus e de ajudar o irmão a vivê-la. Por isso, somos continuamente necessitados do encontro com Cristo que liberta-nos da incapacidade de ouvir a sua Palavra e de anunciá-la com coragem. O Efata é um convite  a sair do fechamento e do comodismo para uma vida nova.
O evangelista ressalta que foram as pessoas que levaram aquele homem a Jesus e suplicaram por ele. Há muitos que necessitam de nossa ajuda fraterna e de nossa oração para serem libertados da sua condição espiritual de surdos-mudos. Não podemos ficar acomodados ou indiferentes perante a situação triste de quem não se abre para o encontro com Cristo. Ele renova e transforma aqueles que dele se aproximam, com pecados e sofrimentos. Mas é preciso ajudar os irmãos a caminharem até Jesus, na Igreja, sempre que possível indo com eles e acolhendo-os fraternalmente na comunidade. Devemos ajudá-los com nossas palavras, proximidade fraterna e orações. A Igreja missionária escuta e anuncia a Palavra a todos, especialmente aos que mais sofrem. Somos todos participantes da missão evangelizadora da Igreja, cada um segundo a sua vocação.
Para isso, necessitamos de comunidades orantes e fraternas, que acolham a todos, com especial atenção aos pobres, que jamais devem ser menosprezados, conforme nos adverte a Carta de São Tiago (Tg 2,1-5), hoje proclamada na segunda leitura.
Aos tristes e desanimados, Isaías anuncia a esperança e a alegria (Is 35,4-7). “Criai ânimo, não tenhais medo”, diz o profeta também a nós, indicando-nos a razão desta atitude: Deus vem ao nosso encontro para trazer vida nova. Nele, encontramos o ânimo, a esperança e a alegria.
Com o Salmo 145, nós bendizemos a Deus pelo seu amor pelos que mais sofrem, sentindo-nos por ele amados e procurando levar o seu amor misericordioso para todos.
Lembre-se, neste Mês da Bíblia, de escutar com mais atenção a Palavra de Deus nas missas e procure fazer a leitura orante da Bíblia em sua casa. Leia a Bíblia, reze e medite a Palavra de Deus como o verdadeiro “pão de cada dia”, alimento que não pode faltar.
O Povo de Deus / Arquidiocese de Brasília

Do Sermão sobre as Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa


(Sermo 95,6-8: PL 54,464-465)      (Séc.V)

A sabedoria cristã
Em seguida diz o Senhor: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados (Mt 5,6). Esta fome nada tem de corpóreo. Esta sede não busca nada de terreno. Mas deseja ser saciada com a justiça e, introduzida no segredo mais oculto, anseia por ser repleta do próprio Senhor.  
Feliz espírito, faminto do pão da justiça e que arde por tal bebida. Na verdade não teria disso nenhuma cobiça, se não lhe houvesse provado a doçura. Ouvindo o espírito profético que lhe diz: Provai e vede como é suave o Senhor (Sl 33,9), tomou uma porção da altíssima doçura e inflamou-se pelo amor das castíssimas delícias. Abandonando todo o criado, acendeu-se-lhe o desejo de comer e beber a justiça e experimentou a verdade do primeiro mandamento: Amarás o Senhor Deus de todo o teu coração, com toda a tua mente, com todas as tuas forças (Dt 6,5; cf. Mt 22,37). Porque não são coisas diferentes amar a Deus e amar a justiça.  
Por fim, como o interesse pelo próximo se une ao amor de Deus, também aqui o desejo da justiça é acompanhado pela virtude da misericórdia, e se diz: Bem-aventurados os misericordiosos porque deles terá Deus misericórdia (Mt 5,7).  
Reconhece, ó cristão, a dignidade de tua sabedoria e entende de que modo engenhoso foste chamado ao prêmio. A misericórdia te quer misericordioso, a justiça, justo, para que em sua criatura transpareça o Criador e no espelho do coração do homem refulja a imagem de Deus expressa pelas linhas da imitação. Firme é a fé dos que assim agem, teus desejos te acompanham e daquilo que amas gozarás sem fim.
Já que pela esmola tudo se faz puro para ti, chegas à bem-aventurança que é prometida como consequência. Diz o Senhor: Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5,8). Imensa felicidade, caríssimos, para quem se prepara tão grande prêmio. Que é, então, ter o coração puro? Entregar-se às virtudes acima descritas. Que inteligência poderá conceber e que língua proclamar quão grande seja a felicidade de ver a Deus? E, no entanto, isto acontecerá quando a natureza humana for transformada, de sorte que não mais em espelho ou enigma, mas face a face (1Cor 13,12), verá aquela Divindade que homem algum pôde ver tal qual é. E obterá o que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem subiu ao coração do homem (1Cor 2,9), pelo gáudio indizível da eterna contemplação.

Responsório Sl 30(31),20; 1Cor 2,9a

R. Como é grande, ó Senhor, vossa bondade
que reservastes para aqueles que vos temem,
* Para aqueles que em vós se refugiam.
V. O que os olhos não viram nem ouvidos ouviram
nem jamais penetrou na mente humana
foi o que Deus preparou para todos que o amam.
* Para aqueles.

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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Do Sermão sobre as Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa

(Sermo 95,2-3: PL 54,462)                 (Séc.V)

Bem-aventurados os pobres de espírito
Não há dúvida de que os pobres alcançam mais facilmente que os ricos o bem da humildade; estes, nas riquezas, a conhecida altivez. Contudo em muitos ricos encontra-se a disposição de empregar sua abundância não para se inchar de soberba, mas para realizar obras de benignidade; e assim eles têm por máximo lucro tudo quanto gastam em aliviar a miséria do trabalho dos outros.  
A todo gênero e classe de pessoas é dado ter parte nesta virtude, porque podem ser iguais na intenção e desiguais no lucro; e não importa quanto sejam diferentes nos bens terrenos, se são idênticos nos bens espirituais. Feliz então a pobreza que não se prende ao amor das coisas transitórias, nem deseja o crescimento das riquezas do mundo, mas anseia por enriquecer-se com os tesouros celestes.
Exemplo de fidalga pobreza foi-nos dado primeiro, depois do Senhor, pelos apóstolos que, abandonando igualmente todas as posses à voz do Mestre celeste, se transformaram, por célebre conversão, de pescadores de peixes em pescadores de homens (cf. Mt 4,19). Eles tornaram a muitos outros semelhantes a si, à imitação de sua fé, quando nos filhos da Igreja primitiva era um só o coração de todos e uma só a alma dos que criam (cf. At 4,32). Desapegados de todas as coisas e de suas posses, pela pobreza sagrada enriqueciam-se com os tesouros eternos. Segundo a pregação apostólica, alegravam-se por nada ter do mundo e tudo possuir com Cristo.  
O santo apóstolo Pedro, subindo ao templo, respondeu ao entrevado que lhe pedia esmola: Prata e ouro não possuo; mas o que tenho te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda (At 3,6). Que de mais sublime do que esta humildade? E mais rico do que esta pobreza? Não tem os auxílios do dinheiro, mas tem os dons do espírito. Saíra ele paralítico do seio de sua mãe; com a palavra Pedro o curou. Quem não deu a efígie de César na moeda, reformou no homem a imagem de Cristo. 
Com este rico tesouro não foi socorrido só aquele que recuperou o andar, mas ainda as cinco mil pessoas que naquele momento creram na exortação do Apóstolo por causa do milagre da cura (cf. At 4,4). E o pobre que não tinha para dar a um mendigo, distribuiu com tanta largueza a graça divina! Da mesma forma como estabeleceu a um só homem em seus pés, assim curou a tantos milhares de fiéis em seus corações e tornou saltitantes em Cristo aqueles que encontrara entrevados.

Responsório Mt 5,1b-3; Is 66,2b

R. Os discípulos se achegaram a Jesus;
ele, então, pôs-se a falar e os ensinava:
* Felizes os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos céus.
V. O pobre é que atrai os meus olhares,
o aflito e o de espírito abatido,
quem perante minha palavra estremece. * Felizes.

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domingo, 2 de setembro de 2018

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 23A,1-4: CCL 41,321-323)                 (Séc.V)

O Senhor se compadeceu de nós
Felizes de nós, se o que ouvimos e cantamos também executamos. A audição é nossa semeadura, e nossos atos, frutos da semente. Disse isto de antemão para exortar vossa caridade a não entrardes sem fruto na igreja, ouvindo tantas coisas boas sem realizá-las. Porque por sua graça fomos salvos, assim diz o Apóstolo, não por nossas obras, não aconteça alguém se ensoberbecer (Ef 2,8-9) pois por sua graça fomos salvos (Ef 2,5). Pois não precedeu nenhuma vida virtuosa que Deus pudesse amar e dizer: “Ajudemos, socorramos estes homens porque vivem bem”. Desagradava-lhe nossa vida, desagradava-lhe em nós tudo o que fazíamos, mas não lhe desagradava o que ele mesmo fez em nós. Por isto, o que nós fizemos, ele o condenará; o que ele próprio fez, ele o salvará.  
Não éramos bons. Mas ele se compadeceu de nós e enviou seu Filho para morrer não pelos bons, mas pelos maus, não pelos justos, mas pelos ímpios. Na verdade Cristo morreu pelos ímpios (Rm 5,6). E como continua? Mal se encontra alguém que morra por um justo, pois talvez alguém se atreva a morrer por um bom (Rm 5,7). Quiçá haja alguém que ouse morrer por um bom. Mas pelo injusto, pelo ímpio, pelo iníquo, quem quererá morrer? Só Cristo, para que, justo, justifique até mesmo os injustos.  
Não tínhamos, meus irmãos, nenhuma obra boa, mas todas eram más. E sendo tais os atos dos homens, sua misericórdia não abandonou os homens. Deus enviou seu Filho, para remir-nos, não por ouro, não por prata, mas ao preço de seu sangue derramado, cordeiro imaculado levado como vítima pelas ovelhas maculadas, se é que só maculadas e não totalmente corrompidas! Recebemos então esta graça. Vivamos de modo digno dessa graça e não façamos injúria à grandeza do dom que recebemos. Tão grande médico veio a nós e perdoou todos os nossos pecados. Se quisermos recair na doença, não só nos prejudicaremos a nós mesmos, mas seremos ingratos ao próprio médico.
Sigamos os caminhos que ele próprio indicou, muito em especial a via da humildade, via que ele mesmo se fez por nós. Mostrou-nos pelos preceitos o caminho da humildade e criou-o padecendo por nós. Com o intuito de morrer por nós – e sem poder morrer – o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), para poder morrer por nós, aquele que não podia morrer. E com sua morte matar nossa morte.  
Fez isto o Senhor, isto nos concedeu. O excelso humilhou-se, humilhado foi morto e, ressurgindo, foi exaltado, a fim de não nos deixar mortos nas profundezas, mas de exaltar em si na ressurreição dos mortos aqueles que já agora exaltou pela fé e o testemunho dos justos. Deu-nos então a humildade como caminho. Se nos agarrarmos a ela, confessaremos o Senhor e com toda razão cantaremos: Nós te confessaremos, Senhor, confessaremos e invocaremos teu nome (Sl 74,2).

Responsório Sl 85(86),12-13a; 117(118),28

R. Dou-vos graças com toda a minha alma,
sem cessar louvarei vosso nome.
* Vosso amor para mim foi imenso.
V. Vós sois meu Deus, eu vos bendigo e agradeço!
Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores!
* Vosso amor.

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22º Domingo do tempo Comum: Ouvintes e praticantes da Palavra

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Qual é o tempo que dedicamos à leitura e à meditação da Bíblia? Qual é o lugar que ocupa a Bíblia na sua vida e na vida da sua família? Estamos iniciando o mês especialmente dedicado à Bíblia. Nele, somos convidados a refletir sobre como temos escutado e praticado a Palavra de Deus. Não podemos caminhar sem a luz da Palavra de Deus que orienta os nossos passos. Neste mês, temos um tempo mais intenso de exercício espiritual bíblico para continuar a dar a devida atenção à Palavra no ano todo. É necessário dedicar mais tempo à leitura orante da Bíblia para por em prática a Palavra de Deus. Por isso, leia a Bíblia, ainda que um breve trecho, todos os dias!
Nas missas da maior parte dos domingos do Tempo Comum deste Ano Litúrgico, a Igreja proclama o Evangelho segundo Marcos. O que ocorre na celebração eucarística deve se prolongar na vida. Por isso, procure fazer a leitura orante deste Evangelho. Pode-se, de modo especial, retomar a passagem proclamada no domingo.
A Liturgia da Palavra deste domingo nos convida a sermos ouvintes e praticantes da Palavra. O refrão do Salmo 14, hoje rezado, traz uma pergunta fundamental para a vida cristã: “Senhor quem morará em vossa casa e no vosso monte santo habitará?” A resposta encontra-se no próprio Salmo e nas leituras da missa de hoje.
Conforme o Evangelho proclamado, os fariseus e mestres da lei questionavam Jesus a respeito da observância das leis e costumes pelos seus discípulos. Eles seguiam “preceitos humanos”, a “tradição dos homens”, que o povo tinha dificuldade de conhecer e praticar, ao invés do observarem o “mandamento de Deus”. Jesus os chama de “hipócritas”, por honrarem a Deus com os lábios, mas não com o coração. Ele aproveita a ocasião para ensinar a multidão a respeito daquilo que torna impuro o homem, isto é, o que sai “de dentro do coração humano” (Mc 7,21). Ao invés de preocupar-se com aparências, como faziam os fariseus e como costuma acontecer ainda hoje, é preciso cuidar do interior, do “coração”, a fim de agradar a Deus e praticar a sua Palavra.
O Deuteronômio nos exorta a “guardar os mandamentos”, a “por em prática” a Palavra de Deus como condição para ter a vida (Dt 4,1). Muito diferente da postura dos fariseus perante a Lei, o Deuteronômio ressalta a necessidade da fidelidade e obediência à Palavra, sem jamais deturpar o seu sentido (Dt 4,2). A Carta de São Tiago também nos exorta a sermos “praticantes da palavra e não meros ouvintes”, para “não se deixar contaminar pelo mundo”, ressaltando a caridade para com os pobres e sofredores, tão necessária em nossos dias, enquanto testemunho pessoal e comunitário da fé.
O Povo de Deus / Arquidiocese de Brasília

Carta de solidariedade ao Papa Francisco

Dom Orani João Tempesta. Foto: Arquidiocese do Rio de Janeiro

São Sebastião do Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2018

Santo Padre Papa Francisco,
Com filial reverência, dirijo-me, muito cordialmente, a V. Santidade a fim de lhe expressar, mais especialmente, minha proximidade, comunhão e oração ante notícias midiáticas sensacionalistas recentes que parecem visar a desestabilização da unidade da Igreja, atingindo, inclusive, o maior sinal visível dessa unidade, que é o ministério petrino no qual, hoje, serve V. Santidade, querido Papa Francisco.
Tenho a certeza da fé que Cristo, Nosso Senhor escolheu Pedro – e seus sucessores – para estar à frente da Sua Igreja e confirmar seus irmãos na fé (cf. Mt 16,17-19; Lc 22,31-32 e Jo 21,15-18). Não há dúvida de que Pedro foi o escolhido pelo Senhor para conduzir a Igreja, enquanto bispo de Roma. Dessa verdade até mesmo o historiador reformado Justo L. Gonzáles, muito usado nos estudos da História da Igreja em comunidades evangélicas, após referir-se ao fim historicamente incerto dos demais apóstolos, afirma a respeito de Pedro: “De todas as tradições, provavelmente a que é mais difícil de pôr em dúvida é a que afirma que Pedro esteve em Roma e que sofreu o martírio nessa cidade durante a perseguição de Nero. Este fato encontra testemunhos fidedignos em vários escritores cristãos dos fins dos primeiros séculos e de todo o século segundo e, portanto, deve ser aceito como historicamente certo.” (A Era dos Mártires. 13ª reimpressão. São Paulo: Vida Nova, 2005, p. 40-41. v. 1. Coleção: Uma História Ilustrada do Cristianismo).
Ora, isso que o historiador confirma em seu trabalho, faz parte da Tradição da Igreja, de modo que, no fim do século I, tendo surgido um litígio entre os fiéis de Corinto, o bispo de Roma, São Clemente, lhes escreveu uma carta autoritária: “Se alguns não obedecem ao que Deus mandou por nosso intermédio, saibam que incorrem em falta e em perigo muito grave” (c. 69).
Em meados do século III, S. Cipriano, bispo de Cartago, chamava a cátedra de Roma de “‘cátedra de Pedro’, a Igreja principal, donde se origina a unidade sacerdotal (isto é, a unidade dos bispos)” (epist. 55, 14).
É certo haver alguns que, tentando fundamentar-se em Gl 2,11-14, tenham a pretensão de resistir, hoje, ao Papa ou mesmo de enfrentá-lo como se o referido trecho bíblico lhes desse aval. Na verdade, não compactuamos com tal postura, por duas grandes razões: 1) pela Escritura e pela Tradição, como vimos, não é possível servir a Cristo, em Sua Igreja, sem estar em plena comunhão com o Sucessor de Pedro. 2) podemos observar que, em suas cartas, São Paulo, longe de se opor, conserva sempre especial respeito pela pessoa de São Pedro: 1Cor 9,5: “(...) como os outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas”; Gl 1,18: “Depois de passados três anos, subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e permaneci com ele durante 15 dias”; 1Cor 15,3-5: “Desde o princípio vos ensinei o que aprendi: que Cristo morreu..., ressurgiu e foi visto por Cefas e depois pelos 11”.
De modo que tendo considerado o episódio de Antioquia e os demais textos paulinos, conclui o racionalista Alfred Loisy: a atitude de São Paulo “atesta ter sido Pedro o chefe do serviço evangélico, o homem com o qual era preciso entrar em acordo, sob pena de trabalhar em vão” (Les Evangiles Synoptiques 14). Segundo escreve o estudioso luterano G. Bornkamm, “para ser justo diremos que não há motivo para formular uma tal acusação”. A passagem de Gl trata “da unidade dos cristãos de origem judaica e provenientes do paganismo numa comunidade mista. Cefas (Pedro) e Tiago não devem, portanto, ser acusados de deslealdade, e os judeu-cristãos de Antioquia, com os caracteres de um Barnabé, certamente não arremessaram no mar toda a sua compreensão do Evangelho libertador da Lei” (E. Cothenet. A Epístola aos Gálatas. São Paulo: Paulinas, 1984, p. 34). Quem viu ou vê aí um álibi para acusar ou questionar o Papa, engana-se.
De resto, Santo Padre, todos os Papas, de um ou de outro modo, sofreram críticas e perseguições, nem João Paulo I, em apenas 33 dias de Pontificado, escapou da sanha acusatória. Se perseguiram o Mestre com toda sorte de sofrimentos físicos e morais, com seus ministros não será diferente, em graus diversos, de modo que tais sofrimentos toquem também os que mais estão perto. Só Deus e os verdadeiros irmãos podem estar próximos de nós nas horas em que somos traídos por um dos 12, um dos membros do Colégio Apostólico. Foi a triste realidade a que o Senhor esteve submisso. Conosco não é, nem poderia ser, diferente. Carregamos um pouco da Cruz de Cristo!
Santo Padre, termino com as palavras de carinho filial com as quais comecei esta mensagem: sinta o meu incondicional apoio, minha proximidade espiritual e humana. Tenha-me como um filho devotado, na graça divina, que o bispo de Roma pode ter sempre ao seu lado, especialmente em tempos de mar revolto que parecem ameaçar a Igreja de Cristo.
Nesta oportunidade, Santo Padre, transmita, também, minha afetuosa e fraterna proximidade ao meu irmão no Episcopado e no Colégio Cardinalício, Sua Eminência, o Senhor Cardeal Pietro Parolin, DD., secretário de Estado de Vossa Santidade. Esteja ele certo de minha oração e amizade.
Colocando-me ao vosso inteiro dispor, suplico-lhe, Santo Padre, vossa bênção apostólica extensiva a todo o povo de Deus desta Igreja Particular de São Sebastião do Rio de Janeiro,
Vosso devotado filho, no Senhor,

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

domingo, 26 de agosto de 2018

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano I

(N.39)        (Séc.XX)

A prefiguração de um mundo novo
Não conhecemos o tempo em que se consumirão a terra e a humanidade nem o modo por que se transformará o mundo. Na verdade, passa a figura deste mundo deformada pelo pecado, porém, Deus nos revelou preparar nova habitação e nova terra onde mora a justiça; e sua felicidade cumulará e superará todo desejo de paz que sobe ao coração dos homens. Então, vencida a morte, ressuscitarão os filhos de Deus em Cristo, e aquilo que foi semeado na fraqueza e na corrupção, se revestirá de incorrupção; sempre vivas a caridade e suas obras, toda a criação, que para o homem Deus criou, será liberta da escravidão da vaidade.  
 Recebemos a advertência de que nada adiantará ao homem lucrar o mundo inteiro se vier a perder-se a si mesmo. Todavia a expectativa da nova terra não deve enfraquecer, mas, ao contrário, estimular o interesse pelo desenvolvimento desta terra, onde cresce o corpo daquela nova família humana, que já pode mostrar algo como sombra do novo mundo. Por conseguinte, embora distinguindo com cuidado o progresso terreno e o aumento do reino de Cristo, na medida em que a sociedade humana for mais bem ordenada, influirá sobremaneira no reino de Deus.  
Pois os bens da dignidade da pessoa, da comunhão fraterna e da liberdade, todos bens, frutos da natureza e do esforço humano, depois que pelo Espírito do Senhor e a seu mandado os propagarmos pela terra, de novo os reencontraremos, mais limpos de toda mancha. Luminosos e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal: “reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”. Este reino já está aqui na terra, em mistério; com a vinda do Senhor, será perfeito.

Responsório Cf. Is 49,13; Sl 71(72),7a

R. Cantai, ó céus, e exulte a terra,
gritai, ó montes, de alegria:
O próprio Deus virá a nós,
O Senhor se compadece de seu povo, dos aflitos.
V. Nos seus dias a justiça florirá,
e grande paz até que a lua perca o brilho. O Senhor.

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21º Domingo do tempo comum: Nós cremos firmemente!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Estamos concluindo a leitura do capítulo 6º do Evangelho segundo João, que nos apresenta Jesus como o Pão da Vida. O capítulo iniciado com a multiplicação dos pães, seguida da palavra de Jesus sobre o Pão da Vida, se conclui com a reação de “muitos dos discípulos”, que acharam “dura” a sua palavra e passaram a “murmurar” e a se escandalizar; “voltaram atrás e não andavam mais com ele” (Jo 6,66). Jesus chega a perguntar aos “doze” apóstolos, se eles também estavam querendo deixa-lo. Trata-se de um momento de crise, ocasião para que os verdadeiros discípulos possam crescer e amadurecer na fé, como nos demonstra Simão Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!” (Jo 6,69). A fé dos discípulos de todos os tempos tem sido provada. Hoje, muitos repetem a reação negativa daqueles que acabaram abandonando Jesus e a comunidade dos discípulos. Entretanto, podemos constatar com alegria e louvor a Deus, que em meio a tantas dificuldades, muita gente permanece fiel a Jesus, repetindo firmemente a resposta de Pedro.
A Liturgia da Palavra nos ajuda a refletir sobre a quem estamos servindo, a quem temos escolhido como Senhor, a quem seguimos? Somos convidados a escolher Deus como Senhor e a ele servir, rejeitando a idolatria. Josué interroga o povo reunido em assembleia a respeito de quem estavam dispostos a servir: aos deuses cultuados na época ou ao Senhor? A resposta dele “quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor” (Js 24,15) é repetida pelo povo: “nós também serviremos ao Senhor porque ele é nosso Deus” (24,18). A resposta acontece em assembleia. A fé, a escolha por Deus, embora pessoal, ocorre em comunidade.  A resposta de Pedro também está no plural: “nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,69). Hoje, a nossa fé cresce e se fortalece na Igreja e com a Igreja, a comunidade dos discípulos de Cristo. A dimensão eclesial da fé é fundamental para a sua vivência.
A opção por Deus e pela sua Palavra têm consequências para a vida, a começar da família. Quem escolhe o Senhor vive o matrimônio e a família segundo a sua Palavra. Por isso, a referência maior para o casal, o modelo de amor para o marido e a mulher, será sempre o amor de Cristo pela Igreja. Segundo Paulo, o casal unido pelo matrimônio é chamado a amar “como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,25).
Neste domingo do mês Vocacional, recordamos com profunda gratidão os nossos catequistas, que se dedicam tão generosamente a transmitir a fé em Cristo, em nossas comunidades. Rezemos por todos os que atuam na Catequese. Procuremos dar mais apoio aos irmãos e irmãs catequistas!
O Povo de Deus / Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF